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Capitulo II – Referencial teórico

1. Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável – contexto emergente

1.3. Avaliação e monitorização da Década escalas internacional e nacional

1.3.3. Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável Onde chegámos?

Nos últimos anos da Década (2005-2013), muitas foram as instituições que organizaram iniciativas com o objetivo de implementar, em Portugal, a Década. Sobre estas iniciativas pouco se sabe, uma vez que não existe um conhecimento sistematizado acerca destas (Gomes, 2012).

Apesar do referido, muitas atividades se desenrolaram em termos nacionais no âmbito da Década, envolvendo várias entidades. Apresentamos um resumo dos principais marcos conhecidos em Portugal (quadro 2).

Quadro 2 - Entidades promotoras da Década e algumas das atividades desenvolvidas (Gomes, 2010, p. 301-31)

Entidades promotoras da implementação da Década

Atividades desenvolvidas Data

A nível governamental  Edição portuguesa da Estratégia de EDS da Comissão

Económica para a Europa. Dezembro de 2005

 Protocolo de Cooperação para Promover a Educação

Ambiental para a Sustentabilidade.

Comissão Nacional da Unesco (CNU)  Debate público do documento “Um contributo para a sua Dinamização em Portugal”.

Julho de 2006

 Colóquio Internacional Ativar o Futuro: Objetivos e

Estratégias da Educação para o Desenvolvimento Sustentável

Dezembro de 2006

 Apoio Ano Internacional do Planeta Terra Entre 2007 e 2009.

Organizações Não Governamentais (ONG), Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE),

Programa Eco-Escolas (com base na agenda 21) (Foi a primeira instituição portuguesa a fazer a divulgação pública da Década). Janeiro de 2005 Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA)

Plano de Aplicação Internacional da Década (contou com a

participação oficial da CNU). Janeiro de 2005

Almargem 3.º Encontro Regional (Incluiu um painel de reflexão sobre a

Década.) Novembro de 2005

Liga para a Proteção da Natureza (LPN)

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Gomes (2010) apresenta, ainda, os projetos envolvendo vários níveis de ensino que se encontravam em desenvolvimento, antes do lançamento da Década, e que já se enquadravam nos objetivos da EDS, ou passaram a ser orientados nesse sentido. São disso exemplo, a Agenda 21 Escolar; o Ecocasa (Quercus); a Rede de Escolas Associadas da UNESCO (CNU) e a Rede de Lojas do Comércio Justo (Rede Nacional de Consumo Responsável), entre outros.

Relativamente à monitorização e avaliação da Década, em termos internacionais, realizaram-se os dois relatórios previstos (2009 e 2011) e que foram apresentados neste estudo, no capítulo 2, secção 1.2. No entanto, desconhecemos “que em Portugal esteja a ser feita alguma coisa nesse sentido” (Gomes, 2012, p. 262). Daí que este autor nos apresenta um quadro que sistematiza o conjunto de etapas de monitorização da Década, definido pela UNESCO (quadro 3), confrontando-as com o ocorrido em Portugal.

Quadro 3 - Etapas da monitorização da Década e o ponto de situação em Portugal (Gomes, 2012, p. 262)

Etapas Ponto de situação em Portugal

Elaboração de planos de atividades claramente identificadas no seio de cada Estado

Não se conhece nenhum plano reconhecido politicamente;

apenas se conhece o documento do GTD – CN-UNESCO4.

Identificação de pontos focais em cada Estado-membro com a responsabilidade de apresentar relatórios

Para além da CN-UNESCO não se conhece qualquer outro ponto focal.

Elaboração de indicadores dos progressos realizados e de mecanismos para avaliar a sua concretização

Não se conhece a elaboração de indicadores e de mecanismos para avaliar a sua concretização.

Identificação de fontes de apoio técnico e exemplos de boas práticas

Instituições de apoio: CN-UNESCO; CRE-EDS5; ONG;

Instituições de Ensino Superior. Partilha de informação sobre investigação, desenvolvimento e

inovação

Encontros de ONG, conferências, seminários e ações de formação para jornalistas e professores, etc.

Estratégias para fomentar parcerias Protocolo de colaboração MA/ME6, mas não se conhece

qualquer desenvolvimento do mesmo;

Seguindo as orientações do GTD, a CN-UNESCO assinou um protocolo com a RTP e com múltiplas autarquias, dando seguimento a atividades no âmbito da Década.

Providenciar orientações em áreas chave Merece destaque o documento do GTD que encerra diversas

orientações, que têm sido seguidas por inúmeras entidades, apesar de não ser reconhecido politicamente do ponto de vista formal.

Realização de relatórios a meio da Década e no seu final para a Assembleia-Geral das Nações Unidas

Desconhece-se se foi apresentado o primeiro (2009) e não se conhece o processo para realização do final (2015);

A CN-UNESCO em colaboração com os membros do GTD contribuiu com informações sobre a implementação da Década, a nível nacional, sob o formato de inquéritos, remetidos à UNESCO.

Em verdade, muitas mudanças têm ocorrido. Muitos foram os países que fizeram progressos na implementação da EDS e elaboraram estruturas de políticas inovadoras. Também diversos organismos das

4 Grupo de Trabalho da Década - Comissão Nacional da UNESCO

5Centro Regional de Excelência

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Nações Unidas, Organizações Não Governamentais (ONG), orgãos regionais e redes colaborativas de apoio a atividades reuniram esforços para a implementação da EDS. Foram muitas as pessoas e organizações que se comprometeram e participaram na ação (UNESCO, 2009a).

Relativamente às várias iniciativas, neste estudo apresentamos três casos concretos de implementação da EDS, em termos internacionais, o projeto “HET IVOOR”, desenvolvido na Bélgica; o projeto “Aprender para o Desenvolvimento Sustentável (LfSD)”, concretizado na Holanda e o projeto “Every Child Matters” realizado em Inglaterra.

A nível nacional, apresentamos três estudos/investigações realizadas no âmbito de Doutoramentos. Dois desses estudos reportam-se à implementação da EDS na formação de professores do 1º ciclo e do ensino secundário. O outro pretendeu compreender o grau de acolhimento da Década na política educativa nacional, da implementação da EDS nas escolas do ensino básico e o papel que a disciplina de Geografia desempenha neste processo.

É de salientar que existem muitos outros projetos internacionais e nacionais. Por exemplo, no âmbito internacional, Tilbury (2011) apresenta-nos um resumo de treze estudos de caso realizados em países distintos. Em Portugal, falta realizar esta sistematização, uma vez que sabemos que muitas investigações e projetos se têm desenvolvido no âmbito da EDS.

Ao nível do ensino superior, por exemplo, existem vários cursos, de diferentes níveis, que têm como objetivo a promoção da sustentabilidade e, consequentemente, do DS e da EDS. São eles, os mestrados em Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Universidade do Minho), em Sistemas Energéticos Sustentáveis (Universidade de Aveiro), em Gestão Sustentável dos Espaços Rurais (Universidade do Algarve) ou os doutoramentos em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável (Universidade de Lisboa), em Sistemas Sustentáveis de Energia (Universidade do Porto) e em Energia para a Sustentabilidade (Universidade de Coimbra) (Gomes, 2010).

A não esquecer que muitas têm sido as ações de formação para professores, realizadas a nível nacional, e que são disso exemplo as que fazem parte dos estudos nacionais apresentados neste estudo (Gomes, 2012; Morgado, 2010; Sá, 2008).

Temos consciência de que muitos outros projetos foram desenvolvidos, a título particular, por muitos professores, interessados nesta problemática, e que envolveram diferentes escolas e respetivas comunidades educativas e locais.

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