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2. Descrição Material

1.3. T ESTEMUNHO P A Códice

1. Identificação, Referências e Conteúdo

1.1 Identificação

Título: Memorias Ressucitadas da antigua Guimarães Autor: Torcato Peixoto de Azevedo

Copista: Desconhecido

Localização: Porto, Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP), Cofre. N. 527 Número do catálogo: 683

Data de redacção: 1656-1692 (14 de fevereiro)

Data de cópia: segunda metade do século XVIII / início do século XIX (talvez por volta de 1787) Referência BITAGAP: manid 5692.

O título deste códice surge no topo e centro da coluna da primeira página de texto, a primeira página do primeiro fólio numerado (f.1r), onde se iniciam os textos preliminares da obra. Reaparece no topo e centro da coluna de texto do f.4r, onde se inicia a obra propriamente dita.

67 O conceito de edição ne varietur, tal como se aplica a edições do séc. XX, não se pode aplicar

rigorosamente da mesma maneira a esta compilação do séc. XVII, sobretudo no que toca ao objectivo de fixar lições que representem a última vontade autorizada pelo próprio autor, visto que o estatuto de Torcato de Azevedo nas MRGA é o de compilador e não o de autor. Porém, a tradição medieval (e ainda em parte a tradição moderna) inclui o trabalho de compilação no conceito de autoria. Esta questão mereceria uma discussão mais alargada acerca do estatuto de uma compilação manuscrita e da autoridade textual de um compilador que, no acto de se apropriar dos textos compilados e integrá-los numa composição original que assina, os torna seus, isto é, sujeitos à sua validação autoral. Ademais, o termo ne varietur também não se pode aplicar a E no seu sentido estrito porque este testemunho não parece ter sido produzido para o uso público a que tipicamente se destinam as edições com essa designação. Contudo, E parece ter uma funcionalidade formal que, ainda assim, não exclui a possibilidade de ter servido de modelo a outras cópias de uso público das MRAG.

65 Quanto à autoria, datação e local de produção do códice, a única informação explícita no texto (como em E e G2) é o nome de Torcato Peixoto de Azevedo, que teria escrito em Guimarães a 14 de Fevereiro de 1692 (vejam-se os ff.2v e 3r). Não havendo nenhuma menção histórica (como um cólofon) que situe a produção deste manuscrito, sabe-se apenas que a assinatura do copista responsável talvez seja a que se encontra no canto superior direito do primeiro fólio numerado (f.1r). Apesar de ilegível, essa assinatura também se encontra noutro livro da mesma biblioteca – livro de menor tamanho, correspondente a uma lista de nomes de plantas, datado de 1787 e aparentemente da mesma mão do códice nº 527 em análise68.

1.2. Origem e História

Como já foi referido, este códice da BPMP parece ter sido escrito provavelmente na segunda metade do século XVIII.

Os únicos elementos que contribuem para a reconstrução da história e origem deste livro manuscrito são uma marca de propriedade da Biblioteca do Porto e também a informação obtida junto dos serviços da BMP acerca de outras cotas anteriores à catalogação actual: Cofre. N. 527 | Olim 683 | Olim 10 | Olim 4. Enquanto as últimas duas nunca surgem inscritas no códice, este continua a ter hoje o número 683 no catálogo interno da biblioteca e a cota N. 527. Este número de catálogo foi escrito a lápis por mão posterior na guarda volante [5]69 do códice:

Numero novo 683

Quanto a marcas de propriedade, o códice tem apenas um carimbo da BPMP, preenchido a lápis, por uma mão posterior, com a informação que se segue:

Bibliotheca Portuense Ex - libris

Nº geral: 527 Collocação: G/8/

1.3. Conteúdo

O códice identifica-se pelas seguintes menções históricas:

Incipit: [1r] Memorias Ressucitadas da antigua Guimarães / Prefacção / Aquelle tão valerozo, como discreto e grande

Alexandre Magno…

68 No Catalogo da Bibliotheca Publica Municipal do Porto (p. 45, nota 68), lê-se que o ms. nº527 (683 do

catálogo) é da mesma mão do ms. nº6 da mesma biblioteca (1104 no catálogo). No 10º Fascículo do

Catalogo da Bibliotheca Publica Municipal do Porto (p. 8), lê-se: «1:104, nº6. Alphabeto do nome das

Arvores e Arbustos conhecidos e dos Lugares de sua natureza. 1787. 1 vol.8º, peq.». A identidade das mãos

foi confirmada na presença de ambos os mss.

