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Determinação Social de Saúde e práticas de violência: rizomas

3 PERCURSO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

3.26 Determinação Social de Saúde e práticas de violência: rizomas

Território, desenvolvimento e saúde são questões historicamente indissociáveis no debate em torno do papel do estado, das desigualdades socioespaciais e dos anseios e aspirações de cada sociedade em relação a seu futuro. (IOZZI; ALBUQUERQUE, 2009).

O conceito de desenvolvimento é polissêmico e possui diversas vertentes: social, econômico, tecnológico, político, espiritual, cultural, etc. São termos que se sucedem e, frequentemente convivem ao longo da história e que carregam significados e concepções distintas e muitas vezes divergentes. Essas definições ganham novos conteúdos e carregam concepções distintas que refletem políticas divergentes. Essas definições sofrem metamorfoses e se transformam no ritmo frenético de mudanças do mundo globalizado.

No entanto, quando nos referimos a políticas de desenvolvimento é indiscutível a hegemonia do aspecto econômico e o permanente dualismo entre desenvolvimento econômico e social. (IOZZI; ALBUQUERQUE, 2009).

São as mudanças estruturais na sociedade capitalista geradas pelo progresso técnico e sua difusão que fundamentam o conceito de desenvolvimento, dando a este conceito dois sentidos distintos: um refere-se à evolução e eficácia de um sistema de produção, mediante acumulação e progresso técnico e de capital; o segundo diz respeito ao grau de satisfação das necessidades humanas, do bem estar social.

O crescimento das desigualdades socioespaciais, no atual período de globalização, aponta para o fato que o desenvolvimento na perspectiva do crescimento econômico e técnico não significa na satisfação das necessidades mais básicas de sua população e nem para a renovação de suas aspirações de liberdade, para autodeterminação de seus problemas e necessidades, contrariando o que discutiremos a seguir como a ética da vida.

Essa questão revela contradições inerentes ao próprio capitalismo e consequentemente políticas de desenvolvimento. (IOZZI; ALBUQUERQUE, 2009).

De acordo com Furtado (2000), a idéia de desenvolvimento é marcada na visão de mundo da sociedade contemporânea e teria um sentido positivo se buscasse a realização das potencialidades humanas. Ainda segundo esse autor esse sentido de desenvolvimento tem suas raízes no pensamento europeu dos séculos XVI, XVII e XVIII, que vinculou a idéia de acumulação de riquezas e expansão geográfica da influência européia. (FURTADO, 2000).

Optamos nessa fase da tese por uma narrativa literal, reconhecendo o caráter nômade do sentido. Habitaremos um espaço liso através do que Deleuze chamou de empirismo transcendental. A forma transcendental que falamos não significa que a faculdade se dirija a objetos fora do mundo, mas, ao contrário, que ela apreenda no mundo o que lhe concerne, que a faz nascer e devir.

O empirismo transcendental significa que a descoberta, supõe ela própria, uma experiência no sentido estrito: não o exercício ordinário ou empírico de uma faculdade, pois os dados do vivido empírico não informam o pensamento sobre o que ele pode, mas essa mesma faculdade levada a seu limite, confrontada com aquilo que a solicita em sua potencia exclusiva e própria. As condições nunca são genéricas, mas declinam-se segundo ao caos.

Narramos encontros e desencontros com três famílias, sendo crianças linhas de fuga.

Conheci a família de Julieta e Romeu em 2010. O primeiro contato foi em visita à comunidade, quando fui chamada para atender criança em crise de broncoespasmo. O casal e seus dois filhos Romulo e Remo vivem em casa feita de material aproveitável construída no topo da duma com chão de areia e paredes de lona. Trabalham com coleta de material reciclável e a renda da família é em torno de dez reais ao dia de coleta.

