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DESAFIOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO: CONDIÇÕES ATUAIS NA REALIDADE BRASILEIRA

No documento Anais Completos (páginas 43-53)

Tadiane Regina Popp Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc)

tadiane.popp@unoesc.edu.br Eixo: Educação e contemporaneidade

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo compreender alguns desafios que a Educação brasileira tem enfrentado em matéria de uso da tecnologia da informação e comunicação como recurso de apoio à aprendizagem. Os desafios são delimitados considerando o panorama histórico e atual da utilização das tecnologias da informação nas escolas brasileiras. Utiliza- mos os resultados da pesquisa intitulada TIC Educação 2014, para contextualizar de que forma a tecnologia se relaciona com a educação brasileira.

Palavras-chave: Tecnologia da Informação na Educação Brasileira. Tecnologia na educação.

1 INTRODUÇÃO

A tecnologia permitiu ampliar a capacidade de memorização e potencializou a capacidade produtiva, possi- bilitou outras formas de comunicação e uma maior qualidade de vida. Ela tem mudado a humanidade desde o final do século passado, provocando uma verdadeira revolução na vida das pessoas. Esta revolução, como não poderia deixar de ser, chegou às escolas, nas quais, além de provocar mudanças, também criou desafios a serem vencidos, principalmente, pelos educadores.

A sociedade e o mercado de trabalho estão cada vez mais exigentes, as pessoas precisam estar aptas a pensar glo- balmente em um mundo competitivo e conectado. Para as escolas ficou o desafio de formar e desenvolver estas habilida- des, em um contexto de mudanças tecnológicas imensas que interpelam a educação e os profissionais que dela fazem parte. Com este artigo, pretendemos compreender melhor os desafios das tecnologias da informação e comuni- cação nas escolas, considerando as atuais condições das escolas públicas brasileiras. Entendemos, porém, que não será possível o esgotamento do tema, porém nossa tentativa será de esclarecer quais dificuldades são mais evidentes. No primeiro momento buscaremos explorar o conceito de tecnologia e questões relativas ao seu uso. Em seguida, investi- mos em um breve resgate histórico para observar em que contexto as tecnologias da informação chegam até as escolas e com quais propósitos são utilizadas. Para tanto, com vistas a conhecer as condições atuais da educação brasileira em relação à tecnologia, valemo-nos dos resultados da pesquisa TIC Educação 20141 realizada pelo NIC.br/CETIC.br2, uma pesquisa de abrangência nacional, realizada em 1.034 escolas com turmas regulares do 5º ao 9º ano e do 2º ano do ensino médio. Estas escolas constam no Censo Escolar 2014, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Com estes dados, entendemos ser possível definir um panorama atual da utilização das Tecnologias da In- formação e Comunicação (TIC) nas escolas públicas brasileiras, percebendo as condições no ambiente educacional. Assim, torna-se possível conhecer e compreender os desafios atuais enfrentados pelas escolas quanto ao uso de tecno- logias em um contexto competitivo e globalizado em que se inserem.

2 TECNOLOGIA: ENTENDENDO O CONCEITO

Atualmente, é inviável pensar na sociedade sem perceber a interferência da tecnologia da informação e co- municação. Ao longo da história humana, o homem sempre procurou aperfeiçoar a sua forma de viver com ferramentas que servissem para ampliar sua capacidade produtiva ou melhorar sua qualidade de vida.

Desde a pré-história o homem vem fazendo uso de tecnologias, como, por exemplo, quando faziam instru- mentos de pedra lascada, utilizados na caça, pesca ou mesmo coleta de frutos e raízes. Com essa tecnologia, foi possível desenvolver a agricultura e a sua vida ficou mais fácil.

Ao longo de sua história, o ser humano tem vivido um ininterrupto processo de inovações, usando a tec- nologia a seu serviço. Seja para alimentação, produção ou segurança, ela tem assegurado a sobrevivência e melhora na qualidade de vida das pessoas.

