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Educação e contemporaneidade Agência financiadora: Pesquisa desenvolvida como o financiamento do OBEDUC, EDITAL CAPES 049/

No documento Anais Completos (páginas 139-147)

O MEDO DOS PROFESSORES INTEGRANTES DO PROJETO ESTRATÉGIAS E AÇÕES MULTIDISCIPLINARES ( )

Eixo 1: Educação e contemporaneidade Agência financiadora: Pesquisa desenvolvida como o financiamento do OBEDUC, EDITAL CAPES 049/

–Programa Observatório da Educação da Diretoria de Formação de Professores da Educação Básica (BEB/CAPES), projeto Estratégias e ações multidisciplinares nas áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense: implicações na qualidade da educação básica, n.12386.

Categoria: Comunicação oral

RESUMO

Esta pesquisa tem por objetivo compreender, através de relatos de professores as marcas de suas angústias e seus impac- tos na ação pedagógica. A pesquisa foi realizada junto com professores das escolas que compõem a amostra do projeto Estratégias e ações multidisciplinares nas áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense: implicações na qualidade da educação básica - CAPES/UNOESC, cuja amostra é composta de 12 escolas da mesorregião do oeste catarinense. A coleta dos dados fora realizada através de questionário com questões estrutura- das e semi-estruturadas com o objetivo de mapear os principais medos sentidos e vivenciados pelos professores. Para construir o debate buscaram-se os teóricos que evidenciam o significado da cultura do medo e que abordam os prin- cipais desafios contemporâneos da educação. Do que conclui, existe uma cultura do medo que perpassa e estruturas as relações da comunidade escolar e também perpassa e ou é reificada por dadas proposições pedagógicas, essencialmente, as que não se estruturam como base na proposição dialógica.

Palavras-chave: Cultura do medo, Professores. Ação Pedagógica.

1. INTRODUÇÃO

Em sua raiz epistemológica, podemos entender o medo como perturbações resultantes da ideia de um perigo real ou aparente. Mas de modo mais simples podemos dizer que o medo também é a nossa incerteza, é quando nos sentimos ameaçados com o desconhecido, é sentir insegurança, é apreensão de nos desafiarmos nas ações do cotidiano. Medo também é frustração de um passado não esquecido, adiado, que atormenta e torna a temporalidade temerosa. Nas palavras de Bauman (2008, p. 8) compreendemos que:

O medo é mais assustador quando difuso, disperso, indistinto, desvinculado, desancorado, flutuante, sem endereço nem motivo claros; quando nos assombra sem que haja uma explicação visível, quando a ameaça que devemos temer pode ser vislumbrada em toda parte, mas em lugar algum se pode vê-la. “Medo” é o nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância da ameaça e do que deve ser feito 1 Graduanda em Pedagogia – UNOESC. Bolsista CAPES/UNOESC - Estratégias e ações multidisciplinares nas áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense:implicações na qualidade da educação básica. Email: alana_deoliveira@hotmail.com

2 Graduanda em Pedagogia – UNOESC. Bolsista CAPES/UNOESC - Estratégias e ações multidisciplinares nas áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense: implicações na qualidade da educação básica.E-mail: annapilatti@hotmail.com

3 Doutor em Educação – PUCRS; Mestre em Educação – UFSM; Graduado em Filosofia – UNIFRA; Professor Mestrado em Educação – Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) Joaçaba, SC – Brasil. Coordenador Institucional do projeto “Estratégias e ações multidisciplinares... – OBEDUC”. E-mail: clenio.lago@unoesc.edu.br.

4 Mestre em Educação nas Ciências – UNIJUI. Bolsista CAPES/UNOESC: Estratégias e ações multidisciplinares nas áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense: implicações na qualidade da educação básica. E-mail: mariah_mosquen@hotmail.com

5 Graduanda em pedagogia – UNOESC. Bolsista CAPES/UNOESC - Estratégias e ações multidisciplinares nas áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense: implicações na qualidade da educação básica. E-mail: rc5056@hotmail.com

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– do que pode e do que não pode – para fazê-la para enfrentá-la, se cessá-la estiver além do nosso alcance.