Figura 76 - Criança do Morro São Thiago: a luz e as sombras do lixo

Fonte: Acervo da pesquisa

Figura 77 - Criança do Morro São Tiago: desafiando as sombras

Figura 78 – Demolindo e rebocando o acesso à saúde

Fonte: Acervo da pesquisa

A primeira vez que me recordo do Ariano foi em um atendimento a criança na igreja evangélica do Morro São Tiago. O motivo de ter sido levado por sua bisavó foi um corpo estranho em cavidade nasal (um grão de feijão). Ariano é filho de Virgílio, filho mais velho de Olga, quinta filha de Dona Nicinha. Dona Nicinha criou Virgílio como filho e assumiu o papel principal nos cuidados de Ariano. Virgílio é dependente químico (usuário de crack).

Figura 79 - Atendimento a crianças na igreja evangélica no Morro São Thiago

Fonte: Acervo da pesquisa

Meu encontro com Dali foi precedido por diversas linhas de fuga e cristalização geradas nas relações entre equipe de saúde da família e comunidade. Encontrei a família de Madalena em 2010. Nessa ocasião seu filho mais novo foi levado por uma vizinha a UBS com dois dias de vida, ainda com vernix caseoso. O parto ocorreu no domicílio sem assistência de profissional da saúde. O recém- nascido recebeu seu primeiro banho na unidade de saúde, foi avaliado pelo médico residente e levado ao Hospital Gonzaguinha da Barra para realizar exames complementares. O RN permaneceu internado por dez dias devido sífilis congênita. Sua mãe não compareceu ao hospital. Desde então a família passou a ser acompanhada pela equipe de saúde da família e residência multiprofissional em saúde da família68.

68 A Residência Multiprofissional em Saúde da Família esteve na Barra do Ceará nos anos de 2009 a 2011.

Figura 80 - Equipe de saúde da família e crianças na Unidade de Atenção Primária

à Saúde (UAPS)

Fonte: Acervo da pesquisa

Figura 81 - Acesso a moradia de Dali e sua família

Remo e Romulo tinham dois e três anos respectivamente, crianças chiadoras e constantemente levadas a emergência do Hospital Infantil devido crises de broncoespasmo. Como a maioria das crianças do Morro os “bichos de pé” 69 são

problema constante. Semanalmente a equipe de saúde com o apoio da comunidade, particularmente das SACS (Sociedade das Adolescentes Cabeças) 70 realizavam

mutirões para retirada dos parasitas utilizando saberes aprendidos na comunidade: cânfora e oclusão.

A família era reconstruída, visto que ambos já haviam tido relacionamentos anteriores e filhos. Romeu foi casado com Olga (filha de Dona Nicinha) por dez anos e teve três filhos. Julieta teve duas filhas, hoje vivendo com a família dos pais.

Figura 82 - Trabalho da equipe para controle de ectoparasitoses na igreja

evangélica no Morro São Thiago

Fonte: Acervo da pesquisa

69 Nome popular do parasita Tunga penetrans

70 Grupo de adolescentes do gênero feminino, não governamental, não vinculado a instituições. As SACS tem como princípios não usar o crack, não namorar homens que agridem mulheres, estudar, respeitar a família e sonhar com o futuro.

Figura 83 - Evento pela cidadania no Morro São Thiago: devir-todo-mundo

Fonte: Acervo da pesquisa

Conhecer o Ariano foi um encontro feliz, pois, gerou a linha de fuga que levou a Dona Nicinha, mãe, avó, bisavó de muitas pessoas que vivem na comunidade. O vínculo criado entre equipe e Dona Nicinha propiciou diversas outras linhas de fuga, dentre elas, acesso a diversos integrantes dos Ratos do Morro.

Dona Nicinha foi casada por vinte anos. Ficou viúva aos quarenta anos. Criou os filhos, netos e bisnetos.71 Chegou ao Morro quando esse ainda era uma

Duna a ser ocupada72. Refere ser uma pessoa muito feliz e que sua maior tristeza foi

o assassinato do neto Dante com 17 anos (há 2 anos). Dante foi ‘confundido’ com Gabriel quando ia a um mercado comprar chinelos de borracha.

“Os dois realmente sempre foram muito parecidos, o mesmo corpo, o mesmo jeito. Até na escola confundiam. Mas o Dante não era envolvido com essa vida. Foi de manhã do último dia do ano. Ele saiu para ir na bodega comprar uma chinela e não voltou.” (Dona Nicinha).