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Frequentemente, a ideia de tecnologia é associada a máquinas. Contudo, ao conceituá-la é necessário per- ceber, conforme o dicionário de filosofia de Nicola Abagnano (1982, p. 906), que se trata do “estudo dos processos técnicos de um determinado ramo de produção industrial ou de mais ramos.” No mesmo dicionário, o conceito de técnica aparece como:

[...] todo conjunto de regras aptas a dirigir eficazmente uma atividade qualquer. A técnica, nesse sentido, não se distingue nem da arte nem da ciência nem de qualquer processo ou operação para conseguir um efeito qualquer: o seu campo estende-se tanto quanto o das atividades humanas. (ABAGNANO, 1986, p. 906).

Kenski (2010, p. 24) contribui assinalando:

Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em determinado tipo de atividade, chamamos de “tecnologia”. Para construir qualquer equipamento – uma caneta esferográfica ou um computador – os homens preci- sam pesquisar, planejar e criar o produto, o serviço, o processo. Ao conjunto de tudo isso, chamamos de tecnologias.

Sobre a questão conceitual, de acordo com Pinto (2005, p. 219, grifo do autor), concluímos mostrando que: A palavra “tecnologia” é usada a todo o momento por pessoas das mais diversas qualificações e com propósitos divergentes. Sua importância na compreensão dos problemas da realidade atual agiganta- -se, em razão justamente do largo e indiscriminado emprego, que a torna ao mesmo tempo essencial e confusa. Desde jornalistas até filósofos, não há estudioso a observar a realidade, onde se destaca ao primeiro relance a forma de produção social, que deixe de usá-la, tendo de permeio os especialistas em todos os modos imagináveis do saber. No entanto, comprova-se imediatamente não existir um conteúdo inequívoco para defini-la.

Fica evidente, então, que o conceito de tecnologia é variável e contextual. Algumas vezes se confunde com a técnica e também com inovação, justamente por tratar de novidades dos mais variados processos.

Ao observar a realidade circundante, percebe-se que já não se vive sem tecnologia. Em todas as atividades cotidianas ela está presente, fazendo parte de todo o processo e, muitas vezes, sendo o próprio processo.

Percebemos, pois, que tecnologia não se trata apenas de uma ferramenta ou instrumento para realizar uma atividade, é preciso compreender as técnicas e as tecnologias como parte do fenômeno, sendo capazes de interferir no processo e ampliar e melhorar o alcance dele. Como evidenciado por Kenski (2010, p. 21):

A evolução tecnológica não se restringe apenas aos novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ele altera comportamentos. A ampliação e a banalização do uso de determinada tecnologia impõem-se à cultura existente e transformam não apenas o comportamento individual, mas o de todo o grupo social. A descoberta da roda, por exemplo, transformou radicalmente as formas de desloca- mento, redefiniu a produção, a comercialização e a estocagem de produtos e deu origem a inúmeras outras descobertas.

Ao longo da história da humanidade, a tecnologia sempre atendeu às demandas da sociedade. Até se chegar aos computadores que são usados atualmente, foi percorrido um caminho longo que seguiu do ábaco (reconhecido como a primeira calculadora da história), passando por régua de cálculo, a máquina de Pascal, máquina de Hollerih, até chegar aos computadores pré-modernos. Segundo Gugik (2009):

A Segunda Guerra Mundial foi um grande incentivo no desenvolvimento de computadores, visto que as máquinas estavam se tornando mais úteis em tarefas de desencriptação de mensagens inimigas e criação de novas armas mais inteligentes. Entre os projetos desenvolvidos nesse período, o que mais se destacou foi o Mark I, no ano de 1944, criado pela Universidade de Harvard (EUA), e o Colossus, em 1946, criado por Allan Turing.

A computação moderna pode ser definida como o uso de computadores digitais e segundo Gugik (2009) a mais importante delas era o Eniac:

No ano de 1946, ocorreu uma revolução no mundo da computação com o lançamento do compu- tador ENIAC (Electrical Numerical Integrator and Calculator), desenvolvido pelos cientistas norte- -americanos John Eckert e John Mauchly. Esta máquina era em torno de mil vezes mais rápida que qualquer outra que existia na época. As dimensões desta máquina são muito grandes, com aproxima- damente 25 metros de comprimento por 5,50 metros de altura. O seu peso total era de 30 toneladas. Esse valor representa algo como um andar inteiro de um prédio.

