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4.2.7 – Conselho de classe

A sistemática na atuação do conselho de classe, diante dos problemas institucionais de natureza pedagógica, precisa definir, em seu regimento ou nas suas normas internas, parâmetros para o funcionamento e articulação das ações que se estabelecem por meio das relações estabelecidas entre educador e o educando, ou destes com outras pessoas. Portanto, esta análise discursiva neste item, procura entender os seguintes parâmetros:

ü Se o Conselho de Classe da Escola Agrícola Maurício Machado reúne

os alunos de EJA para debater sobre questões que envolvem diretamente o processo ensino e aprendizagem, favorecendo a integração social, as sequencias dos conteúdos trabalhados e os projetos integradores adotados pela escola;

ü Se realmente orienta o processo de gestão da escola por meio de plano de ação, a qual procura melhorias ao trabalho pedagógico, desenvolvido na escola, por meio da valorização da cultura das comunidades quilombolas.

Essas questões acima, apresentam algumas variáveis dialéticas que ajudam identificar situações adversas e particulares que fazem parte do funcionamento do

152 Conselho de Classe, diante da dimensão orgânica da escola. Para tento se obteve o

seguinte resultado:

Gráfico 23 – Resposta dos alunos matriculados na modalidade EJA na Escola Agrícola Maurício Machado, sobre a questão: Qual o seu conceito sobre o Conselho de Classe, no sentido de verificar se este órgão reúne os estudantes para debater questões sobre o ensino e aprendizagem?

Fonte – Questionário Aplicado aos alunos matriculados na Modalidade de Educação de Jovens na Escola Agrícola Maurício Machado.

A percepção latente a essas questões, é construída a partir de uma análise minuciosa aos resultados constatados, por meio dos instrumentos de pesquisa, com variação estatística destacando a opinião dos alunos sobre os pontos positivos e negativos à atuação do Conselho de Classe na escola.

Com isso, 94% dos alunos alegam que o Conselho de Classe sempre, quando necessário, reúne os seus pares para debater sobre questões que envolvem, diretamente, problemas vinculados ao processo ensino e aprendizagem. A atuação desse conselho, geralmente, favorece uma turma ou grupo de alunos em relação a certos problemas de natureza didática, com base na sequência dos conteúdos trabalhados, a partir de resultado que não satisfaz os procedimentos definidos nos projetos integradores, adotados pela escola com vista a sua proposta pedagógica.

Este órgão colegiado, permite que professores, funcionários, alunos e membros das comunidades, a partir da ideia defendida por Freire (1994), concebam o diálogo como estratégias estabelecida a partir de situações que envolvam as experiências positivas, adotadas em anos anteriores, em detrimento de novos problema a que venham surgir no cotidiano escolar, com a garantia de construção da própria identidade escolar.

Com base nessa análise, acaba sendo notório perceber que o trabalho desenvolvido pelo Conselho de Classe, busca situar os diversos problemas sobre as

153 questões diretas aos processos de ensino e aprendizagem, compartilhando nele a

inclusão de projetos integradores que, segundo Barcelos (2012), facilitam a discussão sobre os conceitos desenvolvidos sobre os parâmetros culturais das comunidades quilombolas, trabalho no campo e usos de tecnologias na educação, à luz da formação que os alunos recebem a partir no currículo, o qual enfatiza, também, os seus aspectos sociais e culturais.

Tanto o exposto ao ensino como as variações da aprendizagem, provenientes da gestão escolar, permite ao Conselho de Classe, segundo relato dos discentes, a seleção de estratégias contidas no Plano de Ação, as quais visam à produção de dados, que possibilitam os procedimentos administrativos e pedagógicos em função das melhorias ao trabalho escolar, com criteriosa valorização aos parâmetros didáticos por meio do uso dos saberes culturais quilombolas.

Além disso, o Conselho de Classe é, conforme princípio defendido por Pinto (2010), capaz de produzir flexibilidade nas ações pedagógicas, adotadas pela escola, em relação às novas condições didáticas, articuladas em função do projeto pedagógico adotado na escola, com objetivo expresso de inserir os educandos à sociedade, de forma ativa, participativa e solidária, consciente de seu “papel” enquanto cidadão.

Verifica-se que a dimensão da atuação do Conselho de Classe, conforme convencionada na ideia de Barcelos (2012), não permite limitação especifica no campo de execução deste órgão colegiado, por atuar, pedagogicamente, nas especificidades das problemáticas, as quais surgem no decorrer do cotidiano escolar.

Contrariando isso tudo, apenas, 6% dos alunos afirmaram, negativamente, que as situações que envolvem diretamente atuação do conselho de classe, no que concerne ao debate sobre o processo de ensino e aprendizagem, favorecendo a integração e o desenvolvimento dos conteúdos trabalhados em sala de aula.

Apesar de sua importância, o trabalho executado pelo conselho de classe, acaba ignorando alguns princípios cautelares em atenção a certas ações, pois as “regras” estabelecidas no Regimento Escolar, as quais apresentam em seu texto elementos dotados de flexibilidade, muitas vezes não são levadas em consideração por esse colegiado.

Com isso, a falta de atenção em relação a certas situações de relevância pedagógica, segundo ao que propõe Freire (1994), inibe a sistematização de novos

154 paradigmas, que podem ser articulados pelos docentes, respeitando, portanto, o

processo ensino e aprendizagem para os alunos na sua diversidade sociocultural. Nesse debate, os alunos afirmaram que, mesmo ocorrendo reuniões do Conselho de Classe para consulta e deliberação de determinadas situações, a dinamicidade inerente às normas que orientam o processo educacional, por meio da proposta pedagógica, na tentativa de viabilizar trabalho docente desenvolvido na escola, depende do tempo de articulação e execução de alguns enunciados que aparecem nos episódios entre o saber e o fazer pedagógico na escola.

Tudo isso acaba sendo irrelevante para alguns alunos, pois as variáveis discutidas para análise e deliberações no que tange o processo pedagógico, apresentam influência direta sobre as determinações orientadas pelo conselho de classe. Contudo, isso não quer dizer que a dimensão do funcionamento pedagógico da escola está diretamente articulada com a dinâmica que envolve o saber cultural das comunidades quilombolas.

Posto que, não há concordância por parte desses alunos em relação ao aspecto em destaque acima. Porém, como defendido por Machado et al (2012), toda e qualquer perspectiva didática, seja ela latente aos componentes curriculares ou, até mesmo, os saberes culturais quilombola, em qualquer contexto social, nunca será inerte na sua dimensão humana e nem monótona na sua heterogeneidade do gênero, por esse motivo que o conselho de classe reúne com servidores e alunos para debater sobre as questões específicas do processo de ensino e aprendizagem.

4.2.8 – Utilização dos saberes culturais quilombolas nas atividades

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