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2. EDIÇÕES SEMIDIPLOMÁTICAS

2.2. N ORMAS DE T RANSCRIÇÃO

2.2.4. Desenvolvimento de abreviaturas

 As abreviaturas serão sempre desenvolvidas na transcrição.

 As letras/sílabas abreviadas serão assinaladas no corpo do texto da edição em tipo itálico.  Quando existe variação gráfica em palavras abreviadas, as abreviaturas serão desenvolvidas

segundo a forma plena mais frequente no texto, mas as particularidades deste critério de desenvolvimento serão explicitadas nas normas de transcrição de cada testemunho. Quando determinada palavra nunca ocorre com uma grafia plena no ms. em causa, a sua abreviatura será desenvolvida por analogia com outros casos ou segundo a grafia actual;

2.2.4.1. Ms. E

 Além da abreviatura de que (a mais frequente), existem apenas outras duas palavras abreviadas neste manuscrito:

o <sor> – senhor (com <or> como letras sobrescritas e unidas entre si); o <d> – de.

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2.2.4.2. Ms. P

<pa> – para, não havendo nenhuma forma plena, será desenvolvida segundo a grafia actual, o que está de acordo com a tendência da grafia deste manuscrito;

Palavras com a vogal nasal [ẽ] abreviada, nomeadamente em terminações como [ẽto(s)], [ẽte]:

o

Terminação [ẽto]: <enfadamto> – enfadamento, por analogia com a única forma plena da palavra, e <merecimto(s)> – merecimento(s), por analogia com <enfadamento>;

o

Terminação [ẽte]: <mte> – mente, por analogia com uma ocorrência plena de <mentes> e os advérbios de modo com a mesma terminação. Os restantes casos desenvolvem-se por analogia com o caso de <mente>: <fielmte> – fielmente, <novamete> – novamente, <escondidamte> – escondidamente, <fortemte> – fortemente, <gravemte> – gravemente, <devotamte> – devotamente.

Palavras com a vogal nasal [ã] abreviada:

o Palavras com [ã] abreviado: <sto/a(s)> – santo/a(s) por analogia com 190 ocorrências da grafia plena de <santo(s)> e <santa(s)>;

o Terminação [ãdo] (gerúndio dos verbos da 1ª conjugação): todos os exemplos abreviados serão desenvolvidos com a grafia <an> (exs. <qdo> – quando, <qto> – quanto, <emqto> – emquanto, <porqto> – porquanto) por analogia com uma forma plena de <quando>, cinco de <quanto> e pelo predomínio desta grafia nas formas gerundivas de verbos da primeira conjugação.

<Ds> – Deos, de acordo com as 88 ocorrências da grafia plena da palavra;

<Va> – Villa, devido às únicas duas atestações com grafia plena (<Villa> e <Villas>);

2.2.4.3. Ms. G2

 As seguintes palavras nunca ocorrem no ms. com uma grafia plena e as suas abreviaturas serão desenvolvidas segundo a grafia actual (para a qual este manuscrito tende):

o

<Ds> – Deus;

o

<pa> – para;

Palavras com a vogal nasal [ẽ] abreviada, nomeadamente em terminações como [ẽdo] (gerúndio de verbos da 2º conjugação), [ẽto], [ẽte] e [ẽsia]:

o Terminação gerundiva [ẽdo]: os três casos abreviados serão desenvolvidos por analogia com as únicas ocorrências da grafia plena das palavras - <vivdo> – vivendo, <dizdo> – dizendo e <querdo> – querendo -, o que também está de acordo com mais 36 ocorrências de formas plenas de outros verbos com esta terminação (exs. <sendo>, <tendo>, <iazendo>, <vendo>, <parecendo>, <avendo>, <metendo>, <entendendo>, <vivendo>, <crecendo>, <poendo> e <acontecendo>);

<Rozdo>/<Rezdo> – Rozendo/Rezendo, por analogia com os casos acima mencionados e com a única forma plena deste nome próprio.

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o

Terminação [ẽto]: apenas um dos casos abreviados tem uma grafia plena neste testemunho – <Bto> – Bento. Como esta é, na verdade, a única forma com grafia plena da terminação, todas as outras serão desenvolvidas por analogia com ela: <entendimto> – entendimento, <conhecimto> – conhecimento, <nacimto> – nacimento, <sacramto> – sacramento, <prometimtos> – prometimentos, <propoimto> – propoimento, <mantimto> – mantimento, <enfadamto> – enfadamento, <mandamtos> – mandamentos, <merecimtos> – merecimentos, <moimto> – moimento, <juramto> – juramento, <ornamtos> – ornamentos, <tangimto> – tangimento, <elemtos>- elementos.

o Terminação [ẽte]: apenas dois casos com a vogal nasal abreviada têm grafias plenas no manuscrito – <mte> – mente, <preztes> – prezentes (neste caso por analogia com <prezentavão> e <prezentou>). A estas acrescenta-se a da palavra <vivente>. Todas as restantes abreviaturas serão desenvolvidas por analogia com estes casos: <gte> – gente, <semtes> – sementes, <fielmte> – fielmente, <maravilhosamte> – maravilhosamente, <novamte> – novamente, <escondidamte> – escondidamente, <solamte> – solamente, <gravemte> – gravemente, <partes> – parentes, <fortemte> – fortemente, <brandamte> – brandamente, <fervte> – fervente, <mormte> – mormente, <devotamte> – devotamente, <Victe> - Vicente, <Primeiramte> - Primeiramente.

o Terminação [ẽsia]: apenas uma das palavras abreviadas tem uma forma gráfica plena - <obedia> – obediencia. Por analogia com este único caso, desenvolvem-se as restantes: <deliga> – deligencia, <revera> – reverencia.

Palavras com a vogal nasal [ɐ̃] abreviada, nomeadamente na terminação [ɐ̃do] (gerúndio de verbos da 1º conjugação):

o Palavras com [ɐ̃] abreviado: só existem três grafias plenas - <demdar>- demandar; <grde(s)> – grande(s) e <mdar> – mandar. As restantes abreviaturas serão desenvolvidas com <an> por analogia com esses três exemplos: <qto> – quanto; <emqto> - emquanto; <porqto> - porquanto; <qdo> – quando; <sto(s)> - santo(s) <sta(s)> - santa(s); <seme> – semelhante; <espera> – esperança; <obste> – obstante e <infte> – infante.

o Terminação gerundiva [ɐ̃do]: neste manuscrito existem 33 formas verbais com esta terminação que ocorrem com grafias plenas (exs. <arredando>, <prezentando>, <encomendando>, <mostrando>, <cuidando>, <tardando>, <falando>, <confiando>, <mostrando>, <maravilhando>, <bradando>, <dando>, <acabando>, <preguntando>, <cantando>, <ameasando>, <arrastando>, <confiando>, <parando>, <entregando>, <sofreando>, <alçando>, <alumiando>, <louvando> e <baixando>). Por analogia com esses 33 casos, as 14 formas verbais abreviadas deste testemunho serão desenvolvidas com <an>: <estdo> – estando; <conciderdo> – conciderando; <pensdo> – pensando; <torndo> – tornando; <tomdo> – tomando; <rogdo> – rogando; <chegdo> – chegando e <folgdo> – folgando, <atormentdo> – atormentando; <suspirdo> – suspirando; <chordo> – chorando; <deixdo> – deixando; <curdo> – curando; <rezdo> – rezando; <entrdo> – entrando; <olhdo> – olhando; <cazdo> – cazando e <ficdo> ficando.

Palavras com a vogal nasal [õ] abreviada:

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o

<Affso> – Affonso e <Glo> – Gonçalo - apesar de não ocorrerem as respectivas formas plenas, estes nomes serão desenvolvidos com <on> por analogia com a grafia plena maioritária da vogal nasal [õ] em meio de palavra. Assim, embora a grafia <om> domine neste manuscrito (pelo menos 239 casos, face a 171 casos de <on> e apenas cinco de <õ>), na maior parte desses casos a vogal nasal é final, à excepção apenas de 12 atestações de palavras em que a grafia <om> é utilizada em meio de palavra. Visto que esses são 12 exemplos de [õ] antecedido por <b> ou <p>, tal como é regra na grafia actual (exs. <companhas>, <lombos>, <comparar>, <comprir> e <pomba>), e visto que todos os restantes casos de [õ] em meio de palavra são representados graficamente por <on> (cerca de 125 exs.: <contar>, <confirmar>, <conciderar>, <concelho>, <honra>, <confessar>, <acontecer>, <contra>, <responder>, <confortar>, <monjes>, <monges>, <contendas>, <convem>, <contrario>, <fonte>, <avondar>, <onde>, <aonde>, <pondo>, <continha>, e palavras derivadas destas), então os dois casos de [õ] abreviado em meio de palavra serão desenvolvidos também com a grafia <on>.

Estas opções de transcrição são suportadas pelas ocorrências de grafias plenas acima enumeradas para cada um dos casos, mas também estão de acordo com o facto da grafia deste manuscrito ter tendência para se aproximar da actual;

Palavras com a vogal nasal [ĩ] abreviada de alguma forma, nomeadamente em terminações como [ĩo]/[iηo], [ĩa]/[iηa] ou apenas em casos de abreviação da vogal nasal [ĩ] simples:

o

Terminações [ĩo] ou [iηo]: as palavras abreviadas <camo> – caminho e <Marto> – Martinho (que nunca ocorrem em forma plena neste manuscrito) serão desenvolvidas com a grafia <inho>, por analogia com outras palavras com o mesmo segmento fonológico (exs. <vinho> e <vezinhos>). Exclui-se, assim, a possibilidade da representação de formas mais antigas, com hiato e ainda não palatalizadas ([camĩho], [Martĩo]).

