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A partir do incremento para a criação de cursos superiores de tecnologia, surgiram as mais variadas formas de denominação para estes cursos. Houve uma preocupação do MEC em organizar as nomenclaturas dos cursos tecnológicos, em face ao expressivo número de denominações, muitas vezes aplicadas para formações do mesmo eixo tecnológico e especificidade. Muitas designações, inclusive, obedeciam a expressões meramente mercadológicas, restringindo a formação e atuação do tecnólogo ao atendimento pontual e restrito a demandas específicas, além da criação de uma grande confusão sobre a nomenclatura, formação, área de atuação e posicionamento deste profissional no mercado de trabalho.

Na perspectiva da construção da identidade profissional, torna-se necessário falar das propostas de formação e dos aspectos reguladores para os tecnólogos, pois foi justamente essa expectativa que gerou o Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia (CNCST) como uma contribuição à conceituação da profissão de tecnólogo e de sua formação. Serve de base também para o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e para os processos de regulação e supervisão da educação tecnológica.

A concepção do catálogo ocorreu através de processo coletivo resultado da participação de especialistas e pesquisadores, IES, entidades de representação corporativa, dentre outros. Machado (2008) descreve que, na concepção do catálogo, os debates permitiram a identificação de um referencial básico comum de grande importância. “Tomou-

se, como consenso, o entendimento de que esses cursos visam formar profissionais para utilizar, desenvolver ou adaptar tecnologias sempre com o conhecimento das implicações daí decorrentes e de suas relações com o processo produtivo, a pessoa humana e a sociedade”.

O CNCST tem como objetivos promover o reconhecimento e renovação de cursos superiores de tecnologia, atuar como instrumento de orientação às IES e alunos, sistemas e redes de ensino, entidades representativas de classes, empregadores e ser referência para a sociedade a respeito da natureza e finalidade das atribuições profissionais do tecnólogo, além da valorização desses cursos e seus profissionais. O catálogo foi instituído pelo Decreto no. 5.773 de 09 de maio de 2006, estabelecendo que:

Art. 44. O Secretário, nos processos de reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos superiores de tecnologia, poderá, em cumprimento das normas gerais da educação nacional:

I - deferir o pedido, com base no catálogo de denominações de cursos publicado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica;

II - deferir o pedido, determinando a inclusão da denominação do curso no catálogo;

III - deferir o pedido, mantido o caráter experimental do curso;

IV - deferir o pedido exclusivamente para fins de registro de diploma, vedada a admissão de novos alunos; ou

V - indeferir o pedido, motivadamente. (BRASIL, 2006, p.36)

O que importa é destacar que considerando as descrições contidas no catálogo é possível detectar alguns elementos de identificação do que está sendo proposto como formação e áreas de atuação do tecnólogo. O catálogo apresenta denominações, sumário de perfil do egresso, carga horária mínima e infraestrutura recomendada de 112 graduações tecnológicas organizadas em 13 eixos tecnológicos, sendo estes: Ambiente e Saúde, Apoio Escolar, Controle e Processos Industriais, Gestão e Negócios, Hospitalidade e Lazer, Informação e Comunicação, Infraestrutura, Militar, Produção Alimentícia, Produção Cultural e Design, Produção Industrial, Recursos Naturais, Segurança. A carga horária dos cursos varia entre 1600h, 2000h e 2400h.

Segundo Machado (2008) a atuação desse profissional, a partir dos cursos de formação, teria diferentes cenários, espaços e segmentos:

“gestão, monitoramento e controle; consultorias, vistoria, perícia, prospecção, avaliação, assistência técnica e tecnológica; extração, tratamento e transformação de matérias-primas; construção, conservação e restauração; design e confecção; armazenagem, embalagem, movimentação, distribuição, suprimento, transporte e comercialização de produtos; pesquisa e desenvolvimento. Tornar realizáveis e viáveis projetos de processos e produtos; oferecer

suportes à tomada de decisões e à definição de estratégias; orientar o manejo de equipamentos e instrumentos; tornar mais racional, eficiente e rentável os processos produtivos e os serviços; fazer avançar a funcionalidade, produtividade e a qualidade dos processos e produtos sem comprometer sua integridade e usabilidade; promover a otimização dos processos e sua visibilidade; contribuir para a sustentabilidade econômica, ambiental e social dos empreendimentos; aprimorar ações de preservação, proteção, prevenção, segurança e ergonomia”. (MACHADO, 2008,p.17)

