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2. Descrição Material

1.2. T ESTEMUNHO E A Códice

1. Identificação, Referências e Conteúdo

1.1 Identificação

Título: Memorias Resucitadas da antigua Guimarães Autor e copista: Torcato Peixoto de Azevedo

Localização: Évora, Biblioteca Pública de Évora (BPE), CIII / 1-22; Data de redacção: 1656-1692 (14 de fevereiro)

Data de cópia: 1692-1705

Referência BITAGAP: manid 5602.

O título deste códice surge nos fólios iniciais [i], [ii] e [iii]47, que incluem os textos preliminares anexados ao início da obra: Prefacção48, Ao leitor e Protestação. Contudo, só é verdadeiramente apresentado como título no topo e centro da coluna de texto do fólio 1r, a partir do qual o texto da obra se inicia. Constatam-se vestígios deste título escrito a tinta na lombada da encadernação deste volume, embora esteja muitíssimo deteriorado.

Quanto à autoria e datação do códice, sabe-se apenas o que a combinação de elementos codicológicos com algumas informações de teor textual ou histórico permite ponderar. Por exemplo, no f.[iii]r encontra-se uma dedicatória que termina com o local e data em que o livro foi produzido e ainda com uma assinatura do autor (da mão responsável pela escrita do códice):

Guimarães 14 de feuereiro de 1692. Capellão de Vossa Merce

Torcato Peixoto de Azeuedo

No f.[iii]v encontra-se novamente a assinatura do autor, mas com algumas variações nos elementos decorativos a ela associados. Estas duas assinaturas indicam que estamos perante um códice autógrafo. Menos significativa é a datação do códice e o facto de os textos preliminares estarem escritos na primeira pessoa, visto que estes elementos podem ser copiados (como se comprova na sua exacta reprodução nos códices P e G2, cronologicamente impossíveis de atribuir ao autor da obra).

Para a datação, além das informações da dedicatória (que não explicitam se a data referida é de início ou de final da produção do livro), vem em auxílio o trabalho de análise textual

47 Por razões operatórias numeram-se com [i], [ii], [iii] e [iv] os quatro fólios iniciais não numerados. 48 Leia-se a justificação para a escolha deste título adiante (v. nota 50, p. 47).

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e histórica das versões das MRAG, dado a lume em 1981 por Maria Fernanda Constante de Brito, segundo o qual o ano de 1692 corresponderia à data em que Torcato de Azevedo teria terminado a redacção da obra, tendo levado cerca de 36 anos a completá-la. Como argumentos a favor desta proposta a autora apresenta as «últimas entradas cronológicas», localizando alguns dos exemplos textuais que sustentam 14 de fevereiro de 1692 como data de finalização da obra, pois de outro modo seriam anacronismos inexplicáveis (Brito 1981:439-440). Como argumentos a favor de a obra ter levado, pelo menos, 36 anos a redigir, entre o último ano de governo de D. João IV e 1692 (nove anos depois de D. Pedro II subir ao trono), Brito apresenta as abundantes referências textuais a D. Pedro II e, sobretudo, as referências a D. Luísa de Gusmão não como regente (como terá sido entre 1656 e 1663), mas como esposa do monarca (Brito 1982:439-440).

A demonstração de Brito refere-se ao tempo que Azevedo terá levado a redigir a obra (36 anos). Contudo, e como se verá adiante, o facto de este códice ter muito poucas correcções e cancelamentos é um indício forte de que não pode ser o primeiro testemunho escrito da obra do autor, mas sim uma cópia, ainda que autógrafa, de um modelo/rascunho anterior.

Esta descrição codicológica e as informações históricas e literárias acima mencionadas fazem de E uma cópia autógrafa produzida entre 1692 e 1705 (data da morte de Azevedo).

1.2. Origem e História

Dando fé à dedicatória, este códice terá sido produzido em Guimarães.

Visto que não existem quaisquer vestígios de outro tipo de catalogação, e de acordo com a informação obtida junto dos serviços da biblioteca em questão, CIII / 1-22 é a única cota de identificação da qual se tem conhecimento. Desconhecem-se proprietários anteriores, visto que ao longo de todo o códice só se identificam carimbos de propriedade da BPE.