o

Terminações [ĩa] ou [iηa]: por analogia com a única forma plena deste texto manuscrito desenvolver-se-á <ma> da seguinte forma – minha. Além disso, e visto que nunca ocorrem em forma plena, por analogia com <minha> e com muitas outras palavras deste manuscrito (exs. <tinha>, <linhagem>, <vinha>, etc.) a abreviatura de <fara> também será desenvolvida com <nh>: farinha. Exclui-se, assim, a possibilidade da representação de formas mais antigas, com hiato e ainda não palatalizadas ([mĩha], [farĩa]).

o Palavras com a vogal nasal [ĩ] abreviada: <domgos>/<domos> e <Pre>, que não apresentam nenhuma atestação da sua forma plena neste manuscrito, serão desenvolvidas para domingos/domingos e Principe por analogia com a maior parte das palavras que apresentam vogal nasal [ĩ] e que neste manuscrito já parecem ocorrer de acordo com a grafia actual - isto é, nunca <ĩ>, <in> em palavras com [ĩ] antes da maioria das consoantes (exs. <infingido>, <inteiro>, <injuria>, <infante>, <ainda>, <vingança>, <dormindo> (e outros gerúndios), <lingua>, <cinto>, etc.) e <im> em palavras terminadas nesta vogal nasal ou seguidas de <p> ou <b> (exs. <assim>, <mim>, <fim>, <impetuoso>, <imperio>, <taimbo>, etc.).

Já no caso de <segte>, além da abreviação da vogal nasal [ĩ] está também em causa a utilização de <u> na grafia da palavra. Dado que a sua forma plena não ocorre, esta

135 abreviatura será desenvolvida de acordo com a grafia actual – seguinte – e por analogia com a grafia com que se representa o som [gi] noutras palavras, isto é, com <gui> (exs. <guiza>, <Guimarães>, <Aguiar> e <seguir>).

Palavras com o ditongo [ej] abreviado serão desenvolvidas com a grafia <ei>: o <covilhra> – covilheira, de acordo com a única forma plena da palavra;

o <provto> – proveito, de acordo com uma forma plena de um adjectivo derivado desta palavra (<proveitoza>).

o Os restantes casos em que o ditongo está abreviado serão desenvolvidos com a grafia <ei> não só por analogia com as duas formas acima, mas também com a única grafia plena de <feito>: <verdadra>/<verdadros> – verdadeira/verdadeiros (e da mesma forma será desenvolvida uma única abreviatura ainda mais contraída: <verdra> - verdadeira (p.335)); <Mostro> – Mosteiro; <companhras>/<companhro> – companheiras/compaheiro; <Rno> – Reino; <intra> – inteira; <dinhro(s)> – dinheiro(s); <cavalro(s)> – cavaleiro(s).

 <Sa> – Sousa, por analogia com outras palavras com a terminação [za]. Assim sendo, além de a maior parte das palavras com esta terminação estarem escritas com <sa> (33 dos 41 casos), a palavra fonologicamente mais semelhante a este caso também tem <sa> como grafia plena maioritária: <cousa(s)> (23 ocor.) face a <coza(s)> (quatro ocor.).

<mer> – molher e molheres, porque só existem quatro formas com grafia plena destas palavras, três delas escritas com a vogal <o> – <molher> e <molheres>.

<aqla(s)>/<aqle(s)> – aquella(s) e aquelle(s), porque a maioria das formas plenas tem o dígrado <ll>.

<daquelle(s)> e <daquella(s)> - nunca ocorrem com grafia plena neste manuscrito, mas as suas abreviaturas serão desenvolvidas com o dígrafo <ll>, por analogia com <aquelle/a(s)>.

<contros> – contrarios, por analogia com uma única forma plena do singular contrario.

<nras> – necessarias. Embora não exista nenhuma forma plena da palavra, e embora a maioria dos casos de abreviação por letras sobrepostas neste ms. seja feita por síncope simples (isto é, por um sistema de abreviação em que só se suprime o centro da palavra)121, optar-se-á por necessarias porque este tipo de abreviaturas nem sempre apresenta as letras necessariamente pela ordem exacta com que terminam as palavras (isto é, podem corresponder a um conjunto composto por uma letra do meio da palavra e outras do final), e porque é a opção que concorda com a época em que o manuscrito foi copiado e com a grafia

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plena contrario. Desenvolver a abreviatura para necessairas não seria uma decisão suficientemente fundamentada e até contraditória face à atestação de contrario.

<espto> – espirito, porque, não havendo nenhuma forma plena da palavra, será desenvolvida por analogia com a abreviatura do adjectivo dele derivado - espiritual.

<fto> – feito, pela única grafia plena da palavra, <feitos>;

<ans> – annos, pela grafia plena maioritária da palavra, <annos>;

<casto> – castelo, e <casta> – castela, porque, não ocorrendo nenhuma forma plena das palavras, as abreviaturas serão desenvolvidas de acordo com a grafia actual (estando também de acordo com a tendência da grafia deste manuscrito);

<Braga> (com o último <a> sobrescrito) - Bragança, de acordo com a grafia actual porque não existe nenhuma forma plena do topónimo neste manuscrito.