Machado (2008) declara que o tecnólogo também participaria diretamente de projetos, propostas e programas. Sobre o que ele atuaria? Sobre desenhos, arranjos físicos, ambientes, leiautes, maquetes, protótipos, moldes, portifólios e mapas, entretanto não possui autorização para elaboração de projetos, contudo sua atuação é de grande relevância para a execução, acompanhamento e avaliação destes.

Ao tecnólogo também cabe a realização de ensaios, experimentos e testes. Elaboraria relatórios, pareceres, laudos, dossiês, cadastros e bases de dados. Cuidaria de insumos materiais e não-materiais. Saberia utilizar equipamentos, instrumentos, dispositivos, peças, componentes, acessórios e suportes.

Lidaria com estratégias, linguagens, ideias, informações, conceitos, dados, instruções, programas, signos, códigos, convenções, parâmetros, padrões, normas, protocolos, regras, especificações, procedimentos, métodos, práticas, estilos, comportamentos, rotinas, imagens, textos, sons, cores, texturas, fluxogramas, orçamentos, cronogramas, sistemas, redes, circuitos e processos. Portanto as possibilidades de atuação profissional do tecnólogo evidenciam o diferencial e a complexidade da sua proposta de formação. É perceptível a superação do nível técnico e os limites em relação à engenharia.

Nas descrições do contexto de atuação e de perfil profissional que constam do CNCST, estão referidas ações de concepção sob a responsabilidade do Tecnólogo tais como: estudos, investigações e análises com foco em aplicações; diagnósticos, identificações e interpretações; planificações, modelagens e traduções; criações, inovações e elaborações; desenvolvimentos e formatações; atualizações, aperfeiçoamentos e adaptações. (Machado, 2008)

Também são especificadas ações operacionais e de gestão. No caso destas últimas, são feitas referências a responsabilidades de direção, coordenação e supervisão; organização, condução e gerenciamento; acompanhamento, avaliação e monitoramento; fiscalização e controle; informação e orientação; suporte logístico e promoção. É preciso ressaltar que todas

essas demandas dependem do eixo tecnológico no qual o tecnólogo encontra-se inserido, conforme especificado no Catálogo.

O Catálogo introduz, assim, um referencial muito mais rico e abrangente para o exercício da profissão de Tecnólogo. Importa destacar que o CNCST bem como o Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos passam por revisões anuais, conforme determina a legislação. O período de apresentação de sugestões ou alterações nos catálogos de cursos de educação profissional e tecnológica é informado pelo MEC.

A partir da publicação do Decreto nº 7.5480, de 16 de maio de 2011, que aprova a estrutura regimental do Ministério da Educação, as ações referentes ao CNCST passam à competência da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, conforme estabelecido:

Art. 28. À Diretoria de Regulação e Supervisão da Educação Profissional e

Tecnológica compete: [...]

III - propor, manter e subsidiar as ações de concepção e atualização tecnológica dos Cadastros e Catálogo dos Cursos Superiores de Tecnologia; IV - realizar estudos com vistas à proposição de indicadores para avaliação dos Cadastros e Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia (BRASIL, 2011, p.30)

A participação no processo de atualização do catálogo é facultada a educadores, estudantes, sistemas e redes de ensino, entidades representativas de classes, órgãos e entes públicos, além das instituições que oferecem os cursos. A proposta de atualização do catálogo se baseia no movimento das áreas tecnológicas e nas demandas por formação específica, que poderá ocorrer por parte das IES solicitando a inclusão de novos cursos superiores de tecnologia com novas denominações, decorrentes do desenvolvimento e inovação tecnológica.

3.9 O MUNDO DO TRABALHO E A FORMAÇÃO DO TECNÓLOGO: compreensões

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