69 Designar-se-ão os fólios de guarda, descritos adiante, como contra-guardas [1] e [9], e guardas (volantes)

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Explicit70:

[223r] …Todas estas fontes estão tão avizinhadas huas as outras que quem beber na primeira pode chegar a

ultima sem sede, e achará na agoa de cada hũa dellas tanto gosto quanto eu quizera achasse deitar neste volume / Finis laus Deo virginique matri

Além disso é constituído por quatro secções textuais delimitáveis que correspondem primeiro aos textos preliminares e depois à obra propriamente dita, subdividida em 142 capítulos71 tal como em E e G2:

 f.1r: Memorias Ressucitadas da antigua Guimarães / Prefacção / Aquelle tão valerozo, como discreto e grande Alexandre Magno…

 f.2v: Ao leitor  f.3r: Protestação

 ff.4r-223r: Memorias Ressucitadas da antigua Guimarães.

 ff.223v-227r: Indice dos Capitulos deste livro72

2. Descrição material

2.1. Encadernação

A encadernação é feita de couro sobre pasta, isto é, é constituída por planos73 de cartão/pasta de papel cobertos de couro. É uma encadernação aparentemente original e bem conservada, embora nela se identifiquem alguns acidentes externos:

 o couro da lombada está muito deteriorado, sobretudo na zona superior, deixando descoberto o corpo dos cadernos e alguns dos nervos de apoio da cosedura;

 os planos da encadernação estão um pouco soltos do restante sistema nas zonas em que o couro rasgou entre a lombada e os planos;

 no primeiro plano, além dos desgastes por abrasão, há dois cortes na própria cobertura de couro;

 nos limites de goteira, cabeça e pé da encadernação, o couro que cobre os planos de cartão está mais deteriorado na zona da dobra desses virados, sobretudo nos cantos da encadernação;

 no segundo plano nota-se que o canto superior esquerdo da cobertura de couro está parcialmente corrompido e rasgado, deixando apenas parte da pele colada ao plano de cartão.

70 Na descrição a que se dedica o presente capítulo, considerou-se que os Índices são partes integrantes do

conteúdo de cada códice, sendo que P e G2 terminam precisamente com essa subdivisão interna da obra. Contudo, uma vez que aceito que um explicit equivale às últimas palavras de um texto (Muzerelle 2002, definição a)), considero que o explicit em E, P e G2 corresponde às últimas palavras do texto das MRAG, e não apenas às palavras da sua doxologia de encerramento - intitulé final (Muzerelle 2002, definição b)) - ou à doxologia de encerramento dos índices de P e G2.

71 Transcreve-se o incipit de cada uma das secções, que pode ou não corresponder ao respectivo título. 72 Este índice está ordenado por número, título de capítulo e fólio em que cada um se inicia.

73 A encadernação tem planos, no sentido codicológico do termo, isto é, faces do livro (opostas ao dorso e

ao corte) que correspondem fisicamente a peças materiais mais ou menos rígidas que se aplicam contra o primeiro e último fólio do volume (v. nota 12, p. 25-26).

67 A encadernação tem as seguintes dimensões: 350 x 228 mm no primeiro plano; 347 x 226 mm no segundo plano, e 340 x 40 mm na lombada. Aberto o livro a meio, medem-se cerca de 350 x 550 mm. Além disso, cada um dos planos da encadernação tem cerca de 3 mm de espessura.

Quanto à cobertura desta encadernação, é simples e feita de couro castanho-escuro (mais claro em algumas zonas onde sofreu desgaste por abrasão no contacto com outras superfícies), não apresenta decoração, nem nenhum sistema de fechos para manter o códice fechado. No seu exterior é possível identificar cinco nervos de apoio, todos eles com saliências visíveis na lombada do volume, e alguns deles até descobertos pela deterioração da cobertura. Estes nervos, feitos de corda, parecem estar embutidos na encadernação por meio de incisões feitas nos planos e na cobertura. Observam-se nas seguintes posições: o primeiro nervo está a 52 mm do limite de cabeça da encadernação, o primeiro entre-nervo mede 52 mm, o segundo 55 mm, o terceiro 54 mm, o quarto 58 mm e o quinto nervo está a 65 mm do limite de pé da encadernação.