Verifica-se, então, que os primeiros computadores eram máquinas gigantescas que ocupavam salas inteiras, eram pouco funcionais e realizavam poucas operações, serviam apenas para automatizar algumas tarefas, como os cál- culos matemáticos. Com o passar do tempo os computadores ficaram menores, como hoje os computadores de bolso, com maior capacidade de processar informações.

É importante salientar que desde as mais gigantescas máquinas até o que temos de mais avançado na atuali- dade todas têm em comum o tratamento de dados e o processamento de informações. E assim surge a expressão Tec- nologia da Informação (TI), que Rezende (2000) define como:

O termo “Tecnologia da Informação” serve para designar o conjunto de recursos tecnológicos e com- putacionais para a geração e uso da informação. A TI está fundamentada nos componentes: hardware e seus dispositivos e periféricos; software e seus recursos; sistemas de telecomunicações; gestão de dados e informações.

Este conceito também é explicado por Alecrim (2011), “tecnologia da Informação pode ser definida como o conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos computacionais que visam permitir a obtenção, o armazenamento, o acesso, o gerenciamento e o uso das informações.”

A tecnologia da informação se popularizou e mais tarde se aliou às comunicações, conforme anota Laerth (2013): A comunicação é uma necessidade e algo que está presente na vida do ser humano desde os tempos mais remotos. Trocar informações, registrar fatos, expressar ideias e emoções são fatores que con- tribuíram para a evolução das formas de se comunicar. Assim, com o passar do tempo, o homem aperfeiçoou sua capacidade de se relacionar.

A comunicação possibilita a troca de informações e se tornou mais eficiente com o auxilio da Tecnologia, conforme destaca Laerth (2013):

Encontramos diversas tecnologias que viabilizam a comunicação, porém, o que vai agregar valor a essas tecnologias é a interação e a colaboração de cada uma delas no cotidiano das pessoas em socieda- de, assente na demanda por flexibilidade de horários, colaboração e participação ativa no processo de produção das informações, sem barreiras de tempo e espaço.

A corrida espacial, entre os Estados Unidos e a União Soviética, acabou favorecendo a tecnologia de modo impressionante e, principalmente, o ramo da tecnologia da informação. Em meados dos anos 60, os norte-americanos criaram um centro de pesquisas de tecnologia avançada, o ARPA. De acordo com Barros (2013):

Conceitos militares por trás da Internet começaram a surgir em meados dos anos 50, mas só na década de 60, com o mundo polarizado entre Estados Unidos e URSS que a ideia se desenvolveu. Cientes de poder da comunicação, os EUA criaram um sistema de descentralização de suas informações no Pen- tágono para evitar que possíveis ataques causassem a perda irreparável de documentos do governo. É assim que surge uma rede descentralizada que hoje é chamada de Internet. Atento a esse contexto, Barros (2013) refere a Internet assinalando que:

Parece estar nascendo uma geração em que o consumo de conteúdo via web é enorme, com a de- manda aumentando constantemente. As redes sociais seguem se reinventando, os aplicativos móveis seguem nascendo a cada dia e, nos próximos anos, a expectativa é de que o foco esteja cada vez mais na convergência das mídias para a Internet.

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Assistir televisão, ouvir rádio, entrar no Facebook, mandar uma mensagem e ligar para o seu amigo. Tudo “ao mesmo tempo”, do mesmo lugar, sempre conectado. Por ser uma ferramenta em um am- biente livre, a Internet permite muitas possibilidades e com todos os avanços tecnológicos atuais, não é difícil crer que ela vai se perpetuar por um longo tempo.

Ao longo da história, avanços diversos foram incorporados às tecnologias que até hoje ajudam a melhor viver, como, por exemplo: luz elétrica, telefone, televisão, computador e, por fim, a internet. Hoje sequer é possível imaginar a vida sem essas facilidades, pois a tecnologia está em todos os lugares e envolvida em praticamente todas as atividades.

2.1 O ENCONTRO TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO NA REALIDADE BRASILEIRA

A década de 1990 marca o advento da tecnologia da informação no Brasil. Momento em que os primeiros computadores chegam ao mercado, como um pequeno esboço do que seria a rede Internet.