O medo está relacionado ao vazio reflexivo; é fruto da não reflexão, quando a racionalidade está suspensa, adormecida ou anestesiada, quando a humanidade não reconhece as atrocidades que estão envolvidas e alienadas tor- nam-se, por conseguinte, insensíveis ao mundo que o cerca e encolhem-se ao medo.

Ainda na perspectiva de Bauman (2008), há três formas de o medo afligir nossa sociedade líquida: a) pelo medo de não conseguir garantir o futuro, de não conseguir trabalhar ou ter qualquer tipo de sustento; b) pelo medo de não fixar na estrutura social, que significa basicamente, o medo de perder a posição que se ocupa, de cair para posições vulneráveis, e; c) o medo em torno da integridade física.

Atualmente, o medo se efetiva como insegurança. Diz Bauman (2008, p. 16) que, “Vivemos a crédito: ne- nhuma geração passada foi tão entendida quanto a nossa – individual e coletivamente”. Nossas vidas se tornam líquidas e estão sendo devoradas pelo consumismo, não aproveitamos os momentos de forma duradoura, mas em relações rá- pidas, intensas e descartáveis, pois no momento em que há atrito nas relações algo se quebra e não se concerta, mas se joga fora. Passa-se longe de um comportamento dialógico.

Os momentos nas relações são extremamente curtos, mas ao mesmo tempo intensos, em que tudo se torna fácil e ao mesmo tempo difícil, pois vivemos em uma era da obsolescência, numa cultura das coisas, “coisas descartá- veis”. Sentimo-nos impotentes em um emaranhado de confusão a qual estamos vivendo, com medo do outro, com medo do novo, do desconhecido e daquilo que está por vir, medo da solidão, de ser excluído nesta sociedade em que cada indivíduo é preparado e instruído para buscar a sua felicidade, por meios e esforços individuais.

Então, nos perguntamos como poderíamos mudar isto? O que poderíamos fazer para que não chegue a uma catástrofe total? Por que estamos vivendo uma mudança extremamente violenta, radical, a ponto de ficarmos de mãos atadas, pois a maioria não se lança ao novo, possui medo do desconhecido?

Perguntamo-nos como o medo influencia nessa transformação, pois, há várias maneiras de se pensar nele, sendo que o mesmo está muito presente em nosso cotidiano, seja em relações profissionais, no trabalho coletivo e par- cerias com afetivas e familiares. Foram os momentos da Formação Continuada possibilitado aos professores através do projeto de pesquisa “Estratégias e ações multidisciplinares nas áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense: implicações na qualidade da educação básica - CAPES/ UNOESC”, que chamaram a atenção dos coordenadores e bolsistas em relatos como:

Dormi mal, o que vivenciei na sala de aula me deixou muito mal. O camarada (estudante) sente ofendido por aquilo que você nem disse; e diz tchau seu velho chato, sai da sala bate a porta e vai embora e o restante da turma fica rindo da tua cara. Me senti sem dignidade. A minha preocupação é que geração está se formando.

Na voz do professor há procura de estratégias de evitar o conflito, como uma maneira de conviver com seu medo e, não causar perda de sono, constrangimento e angustias. Percebemos que o professor trabalha com uma geração que não tem passado como referência. Somos sujeitos frutos da pós-modernidade que valorizam as inovações, o novo, a superficialidade e que vive uma cultura de valores fragmentada.

Através da pesquisa, observamos relatos dos medos vivenciados pelos professores, Depoimentos angustiantes que chamaram atenção e nos desafiaram para a pesquisa do porquê de tanta angústia, medo e insegurança.

Muitas vezes me sinto desorientada, pois os pais mandam os filhos para a escola para os professores educarem seus filhos e isso não é papel do professor, nosso papel é ensinar os conhecimentos neces- sários para que possam ser um ser humano bom na sociedade.

Muitas vezes fico aflita, por ver que nossos alunos não têm interesse algum nas aulas ministradas, e não é por falta de recursos, é preocupante, pois estou iniciando como professora e estou triste. A presente pesquisa apresenta em primeiro momento reflexão da cultura do medo em seu contexto histórico, e a segregação e dominação na sociedade moderna. Procura-se investigar, a partir da condição docente contemporânea, o medo que perpassa as práticas dos profissionais que atuam na escola pública trazendo o resultado da pesquisa, quais os medos manifestados pelos professores. Os dados empíricos aqui apresentados no relato dos professores que impul- sionaram a pesquisa com professores ligados as escolas participantes do projeto6.

