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2.2 POR DENTRO

2.3.2 A trama da dona

Figura 8 - Visita da Miss Paraíba à redação da revista Para Todos. Fonte: A MISS Parahyba, senhorita Eimar Pinto Pessoa, em nossa redacção, com Alba de Mello e J. Fabrino, presidente da Sociedade Anonyma ‘O Malho’. Para Todos, Rio de Janeiro, ano 20, nº 540, p.1. (Biblioteca Nacional)

A imagem acima é de 1929, e apareceu na revista Para Todos. Nela se encontravam, da esquerda para a direita: Alba de Mello, na época colaboradora da revista, a miss paraíba Eimar Pinto Pessoa ao meio e ao lado José Fabrino, presidente d’O Malho. A foto, tirada durante uma visita às instalações da revista, parece representar uma situação corriqueira, em que os indivíduos demonstram uma certa naturalidade perante a câmera. Entretanto, a cena chama a

109 Em 1945, especialmente, as referências da revista exibem a impressão das capas na “Gráfica de Luxo”.

Contudo, não se sabe se isso se trataria de uma publicidade ou de um caso excepcional do exemplar, pois em edições seguintes do mesmo ano esse dado desaparece. As respectivas informações podem ser encontradas em: O MALHO mensário ilustrado. O Malho, Rio de Janeiro, abril de 1945, ano XLIII, nº 63, p. 3; O MALHO mensário ilustrado. O Malho, Rio de Janeiro, jul. de 1945, ano XLIII, nº 66, p. 5;

atenção para a presença de J. Fabrino, um dos diretores anteriormente mencionado, e Alba de Mello, que cinco anos mais tarde viria a se tornar diretora do Anuário das Senhoras.

Em 1934, Alba de Mello encabeçou a organização do Anuário. Por isso, aspectos de sua vivência são no mínimo curiosos para o estudo da revista.

Alba de Mello ficou conhecida pela experiência como escritora e secretária da Câmara do Distrito Federal no Rio de Janeiro (1920-1947). Ao atuar como editora e escritora de periódicos, sobretudo no Anuário das Senhoras, ela também se utilizou do pseudônimo Sorcière em seus escritos. De acordo com o levantamento de alguns textos autobiográficos, lançados em periódicos da época, Alba de Mello transitou por essas várias esferas profissionais a partir da participação de concursos de miss na sua juventude, posteriormente, escrevendo em diversos periódicos da então capital brasileira, como O Malho, Para todos..., O Tico-Tico, Cinearte, Arlequim e Anuário das Senhoras, bem como pela nomeação ao cargo de secretária da câmara após exercer o ofício de escrivã.110

De acordo com a análise dos periódicos coincidentes com a vida da diretora da revista Anuário das Senhoras, pode-se estabelecer algumas percepções e conexões. Dentre elas, ressaltar que Alba de Mello pertenceu a uma elite republicana e carioca com importante linhagem familiar. Seu avô, Antônio de Mello Marinho, casado com Leonarda de Mello Marinho, foi líder do partido conservador durante a monarquia e posteriormente chefe do partido republicano nas mediações da cidade de Ipú, no Ceará.111 O filho do casal e pai de Alba de Mello, Antônio de Mello Filho, também conhecido como Mello Filho, continuou seguindo os passos do pai se filiando ao republicanismo no Ceará e colaborando com a instauração da República no Brasil.112 Além disso, atuou como advogado e promotor nas cidades de Jaguaribe-Mirim (CE), em Ipú (CE), em Maranguape (CE), bem como na cidade de Belém (PA).113 Casando-se com Anna de Mello, teve três filhos: Alba de Mello, Adhemar de Mello e Fleuryce de Mello. Desses três últimos, não se sabe ao certo o local e ano de nascimento, certamente devido as mudanças de cidade. Contudo, de acordo com as notas de óbito, Fleuryce de Mello faleceu em 1919 e Adhemar de Mello faleceu em 1928. Já seus pais, Antonio de Mello Filho,

110 Na revista O Malho escreveu a coluna “De tudo um pouco”. Na revista Para Todos... escreveu a coluna “o que pensa dos vestidos compridos” e “De elegância”, como Sorcière. Na revista Cinearte escreveu na coluna

“Elegância Cinemática”.

