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6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.4. AICV – Avaliação de impacto do ciclo de vida

6.4.1. Indicadores ambientais

Nessa pesquisa, oito indicadores ambientais foram utilizados para a avaliação da sustentabilidade ambiental: mudanças climáticas (MuCl), toxicidade humana (ToHu),

forma-ção de foto-oxidantes (FoFO), acidificaforma-ção (Acid, eutrofizaforma-ção (Eutr), uso de energia (Uso-En), disposição de recicláveis secos em aterro sanitário (DRecAS) e disposição de recicláveis orgânicos em aterro sanitário (DOrgAS).

Foram utilizadas as equações apresentadas no Apêndice D para o cálculo dos in-dicadores ambientais. Os primeiros cinco inin-dicadores listados acima (MuCl, ToHu, FoFO, Acid e Eutr) foram calculados através das equações supracitadas utilizando os fatores de ca-racterização da Tabela 4.2 para cada substância que contribui para o indicador em questão. O valor para o indicador UsoEn, já caracterizado, corresponde ao valor constante da Tabela 6.12. Os valores calculados são apresentados na unidade kg eq/a (quilograma equivalente da substância padrão por ano), com exceção do “uso de energia”, que é em GJ/a.

A normalização dos seis indicadores citados no parágrafo acima foi realizada uti-lizando os fatores de normalização em nível mundial, para o ano de 1995, apresentados na Tabela 4.3, como recomendado por Guinée et al. (2001); resultando em um valor Equivalente Populacional – EP –, ou seja, o número de habitantes ao qual equivale o impacto ambiental considerado. Os valores são ainda apresentados como uma porcentagem do impacto ambiental causado em relação à população de Porto Alegre, dividindo o valor do Equivalente Populaci-onal pela população total do município. Nas Tabelas 6.14 e 6.15, apresentam-se os valores dos indicadores ambientais calculados conforme acima.

Tabela 6.14 – Resultados do cálculo dos indicadores ambientais MuCl, ToHu e FoFO

Cenário

Indicador

MuCl ToHu FoFO

Calculado Pop. Eq. Norm Calculado Pop. Eq. Norm Calculado Pop. Eq. Norm (kg CO2 eq/a) (EP hab) (% pop

POA)

(kg C6H4Cl2

eq/a) (EP hab)

(% pop

POA) (kg C2H4 eq/a) (EP hab) (% pop POA) #1 BASE 2,644E+08 38.709 2,74 -2,160E+07 -2.454 -0,17 5,063E+04 6.297 0,45 #2 PGTA 2,020E+08 29.571 2,09 -5,899E+07 -6.703 -0,47 2,673E+04 3.325 0,24 #3 PDT 2,272E+08 33.272 2,35 -4,456E+07 -5.064 -0,36 4,371E+04 5.437 0,38 #4 OGTA 6,084E+07 8.908 0,63 -1,420E+08 -16.135 -1,14 -8,362E+03 -1.040 -0,07 #5 ODT 1,957E+07 2.866 0,20 -6,721E+07 -7.638 -0,54 2,692E+03 335 0,02 #6 DASI 1,807E+07 2.646 0,19 -1,952E+08 -22.176 -1,57 2,194E+03 273 0,02 #7 QM 2,960E+08 43.345 3,07 -5,160E+07 -5.863 -0,41 -5,292E+03 -658 -0,05 #8 GICI 2,056E+08 30.103 2,13 -6,499E+07 -7.385 -0,52 -5,552E+03 -691 -0,05

Tabela 6.15 – Resultados do cálculo dos indicadores ambientais Acid, Eutr e UsoEn

Cenário

Indicador

Acid Eutr UsoEn

Calculado Pop. Eq. Norm Calculado Pop. Eq. Norm Calculado Pop. Eq. Norm (kg SO2 eq/a) (EP hab) (% pop POA) (kg PO4 eq/a) (EP hab) (% pop POA) (GJ/a) (EP hab) (% pop POA)

#1 BASE 9,452E+04 1.787 0,13 1,909E+04 837 0,06 -1,445E+05 -2.006 -0,14 #2 PGTA -3,389E+04 -641 -0,05 -4,307E+03 -189 -0,01 -1,039E+06 -14.433 -1,02 #3 PDT 5,053E+04 955 0,07 1,033E+04 453 0,03 -5,716E+05 -7.939 -0,56 #4 OGTA -1,956E+05 -3.698 -0,26 -3,574E+04 -1.567 -0,11 -1,808E+06 -25.113 -1,78 #5 ODT -1,658E+05 -3.134 -0,22 -3,306E+04 -1.450 -0,10 -1,792E+06 -24.890 -1,76 #6 DASI -1,737E+05 -3.283 -0,23 -3,210E+04 -1.408 -0,10 -1,609E+06 -22.344 -1,58 #7 QM -9,247E+04 -1.748 -0,12 -2,229E+04 -978 -0,07 -1,608E+06 -22.335 -1,58 #8 GICI -1,070E+05 -2.022 -0,14 -2,721E+04 -1.194 -0,08 -1,661E+06 -23.071 -1,63

Os indicadores da Tabela 6.16 referem-se à quantidade de resíduos ainda potenci-almente recicláveis dispostos em aterro sanitário. O indicador DRecAS mostra o porcentual dos resíduos recicláveis (secos) que ainda poderia ser reciclado e que vai para disposição em aterro sanitário; e DOrgAS indica a porcentagem de resíduos orgânicos ainda recicláveis dis-postos em aterro sanitário. Para a tabela abaixo, foram consideradas as quantidades efetiva-mente recuperadas como materiais recicláveis e como composto em cada Cenário (conforme Tabela 6.5) e considerando o potencial de resíduos recicláveis secos de 32,6 % e de resíduos orgânicos que podem ser reaproveitados de 48,6 % da massa total de RSU gerenciados (con-forme Tabela 5.2).

Tabela 6.16 – Resultados do cálculo dos indicadores ambientais DRecAS e DOrgAS

Cenário

Indicador

DRecAS DOrgAS

Calculado Pop. Eq. Norm Calculado Pop. Eq. Norm (%) (EP hab) (% pop POA) (%) (EP hab) (% pop POA)

#1 BASE 81,9 1.157.629 81,9 97,5 1.343.319 97,5 #2 PGTA 54,9 775.789 54,9 61,0 861.987 61,0 #3 PDT 74,3 1.049.384 74,3 84,4 1.192.134 84,4 #4 OGTA 13,5 190.768 13,5 15,0 211.964 15,0 #5 ODT 24,5 343.382 24,5 27,0 381.535 27,0 #6 DASI 30,1 425.880 30,1 20,2 285.053 20,2 #7 QM 0 0 0 0 0 0 #8 GICI 0 0 0 0 0 0

apresentam-se os mesmos nas Figuras 6.12 e 6.13. O valor de cada indicador está normalizado em termos de equivalente populacional porcentual do impacto ambiental em termos de por-centagem da população de Porto Alegre. Assim, um resultado de 3,07 % pop. POA para mu-danças climáticas (MuCl) do Cenário #7 QM, por exemplo, significa que a emissão de gases de efeito estufa pelo sistema de gerenciamento proposto neste Cenário equivale à emissão anual total de 3,07 % da população de Porto Alegre (43.345 hab.).

Figura 6.12 – Indicadores ambientais normalizados – impactos ambientais e uso de energia

Na Figura 6.12, apresentam-se seis indicadores ambientais normalizados. Valores positivos indicam que há uma carga ou um dano ambiental, ou seja, há um impacto devido à emissão das substâncias. Valores negativos indicam um “impacto negativo”, ou seja, significa que há um benefício ambiental (em função da reciclagem de materiais e energia).

Na Figura 6.13, são mostrados os valores comparativos para disposição em aterro sanitário de resíduos ainda com potencial de reciclabilidade. DRecAS mostra a quantidade de resíduos recicláveis secos que são dispostos em aterro em cada Cenário, e DOrgAS os resí-duos orgânicos que vão para aterro, mas que poderiam ser reciclados.

Analisando os indicadores ambientais verifica-se que dos seis indicadores de im-pactos ambientais apenas “mudanças climáticas” representa dano ambiental em todos os Ce-nários. É esse indicador que apresenta também o maior dano, chegando até 3% de todas as emissões de Porto Alegre. Os Cenários que mais contribuem com “mudanças climáticas” são

‐2,0 ‐1,5 ‐1,0 ‐0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5

MuCl ToHu FoFO Acid Eutr UsoEn

Valor  normalizado  (%  da  populção  de   POA) Indicador ambiental

os cenários #7 QM, #1 BASE, #3 PDT, #8 GICI e #2 PGTA, nessa ordem. Há benefícios am-bientais (valores negativos) para os indicadores “toxicidade humana” e “uso de energia” para todos os Cenários avaliados. O melhor desempenho para “toxicidade humana” foi nos Cená-rios #6 DASI e #4 OGTA, sendo o pior desempenho o do #1 BASE (embora ainda represente um benefício ambiental em termos de toxicidade humana). Todos os Cenários resultaram em ganho de energia (benefício), com os melhores desempenhos dos Cenários #4 OGTA e #5 ODT, seguidos logo após pelos #6 DASI, #7 QM e #8 GICI.

O indicador “formação de foto-oxidantes” representou um beneficio ambiental nos Cenários #4 OGTA, #7 QM e #8 GICI e um dano ambiental para os demais Cenários, com os Cenários #1 BASE e #3 PDT apresentando os piores desempenhos nesse indicador.

Os indicadores “acidificação” e “eutrofização” tiverem valores menores compa-rados com os demais. Nos dois indicadores, nos Cenários #1 BASE e #3 PDT, houve impacto ou dano ambiental, e nos demais Cenários ocorreu benefício ambiental.

Figura 6.13 – Indicadores ambientais normalizados – disposição de recicláveis em aterro

Avaliando os indicadores de “disposição de resíduos recicláveis em aterro sanitá-rio”, os piores desempenhos foram dos Cenários #1 BASE, #3 PDT e #2 PGTA, nessa ordem, com valores disposição de recicláveis potencialmente recicláveis em aterro que vão de 55 a quase 98 %. Numa faixa intermediária, de 13 a 30 % de recicláveis que ainda vão para aterro,

0 20 40 60 80 100 DRecAS DOrgAS Valor  normalizado  (%  da  populção  de   POA) Indicador ambiental

situam-se os Cenários #4 OGTA, #3 ODT e #6 DASI. Os indicadores estão zerados para os Cenários #7 QM e #8 GICI, pois em ambos todos os resíduos e rejeitos são encaminhados para incineração, sendo que somente cinzas são dispostos em aterro sanitário; não havendo, portanto, disposição em aterro nem de recicláveis secos nem de recicláveis orgânicos.

Considerando as metas de redução de disposição de recicláveis em aterro sanitário estabelecidas pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Brasil, 2012) – embora ainda não publicado oficialmente, já está disponível uma versão final do Plano na página do Ministério do Meio Ambiente –, que é de redução de 60 % até 2031 para resíduos recicláveis secos e resíduos orgânicos, tem-se que somente os Cenários #2 PGTA e #3 PDT não atendem estas metas, sendo que os demais cenários atendem com folga estes metas estabelecidas.