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A questão norteadora desta pesquisa foi: as Páginas de Transparência Pública das IFES apresentam os dados de despesas com P&D conforme as diretrizes da Lei de Acesso à Informação? Ou melhor, até que ponto as informações apresentadas nas referidas Páginas são acessíveis e transparentes para sociedade em geral?

A partir da elaboração e aplicação dos modelos de observação de acesso e da transparência da informação (Planilhas) tanto para as Páginas de Transparência como para os sites das IFES, foi possível atingir os objetivos propostos pelo estudo, bem como, responder as questões, a saber:

Com os resultados obtidos chegou-se a constatação de que as Páginas seguem um padrão, tanto na apresentação das informações como na arquitetura web. Assim, as categorias referentes aos aspectos tecnológicos e de arquitetura web alcançaram avaliações positivas, exceto as categorias Divulgação da Estruturação da Informação e Acessibilidade. Considera-se que a primeira não implica em questões que interfiram diretamente na transparência da informação para sociedade. Por sua vez, a inadequação da categoria Acessibilidade aos requisitos legais impossibilita ou dificulta o acesso aos serviços das Páginas a uma parcela significativa da sociedade. Quanto a transparência da informação de despesas com auxílio financeiro a pesquisadores, pouco mais da metade das Páginas disponibilizam esta informação. Vale salientar que do Universo da pesquisa, 14,8% não possuem Páginas de Transparência Pública. Sendo assim, os dados mostram que as informações de Execução orçamentária das IFES não estão acessíveis e consequentemente transparentes.

Sendo assim, chegou-se a constatação que as Páginas da Transparência não estão cumprindo plenamente com sua função de informar questões que são submetidas. Como exemplo específico: Qual o total de despesas com auxilio a pesquisadores das 27 IFES pioneiras no Brasil no ano de 2012? Este resultado e qualquer outro não podem ser obtidos pelos portadores de deficiência. Também não é possível utilizar os dados em formato de tabela para serem reutilizados, ainda que estejam em formato aberto e não proprietário. Além de não ser possível fazer buscas livres nos catálogos para dirimir as dúvidas quanto a escolhas dos termos. Afora que o vocabulário disponível não contempla todos os termos técnicos contidos no repositório. Quanto a esta questão, é preciso conhecimento especializado e domínio de terminologia técnica para realizar buscas mais específicas e precisas (além da

impossibilidade de aplicação de filtros na pesquisa). Assim, conclui-se que as Páginas da Transparência Pública não apresentam os dados de despesas com P&D conforme as diretrizes da Lei de Acesso à Informação. E ainda, apesar de cumprir com os critérios de acesso remoto, nem todos os dados não se apresentam transparentes para sociedade em geral.

Quanto aos sites das IFES, a partir dos resultados obtidos, chegou-se a constatação que os sites, ao contrário das Páginas de Transparência, não seguem um padrão, tanto de apresentação das informações dos relatórios de gestão como da arquitetura web. Infere-se que esta falta de padrão na apresentação da informação dificulta o acesso e a conferência dos dados disponibilizados nos sites com os informados nas Páginas de Transparência. Por sua vez, as categorias referentes a parte tecnológica e de arquitetura web, assim como nas Páginas, também receberam resultados positivos, com exceção das categorias Divulgação da Estruturação da Informação e Acessibilidade. Cabe destacar que a categoria Acessibilidade, análogo aos resultados das Páginas de Transparência, também se apresentou de forma deficitária. Quanto a informação de despesas com auxílio financeiro a pesquisadores, apenas 35% do universo disponibilizaram estes dados nos relatórios de gestão, porem 55% IFES disponibilizaram os dados nas Páginas da Transparência. Com isso, as opções de buscas destas informações são limitadas em ambos os repositórios. Diante das divergências publicadas nos relatórios de Gestão das IFES e das disponibilizadas nas Páginas questiona-se a confiabilidade das informações públicas, bem como, dos órgãos responsáveis pela publicação.

Considera-se que os esforços do Governo Federal vêm alcançando resultados positivos na iniciativa da transparência das contas públicas. O que estimula os cidadãos a se sentirem legitimados para cobrar mais transparência dos órgãos governamentais. A prestação de serviços públicos nos sites e páginas governamentais é uma atividade já consolidada no Brasil. No entanto, apesar da proposta legal de transparência da informação, a prestação desses serviços não inclui a participação operacional da sociedade civil. Com isso, os critérios de transparência da informação dos serviços eletrônicos decorrem dos agentes que os administram cabendo à sociedade civil o papel coadjuvante de fiscalizar. Neste contexto, é compreensível a desconfiança em torno do tema da transparência na prestação de contas públicas quando o controle desta tarefa faz parte dos governos.

Sugere-se que estudos futuros debatem a questão da normalização no tratamento, representação e apresentação da informação nos portais, sites, páginas e repositórios governamentais como item um facilitador para transparência das contas públicas. Bem como, a padronização do acesso aos serviços públicos na web a partir de modelos “utilitários” dos

quais o cidadão comum possa facilmente acessar e fiscalizar as contas públicas. E por fim, estudos que viabilizem a integração dos sistemas de informações governamentais.

Não é pretensão deste estudo esgotar as possibilidades de discussão sobre o tema ou estabelecer uma fórmula padrão para avaliação de sites governamentais. Contudo, deseja-se contribuir para melhoria dos serviços públicos testando categorias de acesso e transparência da informação como ângulos distintos e complementares.

REFERÊNCIAS

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