Nos cortes de cabeça e de pé do volume é ainda possível identificar duas tranchefilas, aparentemente iguais e com uma lingueta redonda, isto é, que sobressai ligeiramente além dos limites do volume. Apesar das tranchefilas de ambos os sistemas parecerem iguais, a tranchefila do sistema de cabeça está quebrada, faltando-lhe uma parcela de cerca de 15 mm, permitindo ver que é formada por uma corda envolvida por outra talvez mais fina. Além disso, e uma vez que as tranchefilas são nervos independentes, é possível observar um dos fios de cosedura que fixa a tranchefila de pé, por exemplo, entre os ff.9v-10r e 220v-221r.

O resguardo do códice é constituído por nove fólios de guarda, dois colados em cada contra-plano (contra-guardas), quatro guardas volantes no início do volume e três no final do volume (v. nota 69, p. 65). De todos estes elementos, apenas a contra-guarda [1] e a guarda volante [5] não estão completamente em branco, tendo a primeira um carimbo da Biblioteca Portuense e a segunda uma nota de uma mão posterior. As contra-guardas [1] e [9] cobrem grande parte dos restantes elementos internos da encadernação, mas permitem analisá-la em algumas zonas onde, pela fragilidade do papel que as constitui face à força aplicada pela pele da encadernação, apresentam transparências ou zonas descoladas. Nestes fólios de guarda, todos de papel, só não é possível observar marcas de água nas guardas [2] e [8]. Nos restantes foi possível identificar pelo menos duas marcas de água distintas (como se dirá adiante), ambas no centro dos

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fólios, recolhendo-se de forma muito rudimentar a marca de água da guarda [3] e a marca de água da guarda [6]74.

Uma vez que a contra-guarda [9] está quase totalmente descolada do segundo contra- plano da encadernação, foi possível analisar o processo que deu origem à encadernação, extrapolando que o que se observa no segundo contra-plano também representa o ocorrido no primeiro contra-plano.

Existem seis peças de reforço ao longo da lombada do corpo dos cadernos cosidos. Estas peças estendem-se ligeiramente até cada um dos contra-planos da encadernação, sendo aí fixadas de forma a reforçarem a firmeza da encadernação também na zona de união entre os planos e o dorso do volume. Pelo que é visível no segundo contra-plano, estas peças parecem feitas de uma espécie de sarapilheira, estando cada uma delas colada no contra-plano através de um pedaço de folha de papel que corresponde ao vestígio (intacto em altura) da margem de dorso de um fólio que tinha solidariedade com a guarda volante [7] como um bifólio independente, visto que é possível ver o fio de cosedura entre elas. Assim sendo, este bifólio talvez tenha sido primeiro cosido ao corpo dos cadernos e depois, na altura de o fixar à encadernação, esta primeira folha tenha sido rasgada ao longo da sua altura (um talão), de modo a colá-la sobre as peças de reforço de sarapilheira entre o segundo contra-plano e a contra-guarda [9]. Essa folha de papel tem uma altura igual à do volume (cerca de 350 mm), mas a sua largura varia, talvez porque foi rasgada nos seus limites laterais e aproveitada para a concretização deste reforço. Extrapolando que o visível no segundo contra-plano se aplica ao primeiro, supõe-se que tenham sido coladas estas seis peças de reforço ao longo da lombada, peças essas que foram fixadas a cada um dos contra-planos ao longo da margem de dorso da encadernação através de parte de dois fólios de papel (dois talões) que tinham solidariedade com as guardas volantes [5] e [7], respectivamente. Deste modo, a fixação do corpo dos cadernos à encadernação parece ter sido feita pela seguinte ordem: os reforços de sarapilheira foram colados sobre os virados do contra-plano, depois foram colados os talões das guardas [5]/[7], e só depois fixadas as contra-guardas [1] e [9].

Ao longo da lombada o couro que cobre a encadernação parece ter sido apenas colado, visto que não são visíveis quaisquer virados de couro do exterior para o interior da lombada. Contudo, cobertos os planos da encadernação, formaram-se virados resultantes do envolvimento e dobragem do couro para o interior dos contra-planos. Esses virados foram feitos dos planos para

74 V. as marcas de água recolhidas das guardas volantes [3] e [6] nas tabelas 15 e 17 do Anexo A, pp. 394 e

69 os contra-planos da encadernação, primeiro nas margens de cabeça e pé e depois na margem de goteira (cujo virado se sobrepõe aos restantes), e têm as seguintes dimensões:

 No primeiro contra-plano: 4-35 mm de altura no limite de cabeça do plano da encadernação (e a mesma largura da encadernação), 35-60 mm no limite de goteira (e a mesma altura da encadernação) e 27 mm de altura no limite de pé (e a mesma largura da encadernação);

 No segundo contra-plano: 24-27 mm de altura no limite de cabeça do plano da encadernação (e a mesma largura da encadernação), 34-24 mm no limite de goteira (e a mesma altura da encadernação) e 40-43 mm no limite de pé (e a mesma largura da encadernação).