1.3. Conteúdo

O códice identifica-se pelas seguintes menções históricas:

Incipit: [1r] Naquelle tão valerozo, como discreto o grande Alexandre Magno…

Explicit: [331v] …da cada hũa dellas tanto gosto, quanto Eu quizera achasse o leitor deste volume. / Finis / Laus Deo,

47 O códice é constituído por quatro secções textuais que correspondem primeiro aos textos preliminares e depois à obra propriamente dita (esta, por sua vez, subdividida em 142 capítulos49):  Prefacção, ff.[i]r – [ii]r50:

Naquelle tão valerozo, como discreto o grande Alexandre Magno…

 ff.[ii]v – [iii]r: Ao leitor.

 f.[iii]v: Protestação.

 ff.1r-331v: Memorias Resucitadas da antigua Guimarães

O texto das MRAG que está entre os ff.1r-331v é uma monografia dedicada à história da cidade de Guimarães. Seguindo a tradição historiográfica da época, inicia-se com a origem do mundo, segue para a história da Europa, Península Ibérica, Portugal e, só depois, continua para a região Entre-Douro-e-Minho e, finalmente, chega a Guimarães. Para tal, o autor dedica-se à descrição dos fastos vimaranenses, enumera freguesias, concelhos e coutos, edifícios, mosteiros, igrejas e rios, copia textos e vidas de santos relevantes para a definição da identidade vimaranense, menciona as casas e famílias mais antigas e de maior poder na cidade e ainda descreve os sucessos e insucessos na defesa da região.

2. Descrição Material

2.1. Encadernação

A encadernação é constituída unicamente por uma capa de pergaminho, sem planos, aparentemente original e bem conservada, na qual se identificam apenas alguns acidentes externos, como um rasgão na pele na zona inferior da lombada, uma tranchefila rasgada no sistema de cabeça do livro, e vestígios de escrita a tinta na lombada muito deteriorados.

Na impossibilidade de identificar o tipo de pele utilizada, diga-se apenas que tem uma cor amarelada e acastanhada que se distribui de acordo com a disposição de alguns vincos que explicam a oscilação entre um tom mais escuro nas suas zonas mais baixas onde se acumulou mais particulato, e uma cor mais pálida e amarelada em zonas da pele que estão mais elevadas, provavelmente graças a abrasão pelo contacto com outras superfícies.

A encadernação tem as seguintes dimensões: 294 x 218 mm no primeiro plano; 294 x 215 mm no segundo plano, e 294 x 50 mm na lombada. Aberto o livro a meio, mede-se uma totalidade de cerca de 294 x 483 mm.

49 Por razões práticas não se apresentam os títulos e a localização destes capítulos, que se distribuem entre

os ff. 1r-331r. Transcreve-se o incipit de cada secção, que pode ou não corresponder ao respectivo título.

50 O texto destes fólios não tem título. Atribuí-lhe o título operatório Prefacção, por colação com a lição dos

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Apesar de apresentar vestígios de escrita do título e do nome do autor, a tinta (e escritos de cima para baixo) na lombada do volume, estes elementos são tão residuais que apenas são legíveis algumas das letras do título e, logo abaixo (a uma tinta mais clara), do nome do autor:

[…]51orias R[…]suci[…]ad[…] da Ant[…] […]ma[…] P Torquato Peix[…] A[…]

A encadernação em causa não tem decoração nem apresenta qualquer tipo de sistema de fechos. No seu exterior é possível identificar cinco nervos de apoio, três dos quais com saliências visíveis na lombada do volume, através da pele da encadernação. O primeiro nervo está a 53 mm do limite de cabeça da encadernação, o primeiro entre-nervo mede 93 mm, o segundo 86 mm e o terceiro está a 57 mm do limite do pé da encadernação.

Nos cortes de cabeça e de pé do volume é ainda possível identificar duas tranchefilas, aparentemente iguais e com linguetas rectas, isto é, que não sobressaem além dos limites do volume. A tranchefila do sistema de cabeça do códice está rasgada, o que permite confirmar que é composta por uma tira cilíndrica de couro toda envolvida por corda.

O resguardo do códice é constituído por cinco fólios de guarda52, dois colados em cada contra-plano (contra-guardas), dois volantes no início do volume e um no final do volume. As guardas volantes [2] e [3] estão ambas em branco, embora manchadas nas zonas onde contactam com os nervos de apoio da encadernação, e a guarda [3] está não só ainda vincada ao longo da margem de dorso (numa dobra que parece ter resultado de um momento em que o volume terá sido mal fechado), mas também manchada no verso por zonas em que houve contacto com a tinta do texto escrito no recto do fólio seguinte. A guarda volante [4], no final do volume, está completamente em branco, mas o seu canto inferior direito está rasgado em arco. As contra- guardas [1] e [5] cobrem grande parte dos restantes elementos da encadernação, mas permitem analisá-la em alguns lugares onde, pela fragilidade do papel que as constitui face à força aplicada pela pele da encadernação, apresentam rasgões, transparências ou zonas descoladas. Nestes fólios de guarda, todos de papel, é possível observar marcas de água na contra-guarda [1] e nas guardas [3] e [4], tendo sido possível recolher de forma muito rudimentar as das últimas duas53.

Pelas zonas onde as contra-guardas estão ligeiramente deterioradas nota-se que a pele utilizada nesta encadernação ultrapassa os limites estabelecidos pelas dimensões já apresentadas

51 Esta primeira lacuna não corresponde a uma zona exposta da lombada mas sim a uma zona tapada por

uma etiqueta de catalogação da BPE que impede de verificar se a tinta se conservou nesse local.

52 Daqui em diante designar-se-ão estes fólios de guarda como contra-guardas [1] e [5], e guardas (volantes)

[2], [3] e [4], de acordo com a ordem pela qual surgem no códice.

49 de cada um dos planos, dando origem a virados nos limites de cabeça, goteira e pé da encadernação em pergaminho. Cada um desses virados tem as seguintes dimensões no primeiro contra-plano (que se confirmam muito aproximadas no segundo contra-plano): 23 mm de altura no limite de cabeça do plano da encadernação (e a mesma largura da encadernação), 34-32 mm no limite de goteira (e a mesma altura da encadernação) e 29-19 mm de altura no limite de pé (e a mesma largura da encadernação).

Apesar de as extremidades da pele dos virados não estarem completamente descobertas em toda a encadernação, é possível confirmar esta ligeira oscilação entre as dimensões dos virados porque estão visivelmente marcados por vincos e transparências nas contra-guardas que os cobrem. Primeiro parece ter sido feito um corte oblíquo de 25 mm de comprimento em cada um dos quatro cantos dos limites de pé e cabeça da pele, e outro corte também oblíquo de cerca de 42 mm de comprimento em cada um dos quatro cantos dos limites de goteira da pele, retirando-se toda a porção de pele recortada pela união dos dois cortes. Depois a pele parece ter sido dobrada para dentro, primeiro nos limites de pé e cabeça do pergaminho, e só depois no limite goteira (visto que este virado se sobrepõe aos outros). Além disso, estes virados não parecem ter sido fixados por nenhum tipo de costura ou cola, mas sim por duas tiras também de couro, essas sim provavelmente coladas (visto que não são visíveis no exterior da encadernação) de forma a fixar os virados do limite de goteira da encadernação no interior dos contra-planos. Existem duas destas tiras em cada contra-plano e estão ambas a cerca de 17 mm do limite de goteira da encadernação, e a 60 mm do limite de cabeça e do limite de pé da encadernação, respectivamente. É ainda possível ver que a dobragem dos limites da pele da qual resulta a forma desta encadernação em pergaminho é feita sem interrupção do primeiro ao segundo contra-plano do volume pelo interior da lombada, sendo fixada pela colagem das contra-guardas [1] e [5].

Nos contra-planos confirma-se ainda que a encadernação tem cinco nervos de apoio feitos de tiras de couro (mais espessas, embora do mesmo tom, que as dos nervos independentes das tranchefilas), nervos que estão embutidos na pele por meio de duas incisões, e através dos quais é feita a fixação dos cadernos do livro à encadernação. Posteriormente a sua posição e inserção no pergaminho foram reforçadas pela colagem das contra-guardas nos contra-planos da encadernação. Só o primeiro nervo (o mais próximo do limite de cabeça) está totalmente descoberto pelo canto superior direito da contra-guarda [1] deteriorada nessa zona. Os dois nervos mais próximos dos cortes de cabeça e de pé do volume estão embutidos no pergaminho de

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forma oblíqua ao dorso do volume, enquanto os restantes três nervos (com as saliências visíveis na lombada do códice) estão inseridos perpendicularmente.

Por fim, em ambos os contra-planos a encadernação foi fortalecida por quatro reforços de pergaminho colados ao jogo interior da capa e utilizados como forma de garantir a ligação entre a encadernação e o corpo do volume. Esses reforços foram colados junto à margem de dorso depois da dobragem dos virados e da inserção dos nervos de apoio, mas antes da colagem das contra- guardas [1] e [5]. Apenas o primeiro reforço (colado entre o dorso do volume e o limite de cabeça do primeiro contra-plano da encadernação) está descoberto porque a tira de couro que o constitui se descolou da encadernação e a tensão da pele rasgou a contra-guarda [1] ao longo do seu contorno. As restantes peças de reforço vêem-se pelo relevo que provocam nas contra-guardas que as cobrem. As do primeiro contra-plano têm as seguintes dimensões (que se confirmam muito aproximadas no segundo contra-plano)54: a primeira peça mede 44 x 36 mm; a segunda 80 x 38 mm; a terceira 61 x 29 mm; e a quarta 44 x 34 mm.

Todos estes reforços do limite interno da encadernação parecem alongar-se até ao corpo dos cadernos, isto é, o corpo dos cadernos cosidos entre si parece estar coberto não só por uma espécie de cola aplicada ao longo do dorso (apesar de não ser possível ver com facilidade, pelo olhal do volume percebe-se que foi aplicada uma substância ligeiramente transparente ou então que foi colocada uma gaze ou folha muito fina como reforço ao longo da zona), como pelo menos a primeira destas quatro peças de reforço já vem colada desde o dorso do corpo dos cadernos cosidos. Embora não seja possível verificar se cada uma destas quatro peças é contínua do primeiro até ao segundo contra-plano, talvez se possa extrapolar que assim seja e concluir que, no total, não existem oito, mas sim quatro reforços que unem a encadernação (pelos seus contra- planos) ao corpo dos cadernos (pelo dorso).

2.2. Composição

O códice é constituído por um conjunto de 334 fólios de 290 x 210 mm, aos quais se acrescentam três fólios de guarda volantes e duas contra-guardas. Este conjunto de fólios organiza-se de acordo com a seguinte fórmula: 334: [3] + (3) + 331 + [2]55.

Todos estes fólios são de papel, observando-se múltiplas marcas de água ao longo do volume. Foi possível identificar pelo menos sete marcas de água diferentes, recolhendo-se com

54 Medidas recolhidas seguindo a altura e largura das peças na posição em que o volume é lido.

55 Leia-se: 1 contra-guarda + 2 fólios de guarda volantes + 3 fólios escritos, mas não numerados + 331 fólios

51 dificuldade, devido à falta de meios adequados, as presentes no fólio de guarda [3], nos ff.17, 20, 286, 288, 295, e no fólio de guarda [4]. Não tendo sido feita uma recolha exaustiva das marcas de água56, também não é possível afirmar com certeza que ao longo do corpo do volume não existam outras. O facto de as marcas de água observadas no resguardo do códice serem diferentes das dos fólios do corpo dos cadernos permite concluir que a composição do livro e a sua encadernação foram feitas por duas pessoas diferentes que tinham acesso a materiais (neste caso a folhas de papel) de tipos distintos.

Todas as marcas de água se encontram no centro dos fólios, o que, em conjunto com o facto de as vergaturas serem sempre horizontais e os pontusais verticais, possibilita reconstituir o formato das folhas de papel utilizadas para a constituição dos cadernos: tinham um formato bibliográfico in-folio e, consequentemente, um formato comercial equivalente à mesma medida de altura de um fólio por, pelo menos, o dobro da sua largura: 290 x 420 mm. Estas dimensões são meramente aproximadas, visto que existem vários indícios de os fólios terem sido aparados aquando da encadernação e de, consequentemente, as folhas de papel que lhes deram origem terem dimensões relativamente maiores do que as que os vestígios permitem reconstituir. Os indícios de aparamento são os seguintes:

1. Existem alguns reclamos (horizontalmente dispostos na margem de pé dos fólios) parcialmente cortados (ex.: ff.18v, 133v, 140v, 200v, 246v, 258v, 274v);

2. Existem algumas notas na margem de goteira dos fólios parcialmente cortadas (ex.: ff.36v, 116v, 117v, 119r, 120r-v, 128v, 140v, 180v, 181v, 183v, 189r-v, 190v, 191v, 194v, 195v, 199v, 235v, 239v, 240r, 241r, 274r);

