3. O CASO DA OPERAÇÃO LAVA JATO E A CONSISTÊNCIA DA APLICAÇÃO DO
3.2 Análise da competência na Operação Lava Jato
3.2.2 Critérios de definição do foro prevalecente na Operação Lava Jato e sua
Estabelecida e existência de conexão e continência entre as dez ações penais
relativas ao núcleo dos doleiros da Operação Lava Jato, cumpre verificar se os
critérios utilizados pelo juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba para a definição de sua
competência estão de acordo com o disposto na legislação processual penal.
Dessa forma, primeiramente será analisado os critérios definidos pelo Código
de Processo Penal para a definição do foro prevalecente. Após analisar-se-á as
razões de decidir adotadas e sua eventual consonância com as regras trazidas pelo
referido Código.
Nesse sentido, o Código de Processo Penal, em seu artigo 78 estabelece o
seguinte:
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência,
serão observadas as seguintes regras:
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da
jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri;
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena
mais grave;
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de
infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade;
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a
de maior graduação;
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá
esta.
Com efeito, aqui, tem-se que os incisos II e IV merecem maior
aprofundamento, pois são de fundamental importância para a compreensão dos
critérios utilizados na Operação Lava Jato.
Nessa esteira, o inciso II do artigo 78 do Código de Processo Penal estabelece
que no concurso de jurisdições da mesma categoria deverá ser seguida uma ordem
de três diferentes critérios para a definição do foro prevalecente, tais critérios são
subsidiários, portanto, caso o critério da alínea a não seja suficiente, deverá ser
utilizado o disposto na alínea b, e assim sucessivamente.
Desse modo, primeiro deverá ser observado o local da infração do crime mais
grave, devendo este local atrair os demais crimes conexos. Caso não exista um único
crime mais grave, prevalecerá o local em que ocorrido o maior número de infrações.
Finalmente, se o número de infrações também for igual em mais de um lugar, ou se
não for possível aferir o número exato de infrações, o critério utilizado será o da
prevenção.181
Quanto ao inciso IV que estabelece a prevalência da jurisdição especial em
detrimento da jurisdição comum, há duas possíveis interpretações. A primeira é no
181 A doutrina é tranquila nesse sentido: “As alíneas do inc. II do art. 78 não são alternativas, mas sim
subsidiárias. Há uma hierarquia entre elas, devendo inicialmente prevalecer a alínea a, e somente se
esta não dirimir a questão, por ambos os processos terem penas máximas de igual gravidade,
passa-se para a alínea b, que considera, então, subsidiariamente o número de infrações cometidas. E,
finalmente, se os crimes forem da mesma gravidade e em igual número, somente neste caso é que o
magistrado deverá se valer da alínea c e considerar a prevenção critério definidor do foro prevalecente
[...].” (BADARÓ, Gustavo Henrique. Juiz natural no processo penal. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2014, p. 367).
sentido de que o termo “jurisdição especial” ao qual se refere o inciso abrange
somente as justiças especiais estabelecidas pela Constituição Federal, quais sejam,
no âmbito penal, a Justiça Militar e a Justiça Eleitoral.
Já a segunda interpretação possível é no sentido de que o termo “jurisdição
especial” também englobaria as competências especiais definidas pela lei ou pelas
resoluções de organização judiciaria, como, por exemplo, as varas especializadas em
crimes financeiros e de lavagem de dinheiro.
Quanto a essa problemática relativa ao inciso IV do artigo 78 do Código de
Processo Penal parcela considerável da doutrina entende pela primeira interpretação
trazida, conforme expõe José Frederico Marques:
A regra do artigo 78, nº IV, não se aplica aos casos de conexão de
infrações comuns, onde concorram juízos especiais criados pelas leis
de organização judiciária. O Código, no citado dispositivo cuida da
concorrência entre jurisdições diversas, tanto que fala em jurisdição
comum e a especial, e nunca, da concorrência de competência entre
juízes especiais do sistema judiciário ordinário, hipótese em que, não
se tratando do tribunal do júri, a regra a aplicar-se é a do nº II do artigo
78.182
Gustavo Henrique Badaró também entende desse modo, ressaltando que, na
pratica, o dispositivo só terá efeitos quando da conexão entre crime de competência
da Justiça Eleitoral com crime de competência Justiça Comum, ao se considerar que
as outras competências postas na Constituição Federal não podem ser alteradas por
norma infraconstitucional:
A concorrência de jurisdições se refere à Justiças diversas, e não a
juízos especiais de uma determinada Justiça. A “Jurisdição comum”
