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Lei nº 12.527/2011: acesso e transparência da Informação

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.3 Lei nº 12.527/2011: acesso e transparência da Informação

O direito ao acesso e a transparência da informação governamental no Brasil é um dos anseios da sociedade desde o período que o país era colônia de Portugal, perpassa por toda era republicana, atinge o ápice com a ditadura militar e ainda continua com a redemocratização política no Brasil nos anos de 1980. Apenas com a promulgação da Constituição Federal de 1988 esse clamor se tornou um direito garantido por lei no seu capítulo I, inciso XXXIII, do artigo 5º e assim determina que

todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (BRASIL, 1988, p. 24). Desde a promulgação da Constituição de 1988 até a implementação do direito à transparência dos atos do governo, a sociedade brasileira esperou 23 anos. Nesse período outras legislações foram implantadas como uma forma de efetivar um direito já garantido na Constituição de 1988. A primeira legislação implantada, nesse sentido, foi a Lei n°8.159, de 8 de janeiro de 1991, conhecida como Lei de Arquivos. Essa lei “dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências” (BRASIL, 1991). A segunda foi a Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997, a Lei do Habeas Data, que “regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data” (BRASIL, 1997). A terceira foi a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999; a Lei do Processo Administrativo, que “regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal” (BRASIL, 1999). E por fim a quarta, que é a Lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal, que “estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências” (BRASIL, 2000).

As citadas leis entraram em vigor resgatando um direito adquirido na Constituição de 1988 para que o governo divulgasse dados orçamentários e financeiros, bem como seus atos administrativos. E assim, corroboraram com o processo de aceleração de mecanismos de transparência da informação pública. Mas, foi nos debates no âmbito do Conselho de

Transparência Pública e Combate à Corrupção que a Lei de Acesso à Informação (LAI) se estruturou e foi finalmente aprovada.

Sancionada pela Presidenta da República Dilma Rousseff, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, revoga a Lei nº 11.111, de cinco de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Desta forma, o Brasil ratifica suas obrigações no do art. 5º da referida Lei e assegura que “é dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão” (BRASIL, 2011). Sendo que o 3º artigo da Lei nº 12.527, apresenta os objetivos e os procedimentos previstos que se destina a assegurar o direito fundamental de acesso à informação que deve ser executado em conformidade como os princípios básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes:

I – observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; II – divulgação de informações de interesse público, independente de solicitações; III – utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; IV – fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; V – desenvolvimento do controle social da administração pública (BRASIL, 2011).

A Lei nº 12.527, com apenas cinco capítulos, expõe de forma sintética os procedimentos e padrões a serem seguidos por todos os órgãos da administração aos quais estão submetidos. Apresenta as Disposições Gerais trata da aplicabilidade, diretrizes para assegurar o direito de acesso, principais conceitos e dever do Estado de garantia do acesso. Devendo ser feito através de todos os meios disponíveis e obrigatoriamente em sítios da internet. Destaca-se a estabelecida as determinações do capítulo II que trata do acesso a informações e da divulgação e

estabelece obrigações para os órgãos e entidades do poder público quanto à gestão da informação; define os tipos de informação que podem ser solicitadas; estabelece obrigações de divulgação espontânea de informações pelos órgãos da Administração Pública e medidas que devem ser adotadas para assegurar o acesso a informações (BRASIL, 2011).

Neste capítulo da lei são apresentadas as regras sobre a exposição de rotina proativa de informações. Mas é no artigo 8º que são descritas as formas da divulgação das categorias de informação, isto é, os serviços de Informações ao cidadão propriamente dito. Promover ao máximo a divulgação da informação governamental essa é a essência da LAI. Para tanto, a

informação só alcançará o nível de transparência através do efetivo princípio da máxima divulgação e da responsabilidade dos agentes públicos os quais estão sujeitos a fiscalização e punições quando ocorrido seu descumprimento previsto nos artigos 32º, 33º e 34º da LAI.

Apesar da longa espera de 23 anos da sociedade brasileira pela criação da LAI. Além do agravante de que o processo político de concordância da lei não ter sido simples e sem resistência governamental. A Lei foi discutida e votada pelo Congresso Nacional entre 2009 e 2011, mesmo assim, demandou maiores discussões e seu conteúdo se apresentou relativamente sucinto e pouco detalhado principalmente no que tange às questões de procedimento normalizado de sua aplicação.

