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Utilização das TICs na Escola Alfa

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo teve como objetivo a identificação e a análise de fatores que implicam na subutilização das TICs nas práticas pedagógicas de uma escola pública. Para tanto, apresentamos evidências, dados e as análises da pesquisa de campo que compuseram o Caso de Gestão, e que subsidiaram o desenvolvimento de um plano de ações.

No Caso de Gestão, iniciamos com a apresentação da estrutura e das tecnologias que fazem parte do cotidiano da Escola Alfa, as atividades realizadas e a compreensão das políticas educacionais voltadas para inserção das TICs no ambiente escolar. Assim, foi possível identificar alguns indícios da subutilização das TICs nas práticas pedagógicas, tais como: a ausência de diretrizes no PPP para utilizar as TICs; apesar dos recursos tecnológicos estarem disponíveis na escola seu uso é mínimo por parte dos professores; proibição do uso de telefones celulares na escola e; não liberação da internet para uso dos alunos.

Foi possível observar e analisar as percepções dos alunos sobre as possibilidade de uso das TICs na escola, bem como as opiniões dos professores e gestores, onde identificamos quais são os desafios para a implementação das TICs como ferramentas pedagógicas na instituição. Desta forma, constatamos que a maioria dos professores não apresentam resistência ao uso das TICs, embora a subutilização dos recursos tecnológicos verificados na pesquisa já demonstre uma forma de resistir. Todavia, de modo geral, os pesquisados concordam que elas são importantes para a prática pedagógica. No entanto, esses educadores demonstram insegurança,

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em razão do desconhecimento de metodologias que envolvam as TICs, além das dificuldades no manejo das ferramentas tecnológicas. Além disso, os professores também têm receio, por conta da possibilidade de indisciplina dos alunos. Já os alunos anseiam pelo seu uso como uma forma de dinamizar e tornar as aulas mais interessantes.

Observou-se, também, que a escola não possui uma proposta pedagógica definida para uso das TICs, sendo ela uma eventualidade na rotina escolar e ficando a critério do professor a inserção. A coordenação pedagógica e a gestão não contribuíram com a construção de uma prática pedagógica que estimule o uso das TICs.

Tendo como base a análise dos dados obtidos foi possível a elaboração de um Plano de Ações exequível pela Escola Alfa, que envolvem propostas para superar os desafios e motivar a utilização das TICs na referida escola. Tais ações compreendem na reformulação da Projeto Político Pedagógico, considerando as TICs como ferramentas para o processo educativo; na capacitação dos professores, pedagogos e gestores para o uso das TICs nas práticas pedagógicas e; na instituição da função de Colaborador Tecnológico, com o objetivo de oferecer suporte para os professores e alunos.

Acreditamos que com essa pesquisa foi possível concluir que as TICs têm um importante papel no processo de ensino e aprendizagem na contemporaneidade, o que demanda habilidades e conhecimentos para proporcionar ao professor a possibilidade de inovar e de se atualizar, junto com a sua equipe pedagógica e com os gestores. As escolas modernas precisam desse “novo professor”, que passa a contar com as possibilidades inerentes à inserção das TICs como instrumentos a serviço dos seus ideais educativos. Ainda, é necessário colocar o aluno no centro do processo, dando-lhe um papel ativo e o motivando, de forma que ele seja capaz de construir o conhecimento a partir de novas realidades.

Todavia, a atuação deste “novo professor” na Escola Alfa esbarra, conforme as análises evidenciaram, na forte vinculação dos docentes com práticas pedagógicas tidas como tradicionais, pautadas, principalmente, na ideia de controle e disciplina. Tal vinculação pode se dever a vários fatores, como: a formação, a insegurança no uso de recursos pedagógicos diferenciados e à gestão escolar, que pode não fomentar o uso de outros recursos ou deter uma postura conservadora, especialmente no que se refere à indisciplina. Esta, por sinal, foi recorrentemente mencionada pelos atores escolares como motivo para não utilização das TICs. Entretanto, é preciso questionar o argumento que associação tecnologia e indisciplina. Não seria possível utilizar a tecnologia em favor da constituição de um bom ambiente de estudos e assim

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melhorar a relação e o sentimento de pertença dos atores com a instituição? Esta constatação ainda precisa ser melhor examinada com estudos adicionais. Como relatam Almeida e Valente (2014), na escola, o uso das TICs pode ser uma ferramenta a mais de trabalho. A partir delas, os discentes podem suprir as suas necessidades de expressão e comunicação, permitindo a pesquisa de assuntos diversos, através de programas educativos selecionados, na busca de informações. Isto é, as TICs tem a capacidade de envolver o aluno com a escola.

Diante de tudo o que foi exposto, a atuação do gestor escolar é imprescindível na ajuda aos professores, na análise e na compreensão das situações de ensino, na vinculação de áreas do conhecimento pedagógico e no trabalho de sala de aula. Dessa forma, esse profissional deve saber pensar, planejar e executar ações para a eficácia no processo educacional, incluindo a implementação e gestão das TICs.

REFERÊNCIAS

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A REGRA COMO ELEMENTO ESSENCIAL NAS PRÁTICAS