a que se refere o dispositivo é composta pela Justiça Estadual e pela
Justiça Federal. A Justiça Militar da União, a Justiça Eleitoral e a
Justiça do Trabalho são “jurisdições especiais”. Todavia, diante da
Constituição de 1988, o dispositivo será de aplicação mais restrita do
que à primeira vista possa parecer. Isso porque, como já visto, não
pode haver reunião de processo, por conexão ou continência, no
caso em que concorram Justiças com competência
constitucionalmente definidas. Assim sendo, o art. 78, IV, do CPP,
somente tem aplicação no caso de concurso entre um crime de
182 MARQUES, José Frederico. Da competência em matéria penal. Campinas: Millennium, 2000, p.
375.
competência da Justiça Comum dos Estados e outro da Justiça
Eleitoral, uma vez que as regras constitucionais não definem,
expressamente, as competências de tais Justiças, relegando tal
tarefa para a legislação infraconstitucional.183
Finalmente, Vicente Grecco Filho e Guilherme Madeira Dezem ao
comentarem o dispositivo também se limitam a afirmar, na mesma linha de Gustavo
Henrique Badaró, a conexão entre a Justiça Comum e a Justiça Eleitoral.184
Ocorre que em que pese o entendimento doutrinário pela primeira
interpretação exposta, parte da jurisprudência vem aplicando o dispositivo de acordo
com a segunda interpretação, no sentido de entre os juízos de competência especial
e de competência comum, deverá prevalecer a competência especializada.
Nesse ponto, deve-se salientar que a jurisprudência não tem dado tanta
atenção para essas diferentes interpretações do inciso IV do artigo 78 do Código de
Processo Penal, mas é possível encontrar julgados nos dois sentidos. A título
exemplificativo, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo já aplicou o dispositivo
conforme a segunda interpretação exposta, no sentido de que o termo “Jurisdição
Especial” também abrangeria os juízos especiais, como nos casos das Varas
especializadas:
RESE - Crimes de ameaça - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - Vítimas
genitora e irmão Alegação de incompetência absoluta do Juízo Não
cabimento - Filho que ameaçou a mãe na casa em que residem -
Violência doméstica baseada no gênero - AMEAÇA CONTRA O
IRMÃO - Conexão probatória evidente, nos termos do art. 76, III, do
Código de Processo Penal, a determinar o julgamento dos feitos, eis
que os fatos se deram no mesmo contexto fático Competência para
ambos os casos do Juiz Especial de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher - Recurso ministerial provido.
“A conexão é causa de modificação de competência e, no concurso
entre jurisdição comum e especial, esta deve prevalecer, nos termos
do art. 78, IV, do CPP. Frise-se que, os crimes de ameaça foram
cometidos em contexto de violência doméstica, tendo em vista que o
recorrido, usuário de drogas e alcoólatra, chegou em casa, onde todos
residiam, e ameaçou as vítimas de morte. Desse modo, embora o
ofendido seja homem, percebe-se que restou evidenciado a conexão
183 BADARÓ, Gustavo Henrique. Juiz natural no processo penal. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2014, p. 371-372.
184 GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. 8. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 162 e
DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de processo penal. 4. Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2018, p. 435.
probatória de que trata o art. 76, inciso III, do CPP, em face do vínculo
objetivo entre as imputações, em tais casos, a lei recomenda o
julgamento em conjunto pelo Juízo Especializado, que exerce a vis
attractiva sobre os crimes em conexão.”185
Essa divergência interpretativa entre a doutrina e parte da jurisprudência pode
ser explicada, dentre outros fatores, pelo fato de o Código de Processo Penal ser
datado de 1941, época em que o Poder Judiciário não dispunha de tamanha
quantidade de varas especializadas.
Desse modo, considerando o tempo de vigência do código, a interpretação da
legislação processual fica sujeita a alterações por parte do interprete do direito, dada
a nova realidade de maior especialização das varas.
Expostas as regras legais definidas na legislação processual penal a respeito
do foro prevalecente para os crimes em que configurada a conexão e a continência
cumpre verificar se tais normas foram respeitadas pelo juízo da 13ª Vara Federal de
Curitiba quando do julgamento das diversas exceções de incompetências opostas nas
ações penais relativas ao núcleo dos doleiros da Operação Lava Jato.
