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Valores agregados ao contexto produtivo através da inserção dos tecnólogos

8.3 A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO TECNÓLOGO NO CONTEXTO PRODUTIVO.

8.3.4 Valores agregados ao contexto produtivo através da inserção dos tecnólogos

As empresas foram questionadas sobre os valores agregados com a inserção do tecnólogo aos processos produtivos. A condução desta indagação foi de grande relevância para validar a formação do tecnólogo como um profissional capaz de atuar de modo diferenciado e em conformidade com os desafios do mundo do trabalho. Por essa razão, as empresas optam pela contratação de tecnólogos ainda que seja para atuar em cargos técnicos e sinalizam que o tecnólogo geralmente apresenta uma capacidade maior de foco, respondendo positivamente em relação à interação e adaptação ao perfil e às necessidades da empresa.

Durante a realização das entrevistas, algumas empresas sinalizaram a necessidade de buscar uma nova forma de trabalhar o valor do conhecimento, sobretudo em relação ao aspecto tecnológico, buscando avaliar o potencial do tecnólogo para além do profissional, mas, numa perspectiva global, analisá-lo no contexto do trabalho. Por essa razão, já é analisada a possibilidade de estabelecer parcerias para formação técnica e tecnológica, como um caminho para fortalecer esse nível de conhecimento, observando no tecnólogo uma importante opção para desempenho profissional mais específico.

“Estamos pensando em estabelecer parcerias para formação técnica e tecnológica, precisamos fortalecer esse nível de conhecimento aqui na empresa, o tecnólogo pode ser uma grande opção”.

Entrevistado 7

Em relação aos profissionais que já desempenhavam atividades nas empresas e que posteriormente optaram pela formação como tecnólogo, foi declarado por uma dessas empresas que estes profissionais assumiram outros papéis com um nível de contribuição mais elevado. Outros assumiram cargos de supervisão e, no entendimento da empresa, a contribuição da formação tecnológica foi essencial para que eles conseguissem dar um salto em termos de crescimento dentro da própria área em que já atuavam. Sendo assim, a empresa considerou que o valor agregado foi percebido.

“[...] em um processo para captação de profissionais de nível técnico, e eventualmente eu tenho um profissional com a formação superior aos os requisitos da função técnica, como o tecnólogo, isso é um ganho para empresa. Eu vou ter um profissional que tem uma formação diferenciada, e ele passa a ser um super técnico, na verdade, essa pessoa tem uma grande chance de ser um profissional que vai desempenhar muito bem a sua atribuição. Isso é um ganho para empresa”

Entrevistado 4 “[...] na minha planta aqui [...] é tudo digital muito poucas operações são manuais, isso exige desses profissionais um maior conhecimento tecnológico e absorção de novas tecnologias [...] Por essa razão, hoje eu opto pelo tecnólogo porque aí eu tô trazendo qualidade e agregando valor para empresa, fico com uma mão de obra mais bem preparada.”

Entrevistado 6

As respostas indicam que 45% das empresas afirmaram a existência de ganho na contratação de tecnólogo, ainda que estejam atuando como técnicos, fato que expressa com clareza a subcontratação desses profissionais. Foi observado que a capacidade de atuação do tecnólogo se revela mais refinada com maior capacidade de análise e tomada de decisões. Segundo algumas empresas, ter o tecnólogo atuando como técnico poderá configurá-lo como um “supertécnico”. Definitivamente isso não é um bom resultado, uma vez que o profissional, para ter sua identidade profissional de fato construída, deve ter a oportunidade de executar funções compatíveis com a sua formação, a fim de que seja possível reconhecer os valores específicos da sua formação através de avaliações da sua prática. Ao contrário do que se observa, onde o tecnólogo aparece como uma versão melhorada do profissional de nível técnico.

contexto produtivo. Isso acaba por gerar um movimento de subvalorização profissional, em que é empregado um profissional mais qualificado e adaptado às necessidades atuais dos processos produtivos, tornando conveniente para as empresas a contratação de um tecnólogo, que tem a remuneração de um técnico.

