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8.3 A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO TECNÓLOGO NO CONTEXTO PRODUTIVO.

8.3.2 O tecnólogo e as inovações do setor produtivo

Considerando que um dos principais argumentos para a retomada dos cursos tecnológicos foi a necessidade de uma formação profissional capaz de atender às demandas do mundo do trabalho em relação ao novo perfil do trabalhador, cabe, então, verificar em que medida o tecnólogo tem conseguido responder a estas demandas. Para analisar essa perspectiva, as empresas foram indagadas a respeito da capacidade de atendimento do tecnólogo às necessidades do setor produtivo em virtude das inovações tecnológicas. As respostas obtidas indicaram que 45% das empresas acreditam que o tecnólogo apresenta condições de atender ao sistema de produção em face às inovações tecnológicas, embora essa possibilidade ainda não tenha sido de fato observada na prática.

Um dos motivos para as empresas considerarem a possibilidade de atendimento às inovações é tratar da proposta de formação desse profissional. As orientações para a proposição de currículos aos cursos tecnológicos têm no acompanhamento às inovações

tecnológicas um dos seus maiores suportes. Entretanto, é preciso considerar a qualidade da IES que promoverá essa formação tanto por parte dos tecnólogos quanto das empresas contratantes.

Na perspectiva da formação, as empresas declararam que a possibilidade de atendimento às inovações tecnológicas dependerá também da interface que deverá ocorrer entre as necessidades da indústria, a formação para a cidadania e o desenvolvimento do pensamento científico. Uma das empresas sinaliza que, na prática, ainda não consegue perceber esse movimento, o tecnólogo ainda não desenvolve esse papel, embora acredite que ele não tenha dificuldade em atuar positivamente em relação à tecnologia e ciência em contexto produtivo. Por essa razão, torna-se necessário avaliar o alcance dessa capacidade tanto no âmbito produtivo quanto acadêmico.

“Poderia sim, mas ele ainda não é valorizado na parte teórica da sua formação, ou seja, isso não é muito visto pela empresa, que não explora isso diante das inovações tecnológicas por falta de conhecimento e também de prática pelos recursos humanos. [...] a gente tem a visão de que ele se confunde mais com o técnico do que com o nível superior. Embora a gente saiba que se você comparar o desempenho de um tecnólogo e de um técnico você tem uma diferença de conhecimento, de percepção, de absorção de novas tecnologias. [...] O potencial dele não é explorado devido a essa questão indefinida de identidade [...]”

Entrevistado 6 “Eu diria que ele é capaz sim, de atender, eu acho que cabe as empresas e as faculdades criarem mecanismos para avaliar se ele adquiriu essa capacidade ou não, mas eu acho que tem sim condições, ele tá preparado para isso.”

Entrevistado 8

Para esta mesma questão de análise, 54,5% responderam que não conseguem enxergar essa possibilidade na prática. Até o momento, segundo as empresas, nenhuma ação ou informação a respeito do tecnólogo foi capaz de evidenciar seu diferencial no contexto produtivo em face às inovações tecnológicas.

“Quando eu falo de tecnólogos eu não tenho encontrado pessoas que me deem esse respaldo de estar preparado para atender às necessidades do setor produtivo e inovações tecnológicas, e mesmo os engenheiros eu ainda preciso dar formação aqui dentro da empresa [...]”

Entrevistado 7

Observa-se que há o reconhecimento de ter o tecnólogo um diferencial no seu perfil profissional, porém ainda não percebem, na prática, o diferencial do tecnólogo como um profissional capaz de atuar de modo mais específico e destacado nos processos produtivos,

sobretudo, mediante os desafios de adaptabilidade, flexibilidade e rapidez, causados pela inserção frequente de inovações tecnológicas.

Um fator de grande relevância para a identidade profissional é a necessidade acerca daquele ofício. Isso repercute na sua validação, porque este profissional irá atuar em face às necessidades que requerem por essa formação específica. É possível que as empresas ainda não tenham visualizado esse atendimento por não terem reconhecido a natureza dos saberes dos tecnólogos e sua ação no espaço produtivo, ou seja, os saberes dos tecnólogos ainda não foram recontextualizados para que então se façam necessários.

Os tecnólogos foram questionados a respeito do desempenho em relação às inovações tecnológicas. Buscou-se avaliar se ocorreu a reestruturação de suas tarefas nos últimos três ou quatro anos em função da inserção de novas tecnologias, cabe ressaltar que o instrumento utilizado junto a estes atores da pesquisa foi o questionário e segue agora os resultados na Tabela 04.

Tabela 4- Inovações tecnológicas e redefinição de tarefas

RESPOSTAS QUANTIDADE % Em parte 9 36 Quase totalmente 9 36 Quase nada 4 16 Totalmente 3 12 Nada 0 0 TOTAL 25 100

Fonte: próprio autor, 2011

Observa-se que 88% dos tecnólogos considerando a soma dos itens “em parte” , “quase totalmente” e “totalmente” consideraram que houve reestruturação de suas tarefas.

Uma questão complementar foi elaborada para avaliar se, confirmando as mudanças nas tarefas, fosse possível verificar como a formação do tecnólogo era capaz de oferecer o suporte necessário à adaptabilidade requerida pelas inovações tecnológicas. As respostas indicaram que, de modo geral, a formação foi capaz de prepará-los parcialmente ou integralmente. Possivelmente, esse fato se confirma pela proposta de construção de um curso que considere o aprendizado para além do domínio de conteúdos tecnológicos, mas proponha o desenvolvimento do raciocínio epistemológico e domínio dos princípios científicos.

Tabela 5- Formação superior tecnológica e mudanças em contexto produtivo RESPOSTAS QUANTIDADE % Sim, parcialmente 14 56 Sim, totalmente 7 28 Quase nada 4 16 Não 0 0 TOTAL 25 100

Fonte: próprio autor, 2011

Ao analisar as tabelas 4 e 5, é possível reforçar a percepção a respeito das modificações tecnológicas inseridas nas atividades desempenhadas pelos tecnólogos no contexto industrial. Quando questionados ( tecnólogos)sobre o atendimento a estas inovações através de sua formação em cursos tecnológicos, 84 % ficaram entre parcialmente e totalmente preparados. Mais uma vez, o percentual alcançado nas respostas indica que os cursos superiores de tecnologia têm um espaço de atuação no contexto produtivo e podem atender às inovações tecnológicas e organizacionais.

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