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Aprovada no Brasil por meio do Decreto Legislativo nº 24, de 29 de maio de 1956 e

promulgada pelo Decreto nº 41.721, de 25 de junho de 1957, com vigência a partir de 25 de

<http://www.fd.unl.pt/anexos/investigacao/1391.pdf>. Acesso em: 7 out. 2015. (Documento disponível no ANEXO A).

58 CONVENÇÃO DE SAINT-GERMAIN-EN-LAYE. Convenção de revisão do acto geral de Berlim, de 26 de fevereiro de 1885, e do acto geral e declaração de Bruxelas, de 2 de julho de 1890, assinada em Saint-Germain- En-Laye, em 10 de setembro de 1919. Disponível em: <http://www.fd.unl.pt/Anexos/Investigacao/1390.pdf>. Acesso em: 7 out. 2015. (Documento disponível no ANEXO B).

59 RESEARCH NETWORK ON THE LEGAL PARAMETERS OF SLAVERY. Bellagio-Harvard Guidelines

on the Legal Parameters of Slavery, de 3 mar. 2012. Disponível em: <http://www.qub.ac.uk/schools/SchoolofLaw/Research/HumanRightsCentre/Resources/Bellagio-

HarvardGuidelinesontheLegalParametersofSlavery/>. Acesso em: 07 out. 2015. (Documento disponível no ANEXO F).

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HADDAD, Carlos Henrique Borlido. Do paradigma da propriedade à concepção da liberdade de escolha: definindo o trabalho escravo para fins penais. In: REIS, Daniela Muradas; MIRAGLIA, Lívia Mendes Moreira; FINELLI, Lília Carvalho (Orgs.). Trabalho Escravo: estudos sob as perspectivas trabalhista e penal. Belo Horizonte: RTM, 2015. p. 203-240.

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BRASIL. Decreto Legislativo nº 66, de 14 jul. 1965. Autoriza o Govêrno Brasileiro a aderir à Convenção sôbre a Escravatura, assinada em Genebra em 25 de setembro de 1926 e emendada pelo protocolo aberto à assinatura ou a aceitação em 7 de dezembro de 1953, e a Convenção Suplementar sôbre a Abolição da Escravatura, do Tráfico de Escravos e das instituições e Práticas Análogas à Escravatura, firmada em Genebra a 7 de setembro de 1956. Diário Oficial da União, 15 jul. 1965. Disponível em: <https://www.diariodasleis.com.br/legislacao/federal/72662-autoriza-o-governo-brasileiro-a-aderir-a-

convencao-sobre-a-escravatura-assinada-em-genebra-em-25-de-setembro-de-1926-e-emendada-pelo- protocolo-aberto-a-assinatura-ou-a-aceitacao-em-7-de-dezembro-de-1.html>. Acesso em: 15 out. 2015.

abril de 1958, a Convenção nº 29 (C. 29)

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obriga os membros da OIT a suprimirem o

emprego do trabalho forçado ou obrigatório no menor prazo possível. Para tal, define essa

modalidade laboral como aquela exigida de um indivíduo sob ameaça de qualquer penalidade

e para a qual ele não se ofereceu de espontânea vontade (art. 2.1).

Porém, faz ressalvas ao conceito, permitindo indiretamente a utilização do trabalho

forçado nos seguintes casos:

Art. 2 — [...]

2. Entretanto, a expressão ‘trabalho forçado ou obrigatório’ não compreenderá, para os fins da presente convenção:

a) qualquer trabalho ou serviço exigido em virtude das leis sobre o serviço militar obrigatório e que só compreenda trabalhos de caráter puramente militar;

b) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais dos cidadãos de um país plenamente autônomo;

c) qualquer trabalho ou serviço exigido de um indivíduo como consequência de condenação pronunciada por decisão judiciária, contanto que esse trabalho ou serviço seja executado sob a fiscalização e o controle das autoridades públicas e que dito indivíduo não seja posto à disposição de particulares, companhias ou pessoas privadas;

d) qualquer trabalho ou serviço exigido nos casos de força maior, isto é, em caso de guerra, de sinistro ou ameaças de sinistro, tais como incêndios, inundações, fome, tremores de terra, epidemias, e epizootias, invasões de animais, de insetos ou de parasitas vegetais daninhos e em geral todas as circunstâncias que ponham em perigo a vida ou as condições normais de existência de toda ou de parte da população;

e) pequenos trabalhos de uma comunidade, isto é, trabalhos executados no interesse direto da coletividade pelos membros desta, trabalhos que, como tais, podem ser considerados obrigações cívicas normais dos membros da coletividade, contanto, que a própria população ou seus representantes diretos tenham o direito de se pronunciar sobre a necessidade desse trabalho.63

Perceba-se que, mesmo nas alíneas permissivas, as possibilidades de utilização são

restritas. Assim, ficam autorizados o serviço militar obrigatório ou trabalhos que façam parte

das obrigações cívicas normais – como acontece atualmente no caso dos eleitores convocados

pela Justiça Eleitoral para serem mesários nas eleições –, em caso de força maior e executados

em favor da coletividade. No entanto, a C. 29 prevê a hipótese do trabalho obrigatório do

preso, condenado por decisão judicial, desde que seja fiscalizado e não labore para o interesse

privado (art. 2.2, c).

