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Das propostas de emendas à aprovação do novo Plano Diretor

Mecanismos de incentivo à produção habitacional em ZEIS 3 pelo mercado

ZEIS 3 na revisão do Plano Diretor

1.5. As questões centrais da proposta de revisão apresentada pela Prefeitura foram a otimização dos in vestimentos públicos e da terra urbana, a distribuição das oportunidades oferecidas pela cidade as sociando a oferta de emprego e moradia, a estruturação do desenvolvimento a partir da expansão da

1.5.3 Das propostas de emendas à aprovação do novo Plano Diretor

Após nove meses de debates na Câmara Municipal e sessenta e uma audiências públicas, o texto inal do PD foi aprovado em 30 de junho de 2014, por quarenta e quatro dos cinquenta e cinco vereadores, e sancionado pelo prefeito Fernando Haddad em 31 de julho.

Modiicado pelo relator e por vinte e seis emendas parlamentares desde o im de abril, quando rece- beu a primeira aprovação em plenário, o texto Substitutivo ao PL 688/13 sofreu algumas alterações

importantes, em prol das revindicações populares e também devido a pressão para aprovação pela Câmara Municipal, como a liberação de prédios com mais de oito andares no miolo dos bairros e uma brecha no texto passa a cogitar a possibilidade da cidade ganhar um novo aeroporto em área de manancial.

Com relação à ZEIS e à produção de HIS, o texto aprovado trouxe alterações signiicativas, porém negligenciou algumas questões importantes solicitadas pela sociedade civil e pelos movimentos orga- nizados. A Cota de Solidariedade, pensada como um instrumento não apenas de viabilizar a produção de habitação social, mas de introduzi-la em áreas valorizadas, foi lexibilizada com a introdução da possibilidade do empreendedor doar recursos equivalentes a 10% do valor da área total do terreno, a serem depositados no FUNDURB, para aquisição de terreno ou produção de HIS. Havia uma grande restrição do mercado imobiliário em aceitar a proposta anterior, que obrigava o empreendedor a pro- duzir unidades de HIS no mesmo empreendimento ou comprar um terreno e doá-lo à Prefeitura para o mesmo im. Segundo depoimentos de empreendedores nas Audiências Públicas do PD, estas opções retardariam os processos de aprovação, já que icariam condicionadas à aquisição do terreno na área indicada, já que HIS em empreendimentos de alta renda seria mesmo “impossível”. A reivindicação dos movimentos sociais, e também do Movimento pelo Direito à Cidade no Plano Diretor, de reduzir para até 3 s.m. a faixa de renda a ser beneiciada pela Cota de Solidariedade não foi introduzida na versão inal do Plano, o que reduz a possibilidade de garantir moradia para a faixa de renda que corresponde ao maior percentual do déicit habitacional, que não é atendida pelo mercado privado e que possui mais diiculdade em acessar áreas bem localizadas.

Quanto à destinação de recursos do FUNDURB, o texto aprovado introduziu a reivindicação de garantir os 30% destinados à moradia “de interesse social”, corrigindo a versão apresentada pelo Substitutivo. Já a reivindicação em garantir ao poder público a indicação da demanda para ocupar as unidade de HIS foi postergada para regulamentação posterior, o que abre brecha para a possibilidade da indicação da demanda pelo empreendedor privado, como estava descrito no texto original do PL, comprometendo a destinação dos recursos para as famílias prioritárias e o controle do poder públi- co sobre os beneiciários. Poderíamos considerar a princípio esta prorrogativa preocupante apenas para as ZEIS 5, já que em ZEIS 1, 2, 3 e 4 a atribuição da produção seria pública, devido à prioridade de atendimento para HIS 1. No entanto, parcerias público-privadas, como a PPP da Casa Paulista (analisada no capítulo 3) poderão atuar sobre ZEIS 3 e áreas públicas, exonerando o poder público da responsabilidade da indicação da demanda e controle dos subsídios.

