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As novas e incessantes demandas do setor produtivo exercem pressão sobre a formação profissional, gerando a busca por novas propostas que possam formar profissionais capazes atuar em tarefas cujos problemas operacionais requerem conhecimentos específicos, raciocínio epistemológico e absrato.

As empresas ao serem questionadas a respeito da possibilidade de absorção do tecnólogo declaram que esse movimento ainda é algo a ser proposto e reafirmam a necessidade de “desvendar” quem seja o tecnólogo, possivelmente, esta ação seja em grande parte responsável pelo futuro do tecnólogo no mercado de trabalho.

“Para o de tecnólogo não, mas como técnico sim. Falta a identidade profissional que justifique a necessidade de contratação desse profissional.”

Entrevistado 3 “[...] quando você tem um recrutamento e tem que escolher entre um técnico e um tecnólogo, eu prefiro o tecnólogo porque é um conhecimento mais apurado para o que eu preciso aqui, mas isso ainda não refletiu numa diferenciação especial dentro da estrutura, nem salarial, nem de cargo, nem de outra forma especifica. [...] talvez o grande diferencial que pode se ter no futuro é o tecnólogo [...], mostrar mais o conhecimento cientifico e tecnológico para as empresas no sentido de que a gente consiga enxergar isso como um diferencial do tecnólogo e não como uma deficiência da educação do técnico.”

Entrevistado 6

Nota-se, na fala de algumas empresas, que há uma perspectiva futura para contratação efetiva de tecnólogos. Trata-se de um importante indicador de que esses cursos, potencialmente, podem corresponder às necessidades de qualificação profissional requeridas pelo mundo do trabalho.

“Não há uma proposta específica, neste momento estamos justamente nesta reflexão de alavancar a formação dos operadores, dos mantenedores, ou seja, de todo nosso grupo operacional [...] fazendo a reflexão de ter um curso mais denso, um curso que permita uma capacidade critica, analítica... de uma interação maior com altos níveis de tecnologia e automação e esta análise passa por conhecer melhor e aproximar, saber mais do curso de tecnólogo para poder avaliar se não seria mais adequado ter como requisito o curso tecnológico e não o técnico.”

Apesar da falta de perspectivas atuais para absorção do tecnólogo, para funções e cargos específicos à sua formação, é possível observar que a pressão exercida pelas inovações tecnológicas sobre os processos produtivos seja a mola mestra para inserção do tecnólogo no mercado de trabalho. Algumas empresas sinalizam que essa absorção pode ocorrer no futuro, para isso, estas afirmaram que já está em fase de estudo a possibilidade de absorver tecnólogos, criando cargo específico em conformidade com sua formação acadêmica. Algumas falas expressam o interesse em acompanhar os movimentos do mercado produtivo que já sinaliza por uma demanda por profissionais com conhecimentos mais específicos e aprofundados em relação aos processos que são constantemente reestruturados tecnologicamente.

É possível que, para determinadas funções, a formação continuada desenvolvida pelas empresas não seja suficiente para acompanhar as demandas, sendo assim, existe a perspectiva de que se abra um espaço para o tecnólogo. É importante que o tecnólogo tenha oportunidade para mostrar o conhecimento cientifico e tecnológico e como desenvolvê-lo e aplicá-lo no trabalho, ou seja, atuar em conformidade com sua formação profissional.

Vale salientar que essa formação profissional deverá estar equilibrada para que não atenha-se a uma perspectiva meramente utilitária e pragmática que comumente acompanha as propostas de educação profissional. Torna-se necessário ressignificar o conceito de educação para além do que o mercado determina tecnicamente. É preciso constituir uma visão crítica de forma que articulação da dimensão profissional com a dimensão sóciopolítica seja oportunizada, esse é possivelmente o caminho para que o tecnólogo obtenha a identidade social.

Os tecnólogos também foram questionados a respeito das perspectivas futuras, revelaram que mantêm uma forte identidade com a área em que atuam e pretendem continuar nela.

Para análise desta tabela, é importante ressaltar que a questão formulada aos 25 tecnólogos participantes desta pesquisa permitiu múltiplas respostas. Dessa forma, os percentuais alcançados foram analisados em relação ao número total de respostas obtidas: 30 opções marcadas.

Tabela 12- Perspectivas profissionais futuras para o Tecnólogo

RESPOSTAS QUANTIDADE %

Já tenho trabalho na área e pretendo continuar nele. 11 36,7 Pretendo me aperfeiçoar na área em que me formei e buscar pós-

graduação 9 30,0

Continuarei trabalhando nesta área até conseguir me formar em

engenharia. 5 16,7

Trabalho em outra área, mas pretendo buscar uma atividade na

minha área formação. 2 6,7

Outros ( NÃO ATUA COMO TECNÓLOGO- TEM CARGO DE

CHEFIA) 2 6,7

Tenho empresa (ou pretendo ter empresa) nesta área 1 3,3%

TOTAL 30 100

Fonte: próprio autor,2011

Ao analisar os dados, verifica-se que muito poucos dentre eles pretendem usar esse curso como um momento de espera por oportunidades julgadas melhores, como completar um curso de engenharia. Um outro aspecto positivo é identificar que 36,7 % dos tecnólogos já têm trabalho na área e pretende continuar nele e que possivelmente continuarão investindo em sua formação. Pode-se observar, também, ao notar que 30% deles valoriza a pós-graduação como perspectiva futura, reforçando a ideia de que o tecnólogo reúne as condições necessários para executar conhecimentos científicos mais estruturados e é também uma forma de apresentar um diferencial no mercado. Isso pode significar que o tecnólogo tem enxergado que sua formação lhe permite atuar no mercado, pressupondo crença em perspectivas futuras.

O sindicato vislumbra o futuro do tecnólogo na Bahia, de modo promissor, como observado na seguinte fala:

“Pelo próprio crescimento de cursos de tecnologia, quando eu fiz havia apenas 9 cursos e praticamente só existia CEFET hoje já existem em torno de 150 cursos na Bahia, acho que a tendência é as pessoas conhecerem melhor o tecnólogo, o que vem a ser esse profissional. Vejo algo promissor, a tendência é o profissional encontrar seu espaço no mercado de trabalho. Em outros estados já existe esse reconhecimento, a questão só é quebrar essas barreiras, essa discriminação e desconhecimento que ainda existe a respeito desse profissional.”

Entrevistado 13- SINDTECNO

Ao representante do Crea foi perguntado de que maneira a legislação poderia interferir no melhor reconhecimento do tecnólogo no mercado, ampliando suas perspectivas futuras:

“Acho que a divulgação das resoluções seria a melhor forma para esse reconhecimento, poderia ser através de seminários nas escolas que tivesse a participação do Crea, estamos totalmente disponíveis para isso, talvez tentar divulgar nas revistas do sistema. Enfim, realizar palestras nas escolas e nas empresas para conscientizar e melhorar a visão sobre o tecnólogo.”

Entrevistado 12-Crea

Como observado, as perspectivas são promissoras, necessitando de uma política de divulgação mais estruturada a respeito das especificidades desse profissional. Por outro lado, é preciso assegurar que as propostas de formação tenham a qualidade pedagógica necessária para atender ao mercado e ao sujeito em suas especificidades, analisar criticamente as demandas e identificar a necessidade real por determinada formação. Em termos de atuação profissional, o movimento deve partir da necessidade para a formação, o contrário resultará em “excesso de oferta” e ausência de identidade com eixos de atuação, resultando meramente em atendimento ao mercantilismo educacional.

9.2 FORMAÇÃO, CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA CONTRIBUIÇÕES

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