Os objetivos traçados para essa pesquisa foram estudados com base nas obras de Bauman: “Medo-líquido” defendido por Bauman (2008, p.228) compreendido como a grande dinâmica da sociedade moderna, como o modo vivido atualmente.

2. O MEDO NA VOZ DOS PROFESSORES

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Procuramos investigar, a partir da condição docente contemporâneo, na voz dos educadores, o sentimento de medo que perpassa as práticas dos profissionais que atuam nas escolas públicas que participam do projeto: Estratégias e ações multidisciplinares nas áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense: implicações na qualidade da educação básica - CAPES/UNOESC. As informações foram coletadas através de questionário semiestruturado e sistematizadas com base nas seguintes categorias e dispostas por meio dos relatos e grá- ficos abaixo. Para esta pesquisa foram entrevistados professores das escolas participantes do projeto OBEDUC durante as Formações Continuadas no ano de 2014, entre maio e junho.8

Os dados foram associados em quatro dimensões: medos pessoais, medos associados à profissão, medos sociais e os medos associados à ação pedagógica. Os medos pessoais por se tratar de um sentimento, uma emoção, seus efeitos e reações diferencia-se pela singularidade de cada indivíduo, sua história, suas experiências e os contextos de cada professor. A abordagem do autor Delumenau (apud SANTOS; SOARES, 2013, p. 07) a dimensão emoção é:

[...] uma emoção básica, como um componente básico da experiência humana. Constata-se, por- tanto, que o medo é uma emoção básica, não só no sujeito, mas em diferentes formas de vida, apro- ximando-se de uma reação biológica comum. [...] enquanto nos seres humanos os medos são múlti- plos por serem fruto da sua imaginação e, portanto, passíveis de descrições históricas porque sofrem variações [...].

A emoção pessoal vivenciada pelos professores está presente no cotidiano e marcam as suas vidas. Já a dimen- são mais social do medo constitui-se em referência aos medos atribuídos aos diferentes contextos sociais:

O medo social é um medo construído socialmente, com o fim último de submeter pessoas e coletivi- dades inteiras e interesses próprios ou de grupos, e tem sua gênese na própria dinâmica da sociedade. Medo produzido e constituído em determinados contextos sociais e individuais, por determinados grupos ou pessoas, com vistas a atingir determinados grupos ou pessoas, com vistas a atingir determi- nados objetivos de subjugar, dominar e controlar o outro, e grupos através da intimidação e coerção. (BAIERL apud SANTOS e SOARES, 2013, p.06).

áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense: implicações na qualidade da educação básica - CAPES/UNOESC, cuja amostra é composta de escolas 12 escolas da mesorregião do oeste catarinense. Como a proposta se articula com a pesquisa em andamento “Indicadores de qualidade do ensino fundamental (EF) na mesorregião oeste de SC: estratégias e ações na rede pública municipal de ensino (2010-2014)”, optou-se pela manutenção dos 18 municípios da mesorregião, o critério do porte populacional e a localização garantindo a inclusão de, ao menos, 50% de municípios prioritários para receberem auxílio técnico e/ou financeiro do MEC. Quanto ao porte populacional: Grupo 1 - 50% de municípios com até 10.000 habitantes; Grupo 2 - 30% de municípios com mais de 10.000 e até 30.000 habitantes; Grupo 3 - 20% de municípios acima de 30.000 habitantes. Localização: considera-se a área de abrangência das 15 Secretarias de Estado de Desenvolvimento Regional – SDRs com representação de, ao menos, um município de cada SDR; Ainda a definição de 01 escola da rede municipal por município, observado o menor IDEB registrado em 2011 e a oferta, em 2012, dos Anos Iniciais e Finais do EF: uma representação dos 18 municípios e 18 escolas da mesorregião; A opção de recorte oficial deste projeto, para fins de prestação de contas na CAPES é do 4º ao 9º ano do ensino fundamental.