111 NECROLOGIA. A Cidade: Órgão do Partido Republicano - Sobral, Ceará, 3 de jun. de 1899, ano I, nº 33, p.

3.

112 IPÚ, 17 de novembro de 1890. Libertador: Órgão da Sociedade Cearense Libertadora, Ceará, 24 de dez. de 1890, ano X, nº 292, p. 3.

113 Ver: A Pátria: Órgão do Centro Republicano, Ceará, 26 de ago. de 1890, ano I, nº 137, p. 2; MAGISTRADOS.

O Estado do Ceará: Publicação Diária, Ceará, 25 de set. de 1890, ano I, nº 51, p. 2; MARANGUAPE. A República: Fusão do Libertador e estado do Ceará, Ceará, 26 de dez. de 1895, ano IV, nº 292, p. 2; DIA social.

Estado do Pará: Propriedade de uma Associação Sociedade Anonyma, Pará, 7 de mai. 1912, ano II, nº 392, p. 2.

em 1926, e Anna de Mello, em 1949.114 A respeito de Alba de Mello não se teve notícias de seu falecimento, sabendo apenas o dia e mês de seu aniversário, 7 de maio, e o possível nascimento no Estado do Ceará.115

No ano de 1912, acometida por uma grave doença que durou cerca de cinco meses, Alba de Mello se mudou para o então Distrito Federal. Em sua estadia – que se tornou permanente a partir de 1917 – casou-se em 1914 com Waldemiro Amadel Soares Filho,116 com o qual, supostamente, teve seu filho Maurício Mello Soares.117 Em decorrência do ofício de seu esposo, Alba de Mello mudou-se para o Paraná, pois ele iria “chefiar a primeira secção de linha dos Telegraphos naquelle Estado”,118 provavelmente retornando em 1917, quando Waldemiro Amadel Soares Filho é realocado como inspetor para a cidade do Rio de Janeiro.119 Passando por diversos cargos, o esposo de Alba de Mello se destacou como auxiliar e inspetor dos telégrafos; como comissionário do ministério da viação em 1924; foi ainda sub-contador da sub-contadoria secional da Estrada de Ferro do Brasil, em 1929; foi convocado pelo então Presidente Getúlio Vargas para o cargo de auxiliar técnico no Ministério da Marinha, posteriormente sendo nomeado no mesmo ano chefe da Delegação da Contadoria Central da República na delegacia do tesouro, em Londres, e, por último, foi nomeado membro da

114 As de notas de falecimento se encontram nos respectivos jornais: ACTOS fúnebres. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 26 de jan, de 1919, ano XVIII, nº 7.274, p. 13. FALLECIMENTOS. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 31 de jul. de 1926, ano XXVI, nº 9.670, p. 5. FALLECIMENTOS. A Noite, Rio de Janeiro, 12 de mar.

de 1928, ano XVIII, nº 5.857, p. 6. AVISOS fúnebres. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 4 de set. de 1949, ano XX, nº 8242, p. 6.

115 DIA social. Estado do Pará: Propriedade de uma Associação Sociedade Anonyma, Pará, 7 de mai. 1912, ano II, nº 392, p. 2. Sobre o nascimento de Alba de Mello ter ocorrido no Estado do Ceará, há a menção na coluna Vida Literária, de Humberto, de Campos no jornal: Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 19 de jun. de 1929, ano XXIX, nº 10.372, p. 2.