71 História de vida contada em diário de campo 72 Da Duna ao Morro

Figura 84 - Dona Nicinha e Dali em atendimento na igreja evangélica no Morro São

Tiago

Fonte: Acervo da pesquisa

Figura 85 - Equipe de saúde na comunidade: traçando vínculos

Dali e seus irmãos (cinco) vivem com a mãe. Exceto o mais novo, que ainda era um bebê, tinham idade para estar matriculados na escola, mas não estavam.

“Não consigo entender por que ela não faz a matrícula das crianças. Todos os problemas são colocados. Ai que coisa difícil, não sair do lugar. É o registro que molhou, é a escola ser no gueto, é ter que dormir na fila para conseguir vaga. Não vai dar certo esse menino solto na rua. Amanhã eu vou até a escola tentar fazer alguma coisa.” (Diário de campo, fevereiro 2014).

Vivenciei um período de grande angustia. O questionamento sobre a confortável ideia que somos sempre os mesmos, como seres psicológicos no nível individual e seres políticos no nível coletivo atuando sempre do mesmo jeito, como plenos senhores das situações em que encontramos emergiu também. Onde estava a intersetorialidade, o direito a educação universal?

Figura 86 - Crianças do Morro São Thiago: ação comunitária

Julieta e Romeu saiam todos os dias da semana para a coleta de material para reciclagem. O ‘lixo’ produz lucro. As crianças acompanhavam os pais. Quando questionei o porquê de não estarem matriculadas na creche obtive como resposta a falta de vagas e para conseguir uma é necessário dormir na fila.

“Dra. não vou mentir. Não vou mentir pra senhora que não vai adiantar. Eu não fui para dormir na fila. O pessoal do Gueto sabe que a gente é do Morro. É pedir pra morrer e eu tenho os meninos e o Cabeça pra cuidar. Não fui e não ia adiantar muita coisa. Teve gente que foi de madrugada e não conseguiu vaga.” (Transcrição de gravação anotada em diário de campo, março, 2014).

O acesso universal a educação (vaga em uma escola e/ou creche)73 não

é uma realidade das Goiabeiras. Diversas crianças e adolescentes não frequentam a escola. Práticas de violência são apontadas como barreiras. Porém a falta de maleabilidade do sistema gera linhas de cristalização que potencializam essas barreiras.

Figura 87 - Família de Romeu e Julieta chegando de um dia de trabalho

Fonte: Acervo da pesquisa

O que define uma situação é a distribuição das possibilidades, o recorte espaço temporal da existência: papéis, funções, atividades, desejos, necessidades74, gostos, tipos de alegrias, dores, etc. Ao conhecer Dona Nicinha e

sua grande família desconstruímos aqui a dicotomia das possibilidades: masculino- feminino, branco-preto, adulto-criança, forte-fraco, etc. Esses reduzem as possibilidades da percepção e sempre englobam uma hierarquia: cada definição é no fundo a de um maior e de um menor. Esse enquadramento dicotômico interrompe o desejo enquanto processo. Em Dona Nicinha o desejo de viver e que sua família sobreviva dotou esse de uma qualidade intrisecamente feminina.

Na realidade se os devires passam por uma relação privilegiada com a feminilidade, com a infância é por que essas relações fazem fugir de situações dicotômicas que se organizam através de relações de poder. (ZOURABICHVILI, 2009). Dessa linha de fuga surgiu a identificação entre eu Dona Nicinha: o caráter factível de uma emancipação que se consiste em uma identidade mulher. Deste ponto de vista, mesmo uma mulher tem que “devir-mulher”, isto é, reencontrar o ponto onde sua autoafirmação, longe de ser de identidade definida em relação ao homem é um devir que não se afirma sem comprometer a ordem estabelecida. (DELEUZE; GUATTARI, 1995).

Dona Nicinha é mãe de nove filhos, avó de quarenta e seis, bisavó de vinte. A maioria da família vive no Morro São Thiago.

A casa da família de Romeu e Julieta foi atingida por um raio75. Nessa

tarde estava em visita ao Morro e participei do resgate76 de Romulo e Reno.