Nesse sentido, o governo brasileiro na tentativa de amenizar as lacunas de entendimento e de aplicação da LAI nas suas esferas administrativas, lançou logo após a criação da Lei, a cartilha “Acesso à informação pública: uma introdução à Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011” e no ano seguinte foi promulgado o Decreto nº 7.724/2012 o qual regulamentou a então recente Lei de Acesso de Informação.

3 METODOLOGIA

O estudo tem caráter descritivo, constituindo um estudo de caso. A pesquisa descritiva é utilizada quando existem poucos estudos sobre o tema. E, portanto, torna-se necessário um primeiro olhar sobre o objeto estudado para descrevê-lo, propor modelos, comprovar as hipóteses, bem como, abrir perspectivas futuras.

A pesquisa justifica-se desta forma, tendo em vista a recente criação da Lei de Acesso a Informação em 2011 e sua regulamentação por meio do Decreto nº 7.724/2012, bem como, a atualidade do tema. Para avaliar o cumprimento das referidas leis nas Páginas de Transparência Pública e nos sites das IFES referentes à descrição das características de apresentação e disponibilização da execução orçamentária com P&D.

O universo da pesquisa formado pelas Páginas da Transparência Pública das 27 IFES das capitais dos estados brasileiros, privilegiando-se as universidades que forem as mais antigas de cada capital, quando houver mais de uma. Reitera-se que as páginas da Transparência pesquisadas excluem os Institutos Técnicos Federais, as Universidades Federais Rurais e demais IFES fundadas após as pioneiras.

A coleta e análise de dados nas Páginas a Transparência e sites das IFES foi realizada entre os meses de setembro a dezembro de 2013. Com o recorte temporal, de observação dos dados de execução orçamentária das IFES referente ao período de janeiro a dezembro de 2012.

Para o levantamento de dados da pesquisa foram elaboradas duas planilhas que serviram de modelos para a coleta de dados nas Páginas da Transparência e nos sites da IFES. As planilhas são de observação sistemática orientada por categorias e subcategorias baseadas nos conceitos estabelecidos na Lei 12.527/2011 especificados nos itens do capítulo II, art. 8º § 3o do Decreto nº 7.724/2012 em seu capítulo III, art. 7º, intitulado “Transparência Ativa”, da Portaria Interministerial nº 140/2006 e das cartilhas e manuais de uso das Páginas e do Portal da Transparência disseminados pelo próprio governo federal.

Para tanto, seguiu-se o método de Bardin (2009) para estabelecer categorias de análise do conteúdo. Desta forma, foram estabelecidas duas categorias principais, “Acesso” e “Transparência” com suas respectivas subcategorias. Sendo que oito subcategorias são de Acesso e duas subcategorias compõem a de Transparência. As subcategorias são importantes para o estudo, pois direcionaram o viés de observação tanto para as Páginas de Transparência (FIG. 1) como para os sites das IFES (FIG. 2).

FIGURA 1: Categorias Páginas de Transparência FIGURA 2: Categorias sites das IFES

Baseado nas categorias estabelecidas para o Modelo de observação das Páginas de Transparência foi elaborado o Modelo de navegação dos sites das IFES (Figura 2). Sendo que no modelo dos sites das IFES foi substituída a subcategoria Execução orçamentária por Relatórios de gestão. Para esta subcategorias foram acrescidas (planilha de coleta de dados) questões relacionadas ao acesso e a transparência destas categorias nos sites. Para o Banner as questões dizem respeito aos tipos de acesso aos sites das IFES através do referido ícone, a saber, do Banner do Site de acesso a informação; do Portal da Transparência; da Página da Transparência Pública e outros acessos.

PÁGINAS DE TRANSPARÊNCIA ACESSO TRANSPARÊNCIA Banner Execução orçamentária Catálogo de buscas Gravação de relatórios Acesso automatizado Divulgação da estruturação da Autenticidade e integridade Atualização Comunicação Acessibilidade Auxílio a pesquisadores

SITES DAS IFES

ACESSO TRANSPARÊNCIA Banner Relatório de Gestão Catálogo de buscas Gravação de relatórios Acesso automatizado Divulgação da estruturação da informação Autenticidade e integridade Atualização Comunicação Acessibilidade Auxílio a pesquisadores

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS