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5. BASE DE DADOS – ESTUDO DE CASO: PORTO ALEGRE

5.2. Descrição do Cenário Base

5.2.1. O sistema de gerenciamento integrado de RSU de Porto Alegre

Conforme definido acima, o sistema de gerenciamento do município de Porto Alegre foi utilizado como base para a presente pesquisa. Pela atualidade e também pela

quan-tidade e qualidade dos dados e das informações disponíveis, o cenário base será a situação do gerenciamento de resíduos no ano de 2011. O modelo de gerenciamento integrado de RSU em Porto Alegre vem sendo implantado pelo DMLU desde o início da década de 1990.

Na definição de resíduos sólidos urbanos – RSU – deste trabalho, incluem-se to-dos os resíduos domiciliares ou residenciais coletato-dos pelos sistemas oficiais de coleta da Pre-feitura (domiciliares convencionais, domiciliares da coleta conteinerizada e domiciliares sele-tivos), acrescidos dos resíduos verdes de podas e dos resíduos comerciais. Incluem-se ainda os resíduos de saúde do Grupo D (resíduos comuns não perigosos) e os resíduos orgânicos desti-nados à suinocultura. Estão excluídos os resíduos públicos de varrição, os resíduos da cons-trução (RCC) e os resíduos especiais (lâmpadas, pilhas e baterias, pneus, entre outros).

Os sistemas de coleta de resíduos incluem a coleta domiciliar convencional, que é a coleta dos resíduos domiciliares no sistema porta-a-porta por caminhões coletores de carga traseira e utilização de uma equipe de três garis em cada equipamento. Desde o ano de 2010, também há a coleta conteinerizada dos resíduos domiciliares convencionais, que é feita em contêineres de 2,4 e 3,2 m³ de capacidade estacionados junto ao meio-fio, na área de estacio-namento ou sobre a calçada. Esse tipo de coleta é feita de forma automatizada, sendo que o veículo de coleta conta somente com um motorista, sem o emprego de garis.

A coleta seletiva, que atende a 100% dos bairros da cidade, é feita com caminhões de carroceria tipo “boiadeiro”, sem compactação, com utilização de quatro garis por equipe, que fazem a carga e a descarga manual dos resíduos. A coleta dos resíduos comerciais e dos outros tipos de resíduos é feita em veículos distintos, que podem ter ou não compactação.

Como unidades de pré-tratamento ou de tratamento há dezessete Unidades de Tri-agem de resíduos seletivos, que são operados de forma independente por diferentes associa-ções de catadores ou de triadores. Há ainda uma Unidade de Triagem e Compostagem que recebe os resíduos misturados e onde se faz a separação dos recicláveis e dos rejeitos em cata-ção manual em esteira, encaminhando a fracata-ção orgânica para um pátio de compostagem em leiras a céu aberto em área anexa ao local da triagem.

Não há presença de formas mais avançadas de tratamento em Porto Alegre, como compostagem acelerada, digestão anaeróbia ou incineração. Mesmo Porto Alegre sendo con-siderada uma referência brasileira em gerenciamento de resíduos urbanos, no atual cenário, 91,7% da massa de resíduos ainda são enviados ara aterro sanitário. Esse aterro sanitário é privado e fica a uma distância de 110 km de Porto Alegre, sendo um aterro que tem licença

ambiental de operação e queima central do biogás, além do tratamento dos lixiviados.

5.2.2. Quantidade de resíduos urbanos gerenciados

A quantidade de resíduos sólidos gerados em um município depende fundamen-talmente dos seguintes fatores: do número de habitantes; do poder aquisitivo da população; das condições climáticas; do nível cultural, hábitos e costumes da população; da cobertura dos serviços de coleta.Em Porto Alegre, desde 1992, é feito um controle efetivo dos quantitativos de resíduos sólidos que chegam às unidades de tratamento e disposição final controladas pelo DMLU. Assim os resíduos domiciliares, comerciais e públicos destinados à estação de trans-bordo, à unidade de triagem e compostagem e ao aterro sanitário têm suas massas controlados em balanças rodoviárias.