Nesse sentido, conforme visto, foi reconhecida a conexão entre todos os
crimes cometidos nas dez ações penais referidas. Por conseguinte, para a definição
do foro prevalecente, todos os crimes imputados nas diferentes ações penais devem
ser analisados conjuntamente, já que conexos.
Antes de se adentrar nos critérios do artigo 78 para definição do foro
prevalecente, deve-se refutar um argumento utilizado pelo juízo da 13ª Vara Federal
de Curitiba que se valeu do disposto no artigo 71 do Código de Processo Penal como
parte de sua argumentação para definir a competência.
Com efeito, o artigo 71 estabelece que tratando-se de infração continuada ou
permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência
firmar-se-á pela prevenção.
185 TJSP, Quarta Câmara de Direito Criminal, RESE nº 0045412-73.2014.8.26.0224, Rel. Des. Edison
Brandão, julgado em 24.05.2016.
Segundo as diversas decisões que utilizaram tal dispositivo como um dos
argumentos para sustentar a prevenção do juízo, por existirem diversos crimes de
lavagem de dinheiro cometidos reiteradamente pelos doleiros e por seus grupos, seria
o caso de se reconhecer a continuidade delitiva:
E entre os diversos crimes de lavagem e financeiros praticados em
cada grupo, por exemplo, entre os crimes de lavagem imputados ao
grupo de Carlos Habib nas três ações penais referidas (itens 5.1, 5.2
e 5.3), pode-se ainda cogitar de continuidade delitiva, aplicando-se no
caso a regra da prevenção do art. 71 do CPP, sendo competente este
Juízo, que primeiro conheceu e proferiu decisões no caso. Certamente
o reconhecimento da continuidade depende de avaliação no momento
próprio, quando do julgamento.
O mesmo pode ser dito em relação aos crimes de lavagem e
financeiros imputados ao grupo de Alberto Youssef nas cinco ações
penais referidas acima (5.1, 5.2, 5.4, 5.5 e 5.6), sendo possível
igualmente cogitar de continuidade delitiva, aplicando-se também no
caso a regra do art. 71 do CPP, definindo também como competente
este Juízo por prevenção. Certamente o reconhecimento da
continuidade depende de avaliação no momento próprio, quando do
julgamento. [...]
Havendo, porém, a possibilidade de que as várias ações penais
tenham por objeto crimes de lavagem e de crimes financeiros
praticados em continuidade delitiva, o critério a ser observado é o da
prevenção, previsto no art. 71 do CP, definindo a competência deste
Juízo, e não o do local, ainda incerto, da prática da maioria dos
crimes.186
Ocorre que conforme já demonstrado, e apontado pelo próprio juízo da 13ª
Vara Federal de Curitiba, os crimes apurados nas dez ações penais relativas ao
núcleo dos doleiros da Operação Lava Jato são conexos, desse modo, não tem
aplicação o disposto no artigo 71 do Código de Processo Penal, devendo-se,
necessariamente, ser utilizado um dos critérios trazidos pelo artigo 78 do referido
Código, que traz as regras a serem respeitadas em caso de conexão e continência –
não estando nessas regras qualquer menção à prevenção por continuidade delitiva.
186 Exceção de incompetência nº 5029451-94.2014.404.7000 referente ao processo nº
5025699-17.2014.404.7000, 13ª Vara Federal de Curitiba. Disponível em https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/contr
olador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701407162971849810050000000006&evento=6
92&key=e58d1ecadcc8da66b235f476fa4a02119c768a52c379ee41db58a18b3028373f&hash=468666
ae1db3ae027eadea625cb68f90. Acesso em 19.06.2018.
O artigo 71 do Código de Processo Penal não pode, portanto, ser utilizado
como critério de definição do foro prevalecente.
No que se refere as razões de decidir atinentes ao artigo 78 do Código de
Processo Penal, para o adequando entendimento da fundamentação utilizada,
deve-se primeiramente analisar a decisão proferida na exceção de incompetência nº
5044009-71.2014.404.7000 referente a ação penal nº 5025687-03.2014.404.7000.
Referida ação penal tem por objeto a apuração de crime de tráfico
internacional de drogas consumado em Araraquara e de lavagem de dinheiro com
participação dos doleiros Carlos Habib Chater e Alberto Youssef. Aqui, deve-se desde
logo apontar que o crime de tráfico internacional de drogas é o crime mais grave
apurado não só na ação penal acima referida como em todas as dez ações conexas.
