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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos

3.1.5. Triagem centralizada

A triagem é uma parte importante do ciclo de vida dos RSU. Resíduos sólidos quase sempre estão misturados, e os resíduos domiciliares estão entre os mais heterogêneos em termos de composição de materiais. A triagem na entrada representa o primeiro estágio de muitos processos de tratamento, como na compostagem ou na biogasificação (ou digestão anaeróbia), e em alguns casos a triagem na saída também pode ocorrer (como é o caso da se-paração de metais das cinzas em um processo de incineração).

De acordo com McDougall et al. (2001) os dois tipos de triagem em unidades cen-tralizadas mais utilizadas são a triagem manual e a triagem mecanizada.

A separação manual desde uma esteira de catação é a técnica mais simples e mais utilizada de triagem. A triagem manual em esteiras dos resíduos seletivos normalmente retira os resíduos recuperáveis e deixa os rejeitos remanescentes na esteira. A triagem dos resíduos domiciliares da coleta convencional, além de remover os resíduos recicláveis, deve também remover os rejeitos. Reis et al. (2002) descrevem um processo de triagem manual de RSU em esteira apontando as eficiências de remoção dos resíduos recicláveis e de rejeitos, ficando os resíduos compostáveis na esteira. Os autores relatam ainda uma produtividade média (para triagem com remoção dos recicláveis e dos rejeitos na esteira) da ordem de 60 kg/pes.h. Esta produtividade varia, entre outros fatores, em função do tipo e da quantidade de materiais re-movidos, sendo que em triagens em que somente os recicláveis são removidos verificam-se produtividades da ordem de 250 a 300 kg/pes.h para a triagem de resíduos misturados em Porto Alegre.

Manser e Keeling (1996) apud McDougall et al. (2001) apresentam produtivida-des de triagem específicas para alguns tipos de materiais seletivos (ver Tabela 3.5).

Tabela 3.5 – Produtividade por funcionário em triagem manual

Material Densidade aparente

(kg/m3)

Taxa de triagem por pessoa (kg/h) Embalagens PET 23 160 Papel 80 12 Papelão 90 100 PVC 25 240 Vidro 350 500 Plástico filme 20 20 Têxteis 60 180

Fonte: Manser e Keeling (1996) apud McDougall et al. (2001)

A abertura ou o rasgamento dos sacos, embora não seja uma tecnologia de tria-gem, é normalmente o primeiro passo no processo onde resíduos são enviados para unidades

de triagem. Esta etapa é necessária para que os sacos liberem seu conteúdo e permitam as eta-pas seguintes da triagem.

Na sequência apresentam-se as principais técnicas de triagem mecanizada utiliza-das para RSU em unidades centralizautiliza-das de triagem, baseado em uma descrição de McDou-gall et al. (2001).

Peneiramento

Peneiramento é o processo de separação por tamanho de partículas. O método mais comum de peneiramento no processamento de RSU é a peneira rotativa, que é um cilin-dro inclinado com orifícios em sua parede e é montado sobre mancais rotativos. As velocida-des de rotação são baixas (10 a 15 rpm). O material dentro do cilindro gira até cair pelos orifí-cios. Os rejeitos não passam pelos orifícios e saem numa das extremidades da peneira, en-quanto os materiais extraídos passam pelos orifícios. Este tipo de equipamento é muito resis-tente ao entupimento, que ocorre mais facilmente em peneiras horizontais ou inclinadas.

Sopradores

Este processo é utilizado para separar as frações leves (plásticos, papel e latas de alumínio) da fração pesada. Os materiais leves são assoprados em fluxo ascendente de ar en-quanto que os materiais pesados permanecem e caem em um container separador. Os materi-ais leves devem posteriormente ser separados do fluxo de ar, o que é feito pela passagem por um ciclone ou por simples caixa ou saco, onde os resíduos são retidos e o ar enviado pra um filtro e liberado. Em uma variação desta técnica, chamada de “facas de ar”, o ar é soprado horizontalmente através de um fluxo vertical descente dos resíduos. Os materiais leves são carreados pelo fluxo de ar enquanto os pesados caem verticalmente. Este processo permite a separação dos materiais em materiais leves, médios e pesados, de acordo com distância que são levados pelo fluxo de ar.

Separação por decantação/flutuação

A água pode ser utilizada para remover a fração pesada de uma fração leve uma vez que a fração pesada afunda (decanta) e os materiais leves flutuam. A separação parcial de plásticos pode ser feita por decantação/flutuação, pois o PEAD e o PP flutuam na água e o PET e o PVC afundam.

Flotação

Flotação é o processo que resulta em uma seleção de finas partículas aderidas a bolhas de ar que flotam na superfície na forma de uma escuma. A aplicação mais comum é a remoção de vidro, de materiais cerâmicos e outros contaminantes. A aeração faz com as partí-culas de vidro flotem à superfície enquanto que os contaminantes (que não são vidro) afun-dam e são descartados.

Separação magnética

O uso da força magnética para separação de materiais ferrosos dos resíduos sóli-dos é um sóli-dos processos mais simples e mais desenvolvisóli-dos na recuperação de materiais. Para maior eficiência da separação magnética é recomendado que os resíduos passam por pré-processamento (peneiramento e trituração).

Separação eletromagnética

A separação eletromagnética faz uso do princípio da corrente de Foucault, que é a indução eletromagnética para a separação de metais não-ferrosos condutivos. Esta técnica permite a remoção tanto dos ferrosos como do alumínio.

Separação eletrostática

Partículas carregadas sob a influência de forças eletromagnéticas obedecem a lei da atração e repulsão similarmente àquelas permanentemente magnetizadas. Separadores ele-trostáticos usam um campo elétrico gerado por eletrodos acima do fluxo dos resíduos enquan-to estes fluem sobre um tambor metálico aterrado. Os não conduenquan-tores (vidro e orgânicos) fi-cam carregados estatifi-camente e são atraídos e permanecem presos ao tambor, já os condutores (metais) perdem a carga rapidamente e são repelidos do tambor e portanto separados dos de-mais materiais.

Sistemas de detecção e direcionamento

Sistemas de detecção e direcionamento identificam e separam um determinado material do fluxo total por duas operações. Este processo depende de um conjunto de sensores (espectrofotometria de luz visível, ultravioleta, infravermelho e raios-X) agindo sobre objetos individualmente. Para isso os objetos devem passar por cada sensor separadamente, o que é conseguido pela configuração do sistema de transporte de resíduos pela esteira. Uma vez identificado cada material, sopradores de ar (“facas de ar”) sopram cada objeto para o

contai-ner apropriado. Tanto os vidros quanto os plásticos coloridos podem ser separados usando espectrofotometria de luz visível, enquanto que plásticos transparentes (polímeros não-pigmentados como PET e PEAD translúcido) podem ser separados usando sensores infraver-melhos. Plásticos opacos necessitam ser separados usando sensores de raios-X, mais caros que as demais tecnologias. Configurações adequadas de luz visível, ultravioleta e infraverme-lho de ondas curtas podem ser eficientes na separação da maioria dos materiais plásticos.