116 VIDA social. O Paiz, Rio de Janeiro, 5 de set. de 1914, ano XXIX, nº 10.925, p. 5.

117 Não se tem notícias de nascimento de seu filho, ou de outros supostos filhos, mas em nota de falecimento do esposo Waldemiro Amadel Soares Filho (as variações de escrita do nome e a ocultação dos nomes das esposas, juntamente com possíveis erros ortográficos, não permitem saber com exatidão das notas de falecimento, mas algumas informações permanecem as mesmas, como por exemplo o trabalho na companhia de telégrafo do Rio e o nome do seu pai, Waldemiro Amadel Soares, permitindo identificar esses traços do marido de Alba de Mello) e de Anna de Mello surge o nome de Maurício de Mello Soares, como parte da família. Sobre falecimento de Waldemiro Amadel Soares Filho ver: Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 23 de jun. 1939, ano 112, nº 223, p.

7. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 de jun. de 1939, ano XLIX, nº 143, p. 22. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 de jul. de 1939, ano XLIX, nº 158, p. 23. Além disso, enquanto criança, tem-se nota da participação Maurício de Mello Soares em jogos e concursos lançados pela revista Tico-Tico e Fon Fon, periódicos dos quais Alba de Mello pode colaborar. Ver: Fon Fon: Semanário Alegre, Político, Crítico e Espusiante, Rio de Janeiro, 20 de jun. 1925, ano XIX, nº 25, p. 80. Fon Fon: Semanário Alegre, Político, Crítico e Espusiante, Rio de Janeiro, 11 de jul. 1925, ano XIX, nº 28, p. 73. O Tico-Tico: Jornal das crianças, Rio de Janeiro, 10 de abril de 1929, ano XXIV, nº 1.227, p. 31. 8.

118 Ver: A “NOITE” mundana. A Noite, Rio de Janeiro, 2 de fev. de 1915, ano V, nº 1.118, p. 5.

119 Ver: CORREIOS e telegraphos: remoções nas estações telegraphicas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 de abril de 1917, ano XXVII, nº 117, p. 6. Nesse período não se obteve nota de redação de Alba de Mello, nem pelo seu pseudônimo, Sorciére, nos periódicos cariocas e nem paranaense.

Comissão de Eficiência, em de 1938, sendo exonerado por extinção do ministério pela presidência.

Ao que parece, o início da carreira de escritora de Alba de Mello se deu quando passou a colaborar, em 1913, com a revista Fon Fon, atendendo pelo pseudônimo de Sorcière. 120 Não se tem uma declaração autoral de Alba acerca do uso desse codinome, mas se tratando do início de sua carreira pode-se conjecturar que ela poderia ter o dado vida seja pela insegurança nos primeiros escritos, pela modéstia ou pelo medo de ser reconhecida, fator que muitas vezes constrangia as mulheres por fazer parte de um espaço ainda muito dominado pelo masculino.

De qualquer forma o codinome pode ser associado a fama das artes e literatura da época, bem como pela associação à tradução e símbolo de feiticeira; já experimentado numa fantasia em 1912.121

A escritora ressurge da década de 1920, mais especificamente em 1927, com assinaturas na revista Arlequim e na Cinearte; e em 1929 com assinaturas na Tico-Tico, n’O Malho e com o lançamento do livro, Espelho de Loja. Em 1934 foi nomeada editora chefe da revista Anuário das Senhoras. Seja por sua trajetória profissional, com diversas publicações e trabalho na editora O Malho, ou mesmo os fatos da vida pessoal, que incluía os prestígios de elite em que ela se inseria e a proximidade com o governo por meio dos cargos de seu marido, fato é que Alba de Mello correspondeu aos requisitos para direção da revista, vide o longo tempo que ficou à frente do periódico, confundindo sua atuação com a existência do produto.