Nesse contexto, na decisão referente a exceção acima mencionada,
sustentou-se o seguinte:
Embora ao crime de tráfico seja cominada a pena mais grave,
prevalece a competência material da 13ª Vara Federal de Curitiba, já
que especializada para o processo e julgamento de crimes de lavagem
e financeiros. É que não tem a Vara Federal de Araraquara
competência para processo e julgamento de crime de lavagem e
financeiros, motivo pelo qual a regra aplicável é a do art. 78, IV, do
CPP, fixando a competência da Justiça Federal em Curitiba. A regra
do art. 78, II, 'a', do CPP citada pela Defesa de Rene só tem aplicação
entre juízes de igual competência, o que não é o caso.187
Do trecho acima exposto nota-se que o critério utilizado foi o do artigo 78, IV,
em detrimento do artigo 78, II, a, ambos do Código do Processo Penal, dando-se a
interpretação contrária a que a doutrina adota.
Como visto anteriormente, para a doutrina, o artigo 78, IV só teria aplicação
para os casos em que concorressem a jurisdição comum com a jurisdição especial
entendendo-se por jurisdição especial criminal as Justiças Especiais Eleitoral e Militar,
187 Disponível em https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico
&doc=701406819901771060030000000005&evento=692&key=b3bc68b14f8282b60c8fec71c3e17196
36fecc961f3d0a2da2b20fb6bea3181f&hash=6f9df58a4e50abf49bad27b0a83e6846. Acesso em
19.06.2018.
de modo que, nesse caso, deveria prevalecer a regra do artigo 78, II, a, sendo
considerado o local da pena mais grave.
Contudo, o disposto no inciso, IV, do artigo 78, foi aplicado conforme a outra
interpretação possível, no sentido de que por jurisdição especial pode-se entender
juízos com competência especializada, o que é o caso da 13ª Vara Federal de
Curitiba.
Desse modo, prevaleceu a competência da Vara especializada para
julgamento de crimes financeiros de lavagem de dinheiro de Curitiba em detrimento
da Vara Federal de Araraquara.
Essa questão influenciou diretamente a argumentação utilizada para definir a
competência de outras ações penais, veja-se:
Na ação penal nº 5025699-17.2014.404.7000, por exemplo, cujo objeto é a
apuração de crimes financeiros, lavagem de produto de crimes financeiros, evasão de
divisas e operação de instituição financeira irregular ocorridos em primordialmente em
São Paulo, foi sustentado pelo juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, quando do
julgamento da exceção de incompetência nº 5029451-94.2014.404.7000, que não
obstante a maioria dos crimes objetos da referida ação terem ocorrido em São Paulo
essa ação individualmente considerada conteria apenas uma parte dos crimes
conexos da Operação Lava Jato.
Após realizar tal assertiva, a decisão traz as razões que justificam a conexão
entre as dez ações penais propostas (como já demonstrado anteriormente nesse
trabalho, quando se abordou o tema da conexão), concluindo no sentido de que os
crimes ocorridos em São Paulo não podem ser individualmente considerados, de
modo que devem abranger também os demais crimes conexos, como os ocorridos na
Seção Judiciária do Paraná.
Havendo, porém, a possibilidade de que as várias ações penais
tenham por objeto crimes de lavagem e de crimes financeiros
praticados em continuidade delitiva, o critério a ser observado é o da
prevenção, previsto no art. 71 do CP, definindo a competência deste
Juízo, e não o do local, ainda incerto, da prática da maioria dos crimes.
Rigorosamente, caso aplicável o art. 78 do CPP, a competência seria
firmada pelo crime mais grave, que é o de tráfico de drogas, que é
objeto da ação penal 5.1 acima referida, e que se submete à
competência desta 13ª Vara conforme razões expostas no julgamento
de exceções de incompetência interpostas naquela ação penal.188
Do trecho acima exposto, deve-se, de pronto, refutar, conforme já explicitado
acima, a tentativa de utilização do disposto no artigo 71, ao se considerar que a
prevenção decorrente de infrações continuadas não é critério de definição do foro
prevalecente de crimes conexos.
Resta, por conseguinte, a afirmação referente ao artigo 78 do Código de
Processo Penal, na qual o juízo remete a fundamentação trazida na exceção de
incompetência 5044009-71.2014.404.7000 referente a ação penal nº
5025687-03.2014.404.7000, que, como visto, utiliza-se do inciso IV, do artigo 78 para apontar
como competente o juízo de Curitiba em detrimento da Vara Federal de Araraquara.
