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MANEJO REPRODUTIVO DO REBANHO

No documento SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (páginas 144-148)

SISTEMA DE CAPTAÇÃO E APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM COBERTURAS DE AVIÁRIOS

MANEJO REPRODUTIVO DO REBANHO

A ovelha e a cabra são poliéstricas estacionais, ou seja, possuem vários cios em uma época do ano. Essas espécies necessitam de estímulos externos para um favorecimento do período reprodutivo, sendo a alimentação, clima, temperatura e luminosidade fatores de grande importância para o sucesso da reprodução.

A alimentação entra como um fator marcante, pois uma nutrição adequada vai acarretar em uma taxa de fecundidade satisfatória. O clima é importante no que diz respeito à implantação das pastagens e maior oferta de alimentos quando se fizer necessário. Temperaturas elevadas podem afetar a fertilidade dos carneiros e também acarretar em elevada morte embrionária.

As ovelhas e as cabras começam a apresentar cio quando há uma diminuição gradativa na quantidade de luz diária, ou seja, o sistema reprodutivo age com fotoperíodo negativo. Nos carneiros, a mobilidade espermática é maior com a redução da luminosidade. Porém, devido à localização dos animais em relação a sua origem, as raças caprinas e algumas raças ovinas são menos afetadas por esta estacionalidade.

O ciclo estral das fêmeas destas espécies dura entre 17 e 21 dias e o cio nos animais adultos oscila entre 36 horas com extremos de 24 a 48 horas. Nas fêmeas jovens essa duração é sensivelmente menor, de 3 a 24 horas.

Existem diversos fatores que incidem sobre a duração do cio, porém os que mais se destacam são:

a) Raça: nas raças de lã a duração do cio é maior que nas raças de carne. b) Idade: aumenta com a mesma.

c) Momento da temporada reprodutiva: na metade do período a duração do cio é maior que no início e final do período.

O início da puberdade ocorre ao redor de um peso constante (30 a 40 Kg) que varia com a raça, nas cabras esse período inicia aos quatro meses. Porém tantos as ovelhas quanto as cabras não estarão aptas a reprodução. O ideal é aos quatorze meses para as ovelhas e sete a oito meses para as cabras, quando atingem 65 a 70% do peso adulto. A apresentação do cio da cordeira é entre quatro e oito meses e nas cabritas ao redor de quatro meses, no início de sua puberdade. O ciclo estral é composto por:

a) Proestro: desenvolvimento dos folículos (estrutura do ovário que contém o oócito), não aceita a monta, apresenta a vulva congestionada, começando a produzir muco.

b) Estro: há sinais externos como agitação da cauda, micção constante, diminui a ingestão de alimentos, aceita o macho e deixa-se montar.

c) Metaestro: ocorre nesta fase à ovulação, a fêmea não aceita mais o macho, há crescimento do corpo lúteo, formado a partir da ruptura do folículo e liberação do óvulo.

d) Diestro: involução do corpo lúteo, casa não haja fecundação.

Nas cabras, o cio é mais fácil de ser diagnosticado, pois a fêmea agita constantemente a cauda e procura freneticamente o macho. Já as ovelhas, são muito mais discretas, necessitando portanto de um rufião para identificação do cio.

No caso dos carneiros/bodes a puberdade inicia com uma idade similar a das cordeiras/cabritas. O início da atividade sexual é marcada pela apresentação de instintos reprodutivos (monta em machos e fêmeas, interesse sexual pelas fêmeas, etc.), mesmo antes de atingirem a puberdade total, que somente será alcançada quando os espermatozóides se encontrarem viáveis para fecundação, ou seja, com volume e qualidade

adequados. Estarão realmente aptos à reprodução com aproximadamente 12 a 18 meses (Granados, 2001).

Fatores que afetam a fertilidade das matrizes

O período do ano de maior fertilidade para os ovinos e caprinos é nos meses de outubro a abril, variando para raças de carne e de lã. Alguns fatores afetam a fertilidade das fêmeas:

a) Idade: a porcentagem de partos múltiplos aumenta paulatinamente até o quinto ou sexto ano de vida, logo após há um rápido declínio.

b) Peso corporal: a fertilidade está diretamente correlacionada com o peso dos animais no momento da monta até um determinado ponto, onde começará a diminuir o número de óvulos liberados. Sabemos que os hormônios da reprodução são antagônicos aos hormônios lipídicos. Na hora do parto, o excesso de gordura na região pélvica pode tornar o nascimento mais dificultoso.

