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Capitulo II – Referencial teórico

2. A Educação para o Desenvolvimento Sustentável – caracterização

2.5. Processos de aprendizagem em EDS exemplos concretos na escola

2.5.3. Integração da temática do DS no currículo uma experiência educativa

A importância de os alunos estudarem numa escola sustentável e os benefícios educativos e sociais que daí advém são evidenciados através do programa “Every Child Matters”, realizado na Inglaterra, em diversas

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escolas e partilhado através da publicação do relatório “Evidence of Impact of Sustainable Schools” de Hacking et al. (2010).

O referido relatório teve como objetivo atestar o impacto das escolas sustentáveis e da EDS na melhoria das aprendizagens, da motivação e do comportamento dos alunos, e do seu próprio bem-estar: “Multiple sources of evidence now show that being a sustainable school raises standards and enhances well-being” (p. 2). Acresce, ainda, o facto de considerarem, face às evidências do estudo supracitado, que as escolas sustentáveis permitem a coesão e estabelecer conexões entre a escola, os pais e a comunidade em geral. Apresentamos, em seguida, os cinco temas mencionados no relatório e as sugestões a propósito de cada um dos temas, sendo de salientar que as conclusões resultam de diferentes investigações, em diversas escolas, na perspetiva de Escolas Sustentáveis, ou seja, fortes contributos para o DS e no âmbito deste projeto. O primeiro dos cinco temas é relativo à melhoraria das escolas através do incremento da participação dos alunos na sua própria aprendizagem e na melhoria do seu bem-estar; o segundo refere-se à orientação dos alunos para experiências de aprendizagem partilhadas; o terceiro diz respeito ao desenvolvimento da participação dos alunos; o quarto visa contribuir para a escola, a comunidade e a vida familiar e o quinto aponta para a valorização das aspirações dos alunos.

O primeiro tema encontra-se dividido em três secções, que consistem, respetivamente, em transformar a sustentabilidade num foco forte, na planificação do desenvolvimento escolar; em utilizar a sustentabilidade como via para o desenvolvimento do ethos de uma escola inclusiva; e, em melhorar a qualidade dos edifícios escolares e do espaço envolvente. Este estudo revela que a educação centrada na sustentabilidade tem diversas consequências positivas, nomeadamente o facto de existir um acréscimo no conhecimento e compreensão da importância de se optar por uma forma de vida mais sustentável, além de uma melhoria de atitudes face à aprendizagem, uma melhoria nos comportamentos e na assiduidade dos alunos. Aferiram igualmente que a abordagem à sustentabilidade foi um fator decisivo no ensino e na aprendizagem, nestas escolas, e que a temática da sustentabilidade captou o interesse dos alunos, sobretudo por estes poderem constatar a sua relevância nas suas vidas presentes e futuras. Apurou-se que nas escolas em que o foco é a sustentabilidade proporciona-se um contexto positivo que apoia o trabalho dos professores, a aprendizagem dos alunos e o seu próprio bem-estar, contribuindo para o desenvolvimento de ambos, enquanto comunidade coesa. Salienta-se a existência de estudos que atestam que a qualidade do ambiente físico das escolas está intrinsecamente ligada não só à qualidade ambiental, mas também ao bem-estar dos alunos e ao seu desempenho, entre outro fatores. Portanto, a medida - melhorar a qualidade dos edifícios escolares e do espaço envolvente - enfatiza a importância da dimensão ambiental, por forma a melhorar a qualidade do ambiente físico escolar.

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O segundo tema diz respeito à orientação dos alunos para aprendizagens partilhadas e prende-se com o estabelecer conexões entre ideias, o compreender a escola e a comunidade como fontes de aprendizagem e valorizar o mundo natural e cultural. Significa que é indispensável dedicar um tempo à promoção da sustentabilidade, num contexto interdisciplinar, integrando atividades extracurriculares e outras atividades, fora do âmbito escolar, permitindo que os alunos ajuízem as conexões entre questões e, assim, desenvolvam a sua compreensão, bem como, envolver os alunos na monotorização e melhoria dos consumos de energia e recursos da escola (uso da eletricidade, uso da água, uso de transporte sustentável para a escola e cultivo de alimentos para a cozinha) e da comunidade. Desta forma, melhora a aprendizagem sobre formas de vida mais sustentáveis e sobre as conexões entre a qualidade ambiental e o bem-estar. A valorização do mundo natural e cultural pode ser conseguida através da partilha com os jovens de experiências ativas, como o contacto com a natureza, integrando-as na própria aprendizagem.

