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DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

No documento SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (páginas 46-48)

AMENDOIM FORRAGEIRO POTENCIALIDADES

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

O amendoim forrageiro é uma leguminosa herbácea perene, de crescimento rasteiro, raiz pivotante, hábito estolonífero (Arachis pintoi) ou rizomatoso (Arachis

glabrata), prostrado e lançando os estolões horizontalmente em todas as direções e em grande quantidade, estes estolões podem chegar a 1,5 m de comprimento. O hábito de crescimento rasteiro faz com que o A. pintoi produza uma camada densa de estolões com entrenós curtos e os pontos de crescimento bem protegidos, tanto do pisoteio quanto do pastejo realizado pelos animais, apresentando ainda, grande potencial para cobertura do solo. Entretanto, em pastagens consorciadas, o amendoim forrageiro eleva suas folhas em longos pecíolos, permitindo a competição com gramíneas dos gêneros Urochloa (brachiárias) e Cynodon (tiftons, coastcross), ficando os entrenós e pontos de crescimento expostos ao pastejo pelos animais (Argel & Pizarro, 1992 e Barcellos et al., 2001). A espécie pode apresentar porte de 30 a 40 cm de altura, suas raízes podem alcançar 1,8 m de profundidade no perfil do solo, sendo que cerca de 80% delas encontram-se até 0,80 m, em virtude de seu sistema radicular pivotante. Estudos preliminares desenvolvidos em Brasília-DF demonstram que o amendoim forrageiro estolonífero apresenta produção total de até 17 toneladas de matéria seca de raízes por hectare, onde 60% encontram-se nos primeiros 0,30 m do perfil do solo, porém, com raízes de até 1,95 m de comprimento.

As folhas apresentam dois pares de folíolos ovalados, glabros, mas com pêlos sedosos nas bordas. O caule é ramificado, cilíndrico, ligeiramente achatado. As flores se originam de inflorescências axilares em forma de espigas, apresentam cálice bilabiado pubescente, com lábio inferior simples e um lábio superior amplo, com quatro dentes pequenos no ápice, resultante da fusão de quatro sépalas (Valentin et al., 2001). A corola é formada por um estandarte de cor amarela, com asas também amarelas e finas. A quilha é pontiaguda, curvada e aberta ventralmente na base, muito delgada e de cor amarelo-claro (Argel & Pizarro, 1992). O florescimento ocorre várias vezes durante o ano, pois esta leguminosa não apresenta resposta ao fotoperíodo. A floração inicia-se cedo, algumas semanas após a emergência das plantas, porém, produzindo poucas sementes viáveis. Floração mais intensa ocorre durante o período chuvoso, em resposta ao corte ou à elevação da umidade do solo após o período seco (Argel & Pizarro, 1992 e Argel & Villarreal, 1998). Após a fecundação as flores murcham e inicia-se a formação do carpóforo com o ovário na ponta, este cresce até o solo, e termina por enterrar o fruto a profundidades variáveis, dependendo da textura do solo, embora a maior proporção de sementes seja encontrada nos primeiros 0,10 m de profundidade (Argel & Villarreal, 1998).

O amendoim forrageiro é uma espécie geocárpica, ou seja, o fruto se desenvolve no solo em uma cápsula indeiscente, contendo normalmente uma vagem com uma semente (Valentim et al., 2001). As vagens têm um pericarpo fino e duro e as sementes variam em tamanho e peso (Argel & Pizarro, 1992).

ESTABELECIMENTO

A implantação da maioria das leguminosas pode ser feita através de mudas ou sementes, no entanto, tendo em vista a praticidade e eficiência, recomenda-se à utilização de sementes, quando se dispõe de elevado grau de pureza e germinação, o que nem sempre ocorre. Algumas cultivares de amendoim forrageiro tem baixa produção de sementes, caso da cultivar Belmonte, sendo recomendado, para a sua efetiva propagação, o uso de mudas

ou estolões bem desenvolvidos. O plantio pode ser feito em sulcos ou covas com

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espaçamento que varia de 0,5 a 1 m e densidade de 8 plantas por m (Perin et al., 2000). O

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consumo de material vegetativo é de 500 a 600 kg ha , que pode ser obtido a partir de uma

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sementeira de 500 m .

No estabelecimento por mudas, deve-se ter cuidado especial no arranquio e manuseio, dando preferência a estolões bem desenvolvidos, com alto enraizamento, facilitando assim o estabelecimento das mudas. Outro fator a ser observado é a umidade do solo no momento do arranquio, pois a baixa umidade pode dificultar o processo, fazendo que ocorra grande remoção das raízes, prejudicando a qualidade das mudas. O plantio deve ser efetuado no máximo sete dias após a retirada das mudas, desde que estas sejam mantidas em boas condições de armazenamento.

No transplante, é fundamental que o solo apresente umidade. Quanto menor for o tempo entre a coleta e o transplante, maior será o número de mudas viáveis. O preparo do solo deve ser feito de maneira a quebrar a compactação, favorecendo o desenvolvimento do sistema radicular das mudas. Embora o amendoim forrageiro apresente raízes pivotantes, o solo compactado pode prejudicar o estabelecimento das plantas. Na Tabela 1, observa-se os percentuais de pegamento do amendoim forrageiro em diferentes métodos de preparo do solo.

Tabela 1. Percentual de pegamento do amendoim forrageiro (30 dias após o plantio) em função da forma de multiplicação e do preparo do solo/vegetação.

Preparo do solo/Vegetação

Herbicida Lavrado Rebaixada

Forma de multiplicação %

Estolão 78 81 75

Semente 84 79 93

Muda (coroas enraizadas) 99 93 93

Fonte: Perez (1999). Adaptado.

Na propagação por sementes, recomenda-se uma densidade de semeadura de 10-14

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kg ha , a uma profundidade de 2 a 3 cm. Embora o amendoim forrageiro tenha afinidade com diversas bactérias do gênero Rhizobium, as sementes devem, preferencialmente, ser inoculadas antes do plantio. Como essa leguminosa desenvolve seus frutos abaixo da superfície do solo, a obtenção das sementes limita sua propagação por essa via, além disso, a vagem quando madura se desprende da planta ficando livre ao solo, o que torna a colheita um processo muito difícil, sendo necessário revolver e peneirar o solo para recuperar as vagens, não sendo viável economicamente. Ressalva-se que este tipo de estabelecimento pode tornar-se oneroso, tendo em vista o elevado custo das sementes, decorrente da dificuldade de colheita e baixa produção de alguns cultivares.

A semeadura requer um bom preparo do solo, eliminando camadas compactadas e plantas daninhas. Recomenda-se uma aração ou escarificação com a finalidade de revolver o solo, incorporando resíduos vegetais, possibilitando assim, melhores condições para a

germinação das sementes.

O amendoim forrageiro se caracteriza por ter estabelecimento bastante lento em relação às outras espécies leguminosas tropicais. O tempo de estabelecimento pode ser afetado por características físicas e químicas do solo, disponibilidade de água, densidade de plantio e viabilidade das sementes ou mudas (Argel & Pizarro, 1992 e Cruz et al., 1994). O tipo de preparo de solo também exerce influência sobre o tempo de estabelecimento e está relacionado ao meio de propagação.

Além destes fatores, é importante ressaltar a presença de plantas indesejáveis, uma vez que na fase inicial de desenvolvimento o amendoim forrageiro não apresenta crescimento agressivo, favorecendo o desenvolvimento das espécies de crescimento espontâneo, que apresentam grande capacidade de competição.

No documento SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (páginas 46-48)