c) Nutrição: um estímulo antes e durante o período reprodutivo, conhecido como “flushing”, incrementa significativamente a taxa ovulatória e a incidência de partos múltiplos. O “flushing” consiste em um choque no aporte nutricional dado as matrizes, oferecido três semanas antes e até três semanas durante o serviço, permitindo as fêmeas um incremento de três a quatro quilogramas no seu peso. Este abalo nutricional aumenta a produção hormonal hipofisiária do animal, tendo maior maturação dos óvulos e conseqüentemente, uma maior porcentagem de concepções. O “flushing” incrementa o número de ovulações múltiplas em ovelhas e cabras férteis, porém não diminui a porcentagem de matrizes inférteis. Esta prática, só é conveniente de ser aplicada se na propriedade dispõem-se de adequada alimentação a ser dada no terço final da gestação, que é o período de maior exigência. Em fêmeas de primeira cria não é aconselhada à aplicação do “flushing”, já que os partos múltiplos geralmente trazem problemas de abandono de crias e de distocia.

Fatores que afetam a fertilidade dos machos

a) Temperatura ambiente: se a temperatura do meio ambiente for muito elevada pode acarretar em baixa viabilidade espermática. A temperatura corporal dos caprinos e ovinos adultos é entre 39 e 40ºC, porém a temperatura testicular é inferior a corporal, na ordem de 5 a 7ºC a menos, isto porque o escroto exerce uma função termorreguladora.

b) Idade: a fertilidade se reduz sensivelmente em machos com mais de cinco anos, sendo necessário à reposição destes reprodutores.

c) Deficiência de Vitamina A: esta vitamina é essencial para a formação das células que revestem os canais seminíferos. A sua deficiência conduz a uma produção de sêmen de baixa qualidade.

Cuidados com os reprodutores

Alguns cuidados devem ser tomados para garantir a eficácia dos machos na época de reprodução, sendo os mais importantes:

- produção de sêmen de qualidade e em quantidade suficiente para fecundar um grande número de fêmeas em um período curto;

- ter habilidade para montar e cobrir satisfatoriamente as matrizes em cio;

- ter boa libido para procurar as fêmeas em cio;

- apresentarem-se em estado físico/nutricional que permita resistir durante todo o período de monta;

- cuidar cascos, problemas testiculares, prognatismo, entre outros;

- revisar os reprodutores 45-50 dias antes da estação de monta, pois o processo de formação dos espermatozóides leva em torno de 45 dias para ser finalizado;

- se possível, forneça aos reprodutores durante a fase reprodutiva, suplementos vitamínicos, que possuam entre outros elementos vitamina A.

Cuidados com as fêmeas primíparas

É fundamental separar as fêmeas de primeira cria das demais matrizes do rebanho, pois sendo inexperientes não serão procuradas pelos machos. Outro fator importante é a utilização de machos experientes e a utilização de rufiões para detectar o cio. Faz-se necessário também uma redução na área de pastejo para que as fêmeas de primeira cria não possam “fugir” dos machos.

Importante salientar também, que quando se opta pela inseminação artificial nessa categoria, precisam-se utilizar antes rufiões que façam penetração, para romper o hímen da fêmea e permitir a chegada do espéculo até a cérvix.

Nas fêmeas primíparas, também são indesejáveis partos múltiplos e escore corporal elevado em final de gestação.

Duração da gestação

É influenciada pela raça, idade, tipo de nascimento (simples ou múltiplos), e nutrição no último terço de gestação. Normalmente as raças de lã apresentam uma gestação mais duradoura, entre dois e três dias a mais. Assim também ocorre com fêmeas de primeira cria e em partos duplos. A nutrição influencia ao passo que uma dieta deficitária no terço final da gestação acarretará em uma redução de um a quatro dias no nascimento.

Mas no geral, considera-se como período de duração da gestação, tanto para cabras como para ovelhas, algo em torno dos 150 dias.

