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4.2.8 – Utilização dos saberes culturais quilombolas nas atividades docentes

O entendimento que se faz, sobre a utilização dos saberes culturais quilombolas nas atividades docentes, possibilita uma variação mais dinâmica e sistemática que ratificam a perspectiva de aprendizagem dos alunos. De forma heterogênea, a interação desses saberes culturais com o currículo escolar, possibilita a inclusão de novos saberes que passam a ser compartilhados por outras pessoas não quilombolas que, supostamente, são definidos no plano de trabalho por todos os professores.

Tudo isso nos remetem a compreender que as experiências dos educandos inseridos em cursos de EJA, desde que sejam de origem quilombola, são utilizadas

155 pelos professores lotados na Escola Agrícola Maurício Machado, por meio de seus

paradigmas de ensino. Com base nessa assertiva, obteve o seguinte resultado:

Gráfico 24 – Resposta dos alunos matriculados na modalidade EJA na Escola Agrícola Maurício Machado, sobre a questão: Há utilização dos saberes culturais quilombolas nas atividades docentes? Fonte – Questionário Aplicado aos alunos matriculados na Modalidade de Educação de Jovens na Escola Agrícola Maurício Machado.

O resultado exposto, no gráfico acima, 98% dos alunos afirmaram que os professores utilizam os saberes culturais apresentados pelos discentes, matriculados em turmas de EJA, principalmente, por meio das experiências de vidas daqueles que são de origem quilombolas.

Tendo em vista que, como ponto de convergência articulado por Pinto (2010), em relação aos parâmetros metodológicos, esses saberes são articulados a partir da ação didática docente, as quais estão na íntima ligação com a concepção de vida do educando, quando, ele mesmo apresenta seu desempenho a partir da dança, estando ali à relação da expressão do corpo com o ritmo musical, demonstrando a interpretação sobre a existência das coisas e dos seres no mundo.

Comumente, os alunos matriculados em cursos de EJA, de origem quilombola, fazem penteados em cabelos com design-afro, como mostrado na figura – 08, em seus colegas de turma ou em outros alunos matriculados na escola, em

que demonstram que seus cabelos, mesmo sendo crespos21, na maioria das vezes

discriminados esteticamente, podem estar bem arrumados e agradáveis visualmente sob um estilo diferenciado ao trivial, os quais ornamentados em salões de beleza existentes no município.

Os negros residentes em comunidades quilombolas, sejam eles alunos de EJA ou não, geralmente exercem atividades profissionais no campo, por meio da

21. São aqueles que nascem espiralados desde a raiz. Eles são naturalmente mais opacos e ressecados, já que a distribuição da oleosidade natural do couro cabeludo ao longo dos fios é mais difícil.

156 agricultura de subsistência, onde as leiras22 são compostas mediante um sistema

métrico perfeito, sem que esses sujeitos tenham conhecimentos específicos de cálculo matemático, embasados nos conhecimentos definidos na base curricular da escola, o qual define a relação entre a quantidade de sementes em cada ponto do plantio com a safra no processo de produção de hortaliças.

Outro ponto a ser debatido , demonstra que este mesmo negro, provenientes de comunidades quilombolas, usa um código linguístico específico à sua cultura, determinando o sistema de comunicação ordenado, em que possibilita condição para o estudo das variáveis existentes no processo de comunicação, estabelecida entre eles. Possibilitando, portanto, o lançamento de elementos para sistematização entre a variação linguística quilombola, em relação às normas estabelecidas pela língua portuguesa.

Por outro lado, 2% dos discentes, afirmaram que não percebem, de forma evidente, a utilização de seus saberes culturais por parte dos professores a partir da sua articulação didática. Pois tal opinião, com base na negativa exposta, consiste no entendimento em que eles vivenciam durante as atividades educativas na unidade de ensino, tendo em vista que o fracasso escolar de alguns adultos, sendo eles etnicamente negros, os quais não se consideram quilombolas, está diretamente relacionado com o fato deles não reconhecerem que todo saber latente à contextualidade cultural apresenta insumos essenciais ao cenário educacional.

A partir do diagnóstico realizado pelos professores, no cotidiano escolar, concluiu-se que há diferença de padrão entre à cultura quilombolas e as demais culturas, entre os alunos considerado etnicamente negros, que fazem parte de outras comunidades da área de abrangência da escola.

Enquanto aos saberes vinculado ao modo de vida e aos costumes, provenientes das tradições históricas dos negros, pertencentes às comunidades quilombolas, acaba sendo desvalorizados, por conta do posicionamento racial preconceituoso, que há impregnado, infelizmente, na concepção de algumas pessoas, constituindo parte significativa da contingencia populacional do município.

Contudo, os educandos, destacados no percentual acima, os quais negaram a questão contida, exposta no gráfico em destaque, alegaram que os princípios metodológicos articulados pelos professores na sala de aula, não se fundamentam

22. Qualquer saliência de terra entre dois sulcos ou rego aberto na terra para que nele se deposite semente ou muda.

157 nos conhecimentos apresentados a partir dos saberes culturais quilombolas, sejam

estes provenientes dos aspectos produtivos, folclóricos e sociolinguísticos, no decorrer do processo escolar.

Desta maneira, tudo isso faz parte da premissa que, na opinião de Barcelos (2012), está contida na heterogeneidade entre os sujeitos quilombolas, as quais se manifestam por meio de sua ação humana com base na análise coerente que é utilizada, enquanto parâmetro metodológico, nos processos de ensino para turmas de EJA na Escola Agrícola Maurício Machado.

4.2.9 – O aprendizado adquirido e melhoria na qualidade de vida do

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