7 Informamos, que os dados coletados e disponibilizados neste texto resultam do projeto de pesquisa “Os medos dos professores”, coletados a partir do esforço de toda a equipe do Obeduc – Estratégias e ações multidisciplinares nas áreas de conhecimentos das ciências humanas, ciências da natureza e linguagens, na mesorregião do oeste catarinense: implicações na qualidade da educação básica, sendo portanto, de disponibilidade de tratamento e de publicação, dos membros que compõe a equipe deste projeto. Não ficando, portanto, os direitos autorais restrito aos atores deste texto.

8 O objetivo do projeto Estratégias e ações multidisciplinares.... é promover experiências capazes de ultrapassas as referências fragmentárias da educação básica. Para tal, o projeto, com duração de 4 anos, inicialmente, buscou capacitar teoricamente professores da Educação Básica para tal (realizados em duas etapas: uma em 2014 e outra em 2015), orientou o planejamento e acompanhou o desenvolvimento de estratégias e ações pedagógicas capazes de fazer frente a fragmentação dos saberes. Os dados foram coletados durante a segunda etapa de formação junto aos professores que compõe o quadro amostral do projeto Estratégias e ações multidisciplinares.... envolvendo professores de doze escolas.

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Historicamente, a cultura do medo tem sido utilizada como instrumento de dominação, opressão, coerção e manipulação constituindo em meio a uma dada conjuntura. Os medos profissionais, que não estão nem desvincula- dos dos pessoais e sociais, estão ligados diretamente às questões profissionais do professor, tais como carreira, direitos sociais/trabalhistas e condições de trabalho. Por outro lado, a partir da condição docente contemporânea, os medos relacionados à ação pedagógica constituem os medos que perpassam as práticas docentes dos profissionais que atuam na escola e dizem respeito aos medos manifestados pelos professores, o contexto do espaço da escola - sala de aula, vinculados diretamente às ações pedagógicas.

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As dimensões dos medos pessoais, de forma geral, aparecem com 41% e os medos pessoais mais intensos 40% dos professores pesquisados, são medos como não atender as expectativas dos alunos, desemprego, não ser valorizado profissionalmente, incertezas, o medo do novo, da aposentadoria, não ver mudanças na educação, assumir postura po- lítico partidária, perda de direito sociais, medo das drogas, de não conseguir dar boas aulas.

A dimensão dos medos pessoais aparece na pesquisa dos professores como sendo algo que gera medo; o medo do novo, do desconhecido, da novidade do que tem por vir, da postura a ser tomada. Tudo isso, faz os professores viver na insatisfação, na disputa e no consumo.

Para Bauman (2007, p. 7), esses são alguns valores da vida líquida-moderna. “Líquida-moderna” é uma socie- dade em que as condições sob as quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, entre hábitos e rotinas, da forma de agir. Na vida líquida, vive-se a incerteza constante e, como tudo se efetiva rapidamente, fica impossível utilizar-se da experiência do passado como aprendizagem. A sociedade líquida- -moderna não pode ficar parada, tornando cada vez mais a sociedade da novidade, do que do novo. Bauman (2008), nos faz refletir sobre viver no mundo de novidades a todo o instante. Há uma preocupação dos professores em não atender as expectativas dos alunos, serem descartados. O novo os assusta.

Na dimensão dos Medos profissionais aparecem na pesquisa de medos gerais com 26% e medos mais inten- sos 34% dos professores. Nesses medos englobam a agressão física, medo de não dar conta da situação financeira, não conseguir agregar tecnologia à educação, não superar a insatisfação pessoal, medo de se arriscar em busca de melhor posição profissional.

A pesquisa evidenciam medos gerados pela profissão, destacam medos diferenciados: o fato de que o profes- sor atua sozinho em um cenário incerto, às vezes violento, falta salário digno e reconhecimento de sua profissão; que o professor assume muitas vezes medos e como resultado de sua projeção, começa acreditar como sujeito fracassado, negligenciado de quem deveria fazer alguma coisa, este sentimento muitas vezes destrói o sujeito-professor.

