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CONSIDERAÇÕES FINAIS: PENSANDO O FUTURO

No documento SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (páginas 64-67)

ECONOMIA, MEIO AMBIENTE E AGRICULTURA: ALGUNS QUESTIONAMENTOS

CONSIDERAÇÕES FINAIS: PENSANDO O FUTURO

Até o presente nos parece claro que com a utilização, única e exclusiva, de parâmetros da economia clássica na organização do sistema econômico de uma nação não teremos contempladas as questões ambientais. Por outro lado, para a utilização de parâmetros da economia ecológica necessariamente haverão de existir mudanças profundas, que dizem respeito também às questões sociais, que não foram o objetivo deste trabalho, mas nem por isso deixam de ser importantes. A distribuição de renda está intimamente relacionada à degradação ambiental. O esforço primeiro de qualquer indivíduo é sobreviver, perpetuar a espécie, tornando-se difícil a tarefa de criar preocupações ambientais em locais onde a miséria impera. Resolvendo os problemas sociais, espera-se que parte dos problemas ambientais também sejam resolvidos.

Não estamos afirmando que os atuais indicadores econômicos não sejam importantes como parâmetros de análise. Tampouco que se deve substituir, pura e simplesmente, a lógica econômica clássica pela lógica ecológica. Mas sim, encontrar outras formas que sejam capazes de avaliar o desenvolvimento sustentável, levando em consideração tanto questões econômicas, como as ambientais e sociais. Não é atribuindo valor e nem cobrando taxas sobre atividades danosas que serão solucionados os problemas ambientais. Isso permite que, se o capital puder pagar, degrade de igual forma. Não estaremos garantindo, em hipótese alguma, a preservação dos recursos. A “mão invisível” do mercado continuará caminhando para a acumulação ilimitada. Talvez, em um futuro próximo, as propostas de economia de estado estacionário ou de crescimento zero voltarão a tona . Hoje não nos parecem viáveis, pois para incluir a imensidão de excluídos no mundo, pelo menos duas vias são mais indicadas: redistribuição de renda – que não agrada aos grandes grupos econômicos e nem à minoria dos bem afortunados, que possuem poder de influência nos rumos políticos – e o crescimento econômico, que é o caminho que de fato os governos, principalmente dos países pobres e os em desenvolvimento, estão tentando trilhar, que poderá se tornar em uma grande armadilha, já que existe uma contradição entre

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

crescimento e questões ambientais. Um passado não muito distante nos mostrou isto. Para o setor agropecuário, os princípios da agroecologia atendem à maioria dos aspectos até aqui levantados e mereceriam ser estudados e testados. Pode desenvolver produtividade e produção suficiente para saciar a fome da população, utilizando de forma racional os recursos não-renováveis e proporcionando economias consideráveis à sociedade no que diz respeito aos danos ambientais, além do tratamento mais eqüitativo no social, constituindo-se no caminho mais curto à tão sonhada sustentabilidade. Deveria, portanto, orientar os governos na formulação das políticas públicas para o setor, passando obrigatoriamente pelos currículos escolares e pautas de instituições de pesquisas.

Aliás, para contornar todas estas dificuldades, torna-se de fundamental importância a instituição de políticas públicas, pois se dependerem exclusivamente do mercado, nunca serão sanadas. As políticas públicas podem até, em um momento de transição, desestimular as práticas, dentre elas as agrícolas, que resultam em danos presentes ou futuros às questões ambientais. Porém, seu ponto de chegada não deve se limitar a isto. Deve vislumbrar uma mudança completa na lógica de produção para que resultados efetivos, abrangentes e duradouros sejam alcançados.

No entanto,

“sólo una sociedad organizada a partir de la libre asociación de los productores podrá revertir la actual economía, hacia una economía política donde las decisiones económicas sean resultado de la voluntad colectiva conscientemente expresada; donde las directivas no provengan de los precios sino de los intereses de largo alcance de la población; en lugar de dejar, como hace la sociedad capitalista, una decisión tan importante en manos de las fuerzas ocultas del mercado” (Foladore, 1999, p.158).

Assim sendo, a participação da sociedade civil organizada deverá ser fundamental, não só na formulação das políticas públicas, mas também no sentido da construção de soluções para problemas do coletivo e planejamento do seu próprio futuro, evitando que venham atender exclusivamente aos anseios de uma minoria com poder econômico e/ou político.

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Adilso Augustinho Carniel

No documento SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (páginas 64-67)