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4.2.1 – Conhecimento da proposta educacional

Quando a percepção do aluno de EJA é construída a partir de conceitos formais, assim como pelas ações empíricas de seu modo de vida e, também, por

125 meio das relações que ele mesmo estabelece com outras pessoas, não há como

negar que todo seu conhecimento foi definido dentro de uma dimensão discursiva que envolveu diretamente sua cultura.

Pode-se perceber que todo o conhecimento destacado, a partir proposta educacional adotada na Escola Maurício Machado, orienta o currículo a cada etapa de ensino às turmas de EJA, em função da formação intelectual dos educandos. Portanto, ao questionar o educando inserido em turma de EJA, quanto ao seu conhecimento sobre a proposta educacional, obteve-se o seguinte resultado:

Gráfico 10 – Resposta dos alunos matriculados na modalidade EJA na Escola Agrícola Maurício Machado, sobre a questão: Qual o seu conceito sobre a proposta educacional, neste caso se você conhece a proposta educacional da Escola que orienta o currículo da etapa de ensino. a qual você cursa, em função da minha formação?

Fonte – Questionário Aplicado aos alunos matriculados na Modalidade de Educação de Jovens na Escola Agrícola Maurício Machado.

Dos quarenta e sete (47) alunos de EJA, matriculados na Escola Agrícola Maurício Machado, 68% responderam, que conheciam a proposta educacional da escola, definindo que esta proposta orienta o currículo em cada etapa de estudo a qual eles estão matriculados, em função da sua formação.

Observando, que não há uma sequência heterogênea nas respostas, emitidas por todos os discentes, pois a defesa que cada um fez aqui, toma como esboço a descrição da proposta educacional no sentido de análise sobre as variantes entre o entendimento que eles apresentam sobre a mesma e o que é desenvolvido de fato no contexto escolar.

Destaca-se, ainda que o processo, de identificação que os discentes fazem sobre a proposta educacional desenvolvida na escola, em função da sua formação como pessoa adulta, se dá pela divulgação feita na própria unidade de ensino, desde o primeiro dia de aula, onde esses educandos formatam cognitivamente

126 diferentes construções conceituais, as quais, de acordo com suas expectativas,

tomam como referência a relação entre políticas públicas afirmativas, pautadas no paradigma da inclusão, com os conhecimentos empíricos já definidos historicamente, que são compartilham com os demais colegas (BARCELOS, 2012).

Desta feita, 32% afirmam que não conhecem tal proposta, o que facilita entender que a convivência no ambiente escolar não estimula o aprendizado, pois para perceber às necessidades de comunicação na compreensão explícita, é necessário que este aluno tenha condição de visualizar o planejamento realizado em função de seu processo de ensino e aprendizagem.

Diante de tudo que a escola propõe, enquanto perspectiva educacional, entende-se que, na sua essência, que toda dinâmica pautada na interação do saber formal com os elementos da cultura das comunidades quilombolas, apesar de toda dificuldade que há em sua implementação, permite que o espaço escolar possibilite aos discentes não quilombolas o contato com os elementos dessa cultura peculiar.

4.2.1.1 – a proposta educacional: formação integral dos estudantes

e o aproveitamento dos saberes culturais que existem em minha

comunidade.

Quando, tais educandos, foram questionados, em relação à proposta educacional, no sentido de verificar se essa proposta visava à formação integral deles, sob a condição de aproveitamento dos saberes culturais que existem na sua comunidade, observa-se, estatisticamente, que:

Gráfico 11 – Resposta dos alunos matriculados na modalidade EJA na Escola Agrícola Maurício Machado, sobre a questão: Qual o seu conceito sobre o seu conhecimento sobre a proposta educacional, neste caso visa à formação integral dos estudantes e faz o aproveitamento dos saberes culturais que existem na sua comunidade?

Fonte – Questionário Aplicado aos alunos matriculados na Modalidade de Educação de Jovens na Escola Agrícola Maurício Machado.

127 O resultado, acima, demonstra, 68% dos discentes afirmaram, que além de

conhecerem a proposta educacional implementada na Escola Agrícola Maurício Machado, reconheciam também sua meta fundamental sobre o processo de formação integral, por meio da dinâmica educacional, que tendiam utilizar os próprios saberes culturais latentes ao modo de vida de sua comunidade.

Fazendo valer aqui, neste estudo, que a busca de elementos para situarem a questão da identidade cultural das comunidades quilombolas na proposta educacional da escola, toma como princípio o compartilhamento desses saberes, os quais estão intrinsecamente ligados à consciência do aluno de origem quilombola.

As peculiaridades definidas na identidade desse aluno, propõe um leque de variedades dialéticas que, consequentemente, identificam socialmente a personalidade étnica deles, de tal modo que a tendência cultural quilombola passa ter vínculo direto com o saber escolar e com isso se cria uma rede solidária de motivação à valorização sobre os costumes das comunidades que fazem parte da área de abrangência da escola.

Enquanto que, 32% afirmaram, não conhecem a proposta educacional da escola, pois segundo esses alunos, enquadrados nesse percentual, a convivência no ambiente escolar estimula o aprendizado que é adquirido no decorrer do seu processo educativo, mas eles não conseguem atender, desde inicio do ano letivo, os parâmetros estabelecidos na proposta educacional.

Essa proposta repercute na ampliação dos objetivos do ensino oferecido na escola, requerendo uma aprendizagem mais efetiva durante a permanência do aluno no espaço institucional, em que há possibilidade, esse próprio aluno que é de origem quilombolas, entrar em contato com outros grupos de origem diferente.