Vale assinalar que nessa mesma época impunha-se o império do mercado e das reformas neoconservadoras. Uma escola a serviço da produção em que prevalecem o utilitarismo e o imediatismo, indo na contramão do desenvol- vimento de novas teorias, que exigiam um trabalho mais paciente e demorado.

Saviani (2007, p. 438) complementa assinalando que “[...] nas empresas se busca substituir o conceito de qualificação pelo de competência e, nas escolas, procura-se passar do ensino centrado em disciplinas de conhecimento para o ensino por competências referidas a situações determinadas.” Assim, tem-se uma escola que servia para desen- volver competências necessárias para o mercado de trabalho.

A pedagogia tecnicista, que tinha como princípios a racionalidade, eficiência e produtividade, aparece agora voltada à iniciativa privada, como mostra Saviani (2007, p. 438):

[...] na década de 1970 era perseguido sob a iniciativa, controle e direção direta do Estado, na década de 1990 assume uma nova conotação: advoga-se a valorização dos mecanismos de mercado, o apelo à iniciativa privada e às organizações não governamentais, a redução do tamanho do Estado e das iniciativas do setor público.

Surgia, assim, a possibilidade de a iniciativa privada entrar nas escolas por meio de parcerias firmadas com empresas. A empresa privada visa, exclusivamente, lucros, ao entrar no ambiente escolar, certamente ela utilizará deste meio na tentativa de obter mais lucros e, dessa forma, as empresas chegam às escolas vendendo seus produtos, implan- tando ações de marketing na tentativa de se manter hegemônicos por intermédio das gerações.

Presenciamos uma crescente influência empresarial nas escolas, configurando uma nova corrente pedagó- gica: a pedagogia corporativa, com ênfase no ensino de técnicas e modelos organizacionais que auxiliem as empresas a certificar sua qualidade total e seus resultados, segundo os objetivos do empregador.

No campo das políticas públicas, o Brasil inicia o enfoque no uso da tecnologia educacional da informática educativa na década de 60, conforme mencionam Lucena e Fulks (2000, p. 14):

O que marca as iniciativas nesta área, que se articulam com outras como os Acordos MEC-Usaid e com a política de privatização da educação (que estão na origem das grandes mobilizações estudantis de 1968) é a supervalorização da Tecnologia Educacional – o tecnicismo educacional – como solução apresentada para os problemas da educação brasileira.

Há que se considerar que não basta colocar equipamentos nas escolas, pois a tecnologia não servirá a educa- ção sozinha. A esse respeito Lucena e Fulks (2000, p. 15) acrescentam:

A supervalorização instrumental, reflexo de politicas que não alcançavam a raiz dos problemas que a educação vivia, terminou, apenas por tornar mais operativo o mesmo modelo tradicional vigente e criar entre muitos educadores um sentimento de descrédito em relação à introdução de tecnologias no processo educativo. Na década de 1980, o uso das Tecnologias Educativas voltou a ser revaloriza- do, agora contendo o computador como um de seus instrumentos centrais. Como no final da década de 60, essa nova experiência não partiu da decisão dos educadores, mas da iniciativa de altos escalões do governo brasileiro.

À medida que as TICs permanecem presentes na educação, também surgem preocupações, muitas delas comuns até os dias atuais, como, por exemplo, com a infraestrutura e a capacitação de profissionais.

As escolas, ao longo da história, têm buscado se adequar ao mercado de trabalho, buscando qualificação da mão de obra para o setor produtivo do país. Para atingir estes objetivos, buscam frequentemente sintonizarem-se com as técnicas e tecnologias disponíveis.

É certo que esse esforço tem a ver com o fato de a tecnologia ter permitido progressivamente um aumento da eficiência da atividade humana em todos os setores. Afinal, com a tecnologia é possível estar em diversos lugares ao mesmo tempo e ter acesso a muitas informações disponíveis, além de permitir que o ser humano aumente potencial- mente sua capacidade produtiva, o que é potencializado em uma sociedade guiada pelo imperativo do capital. É nessa direção que a década de 1990 foi marcada pelo advento da informática e chegada massiva dos computadores às escolas. Como parte deste fenômeno, passam a despontar novos questionamentos sobre a função social da escola e seu papel na formação das pessoas. Conforme anota Kenski (2010, p. 19):

Em um momento caracterizado por mudanças velozes, as pessoas procuram na educação escolar a melhor qualidade de vida. Essa educação escolar, no entanto, aliada ao poder governamental detém para si o poder de definir e organizar os conteúdos que considera socialmente válidos para que as pessoas possam exercer determinadas profissões ou alcançar maior aprofundamento em determinada área do saber.