Alguns desses eventos da vida de Alba de Mello puderam ser mencionados numa postagem de Humberto de Campos acerca do seu trabalho autoral, “Espelho de Loja”, por meio da coluna “Vida Literária”:

Entre os amigos que fiz em Belém do Pará, quando ali cheguei adolescente, um havia que, particularmente, me encantava pelo seu trato e me envaidecia pela sua situação social. Era o advogado cearense Antonio de Mello Filho, homem moreno, forte, sempre corretamente vestido, que tendo desembarcado ali como lutador obscuro, conquistára, pouco a pouco, uma posição de relevo na colônia de seu Estado. [...]

Lembro-me, apenas, que sua pessoa me dava a impressão de elegancia no gosto, de apuro nas roupas, de distincção nas maneiras, sem prejuízo de uma natural affabilidade. Um dia correu nos círculos da colônia cearense, na qual eu encontrára as minhas melhores amizades, que a família de Mello Filho chegára a Belém, e que sua filha mais velha, era uma das moças mais lindas que a descendência de Iracema havia offerecido a admiração do Pará.122

120 Ver: CAIXA de gasolina. Fon Fon: Semanário Alegre, Político, Crítico e Espusiante, Rio de Janeiro, 21 de jun.

1913, ano VII, nº 25, p. 58.

121 SALÕES. Estado do Pará: Propriedade de uma Sociedade Anonyma, 21 de fev. de 1912, ano II, nº 317, p. 2.

122 CAMPOS, Humberto de. Correio da Manhã, 19 de jun. de 1929, ano XXIX, nº 10.372, p. 2.

Num primeiro momento, a nota sobre a vida Alba de Mello reafirma num maior compilado o que já havia sido observado anteriormente em outros periódicos: sua descendência provinha mesmo de Antônio de Mello Filho e de sua inserção ao âmbito de elite, que foi transportada, de início, do Ceará para o Pará. O autor continua com o relato:

[...] Semanas depois fui convidado para uma festa na residência do meu amigo, á rua Quatorze de Março. [...] Era o decimo quinto anniversário da sua filha querida. Por esse tempo, estava a cidade interessada, e vivamente, por um concurso de belleza feminina promovido pela “Folha do Norte” [...] E um dos nomes mais suffragados, senão o mais suffragado, era, no momento, o da formosa anniversariante daquelle dia.

[...] As duas filhas do dono da casa distribuíram taças com “champagne” ou cálices de vinho do Porto”, um orador pigarreou [...] Era o intérprete de uma commissão de cearenses. Não vinham trazer ao dono da casa presentes custosos, dizia, porque este não precisava delles. Mas traziam a coisa mais grata ao seu coração, e que tocaria mais profundamente a sua alma de pae, contribuindo, ademais, para honrar, fora do ceará, os altos créditos da mulher cearense. E passou-lhe as mãos um embrulho, [...]

o qual continha, cuidadosamente emmaçados, dois ou três milhares de “coupons”, votando, no concurso de belleza, na sua filha Alba de Mello! [...] A tempestade de fogo que em 1912 se desencadeou no Pará separou-nos a todos, amigos e inimigos, como folhas de uma arvore chicoteada pelo tufão. Mello Filho morreu. Sua filha mais moça morreu. Morreu seu filho Adhemar, advogado e jornalista.123

Nesse trecho, Campos continua a discorrer sobre episódios da vida de Alba de Mello.

Indica sua participação num concurso de beleza em Belém – o que se reafirma numa legenda de foto lançada pela revista Fon-Fon,124 revelando que Alba havia sido a vencedora do concurso no Estado. Evidencia mais uma vez a pertença a um meio de elite, no qual os presentes se circunscrevem de um valor simbólico e de grande prestígio social. Além de apresentar uma possível linhagem familiar, em que segue Alba como filha mais velha, Adhemar como filho do meio e Fleuryce como irmã caçula, bem como a ordem de falecimento dos parentes, que também foi noticiado em vários periódicos e vários estados. É interessante evidenciar que Humberto de Campos teve muitas vezes seu nome estampado nas páginas do Anuário das Senhoras, assinando textos próprios, bem como com outras pessoas do mesmo convívio social de Alba Mello, percebido em notas de comparecimento a eventos da alta sociedade, como as escritoras Hyldeth Favilla e Maria Eugenia Celso,125 nomes já conhecidos tanto pela sociedade carioca quanto pelo trabalho com a editora O Malho e outros periódicos. Continuando sua narrativa, Humberto de Campos remete ainda aos aspectos profissionais em meio aos eventos experenciados por Alba de Mello:

123 CAMPOS, Humberto de. Correio da Manhã, 19 de jun. de 1929, ano XXIX, nº 10.372, p 2.

124 RIO em flagrante os nossos instantaneos. Fon Fon: Semanário Alegre, Político, Crítico e Espusiante, Rio de Janeiro, 9 de out. de 1909, ano III, nº 41, p. 2.

125 Ver: VIDA social: recepção. Beira-Mar: Copacabana, Ipanema, Leme, Rio de Janeiro, 25 de jul. de 1942, ano XX, nº 733, p. 19; A FESTA das ventarolas em Copacabana. O Cruzeiro: revista, 5 de jan. de 1929, nº 9, p. 42.

E é sobre as ruínas de todo um passado jovial e feliz que vejo surgir, agora, o nome da senhora Alba de Mello, assignando um livro de chronicas e disputando, em concurso, um logar burocrático no Conselho Municipal no Rio de Janeiro. [...] Foi esse quadro que me veiu á memória ao saber que a intelligente funccionária municipal, e agora autora do “Espelho de loja” e chronista diligente de alguns semanários cariocas, era a filha do meu velho amigo do Pará. E maior foi a minha emoção ao saber que a menina que eu conheci em Belém, premio de belleza da cidade, é, agora o chefe da sua família, creando e edeucando os seus filhos e tendo a seu cargo, por terem ficado orphãos, os filhos da sua irmã. A borboleta de hontem, que era toda luxo, transformou-se na abelha de hoje, que é toda trabalho. 126

Acerca de sua carreira na Câmara do Rio de Janeiro, Alba de Mello foi muito elogiada nos jornais da época, mas também tivera algumas críticas. Dentre os elogios, destaca-se o de que foi uma das funcionárias que “com dedicação, zêlo e competência, jamais [...] regatearam a sua eficiente colaboração”127, ganhando o título de cidadã carioca pelo exemplar ofício.

Entretanto, não se sabe ao certo se o título foi concedido em 1958, já que a manchete do jornal Última Hora (RJ) anuncia que o prefeito da época, Negrão de Lima, havia concedido os títulos de cidadão carioca a Olegário Mariano e Alba de Mello128, ou se o título teria sido concedido em 1961, ou ainda somente mencionado, quando se prestou homenagem aos 41 anos de serviço público de Alba de Mello:

Os funcionários da câmara prestarão, hoje, uma homenagem a Secretaria Geral da Presidência, Sra. Alba de Mello, que se aposenta após 41 anos de bons serviços prestados ao Legislativo carioca. Por sua vez os vereadores decidiram outorgar o título de “Cidadão Carioca” a Sra. Alba de Melo e ao presidente do Comitê de Imprensa, jornalista Cristóvão Freire. 129

No que diz respeito às críticas, pode-se elencar o envolvimento em promoções de cargo recebidas na Câmara130, no mal uso da verba pública131, no escândalo do aumento no orçamento dos funcionários132 e também numa insinuação de sonegação de verbas dispensáveis que não

126 CAMPOS, Humberto de. op. cit., p 2.

127 CÂMARA do Distrito Federal. Jornal do Brasil, 21 de dez. de 1956, ano LXVI, nº 296, p. 6.

128 TITULO de “Cidadão Carioca” para Olegário Mariano e Alba de Melo. Última Hora, Rio de Janeiro, de 8 de jan. de 1958, ano VIII, nº 2.307, p. 9

129 41 ANOS de bons serviços. Última Hora, Rio de Janeiro, 24 de mar. de 1961, ano VIII, nº 2.307, p. 3. Essa menção de homenagem e concessão de título também pode ser vista em outros periódicos, como por exemplo: O Jornal, Rio de Janeiro, de 24 de mar. de 1961, ano XXXIX, nº 12.285, p. 5; Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 de abril de 1961, ano LXXI, nº 84, Cad. B, p. 3.