Sistemas de acasalamento

Há diversos tipos de monta que podem ser utilizadas nestas criações. Cabe escolher a que oferece as melhores vantagens para cada objetivo de criação. Deve aliar simplicidade, bons resultados econômicos e máximo aproveitamento das matrizes e reprodutores.

a) Monta Natural: É a mais utilizada. Os machos ficam soltos com as fêmeas e são introduzidos na proporção de 2- 3% com as matrizes e de 3-4% com as fêmeas de primeira cria. Há um menor controle neste sistema, mas não se sabe o pai e nem quando a fêmea foi coberta. Geralmente utilizado em criações extensivas.

b) Monta dirigida ou controlada: Rufiões com marcadores coloridos identificam as fêmeas receptivas em um primeiro instante, normalmente durante o dia. No final do dia, separam-se as fêmeas marcadas e colocam-se os reprodutores. Há uma maior potencialização do uso do reprodutor, podendo vir a cobrir de 20-30 fêmeas por dia. Neste método há um controle de parição e paternidade bastante satisfatório.

c) Inseminação artificial: É o método de reprodução em que as células sexuais

masculinas (espermatozóides) são depositadas no trato genital feminino através de meios mecânicos que substituem os órgãos especializados do macho. Esse sistema permite que um reprodutor de alto valor zootécnico seja utilizado em um número muito maior de fêmeas, diminuindo assim gastos de manejo e alimentação com os reprodutores, melhorando o controle sanitário das fêmeas, potencializando assim a qualidade da progênie a ser gerada.

Indução e sincronização de cio

A indução de cio é um artifício interessante para duas finalidades principais. A primeira delas é quando se quer que as fêmeas apresentem cio fora do seu período estacional. A outra finalidade da indução de cio, pode ser para apressar o final do período reprodutivo, fazendo com que aquelas fêmeas que ainda não foram cobertas ou inseminadas ciclem, e assim se possa antecipar o término da temporada reprodutiva.

Já a sincronização de cio, é uma técnica utilizada para que se possa formar lotes de fêmeas entrando em cio num mesmo período, facilitando assim o manejo reprodutivo.

Ainda, a utilização das duas técnicas aliadas, ou seja, induzindo-se as fêmeas a apresentarem cio fora de época e escalonando grupos para serem fertilizadas em épocas diferentes do ano, é uma excelente ferramenta para de combater a estacionalidade na produção de cordeiros/cabritos, podendo assim o produtor oferecer para o mercado animais para o abate durante todo o ano, e não somente num curto período, como é o ocasional.

Para tanto, podem-se utilizar técnicas de estímulos hormonais, ou ainda um programa de luz artificial, onde se fornece luz e depois se retira, de forma a induzir a glândula hipófise ao comportamento natural de redução de fotoperíodo. Técnicas estas, que ao serem bem estudadas e executadas corretamente, oferecem resultados satisfatórios e bastante rentáveis, que cobrem os custos da operação em produtos oferecidos ao mercado.

NUTRIÇÃO

Os ovinos e caprinos, são animais herbívoros ruminantes assim como os bovinos. A sua digestão microbiana faz com que estas espécies aproveitem a fibra dos alimentos de forma que com uma alimentação baseada em forragem verde natural ou cultiva e/ou forragens conservadas (fenos e silagens), podem ser suficientes para suprir suas necessidades nutricionais. Porém, alguns cuidados quanto à complementação mineral são importantes de serem observadas. Obviamente, isto não quer dizer que não seja interessante incrementar a dieta destes animais com alimentos concentrados de alto teor nutricional.

Sendo assim, não existe uma fórmula pré-definida de uma alimentação balanceada para estes animais. As suas exigências são bastante dependentes da idade, raça (aptidão), estádio fisiológico, entre outros fatores. Embora sejam animais naturalmente rústicos, eles precisam de alguns cuidados especiais, principalmente ao que tange as fases reprodutivas. Dentre elas, atenção deve ser dada nas fases de pré-cobertura (tanto para machos como para fêmeas), gestação (principalmente o terço final) e lactação, para que estes animais apresentem seu total potencial produtivo e um bem-estar fisiológico.

Os caprinos são geralmente menos exigentes que os ovinos, assim como os adultos, em ambas as espécies, têm uma necessidade nutricional reduzida em relação a

animais jovens. Da mesma forma, relacionando-se a consumo, os caprinos apresentam uma menor necessidade de ingestão de matéria seca diária do que os ovinos, em contrapartida, têm um ganho de peso menor, pelo fato da eficiência em conversão alimentar destas espécies se assemelharem.

Portanto, quando se pretende chegar a resultados produtivos satisfatórios nestas criações, faz-se necessário recorrer a tabelas de exigência nutricional, para que não falte nenhum elemento indispensável ao seu desenvolvimento, pois quando há déficit nutricional em algum ponto da dieta, mesmo com os demais itens estando cobertos, este fator se apresentará como um limitante para a eficácia da produção. Porém, como estes cálculos de arraçoamento exigem um conhecimento na área, recomenda-se que se recorra a um profissional da área pra que haja uma correta nutrição do rebanho.

No documento SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (páginas 144-148)