3. Existe uma nota marginal no canto inferior direito da margem de goteira do f.33r que se estende num pedaço da folha que ultrapassa o limite direito da largura medida para os restantes fólios em cerca de 7 mm. Esse pedaço foi claramente recortado em torno do texto da nota previamente escrita, e depois dobrado para o interior do volume (com a ajuda de outro corte de 9 mm para o interior da largura dos restantes fólios), de forma a não ficar saliente no corpo do volume quando o livro está fechado. Nessa nota lê-se a seguinte explicação:

Veigas da Rebata na fraqueza de Caldellas

As dimensões do pedaço de folha descrito neste último ponto permitem perceber que as folhas de papel que deram origem a estes fólios tinham não só o dobro da largura de um fólio deste códice (420 mm), mas pelo menos mais 14 mm. Embora isto permita reformular o formato

56 A recolha de marcas de água foi feita apenas desde os fólios de guarda iniciais até ao f.20, entre os ff.286

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comercial das folhas para cerca de 290 x 434 mm, estas dimensões continuam a ser aproximadas, pois não é possível ter a certeza de que o recorte feito em volta da nota do f.33r corresponda a uma amostra dos limites da folha de papel original.

Os 334 fólios estão distribuídos ao longo de 47 cadernos que ocupam uma espessura total de cerca de 50 mm e que se distribuem ao longo do livro de forma um pouco irregular (nem todos os cadernos têm o mesmo número de fólios, nem a disposição dos diferentes tipos de cadernos pelo volume é particularmente ordenada). Os cadernos 7, 39 e 46 são bifólios independentes, enquanto os cadernos 2, 4, 8, 15, 27 e 29 são bínios, os cadernos 13, 23, 25, 33 e 37 são térnios, os cadernos 9, 11, 19, 21, 30, 36, 40, 42 são quaternos, os cadernos 24 e 45 são quínios e os cadernos 10, 12, 20, 22 e 32 são sénios.

Existem 23 talões ao longo do códice, isto é 23 vestígios de fólios recortados ou rasgados a uma curta distância da dobra do bifólio, os quais tornam os seus cadernos irregulares: o caderno 17 é um bifólio independente irregular, o caderno 18 é um bínio irregular, os cadernos 3 e 35 são térnios irregulares, os cadernos 31 e 44 são quaternos irregulares, os cadernos 5, 6, 28, 34 e são quínios irregulares, e os cadernos 14, 16, 26, 41 e 43 são sénios irregulares.

São ainda irregulares os cadernos 1 e 47, o primeiro e último do códice. No primeiro caso, o caderno parece ter sido constituído por um quaterno regular no início do qual foi inserido um bifólio independente que corresponde à contra-guarda [1] e à guarda volante [2]), cujo festo aparece saliente no final do quaterno (depois do f.4) e ao qual parece ter sido cosido o f.5 de forma completamente independente. No caderno final do volume, dado que são visíveis dois fios de cosedura (um entre o f.331 e a guarda volante [4] e outro entre essa guarda volante e a contra- guarda final) e dado que é possível verificar que os dois fólios de guarda apresentam solidariedade entre si, então parece que este caderno é constituído por um fólio independente e sem solidariedade com mais nenhum (o f.331), cosido ao bifólio que corresponde às últimas guardas do volume57.

A maioria destes 23 talões resulta da eliminação de fólios através de corte pelo limite interno das suas colunas de texto, o que faz com que tenham 37-50 mm de largura58. Excepções são aqueles que, além de terem sido rasgados e não cortados, apresentam uma largura menor: é o caso de dois talões entre os ff.110-111, com 13 mm de largura; e os talões que existem entre os

57 V. a estrutura dos cadernos na tabela 21 do Anexo A, pp. 402-406.

58 Estas medidas foram recolhidas do corte de pé dos talões, o que não implica que não ocorram algumas

53 ff.113-114, 184-185, 197-198 com, respectivamente, 6, 2 e 10 mm de largura. Existe também um talão entre os ff.26-27 que, apesar de cortado, mede 30 mm de largura.

Uma vez que nenhum dos fólios imediatamente anteriores e posteriores aos talões apresentam lacunas no texto, é também possível conjecturar que ou estes talões resultaram da eliminação de fólios onde tinham ocorrido erros de cópia59 (que teriam sido imediatamente identificados e eliminados), ou então que os fólios eliminados estavam escritos previamente, tendo sido reaproveitados para a constituição dos cadernos deste livro, mas nunca tendo