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Capitulo III – Metodologia

3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

3.4. Entrevistas aos professores que frequentaram a Oficina de Formação

Segundo Lessard-Hébert et al. (1994), a técnica da entrevista é também associada à observação participante, “a entrevista possui laços evidentes com outras formas de recolha de dados, nomeadamente com a observação” (p. 160), embora, e de acordo com Aires (2011), a “observação tenta evitar a distorção artificial da experimentação e a dimensão “entorpecedora” da entrevista” (p. 27).

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Na sua essência, e segundo Esteves (2008), a entrevista resulta de um ato intencional e orientado de conversação entre pessoas, permitindo conhecer diferentes pontos de vista. Durante a entrevista, “os participantes desempenham papéis fixos: o entrevistador pergunta e o entrevistado responde” (Esteves, 2008, p. 93).

Nas palavras de Bogdan e Biklen (1994), as entrevistas podem ser usadas para a recolha de dados concomitantemente com a observação participante, a análise de documentos e outras técnicas. Para estes autores, a entrevista permite o “recolher de dados descritivos na linguagem do próprio sujeito” (p. 132), facultando ao investigador o desenvolvimento de uma ideia, de forma intuitiva, de maneira a percecionar a forma como esses sujeitos vêem os aspetos do mundo.

As entrevistas podem ser de três tipos distintos (figura 30), as estruturadas ou fechadas, realizadas a partir de um questionário estruturado e pré-determinado; a semiestruturada, que é realizada através de várias questões que vão surgindo à medida que a mesma se desenrola, com o apoio de um guião de entrevista; e a não-estruturada ou livre/aberta, que parte da apresentação, por parte do investigador, de um tema e o entrevistado segue o caminho que mais se ajusta aos seus pontos de vista (Aires, 2011).

Figura 30 - Tipos de entrevistas (Aires, 2011)

As entrevistas não-estruturadas têm em consideração os objetivos definidos e um conjunto de perguntas pré-estabelecidas de acordo com um agregado limitado de tipos de resposta. As perguntas que as constituem não são definidas antecipadamente, mas vão surgindo à medida que a mesma decorre e se estabelece a interação entre o entrevistador e entrevistado que se poderão influenciar mutuamente, “seja consciente ou inconscientemente. Por isso, longe de constituir um intercâmbio social espontâneo, compreende um processo um tanto artificial e artificioso, através do qual o investigador cria uma situação concreta (a entrevista)” (Aires, 2011, p. 28).

Nas entrevistas semiestruturadas, a existência de um guião previamente preparado determina todo o desenvolvimento da entrevista, constituindo-se como crucial neste processo. Assim, tenta-se garantir que todos os participantes respondem às mesmas questões, sendo que podem ser adaptadas e (re) formuladas. Nas investigações qualitativas recorre-se ao guião da entrevista, que sofre modificações à medida que a mesma avança, uma vez que o que está em causa é atingir os objetivos estipulados.

O guião deve possuir as temáticas a abordar ao longo da entrevista (King, 1994, cit. por Cardoso, 2005), não existe uma ordem específica para a realização das questões, nem uma limitação dos temas. (Cardoso, 2005).

Não-estruturada

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Apesar de no nosso estudo recorrermos ao uso da entrevista do tipo semiestruturada, parece-nos pertinente apresentar uma sistematização das diferenças entre as entrevistas estruturadas e não-estruturadas proposta por Aires (2011) (quadro 28).

Quadro 28 - Diferenças entre entrevista estruturada e entrevista não-estruturada (adaptado de Ruiz Olabuenaga, 1996 in Aires,

2011, p. 30)

Entrevista Estruturada Entrevista Não-Estruturada

1. A entrevista - Pretende explicar mais do que compreende.

- Procura minimizar os erros.

- Adota o formato estímulo/respostas, supondo que a uma resposta correta o entrevistado responde com a verdade. - Obtém, predominantemente, respostas racionais.

- Pretende compreender mais do que explica. - Procura maximizar o significado.

- Adota o formato estímulo/resposta sem esperar a resposta objetivamente verdadeira, mas a resposta subjetivamente sincera.

- Obtém com frequência respostas emocionais.

2. O entrevistador - Formula uma série de perguntas com uma série de respostas

pré-determinadas.

- Controla o ritmo da entrevista seguindo um padrão estandardizado e direto.