Em relação à demarcação das ZEIS, a mudança mais signiicativa se refere à ampliação dos períme- tros de ZEIS nos Eixos de Estruturação da Transformação Urbana em relação ao texto Substitutivo, respondendo às críticas dos movimentos organizados sobre a não reserva de áreas para habitação social onde estaria sendo planejado o desenvolvimento urbano e onde seriam concentrados os inves- timentos públicos e privados após a aprovação do Plano Diretor. O número total de perímetros de ZEIS foi ampliado de 2.281 (1º Substitutivo) para 2.542 (Lei16.050/2014), alcançando 180,542,834 m² de ZEIS em todo o município. As ZEIS 3 foram ampliadas de 368 (1º Substitutivo) para 478 pe- rímetros (Lei16.050/2014), totalizando 8,367,834 m² de ZEIS 3.

Outras poucas ZEIS foram retiradas dos bairros nobres, como Vila Nova Conceição, na Zona Sul, e Alto de Pinheiros, na Zona Oeste. A justiicativa foi a viabilidade econômica e urbanística dos ter- renos, já que se tratavam de áreas com custos que ultrapassavam os R$ 20.000,00. Contudo, houve grande mobilização dos moradores locais e associações de bairro para a mudança no texto, preocu- pados, sobretudo, com a descaracterização da área pela verticalização possibilitada pelas regras das ZEIS.

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Apesar das alterações, o texto inal do PD contou com grande apoio dos movimentos populares, que realizaram manifestações e um acampamento junto à Câmara Municipal, protagonizado pelo Movi- mento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em prol da votação favorável ao Plano.

As manifestações dos movimentos populares para a aprovação do PD, que se sucederam em vários momentos da sua tramitação na Câmara Municipal, receberam apoio de urbanistas e professores universitários que culminou em um manifesto de apoio ao grupo e ao direito de protesto, publiciza- do em 30 de Abril de 2014 (Anexo 1.2). O Manifesto ressaltava as principais revindicações dos movi- mentos populares incorporadas pelo Plano, como a ampliação dos perímetros de ZEIS, a introdução da Cota de Solidariedade como instrumento de democratização do acesso à terra, a destinação dos recursos do FUNDURB para aquisição de terras para moradia popular, a implementação do IPTU progressivo, o retorno da Zona Rural e de Proteção Ambiental em Parelheiros e a priorização do transporte coletivo e dos meios não motorizados. O Manifesto ressaltava, sobretudo, a participação dos movimentos sociais durante a discussão do plano e dos sacrifícios envolvidos nesse processo, como arcar com custos de transportes, ter com quem deixar os ilhos ou perder um dia de trabalho. A mobilização popular, ato de cidadania, deveria ser fonte de saudação a ser protegida, e não motivo de força social.

Após participarem ativamente de todo o processo de revisão do PD e de terem suas principais reivin- dicações atendidas, os movimentos populares pediram pela aprovação do plano e comemoraram o resultado como uma vitória do processo participativo.

Mapa 1.12: ZEIS da Lei 16050/2014 ZEIS 1 ZEIS 2 ZEIS 3 ZEIS 4 ZEIS 5 Trem

Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais Município de São Paulo

Hidrografia

Base cartográfica: PMSP. Mapa Digital da Cidade, 2004. Projeção UTM/23S. Datum horizontal SAD69. Elaboração própria.

Mapa 1.13: ZEIS 3 da Lei 16050/2014 ZEIS 3 da Lei 16050/2014

Área de Influência dos Eixos de Estruturação da Transformação Urbana Existentes e Planejados Metrô

Trem

Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais Município de São Paulo

Hidrografia

Base cartográfica: PMSP. Mapa Digital da Cidade, 2004. Projeção UTM/23S. Datum horizontal SAD69. Elaboração própria.

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Alcances e Desafios para a viabilização

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