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ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção nº 29, de 1º de maio de 1932. Sobre o trabalho forçado ou obrigatório. Disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/node/449>. Acesso em: 5 out. 2015.

Prescreve ainda sobre a limitação de gênero e de idade, ao afirmar que apenas os

adultos válidos

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do sexo masculino cuja idade presumível não seja inferior a 18 nem superior

a 45 poderiam estar sujeitos a esse tipo de trabalho (art. 11.1). Ademais, os limites a seguir

deveriam ser respeitados, observado um percentual convocável (art. 11.2)

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:

Art. 11.1 [...]

a) conhecimento prévio, em todos os casos em que for possível, por médico designado pela administração, da ausência de qualquer moléstia contagiosa e da aptidão física dos interessados para suportar o trabalho imposto e as condições em que será executado;

b) isenção do pessoal das escolas, alunos e professores, assim como do pessoal administrativo em geral;

c) manutenção, em cada coletividade, de um número de homens adultos e válidos indispensáveis à vida familiar e social;

d) respeito aos vínculos conjugais e familiares.66

Aliás, a preocupação com a possibilidade de particulares obterem proveito do

trabalho forçado foi ressaltada em diversos pontos da Convenção, como é o caso dos arts. 4º a

7º. Saliente-se que a C. 29 não trata sobre a possível geração de lucro pela utilização do

trabalho forçado, apenas proibindo a prestação de serviços a particulares, empresas ou

associações.

A norma assegura ainda elementos que devem ser observados quando da autorização

do trabalho obrigatório:

Art. 9 — Salvo disposições contrárias estipuladas no art. 10 da presente convenção, toda autoridade que tiver o direito de impor trabalho forçado ou obrigatório não deverá permitir recurso a essa forma de trabalho a não ser que tenha sido assegurado o seguinte:

a) que o serviço ou trabalho a executar é de interesse direto e importante para a coletividade chamada a executá-lo;

b) que esse serviço ou trabalho é de necessidade atual e presente;

c) que foi impossível encontrar mão-de-obra voluntária para a execução desse serviço ou trabalho, apesar do oferecimento de salários e condições de trabalho ao menos iguais aos que são usuais no território interessado para trabalhos ou serviços análogos, e

64 As traduções da Convenção nº 29 da OIT para o português trazem tanto a expressão “válidos” como a expressão “fisicamente aptos”, razão pela qual foram consideradas sinônimas, indicando uma aptidão corpórea para o trabalho.

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A fim de manter, em cada comunidade, um número de homens adultos fisicamente aptos indispensáveis à vida familiar e social (art. 11.1, c), a C. 29 determina que cada Estado-membro fixará a proporção adequada para que esse limite seja respeitado, não podendo nunca ser a convocação superior a 25%. Deve-se levar em conta, para o cálculo, a densidade da população, seu desenvolvimento social e físico, a época do ano e o trabalho, as necessidades econômicas e sociais etc. (art. 11.2).

66 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção nº 29, de 1º de maio de 1932. Sobre o trabalho forçado ou obrigatório. Disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/node/449>. Acesso em: 5 out. 2015.

d) que não resultará do trabalho ou serviço ônus muito grande para a população atual, considerando-se a mão-de-obra disponível e sua aptidão para o desempenho do trabalho.

Art. 10 — 1. O trabalho forçado ou obrigatório exigido a título de imposto e o trabalho forçado ou obrigatório exigido, para os trabalhos de interesse público, por chefes que exerçam funções administrativas, deverão ser progressivamente abolidos. 2. Enquanto não o forem, quando o trabalho forçado ou obrigatório for a título de imposto ou exigido por chefes que exerçam funções administrativas, para a execução de trabalhos de interesse público, as autoridades interessadas deverão primeiro assegurar:

a) que o serviço ou trabalho é de interesse direto e importante para a coletividade chamada a executá-lo;

b) que este serviço ou trabalho é de necessidade atual ou premente;

c) que não resultará do trabalho ou serviço ônus muito grande para a população atual, considerando-se a mão-de-obra disponível e sua aptidão para o desempenho do trabalho;

d) que a execução desse trabalho ou serviço não obrigará os trabalhadores a se afastarem do lugar de sua residência habitual;

e) que a execução desse trabalho ou serviço será orientada conforme as exigências da religião, da vida social ou da agricultura.67