Esse mesmo mecanismo foi utilizado para fundamentar a competência de
outras ações penais cujos crimes individualmente considerados majoritariamente
ocorreram também em São Paulo ou Brasília (como as ações nº
5049898-06.2014.404.7000189, 5026212-82.2014.404.7000190, 5025692-25.2014.404.7000191 e
5025695-77.2014.404.7000192).
188 Disponível em https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico
&doc=701407162971849810050000000006&evento=692&key=e58d1ecadcc8da66b235f476fa4a0211
9c768a52c379ee41db58a18b3028373f&hash=468666ae1db3ae027eadea625cb68f90. Acesso em
19.06.2018.
189 Exceção de incompetência nº 5059494- 14.2014.404.7000. Disponível em https://eproc.jfpr.jus.br/e
procV2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=7014177836395264800100000000
04&evento=701&key=e7ea79b8824a41e9a91dd0a46c69ffe16a793f9fdc4e9a24fb360d81bfa36076&h
ash=54c56f8945a3551fca7d88e107963c21. Acesso em 19.06.2018.
190 Exceção de incompetência nº 5042202- 16.2014.404.7000. Disponível em https://eproc.jfpr.jus.br/e
procV2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=7014081127603714200200000000
06&evento=692&key=bfdd9af4ad578dc2c9d09966a600531ba8ef0765a42c2ac2e038ed67c92639b6&
hash=e6e27fe7c16e827fd02457231bf1d7e2. Acesso em: 19.06.2018.
191 Exceção de incompetência nº 5043955- 08.2014.404.7000. Disponível em https://eproc.jfpr.jus.br/e
procV2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=7014150228889927300500000000
01&evento=692&key=7c0afbc00d6fc3b7c6a19e14aedaa592484ee706ab1ebb2baa87efa014f984b5&h
ash=e23bda207347764ea1c35b727f20af2d. Acesso em 19.06.2018.
192 Exceção de incompetência nº 5029384- 32.2014.404.7000. Disponível em https://eproc.jfpr.jus.br/e
procV2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=7014096687306204900400000000
Nesse ponto, portanto, percebe-se a clara relevância da solução da
controvérsia relativa a interpretação do inciso IV do artigo 78 do Código de Processo
Penal para a definição do foro prevalecente.
Caso se adote a posição aderida pela doutrina no sentido de que o termo
“jurisdição especial” do inciso IV se refere apenas as Justiças Especiais trazidas pela
Constituição Federal (Eleitoral e Militar), deve-se concluir que o critério do referido
inciso não poderia ter sido utilizado.
A competência dos dez processos aqui examinados da Operação Lava Jato,
por essa interpretação, seria então estabelecida pelo inciso II, alínea a do artigo 78 do
Código de Processo Penal que determina que no concurso de jurisdições da mesma
categoria, preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave,
prevalecendo, portanto, a competência da Vara Federal de Araraquara, Seção
Judiciária de São Paulo.
Caso se adote – como se adotou – a interpretação de que o inciso IV versa
sobre juízos de competência especializada, então poderia prevalecer a competência
da 13ª Vara Federal de Curitiba, pois especializada para o julgamento de crimes
financeiros e de lavagem de dinheiro.
Nesse ponto, cabe esclarecer que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região
acompanhou o entendimento adotado pelo juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba,
aplicando o inciso IV do artigo 78 do Código de Processo Penal.193
06&evento=692&key=b3541a5aa7545548de65589ab83fbb6b8ef02f5aa9644a6b3188e9fc3240c05b&
hash=498b3d5fde3a1d17ebcbda382d72467d. Acesso em 19.06.2018.
193 PENAL. PROCESSUAL PENAL. 'OPERAÇÃO LAVA-JATO'. PRIMEIRA APELAÇÃO.
COMPETÊNCIA. 13ª VARA FEDERAL DE CURITIBA. [...] COMPETÊNCIA DA 13ª VARA FEDERAL
DE CURITIBA. Iniciada a investigação para apuração de crimes praticados no Estado do Paraná, a
competência fixou-se no Juízo Federal da 13ª Vara de Curitiba/PR, sob a titularidade do Juiz Federal
Sérgio Moro, especializada em crimes contra o sistema financeiro e de lavagem de dinheiro,
competência esta que se prorroga inclusive para os crimes conexos, nos termos do art. 78, IV,
No documento
CIDADANIA E PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL Paradigma da Operação Lava Jato
(páginas 111-125)