Considerando, conforme atribui Soares, Giovanetti e Gomes (2006), que a partir da visão de mundo que estes discentes apresentam, por meio de suas experiências de vida, consequentemente, poderão conseguir articular as relações de práxis, no tempo e espaço escolar juntamente com as relações coletivas, que vem envolvendo outras pessoas. Tudo isso será, extremamente, fundamental para esta proposta educacional, na perspectiva que estabeleça uma “ponte” discursiva em torno dos elementos culturais apresentados por esses discentes, na ampliação do conhecimento que eles necessitarão para a vida.

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4.2.2 - Formação integral do estudante

Na percepção, deste trabalho, com base nas ideias de Fuck (2012), quando se consegue perceber a necessidade de situar a formação integral do educando de EJA, enquanto sujeito autônomo, crítico, criativo e propositivo, com intuito de compreendê-la a partir da manifestação dos conteúdos disciplinares desenvolvidos em sala de aula, em conjunto com aproveitamento, que os professores fazem, dos saberes culturais quilombolas, observa-se que há formação da identidade consciente no sujeito, com base no respeito à sua contextualidade cultural, a qual é expressa a partir dos paradigmas de ensino.

Com isso, ao indagar os educandos sobre a perspectiva de sua formação integral, em relação ao conceito atribuído sobre essa formação, obteve-se como resultado:

Gráfico 12 – Resposta dos alunos matriculados na modalidade EJA na Escola Agrícola Maurício Machado, sobre a questão: A sua formação como sujeito autônomo, crítico, criativo e propositivo é favorecida pelos conteúdos disciplinares em conjunto com aproveitamento, que os professores fazem, dos conhecimentos empíricos aprendidos na sua comunidade?

Fonte – Questionário Aplicado aos alunos matriculados na Modalidade de Educação de Jovens na Escola Agrícola Maurício Machado.

Nessa perspectiva, 89% dos alunos responderam sim, pois em relação às características fundamentais de sua formação, no sentido desta desenvolver, nele próprio, uma postura mais autônoma, crítica, criativa e propositiva, a qual o favorecimento dos conteúdos disciplinares que o professor trabalhar em conjunto com aproveitamento, direto, de metodologias sistemáticas aos sabres culturais, provenientes do modo de vida dos alunos de EJA, que são de origem quilombola, ou seja, na reorientação dos componentes curriculares, estabelecidos a partir da ação didática do professor, quando necessária, procura direcionar apoio pedagógico

129 individual na intenção de atender às necessidades de aprendizagem desses

mesmos alunos.

As aulas, a partir da defesa de Marin e Castro (2004), são realizadas para facilitar o aprendizado dos alunos de EJA, tendo em vista o que está, intimamente, planejamento para estabelecimento da proposta educacional na escola, e, por conseguinte, apresentada à comunidade local. Tal proposta educacional conta com a presença de professores de língua portuguesa, matemática, geografia, Ciência (física, química e biologia), artes, educação física e Inglês.

A dinamização dos componentes curriculares, em destaque acima, possibilitam o acesso dos alunos aos níveis mais elevados da educação, como por

exemplo, ao ensino médio19, os quais são ofertados nas escolas da área urbana do

município. Tendo em vista que toda ação produtiva latente à comunidade, seja como referência ao mercado formal ou informal, de trabalho, são determinadas pelo aproveitamento do saber que o aluno adquire durante o processo formativo.

Por outro lado, 11% afirmam, não haver favorecimento em sua formação, a partir dos procedimentos de ensino que são trabalhados em sala de aula, pelos professores, tendo em vista que o aproveitamento dos conhecimentos, provenientes contextualidade cultural, latentes às comunidades quilombolas.

Como se pode observar, este percentual, em destaque, é proveniente das respostas ministradas, na sua maioria, pelos alunos da 3ª Etapa, os quais não apresentam interesse nas interlocuções comunicativas entre o saber formal, por meio da dinâmica didática articulada pelo professor, com o saber proveniente da contextualidade cultural, que ele mesmo adquirido no decorrer de desenvolvimento humano e pessoal. Contudo, o que mais interessa a estes discentes é fazer as avaliações para ter aproveitamento no final do ano e, assim, concluir o curso de EJA o mais breve possível, quando não, para ser contemplados com programas de renda20 legitimados pelo Governo Federal.

O que realmente importa aprender, na concepção desses alunos matriculados em turmas de EJA, em destaque, são os conhecimentos que não envolvem

19. Nível de ensino que atende egressos da modalidade regular ou de jovens e adultos no Brasil (EJA), sendo esta última inserida na meta da política brasileira em erradicar o analfabetismo, juntamente, com a proporcionar à população, cuja faixa etária, não se adéqua mais ao ensino fundamental e médio, a complementação de sua formação escolar.

20. Bolsa Família – Programa de transferência direta de renda, direcionado às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o País, de modo que consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza.

130 diretamente a experiência pessoal de cada um, pois isso foi demonstrado quando

ele mesmo relata, que não possuem o mínimo interesse de se envolver pedagogicamente com as metodologias que fazem essa interlocução entre o saber formal e os saberes culturais. Com base em Mendonça (2008), neste caso é, precisamente, necessário estabelecer nas atividades docentes situações que puxem essa discussão e assim se estabeleça o entendimento desejado pelo aluno na sua dimensão sociocultural.

4.2.2.1 - formação integral do estudante: é favorecida pelos

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