130 NOVOS desmandos do Sr. Adolfo Bergamini. A Batalha, Rio de Janeiro, 22 de jul. de 1931, ano III, nº 475, p. 2.

131 GOVERNO de Portas abertas. O Radical, Rio de Janeiro, 29 de out. de 1938, ano VII, nº 2.007, p. 1.

132 NOVO escândalo. In: Novo “arranjo” na câmara dos vereadores. A Cruz: Órgão da Parochia de S. João Baptista, Rio de Janeiro, 16 de out. de 1949, ano XXX, nº 42, p. 7.

teriam sido utilizadas133, divulgadas respectivamente nos periódicos A Batalha (RJ), O Radical (RJ), A cruz: Órgão da Paróquia de S. João Baptista (RJ) e Jornal do Brasil (RJ).

Não há comprovação de tais especulações ou como ir mais a fundo no levantamento dos lugares de fala das postagens aqui abordadas devido a amplitude da pesquisa a ser feita.

Contudo, é interessante perceber que o meio político em que Alba de Mello se encontrava não a livraria de críticas e insinuações, por mais que o conjunto de elogios ao seu trabalho fossem muito mais frequentes nos periódicos dessa época. Talvez por essas razões Alba de Mello tivesse uma certa postura de defesa da mulher no universo do trabalho, apesar desse posicionamento estar muito imbricado ao contexto da época e de ser um filão da jornalista.

Recebendo influência elitista e conservadora advinda tanto do âmbito familiar, por meio da posição de elite a que pertencia, quanto da conjuntura social das mulheres do período, mais voltadas para o casamento e para a constituição familiar (tanto que Alba vem a casar por volta dos 20 anos de idade),134 a jornalista e secretária defendeu, segundo Humberto de Campos, que as mulheres poderiam trabalhar. Contudo, esse trabalho deveria se dar em prol de uma evolução da “feminilidade” e não de um “feminismo”, uma cartilha que também foi rezada no Anuário:

Não obstante essa agilidade de pensamento e essa independência de idéas, a sra. Alba de Mello não é feminista revolucionária, á maneira de outras, que vieram a representar a tragédia eschyliana da vida moderna. Não quer a revolução, mas a evolução. A mulher deve elevar-se primeiro pelo espírito, pela cultura, pelo trabalho, sem se preocupar, pelo menos por emquanto, com as conquistas políticas. Por isso, louva, com a intelligencia e o coração, mme. Curie, “mulher que honra seu sexo pelo talento, se eleva pela cultura, pelo trabalho, serena, respeitada”. “Não se candidatou ao Conselho Municipal, – accrescenta, – nem deblaterou em ‘meetings’. Fez-se admirar pelo seu valor real, pelo seu grande merecimento. Discipula e esposa de um grande

Não obstante essa agilidade de pensamento e essa independência de idéas, a sra. Alba de Mello não é feminista revolucionária, á maneira de outras, que vieram a representar a tragédia eschyliana da vida moderna. Não quer a revolução, mas a evolução. A mulher deve elevar-se primeiro pelo espírito, pela cultura, pelo trabalho, sem se preocupar, pelo menos por emquanto, com as conquistas políticas. Por isso, louva, com a intelligencia e o coração, mme. Curie, “mulher que honra seu sexo pelo talento, se eleva pela cultura, pelo trabalho, serena, respeitada”. “Não se candidatou ao Conselho Municipal, – accrescenta, – nem deblaterou em ‘meetings’. Fez-se admirar pelo seu valor real, pelo seu grande merecimento. Discipula e esposa de um grande