Na dimensão dos medos sociais, aparecem medos de forma geral 21% e medos sociais mais intensos com 18% dos professores pesquisados, destacam entre eles viver angustiados, agressão moral, greve, falta de reconhecimento social, políticas educacionais, ter sempre os salários baixos.

O medo é uma prática promissora em sociedade onde as instituições sociais, políticas e econômicas fazem com que a humanidade venha se sentir desprovida de poder, isoladas, vulneráveis e condicionadas, constituindo a cul- tura do medo.

As dimensões dos medos associados à ação pedagógica aparecem na pesquisa 12% como medos de forma geral e 8% medos mais intensos dos professores, destacam como da agressão verbal, insegurança profissional, não haver mudanças na educação, relativismo, dogmatizarão dos valores, não dar boas aulas e não vencer o conteúdo.

Medos dos professores que aparecem na pesquisa associados à ação pedagógica refletem a fragilidade da sua pro- fissão, que gera medo e insegurança de não conseguir cumprir a sua função social como professor. Bauman, (2008, p. 15): No ambiente líquido moderno, contudo, a luta contra os medos tornou-se tarefa para a vida inteira, enquanto os perigos que os deflagram ainda que nenhum deles seja percebido como inadmissível – passaram a ser considerados companhias permanentes e inadmissíveis da vida humana. Nossa vida

está longe de ser livre do medo, e o ambiente líquido moderno em que tende a ser conduzida está lon- ge de ser livre de perigos e ameaçar. A vida inteira é agora uma longa luta, e provavelmente impossível de viver, contra o impacto potencialmente incapacitantes dos medos e contra os perigos, genuínos ou supostos, que nos tornam temerosos.

O sentimento de medo perpassa as ações pedagógicas dos profissionais que atuam na escola pública, não somente. É necessário compreender que a atuação isolada, individualizada, falta de salário digno, o não há reconheci- mento da função social do professor, as condições mínimas de trabalho, situações de estresses vivenciados no cotidiano escolar levam a depressão e geram ansiedades. Cenário no exercício da ação pedagógica que gera medo aos professores.

Porém, observamos nos relatos dos professores ações que desenvolvem no âmbito pedagógico, que superam, ultrapassam tais desafios evidenciados através dos medos como:

“As atividades pedagógicas desenvolvidas na escola com alunos, família e comunidade escolar. São momentos onde podemos compartilhar experiências, conquistas e até mesmo as dificuldades. Estes são momentos de partilha, são únicos onde sonhamos no coletivo”.

“O quanto é bom existir, fazer parte de sonho coletivo, de realizações, conquistas. Até mesmo nas dificuldades, no enfretamento dos problemas nos fortalecemos numa ação pedagógica educativa colaborativa”.

“É muito boa a sensação de trabalho em grupo, em equipe, da participação na tomada de decisões”.

Observamos com a pesquisa que os professores tem experienciado ações pedagógicas educativas colabo- rativas, com colegas professores no cotidiano da escola. A ação pedagógica colaborativa permite avanços e cada vez mais busca melhorar o fazer pedagógico do professor, construindo uma identidade de trabalho coletivo, parceria e companheirismo, onde os sucessos e as adversidades são compartilhados entre o grupo interdisciplinar.

No trabalho colaborativo na escola também há uma convivência interdisciplinar, na me medida em que há troca de saberes; um aprendendo com o outro. Tais relatos referem-se às experiências proporcionadas pelo projeto Es- tratégia e ações multidisciplinares... Sabemos que um precisa do outro e que os mesmos de fortalecem quando socializam, compartilham as experiências e as vivências.

Observamos que com as experiências colaborativas rompem-se as barreiras do medo dos professores por saírem do isolamento e começam a pensar coletivamente, dividem-se resultados, responsabilidades e cria-se entre os professores uma relação de cumplicidade. A pesquisa aponta os medos dos professores e também sinaliza que através das experiências colaborativas, da alteridade são espaços de superação destes medos.

As experiências colaborativas se dão no encontro com o outro pelo diálogo. Esse encontrar com o outro, cria possibilidade de crescer, aprender, compartilhar, sociabilidade e não viver apenas para si. Essa experiência dialógica possibilita entre os professores inseridos na cultura do medo a superação.

No documento Anais Completos (páginas 139-147)

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