Os virados da margem de goteira apresentam um corte oblíquo em cada um dos seus cantos (superior e inferior), corte esse que leva a supor que os virados de cabeça e pé também apresentam um corte semelhante que tenha permitido separar da encadernação o pedaço de couro que os unia, consequentemente permitindo que fossem feitas as dobras individualmente. Os nervos da encadernação foram aparentemente embutidos nos planos através de incisões e fixados aos contra-planos provavelmente primeiro por colagem directa no cartão, e depois através da mesma porção de folha de papel que fixa as peças de reforço.

Por fim, são coladas as contra-guardas ([1] e a [9]) em cada um dos contra-planos, cada uma delas cobrindo a porção do fólio de papel que é solidária às guardas volantes [5] e [7] (no primeiro e segundo contra-planos da encadernação, respectivamente), cobrindo os reforços, os nervos de apoio, e ainda os virados de couro das margens de goteira, cabeça e pé (que, apesar de tudo, continuam visíveis pela transparência do papel). Essas contra-guardas têm solidariedade com os fólios de guarda [4] e guarda [8], respectivamente.

2.2. Composição

O códice é constituído por um conjunto de 227 fólios de 340 x 225 mm, aos quais se acrescentam sete fólios de guarda volantes e duas contra-guardas. Este conjunto de fólios organiza-se de acordo com a seguinte fórmula: 227: [1] + [4] + 227 + [3] + [1]75.

Todos estes fólios são de papel, visualizando-se múltiplas marcas de água ao longo do volume. Foi possível verificar que existem pelo menos três marcas de água diferentes nas folhas de papel utilizadas (incluindo nos fólios do resguardo), recolhendo-se com dificuldade as que se apresentam no centro do fólios de guarda [3] (aparentemente igual à das guardas [4], [7] e [9]), [6]

75 Leia-se: 1 contra-guarda + 4 fólios de guarda volantes + 227 fólios escritos e numerados + 3 fólios de

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(aparentemente igual às marcas de água que se observam nos ff.1, 4, 6, 8, 9, 12, 13, 15, 17 e 20 e à dos ff.197, 199, 202, 205, 207 e 208), e do f.203 (aparentemente igual às dos ff.196, 198, 200, 201 e 206)76. Não tendo sido feita uma análise exaustiva das marcas de água de todo o códice77, também não é possível afirmar com certeza que ao longo do corpo do volume não existam outras. Todas estas marcas de água encontram-se no centro dos fólios, o que, em conjunto com o facto de as vergaturas serem sempre horizontais e os pontusais verticais, permite reconstituir o formato das folhas de papel utilizadas para a constituição dos cadernos: um formato bibliográfico in-folio e, consequentemente, um formato comercial equivalente à medida de altura de um fólio por, pelo menos, o dobro da sua largura: 340 x 450 mm. Estas dimensões são possivelmente bastante próximas das dimensões reais da folha de papel original, pois não há qualquer vestígio de aparo e todas as margens apresentam a irregularidade natural dos limites do papel.

Os 238 fólios do códice (incluindo os do resguardo) estão distribuídos ao longo de 25 cadernos que ocupam uma espessura total de cerca de 35 mm, e que se distribuem ao longo do livro de forma bastante regular, não só porque quase todos os cadernos têm o mesmo número de fólios, mas também porque a sua disposição no volume é bastante ordenada. O caderno 24 é um quaterno, enquanto os cadernos 2 a 23 são todos quínios. Visto que existem dois fólios rasgados ao longo da altura do festo dos cadernos, e que foram utilizados num sistema de reforço da encadernação já descrito anteriormente, o caderno 1 é um térnio irregular (sendo que o primeiro fólio foi rasgado e a contra-guarda [5] com que tinha solidariedade foi colada ao f.1 (o primeiro fólio numerado) apenas em dois pontos centrais, de modo a reforçar a ligação entre o primeiro e o segundo caderno); e o caderno 25 é um bínio irregular (em que o fólio com solidariedade com a contra-guarda [7] foi rasgado e utilizado como reforço na fixação ao segundo contra-plano da encadernação)78. Isto faz com que os únicos dois cadernos irregulares da composição deste códice sejam os cadernos compostos pelos elementos do resguardo.

