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Os estudos sobre os impactos sociais das atuais inovações tecnológicas, organizacionais e gerenciais introduzidas no processo de trabalho, sobre o perfil da força laboral partem do pressuposto de que o trabalho linear, segmentado, padronizado e repetitivo, característico do padrão taylorista e fordista, tem sido substituído por uma nova modalidade marcada pela integração e pela flexibilidade. (MACHADO, 2006, p.98)

Se a base da revolução industrial do Séc XVIII, ou das revoluções industriais foram o motor a vapor, a energia elétrica e outras formas de energia, as características da revolução tecnológica informacional são as tecnologias da informação, de seu processamento e de sua comunicação instantânea. Isso repercute na composição de um perfil profissional voltado para as inovações, flexibilidade e capacidade de adaptabilidades às inovações e desafios do mundo

do trabalho, abandonando de vez qualquer similaridade com o trabalhador concebido no padrão taylorista e fordista.

Segundo Castells (2003), a humanidade, como produtora coletiva, inclui tanto o trabalho como os organizadores da produção, e o trabalho é muito diferenciado e estratificado de acordo com a formação profissional e o papel de cada trabalhador no processo produtivo. Assim, relação entre a mão de obra e a matéria no processo de trabalho envolve o uso dos meios de produção para agir sobre a matéria com base em energia, conhecimento e informação, a tecnologia é a forma mediadora específica dessa relação. No novo modo informacional de desenvolvimento, a fonte de produtividade acha-se na tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento da informação e de comunicação de símbolos. Na verdade, conhecimento e informação são elementos essenciais em todos os modos de desenvolvimento, visto que o processo produtivo sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no processamento da informação.

Essa nova sociedade tem como aspectos marcantes a organização eficaz da produção e o tratamento da informação. São características já claramente observadas nos países desenvolvidos, onde é crescente a interdependência entre a informação, o mundo da produção e o mercado. Novas relações estabelecem-se entre produção material e serviços, saberes e habilidades. A informação do ponto de vista capitalista constitui um bem econômico (uma mercadoria). Sua produção, seu tratamento, sua circulação ou mesmo sua aquisição tornaram- se fundamentais para a ampliação do poder e da competitividade no mundo globalizado. Investir em informação ou adquirir informação qualificada passou a ser, então, condição determinante para o aumento da eficácia e da eficiência no mundo dos negócios (LIBÂNEO, 2003).

Segundo Oliveira (2005), a centralidade de conhecimentos e de informações não é característica do sistema de produção do capitalismo global, suas marcas são outras, são constituídas pela forma instantânea de difusão e de aplicação desses conhecimentos, informações e geração de saberes: processamentos, armazenamento e comunicações da informação em ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso.

As relações entre processos sociais de criação, manipulação de símbolos, capacidade de produzir e reproduzir e, enfim, de distribuir são muitos próximas. Além de se constituir um elemento no sistema de produção - mente humana - tornou-se força direta da produção, trata- se do capital intangível. Há uma integração crescente entre mentes humanas e máquinas. Os computadores, sistemas de comunicação, decodificação e programação genética podem ser

considerados extensões da mente humana, da mesma forma que a máquina foi considerada uma extensão física do homem nas duas primeiras revoluções industriais.

O conhecimento não só determina a inovação técnica e o crescimento econômico, mas está tornando-se também atividade chave da economia e a principal causa da mudança ocupacional. Isso gera novos perfis de trabalhadores, novos postos de trabalho e a necessidade permanente de uma formação profissional mais fortemente subsidiada em conhecimentos tecnológicos e científicos, além da formação continuada, compreendida como recurso essencial à manutenção do trabalhador no contexto produtivo.

Essas ações são propostas de modo que atendam às frequentes mudanças que são tão imperativas quanto frequentes nas empresas e, sobretudo, nos modos de produção. O lucro agora depende do conhecimento e da informação. Nessa perspectiva, o mundo do trabalho reestrutura-se aceleradamente, buscando atender às demandas do mercado, empreende novos

modus operandi no processo produtivo por meio das inovações científico-tecnológicas, da

acumulação flexível e de novos modos de gerenciamento da organização do trabalho.

Além dos efeitos da globalização, das profundas transformações na organização do trabalho, um fato de grande importância diz respeito à formação do trabalhador que se vê envolvido no estreitamento entre trabalho, interação e saber. As inovações tecnológicas requerem do trabalhador uma capacidade cada vez maior de adaptabilidade, para que possa superar conceitos e construir outros, a valorização de atitudes para a aprendizagem e a aplicação de novos conhecimentos ao sistema produtivo. Esse quadro reflete a urgência na criação de processos e agentes pedagógicos que possam dar conta desta realidade.

A questão instigante a investigar é encontrar o tempo-espaço de cada instituição a fim de que, de um lado, a escola não se isole, encastelando-se numa suposta neutralidade e promovendo uma educação que não se preocupe em estabelecer nexos com a realidade mais ampla. De outro, é preciso assumir que a escola não pode simplesmente ser colocada a reboque da empresa. Ambas têm importantes pontos de interseção, mas também guardam especificidades. (BIANCHETTI, 2000, p.29).

No movimento vivenciado contemporaneamente, no qual a relação com o conhecimento e com o mundo está em constante e veloz processo de transformação, nota-se uma ruptura com a linearidade e o surgimento de uma rede onde o conhecimento pode ser ressignificado a cada nó e de uma nova proposta de aproximação entre o homem e o mundo, agora mediada pela tecnologia. É preciso saber conviver com a instabilidade e com a exigência para a tomada de decisões rapidamente, sabendo pensar, perceber e agir diante da enorme quantidade de informações acessíveis e articuladas. Este é um desafio do cotidiano e

das propostas de formação educacional, que deverão resguardar as especificidades do processo de construção do conhecimento, sobretudo em relação à formação do sujeito crítico, reflexivo e, além disso, deverá prepará-lo para o mundo do trabalho e seus desafios.

Esse novo trabalhador demandado pelas empresas – polivalente e funcional - não tem o conteúdo do seu trabalho definido, essencialmente, por um posto de trabalho; ao contrário, deve ser capaz de realizar uma variedade de funções e tarefas, isto associado à iniciativa, autonomia na tomada de decisões, capacidade de comunicação oral e escrita, saber colaborar e trabalhar em equipe, identificar e resolver problemas, aprender rapidamente novos trabalhos. Enfim, deve ser capaz de se adaptar às transformações tecnológicas e organizacionais... com rapidez.

Como se vê, o perfil do trabalhador vem sofrendo alterações significativas que acompanham cada nova etapa do interminável processo de reestruturação produtiva. Essa constante alteração requer propostas de formação que atendam às demandas cada vez mais complexas, por meio de propostas educacionais capazes de propiciar a sinergia entre teoria e prática de modo que o conhecimento científico adquirido possa relacionar-se com o mundo do trabalho. Por essa razão, é proposta, no seguinte item, uma análise mais acurada a respeito da sociedade do conhecimento, atentando para o caráter polissêmico atribuído a essa expressão.

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