Já os resíduos seletivos não têm controle por pesagem de suas massas destinada às unidades de triagem de seletivos, pois as 18 unidades desse tipo existentes em Porto Alegre não estão dotados de balanças rodoviárias. Para estimativa dos resíduos seletivos coletados, foram utilizados os dados que as Unidades de Triagem enviam periodicamente ao DMLU, informando os totais de materiais recicláveis comercializados. Como os rejeitos das Unidades de Triagem são recolhidos pelo DMLU e destinados à estação de transbordo, e como lá são pesados, tem-se a massa real desses rejeitos (Tabela 5.1).

Tabela 5.1 – Quantitativos de resíduos seletivos em Porto Alegre, em 2011

Tipo de material ou resíduo Massa

t/d t/a Papel e papelão 38,5 12.057,0 Plásticos filme 16,3 5.114,8 Plásticos rígidos 14,3 4.484,2 Vidros 3,0 935,0 Metais ferrosos 1,6 487,0

Metais não ferrosos 0,7 216,0

Rejeitos 25,9 8.097,3

Total de seletivos 100,3 31.391,3

Fonte: DMLU (2012)

Na Tabela 5.2, apresentam-se os quantitativos de resíduos, classificados por tipo de resíduo ou por tipo de coleta, gerenciados pelo DMLU. Os dados são apresentados em to-neladas por dia (t/d), que é a forma usual de divulgação, e em toto-neladas por ano (t/a), que é a forma que eles são utilizados para modelagem no programa IWM-2.

Tabela 5.2 – Quantitativos de RSU em Porto Alegre, em 2011

Tipo de resíduo/coleta Massa

t/d t/a

Resíduo domiciliar coleta convencional 900,5 281.875,6 Resíduo domiciliar coleta conteinerizada 120,0 37.560,0 Resíduo domiciliar coleta seletiva 100,3 31.391,3

Resíduo comercial 121,0 37.873,0

Resíduo de serviços de saúde (Grupo D) 19,5 6.103,5 Resíduo de restos de madeira 7,0 2.191,0

Resíduo verde (podas) 30,7 9.609,1

Resíduo orgânico – suinocultura 11,0 3.443,0

Total de RSU 1.310 410.047

Fonte: DMLU (2012)

5.2.3. Caracterização e composição gravimétrica

Composição gravimétrica é o termo utilizado para descrever os componentes in-dividuais que formam uma determinada massa de resíduos, geralmente expressa em porcenta-gem de massa úmida. Informações sobre a composição dos resíduos sólidos são importantes para avaliar as necessidades de equipamentos, sistemas, planos e programas de gerenciamento (Tchobanoglous et al., 1993).

O conhecimento da composição dos resíduos também é fundamental para a defi-nição de alternativas de tratamento, como, por exemplo, a compostagem da fração orgânica putrescível ou o reaproveitamento dos recicláveis como plásticos, papel, vidros ou metais.

Na Figura 5.1.(a), é apresentado o resultado de composição gravimétrica dos RSU provenientes da coleta domiciliar regular de Porto Alegre para o ano de 2010, sendo que os valores mostrados são a média dos valores feitos em duas caracterizações, uma no inverno e outra no verão. Importante frisar que o estudo da composição foi realizado sobre uma amostra que representa os resíduos domiciliares regulares, ou seja, os coletados nos domicílios onde há separação na origem e coleta seletiva de resíduos recicláveis. Esses dados são utilizados tanto para coleta domiciliar convencional (sistema porta-a-porta) como para os resíduos da coleta domiciliar conteinerizada.

Para os resíduos da coleta domiciliar seletiva, não há estudos de composição gra-vimétrica recente. O último estudo disponível data de 2002 e considerou-se que os dados não são mais válidos (34,7% papel e papelão; 20,5% plásticos; 14,7% vidros; 6,7% metais; 23,4 rejeitos (Huergo, 2002)). Para esta pesquisa de Tese, a composição dos resíduos seletivos foi estimada da mesma forma que os quantitativos, ou seja, com base nas informações repassadas ao DMLU pelas Unidades de Triagem referentes à venda dos materiais recicláveis e pelos

dados de pesagem dos rejeitos recolhidos e destinados à estação de transbordo, conforme Ta-bela 5.1 e Figura 5.1.(b).