Existem dois tipos de sistemas técnicos usados para garantir a sucessão dos fólios nos cadernos: reclamos e foliotação. Quanto aos reclamos, a sua distribuição é muito irregular ao longo do códice, sendo a única constante o facto de fazerem sempre parte da última linha de escrita de uma página, não apresentando qualquer tipo de destaque na sua posição. Analisados na

76 V. as marcas de água recolhidas nas tabelas 15-17 do Anexo A, pp. 394-396.

77 A recolha de marcas de água foi feita numa amostra que inclui apenas os fólios do resguardo do volume,

os primeiros 20 fólios numerados, e os ff. 196-208.

71 mesma amostra que as marcas de água anteriormente referidas, verificam-se as seguintes situações:

1. São inexistentes em muitos fólios. Ex.: ff.1r, 2r, 2v, 3r, 3v, 4r, 4v, 6r, 8v, 9v, 13r, 15v, 16v, 20r - embora em pelo menos quatro destes casos seja de admitir que a situação não proporciona a sua utilização porque a mudança de página coincide, por exemplo, com a mudança de capítulo;

2. Alguns ocorrem no recto dos fólios. Exs.: Reinar (f.5r); havia (f.7r); della (f.8r), que (f.9r),

amb (amb/os, f.10r); de lagon (de lagon/ha, f.11r), nos (f.12r), anda (anda/va, f.14r); dos no (dos no/vos, f.15r), Cap.17 (f.16r); num (num/ero, f.17r); que (f.18r), some (some/teo, f.19r).

3. Outros ocorrem do verso para o recto dos fólios. Exs.: com (com/fiança, f.1v); o Rio (f.5v); este (f.7v); so (so/frer, f.10v); nestes (f.11v), Lu (Lu/sitania, f.13v); pos (pos/ta, f.14v); esta (f.17v). Destaque-se o reclamo do f.18v para o f.19r, cuja palavra tem uma grafia diferente em cada um dos fólios envolvidos: cõ e com, respectivamente.

Nos exemplos de 2., existem sete casos em que ocorre a repetição de uma palavra completa de uma página para a outra e seis casos em que na página/fólio seguinte se continua uma palavra que tinha ficado incompleta na última linha de escrita da página/fólio anterior. Já em 3., há cinco casos em que ocorre a repetição de uma palavra completa de uma página/fólio para o seguinte, e cinco exemplos em que na página/fólio seguinte se continua uma palavra não completa no fólio anterior. Em nenhum destes pontos há qualquer ocorrência de uma palavra incompleta que não seja totalmente repetida na página/fólio seguinte, sendo simplesmente completada num processo normal de translineação. Por fim, em 3. há apenas dois casos em que, de uma página para a seguinte, a grafia da palavra repetida se altera.

O facto de não existir sistematicidade na distribuição destes elementos ao longo dos cadernos do volume, o facto de existirem tantos ou mais exemplos de palavras incompletas que são repetidas na totalidade na página/fólio seguinte do que palavras simplesmente repetidas e, por fim, o facto de estes elementos de repetição não terem qualquer posição de destaque são tudo argumentos que permitem questionar a função destes elementos com verdadeiros reclamos. No entanto, embora a assistematicidade com que ocorrem dificilmente permita que cumpram a função de ordenação de fólios em cadernos ou dos cadernos no volume, não é fácil conjecturar- lhes uma funcionalidade alternativa. Seja como for, é de realçar que na amostra analisada existe pelo menos uma excepção, essa sim com um formato semelhante ao que seria de esperar de um reclamo: no f.6v, Com o Rio, destacado abaixo da última linha de escrita da página e repetida na sua totalidade no fólio seguinte (f.7r).

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Quanto à foliotação, é feita desde o primeiro fólio escrito do volume (depois de uma contra-guarda e quatro fólios de guarda volantes) e até ao f.227 (que corresponde ao último fólio do índice da obra), em números árabes e no canto superior direito do recto dos fólios. Por comparação da figura dos algarismos e do tom da tinta utilizada, parece ser da mesma mão responsável pela cópia. Apesar de o tom da tinta utilizada não variar muito ao longo do volume, é possível afirmar que os números da foliotação oscilam apenas quando o tom da tinta da coluna de escrita também oscila ligeiramente, levantando assim a hipótese de esta numeração ter sido inscrita à medida que a cópia avançava. A regularidade do trabalho não permite detectar