Em suma, a tecnologia da informação chegou às escolas como parte de um fenômeno de massa. Nas escolas, particularmente, inseriu-se de diversas formas e de modo gradativo, sendo desenvolvidas muitas políticas edu- cacionais para possibilitar que os alunos e professores utilizem esse recurso e possam desenvolver suas atividades com mais facilidade e agilidade.

3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA REALIDADE BRASILEIRA

Para apresentar um panorama da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) nas escolas brasileiras consideraremos dados coletados desde o ano de 2010 pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), que é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre a disponibilidade e uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas a respeito do desenvolvimento da rede no país. Esta pesquisa tem sido essencial para avaliar o impacto da TICs em todas as áreas sociais e econômicas e, por isso, servem de parâmetro para decisões de políticas públicas voltadas para a internet e permitem que se compare nossa realidade com a de outros países.

Publicada no ano de 2015, a pesquisa sobre TIC nas escolas brasileiras traz dados de 2014 e apresenta um panorama bem amplo. Porém, neste artigo serão considerados apenas alguns dados julgados necessários para que seja possível entender que desafios são enfrentados pela educação brasileira em termos de utilização de TIC.

No que responde à infraestrutura de TIC que se tem nas escolas do país, a pesquisa aponta que existe pelo menos um computador em 98% das escolas públicas. O dispositivo mais comum ainda é o computador de mesa, pre- sente em 99%, todavia, aparece a tendência de expansão da presença de dispositivos móveis e de computadores portáteis. Em relação à Internet, a pesquisa aponta que 92% das instituições com computador contam também com algum tipo de conexão à Internet. Ao analisar as velocidades de conexão, percebemos que as baixas velocidades ainda são predominantes nas escolas públicas, posto que 41% possuem velocidades até 2 Mbps de velocidade, tornando-a realmente restrita ao uso de rotinas administrativas, considerando que com uma velocidade baixa fica impossível tecni- camente atender a toda uma escola e é necessário fazer escolhas.

Referente às velocidades da internet, o mercado já atua com velocidades muito superiores; se considerarmos as velocidades de internet utilizadas nas redes corporativas e domésticas, ficará claro que a velocidade que a pesquisa apontou (2Mbps) é a velocidade utilizada em um único computador, e deve ser considerado que nas escolas normal- mente esta velocidade normalmente é utilizada em laboratórios com mais de 10 computadores. Assim, baixas velo- cidades de conexão com a internet presente na maioria das escolas públicas brasileiras representa uma barreira para a utilização das TIC no ambiente escolar, sobretudo, de forma pedagógica, já que os aplicativos para utilização em sala de aula requerem conexão constante. Por isso, aparece aí um grande abismo, pois de nada adianta ter internet se esta não é suficiente para atender o uso no ensino da escola, naquelas frentes de trabalho já conhecidas e dominadas por ela.

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Essa é, sem dúvida, uma grande barreira à escola, pois tão importante quanto ter professores capacitados para o uso de TIC é ter infraestrutura técnica que atenda à real necessidade. Ademais, o comum, nesses casos, é que muitos alunos usem em suas casas velocidades muito maiores e, quando chegam à escola, veem-se desassistidos de condições com as quais já estão habituados.

Outro ponto importante analisado pela pesquisa se refere ao local onde estão instalados os computadores e como é feita a manutenção deles. A pesquisa aponta que os principais locais de instalação dos computadores na escola pública são a sala do diretor ou do coordenador pedagógico (86%) (usada para demandas administrativas) e no labora- tório de informática (85%), espaço em que podem ser utilizadas de forma pedagógica. Apenas 4% dos computadores se encontram em salas de aula, ambiente que deveria ser frequentemente equipado, pois a utilização pedagógica dos

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