O terceiro tema refere-se ao aumento da participação dos alunos em atividades significativas e construtivas, ajudando-os a percecionarem e atribuírem sentido à importância da sua envolvência na aprendizagem e na ação social. Dos estudos realizados sobre a forma como os alunos encaram o futuro, constatou-se que o ambiente é uma preocupação permanente. A possibilidade de os alunos poderem trabalhar colaborativamente constitui um apoio ao seu processo de aprendizagem e uma forma de encararem as suas preocupações; dá, ainda, oportunidade aos alunos de poderem discutir e responder a questões significativas, expressar as suas aspirações, de modo a contribuírem para o DS da comunidade. Assim, é garantido o aumento da sua própria confiança e autoestima e da aquisição de competências (sociais e analíticas) para o desempenho de uma cidadania ativa.

O quarto tema prende-se com o facto de os alunos contribuírem - através da realização de determinadas atividades, como a melhoria e restauração de instalações da comunidade - para a escola, a comunidade e a vida familiar. Devem, portanto, considerar-se credíveis as aspirações dos alunos, incentivando-os a trabalhar em grupos, na comunidade, dentro e fora da escola e em trabalho de campo. Trabalhar com atividades do mundo real, e agir de forma a solucionar os problemas, fortalece a relação casa-escola e a relação entre a comunidade educativa, bem como ajuda os alunos a desenvolver uma identidade social e cultural, o seu sentido de pertença a um local e, ainda, a ter orgulho na escola e na comunidade.

Participar em determinadas atividades (jardinagem, agricultura), na própria escola, permite que os alunos visualizem as interconexões existentes entre uma alimentação e estilos de vida saudáveis. Desta forma, facilita a contribuição dos alunos para a melhoria da economia, ou seja, contribuem para uma economia mais “verde” e para o desenvolvimento da sua consciência ambiental.

O quinto tema refere que se devem adaptar as práticas, o pensamento e o planeamento em prol da Sustentabilidade. Para tal deve-se permitir que os alunos percebam que a escola encara de forma séria a

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sustentabilidade, envolvendo os alunos no desenvolvimento e manuseamento de práticas sustentáveis na escola, encorajando a abertura ao diálogo e à abordagem de questões. Todos os atores educativos deverão ser exemplos vivos da prática da sustentabilidade na forma como ensinam, como agem e como trabalham com os outros. Assim, é possível ajudar os alunos a assumirem responsabilidades para com a promoção da sustentabilidade.

Desenvolver a sustentabilidade como uma prática cultural, ao invés de, simplesmente, como um conjunto de competências, é permitir que os alunos se transformem em agentes de mudança e agentes do seu próprio processo de aprendizagem.

Facultar aos alunos diferentes perspetivas e informação sobre as questões alusivas à sustentabilidade vai ajudá-los a apreciar a complexidade com que se reveste a mesma e, ainda, a compreender como os valores podem influenciar a tomada de decisões sobre o que fazer e a importância da aprendizagem em todo este processo.

Não podemos deixar de destacar que o relatório, com base nas investigações apresentadas, recomenda a formação adequada de todos os educadores, e o devido apoio, para que todos entendam o que deve ser feito, para que seja possivel ter escolas-sustentáveis, ou seja, Escolas EDS.

Destaca, ainda, que abordagens de aprendizagem ativas, participativas e colaborativas ajudam os alunos a desfrutar e alcançar a aprendizagem, transferindo-a para a vida quotidiana.

Em suma, a avaliação do impacto da implementação da EDS e, por consequência, o desenvolvimento de Escolas EDS permite concluir que esta opção se irá repercutir positivamente, não só na condição física, espiritual e mental dos alunos, bem como na sua aprendizagem, no seu comportamento e no seu bem-estar, no desenvolvimento de um envolvimento cívico e de um sentimento de pertença a um determinado lugar, a uma comunidade e ao próprio meio ambiente.