Figura 5.1 – Composição gravimétrica úmida dos resíduos de Porto Alegre, base 2011: (a)

resíduos da coleta domiciliar convencional e (b) resíduos da coleta seletiva

(Fonte: DMLU, 2012)

Não há dados disponíveis sobre a composição gravimétrica dos resíduos comerci-ais, sendo que neste trabalho considerou-se que esses resíduos têm a mesma composição dos resíduos seletivos. Já para os resíduos de serviços de saúde e madeiras, que constam na Tabela 5.2, considerou-se como sendo 100 % de rejeitos; os resíduos verdes e podas e da suinocultura foram considerados 100 % matéria orgânica para fins de composição gravimétrica.

Fazendo a composição gravimétrica proporcional para todos os tipos de resíduos (domiciliares regulares, seletivos e comerciais) e considerando somente as frações seletivos recicláveis secos, orgânicos compostáveis e rejeitos, tem-se o resultado da Figura 5.2.

Figura 5.2 – Composição gravimétrica úmida dos RSU de Porto Alegre, considerando as

fra-ções de recicláveis, orgânicos e rejeitos

Fonte: o Autor (2013) MO 57,3 % Papel 11,6 % Plástico 11,2 % Metais 1,4 % Vidro 2,6 % Rejeito 15,9 % Domiciliares  2010 Papel e  Papelão 38,4 % Plásticos 30,6 % Vidros 3,0 % Metais  Ferrosos 1,6 % Metais ñ  Ferrosos 0,7 % Rejeitos 25,8 % Seletivos  2011 Recicláveis  (secos) 32,6 % Orgânicos  (compostáveis) 48,6 % Rejeitos 18,8 %

(a) (b)

5.2.4. Fluxo de massa do Cenário BASE

Conforme definido acima, o sistema de gerenciamento do município de Porto Alegre foi utilizado como base para a presente pesquisa. Com as informações e com os dados acima, foi construído o fluxo de massa para o cenário atual, chamado de Cenário #1 BASE, conforme mostrado na Figura 4.2 (Capítulo 4).

Um resumo do fluxo de massa mostrado na Figura 4.2 está apresentado na Tabela 5.3 a seguir. Tem-se que a maior parte dos RSU é coletada de forma misturada (90,6%). A coleta desses resíduos misturados é também chamada, neste trabalho, de coleta de rejeitos (considera os resíduos misturados como “rejeitos” uma vez que não foram coletados de forma seletiva). A coleta seletiva de materiais recicláveis representa 7,7% do total. Nas colunas de tipos de tratamento, vê-se que apenas uma pequena massa é tratada, nas unidades de triagem e na compostagem.

Como resultado, tem-se que são desviados do aterro sanitário apenas 8,3% da massa de RSU coletada por ano em Porto Alegre, sendo, dessa, 7,1% revertidos em materiais reciclados (seletivos e composto orgânico) e 1,2% dos resíduos transformados em gás, na bio-degradação. São enviados ao aterro sanitário 91,7% dos resíduos coletados e gerenciados.

Tabela 5.3 – Fluxo de massa e de materiais para o Cenário #1 BASE

Cenário #1 BASE – Cenário Atual (POA, 2011)

Quantidade

Por tipo de coleta (%)

Por tipo de tratamento (t/d) Destinação final

(%)

Triagem Trat. biológico Trat. Térmico

Reciclage

m Direta

Seletiva de recicláveis Seletiva de orgânicos Rejeitos UT – Unidade de tria- gem UTC – Unid. triagem e com

p ostagem Digestão ana eróbia Com p ostagem

CDR – Combustível de- rivado de resíduos Incineração Ater

ro sanitário Reciclage m de materiais Biodegradação ou com -bustão t/a 0 31574 6971 371502 100,9 22,3 0,0 34,1 0,0 0,0 376013 29113 4921 % 0 7,7 1,7 90,6 – – – – – – 91,7 7,1 1,2

Obs.: Como um mesmo resíduo pode passar por sucessivas unidades de tratamento, não faz sentido a repre-sentação em porcentagem, pois a soma pode resultar em menos ou em mais de 100%, por isso consta o símbolo “ –” nestas células.