A tendência em contratar tecnólogos como técnicos pode “inflacionar” o que se espera de um técnico e o que de fato ele pode executar. Isso poderá ainda criar um problema de desvio de função, resultando na subvalorização de uma categoria e desqualificação de outra; trata-se do tecnólogo e do técnico, respectivamente. Dessa forma, o tecnólogo continua com as suas competências profissionais encobertas, sem que haja a possibilidade de verificar sua atuação, tal qual sua formação acadêmica.

Por outro lado, as empresas já demonstram uma certa inquietação quanto a possibilidade de verificação dos diferenciais que podem ser agregados pelo tecnólogo ao contexto produtivo.

Um aspecto positivo observado foram os indícios de interesse por parte das empresas em investigar como esta contribuição se dá de fato. Isso abre possibilidade para futuras contratações para o tecnólogo, exercendo a sua real formação de tecnólogo e o incentivo para que profissionais com formação técnica possam realizar uma graduação tecnológica, para aperfeiçoar e possibilitar ascensão em sua carreira na empresa.

É interessante notar que foi mencionada uma diferença em relação aos técnicos: o fato de que os tecnólogos teriam conhecimentos mais avançados quanto ao domínio tecnológico e melhor adaptabilidade aos novos processos. Essas informações reafirmam a perspectiva de que as empresas também precisam de um profissional com sólidos conhecimentos técnicos e práticos, embasados no domínio dos princípios científicos presentes em sua formação. Os tecnólogos possuem essa qualidade.

A importância da formação superior tecnológica fica evidenciada e há um certo destaque para a demanda por conhecimentos teóricos, que, apesar de ainda não explorados pelo contexto produtivo, podem ser associados aos conhecimentos práticos, sendo justamente esta fusão o eixo fundamental da formação tecnológica superior e o seu diferencial em relação aos cursos de engenharia. Os conhecimentos teóricos devidamente aproveitados podem ser recurso de grande valor para a competitividade das empresas e ainda ser capaz de abrir espaço para a entrada de tecnólogos em posições mais elevadas nos processos produtivos e condizentes com a sua formação acadêmica.

As demais empresas declararam que não tinham como responder, pois desconheciam a existência de tecnólogos em seu quadro de funcionários, equivalendo a 27% das respostas e

18% responderam que os tecnólogos que tinham já eram técnicos e por essa razão acreditavam que não houve acréscimo ao rol de competências profissionais desses empregados.

Verifica-se que, na avaliação das empresas, a opção pela contratação do tecnólogo se dá em razão de sua formação técnica, prática, o que constituiria um diferencial a seu favor. Além disso, há uma demanda nas empresas por profissionais com competências profissionais cada vez mais complexas, o que nos faz pensar se estariam as empresas apenas utilizando suas habilidades, usufruindo de seus conhecimentos específicos, sem que houvesse a devida valorização de sua formação profissional.

Os tecnólogos foram questionados a respeito da utilização dos saberes acadêmicos em suas funções. É esperado que, sendo essa formação diferenciada, isso possa agregar valor ao trabalho desempenhado. As respostas confirmaram essa hipótese, pois 92% dos tecnólogos confirmam que os saberes acadêmicos são mobilizados em situação real de trabalho. Isso indica que os saberes academicamente construídos são recontextualizados no ambiente produtivo o que revela que a formação superior tecnológica proporciona a realização de atividades com desenvoltura e agrega valor às empresas consolidando a proposta de formação profissional de nível superior tecnológico.

Tabela 6- A utilização dos saberes acadêmicos

Como se vê, o conhecimento não só determina a inovação técnica e o crescimento econômico, mas está se tornando, também, atividade chave da economia e a principal causa da mudança ocupacional, gerando novos perfis de trabalhadores, novos postos de trabalho e a necessidade permanente de uma formação profissional mais fortemente subsidiada em conhecimentos tecnológicos e científicos.

8.3.5 O espaço para atuação profissional do tecnólogo: entre a engenharia e o curso

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