- Explica, sucintamente, o objetivo e motivação do estudo. - Não altera a ordem nem a formulação das perguntas. - Não expressa as suas opiniões.

- Estabelece uma “relação equilibrada” que implica familiaridade e impessoalidade em simultâneo.

- Adota o estilo de “ouvinte interessado” mas não avalia as respostas.

- Formula perguntas sem esquema fixo de categorias de resposta.

- Controla o ritmo da entrevista em função das respostas do entrevistado.

- Explica o objetivo e motivação do estudo.

- Altera frequentemente a ordem e forma das perguntas e acrescenta outras, se necessário.

- Se lhe for pedido, não omite os seus sentimentos e juízos de valor.

- Explica, quando é necessário, o sentido das perguntas. - Improvisa, frequentemente, o conteúdo e a forma das perguntas.

- Estabelece uma relação equilibrada entre familiaridade e profissionalidade.

- Adota o estilo de ouvinte interessado mas não avalia as respostas.

3. O entrevistado

- Todos os entrevistados respondem às mesmas perguntas.

- Escutam as perguntas seguindo a mesma ordem e formato. - Cada entrevistado responde a um conjunto próprio de perguntas.

- A ordem e o formato das entrevistas podem diferir de uns entrevistados para os outros.

4. As respostas - São fechadas e ajustam-se ao quadro de categorias pré-

estabelecidas.

- Gravam-se consoante o sistema de codificação previamente estabelecido.

- São abertas, sem categorias de respostas pré-definidas. - Gravam-se de acordo com um sistema de codificação flexível e está aberto a alterações em cada momento.

As entrevistas semiestruturadas realizadas neste estudo, realizaram-se no ciclo de IA 3, e foram aplicadas a cinco dos P/F que frequentaram a OF (Apêndice B), de um total de vinte P/F. Foram objeto de gravação em áudio em dois períodos distintos (ano letivo 2011/2012 e 2012/2013) e posteriormente transcritas pela investigadora com base em Martins (1989) (Anexo XXV), mantendo-se a linguagem original, pausas e indecisões de cada P/F. O guião da entrevista composto por quatro temas principais (Contributos para a mudança de práticas didático-pedagógicas, Papel da Rede Social Virtual (Grouply) na dinamização da EDS, Desenvolvimento Profissional dos Professores, Ano letivo 2011/2012 – implementação e dinamização (na prática) da Oficina de formação) serviu como elemento norteador de toda a entrevista.Todos os entrevistados responderam às mesmas questões.

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Os tópicos da entrevista e os seus objetivos encontram-se no quadro 29. O guião da entrevista pode ser consultado no apêndice C.

Quadro 29- Tópicos constantes no guião da entrevista aos professores/formandos que frequentaram a Oficina de Formação

Tópicos da Entrevista Objetivos

I – Contributos para a mudança de práticas didático- pedagógicas

 Identificar as mudanças ocorridas, caso tenham

ocorrido, nas práticas educativas, por parte dos professores/ formandos, após a frequência da Oficina de formação;

 Averiguar se integraram a EDS nas suas práticas

educativas e o modo como a implementaram. II – Papel da Rede Social Virtual (Grouply) na dinamização da

EDS

 Averiguar a importância que os

professores/formandos atribuíram à Rede Social Virtual na Oficina de Formação, em termos de conhecimentos, informação; do papel dos professores no processo de ensino e aprendizagem; no incentivo à colaboração/cooperação para o ensino e a aprendizagem, entre outros (os apresentados na própria entrevista).

III – Desenvolvimento Profissional dos Professores - Formação contínua

 Identificar as competências adquiridas, através da

entrevista, pelos professores na OF;

 Enumerar as vantagens/desvantagens da utilização

na OF de:

o Modalidade b-learning;

o Da criação do e-portefolio;

o Das sessões de acompanhamento individual;

 Identificar dificuldades ocorridas na OF.

IV – Ano letivo 2011/2012 – implementação e dinamização (na

prática) da Oficina de formação do trabalho (aulas supervisionadas numa perspetiva Identificar as razões para a continuidade, ou não,

inter/trans/multidisciplinar) realizado na Oficina de Formação;

 Perceber o porquê da CoP_EDS 2.0 não se ter

mantido.

3.5. Questionários realizados na Oficina de Formação: 1- Educação para o Desenvolvimento