A previsão mais interessante, todavia, diz respeito à duração dos trabalhos forçados

autorizados pela própria Convenção, que limita o trabalho a doze meses, incluídos os dias de

viagem necessários para chegar e/ou retornar do local. Para que esse requisito fosse

devidamente cumprido, previu-se ainda que cada obreiro receberia um certificado indicando

os períodos de prestação de serviços (art. 12). Além disso, ficariam assegurados direitos

básicos dos trabalhadores: limitação da jornada e pagamento de horas extras (art. 13.1),

repouso semanal remunerado coincidente com o dia tradicional (art. 13.2), remuneração com

base no mínimo regional (art. 14.1), pagamento realizado diretamente ao trabalhador (art.

14.2), dias de viagem pagos como de trabalho (art. 14.2), salário utilidade e impossibilidade

de dedução salarial de parcelas como alimentação, vestuário, alojamento ou instrumentos para

o trabalho (art. 14.3).

A preocupação com a saúde e segurança desses trabalhadores também foi tema de

regulamentação, sendo obrigatória a previsão de sistema de prevenção a acidentes de trabalho

(art. 15.1) e de apoio a acidentados e dependentes em caso de incapacidade ou morte (art.

15.2), em consonância com a Convenção nº 17 da OIT

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. Com relação à saúde, o art. 16

previu medidas de higiene, proibindo a transferência de trabalhadores para locais onde as

67 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção nº 29, de 1º de maio de 1932. Sobre o trabalho forçado ou obrigatório. Disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/node/449>. Acesso em: 5 out. 2015.

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ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção nº 17, de 19 de maio de 1925. Relativa à reparação dos desastres de trabalho, doenças profissionais e igualdade de tratamento dos trabalhadores estrangeiros e nacionais em matéria de reparação de desastres no trabalho. Disponível em: <http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/conv_17.pdf>. Acesso em: 1º out. 2015.

condições de alimentação e clima fossem muito discrepantes das que estavam acostumados,

sendo também adequados e treinados para as funções a ser desempenhadas.

Em determinação semelhante às normas regulamentares de saúde e segurança do

Ministério do Trabalho e Emprego brasileiro, o art. 17 tornou obrigatória a higidez do local de

trabalho, a necessidade de equipe médica e a indispensabilidade dos exames admissionais e

periódicos. Mas também previu a possibilidade de entregar – com o consentimento do

trabalhador – parcela do salário diretamente à família, garantindo a subsistência dos seus.

A Convenção instituiu ainda previsões específicas para certos tipos de trabalho,

como é o caso do transporte de pessoas ou de mercadorias, tal qual os cargueiros ou

barqueiros (art. 18) e a agricultura para prevenir fome ou falta de produtos alimentares (art.

19). Porém, impediu totalmente sua utilização em outros, como é o caso das penalidades de

repressão coletiva (art. 20) e do trabalho subterrâneo em minas (art. 21).

Como em todas as Convenções da OIT, o Estado-membro signatário se obrigou

também a enviar relatórios anuais ao órgão informando os fins de execução do trabalho

forçado permitido, porcentagem de enfermidades e mortes, horas de trabalho, métodos de

pagamento do salário etc. (art. 22). Ademais, a edição de um regulamento completo versando

sobre o tema também era exigida, permitindo o acesso do trabalhador ao poder público para

eventuais reclamações ou denúncias (arts. 23 e 24).

Por fim, e de forma mais relevante, o art. 25 determina o seguinte ponto, essencial na

análise que a presente dissertação se propõe a fazer:

Art. 25 — O fato de exigir ilegalmente o trabalho forçado ou obrigatório será passível de sanções penais, e todo Membro que ratificar a presente convenção terá a obrigação de assegurar que as sanções impostas pela lei são realmente eficazes e estritamente aplicadas.69

A norma é anterior ao Código Penal atual (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro

de 1940, que só teve vigência em 1º de janeiro de 1942), estando em vigor à época o Decreto

nº 22.213, de 14 de dezembro de 1932

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, conhecido como Consolidação das Leis Penais (ou

Consolidação de Piragibe), que previa o trabalho obrigatório inclusive como pena.

69 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção nº 29, de 1º de maio de 1932. Sobre o trabalho forçado ou obrigatório. Disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/node/449>. Acesso em: 5 out. 2015.

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BRASIL. Decreto nº 22.213, de 14 de dezembro de 1932. Aprova a Consolidação as Leis Penais, da autoria do Sr. Desembargador Vicente Piragibe. Diário Oficial da União, Seção 1 - 17/12/1932, Página 23034. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-22213-14-dezembro-1932- 516919-norma-pe.html>. Acesso em: 5 out. 2015.

Considerando tal situação temporal, seguem as modificações trazidas pelas novas normas

criminais.