Presenciei a invasão da casa pela polícia. As crianças estavam sozinhas visto que leva-las para a coleta de material reciclável no período de chuva traz grandes transtornos, incluindo a piora das crises de broncoespasmo. Não costumo trabalhar vestida de branco, mas nesse dia excepcionalmente trajava um vestido branco. Quando vi a polícia entrar na residência da família me dirigi até lá para explicar a situação. Os policiais perguntaram de forma ríspida quem eu era e me identifiquei

74 Conceito encontrado na literatura é o de “necessidades cognitivas”, segundo as quais, diversos aspectos da subjetividade se interagem influenciando na capacidade ou não dos sujeitos desencadearem processos diversos. (CAMPOS, 2007).

75 A polícia que atua no Morro é o Raio. Não cabe aos objetivos dessa tese descrever as competências da segurança pública.

76 Socorro realizado de maneira improvisada por equipe de saúde e moradores da comunidade. Aqui novamente remetemos a distância crítica.

como a médica da família. A resposta que recebemos foi: “Médica da família [...] mulher de branco em cima desse morro a noite, só pode ser é assombração! Mas nós vamos fingir que acreditamos em fantasmas.” A equipe da polícia se retirou do

domicílio com suas armas poderosas.

“Não vi o raio caindo, mas vi o Raio chegando”. Quando pegou fogo todos correram para lá. Também corremos. Os meninos estavam no barraco com cara de choro e medo. Agente precisava tirar os dois de lá. Apesar dos pesares, trabalhamos com os Raios. “Intersetorialidade acidental.” (Diário de campo, maio 2012).

Figura 88 - Crianças no Morro São Thiago: máquinas desejantes

Fonte: Acervo da pesquisa

Dali e seus irmãos continuaram desafiando as adversidades. Crescer, desenvolver, adoecer, adolescer. A vida é uma imanência. Eis por que o pensamento que pensa seu próprio ato pensa ao mesmo tempo as condições da "experiência real", por mais rara que seja esta. A experiência das crianças ao

desafiar o lixo com um sorriso foi o que Deleuze e Guattari marcaram como "experimentação tateante". (DELEUZE; GUATTARI, 1995).

Em visita domiciliar a família de Dali encontramos seu irmão mais novo com um ano e nove meses desnutrido grave, comendo em uma tigela no chão junto com gatos. Contatamos o Conselho Tutelar e a criança foi encaminhada ao Hospital Escola da Universidade Federal do Ceará. Surgiu uma linha de fuga para a criança? Cristalização na relação entre a equipe de saúde e Madalena, pois esta acreditou que a equipe “tirou seu filho”?

“Até hoje não sei se agi de forma correta. Sei e vejo que ela sente falta do JV. Que os irmãos também sentem. No dia, fiz o que pensei ser o correto e fiz contato com o conselho tutelar. Mas hoje pensei muito. A criança ainda está em um abrigo, a residência multi saiu da Barra, os outros continuam fora da escola. ” (Diário de campo, julho 2014).

Figura 89 – Visita domiciliar a família de Dali: devir-criança, devir todo-mundo

Em um encontro com a família de Romeu e Julieta na comunidade, Romeu referiu diminuição da acuidade visual. A família caminhava pela rua empurrando seu carrinho para coleta de material de reciclagem:

“Doutora minha vista não está valendo nada. Ando tropeçando e toda hora é barroada. Mas também já vi muita coisa ruim e triste nesse Morro que queria mesmo era parar de enxergar. Os olhos ficam cansados de ver. Se puder me dar uma guia para consultar com o médico de olhos vou ficar agradecido.” (Diário de campo, março 2014).

A aparente contradição entre desejar perder a visão e ser encaminhado ao oftalmologista é marcada na concepção deleuzo-guattariana onde o desejo não é a representação de um objeto ausente ou faltante, mas uma atividade de produção, uma experimentação incessante, uma montagem experimental. Romeu não deseja perder a visão, mas mudanças em sua vida, experimentar visões mais prazerosas.

Figura 90 – Romeu e um momento de desesperança

Dali cresceu e adolesceu. Dos nove aos quinze anos uma enxurrada de acontecimentos e de hormônios produzem mudanças importantes. Nessa transição do devir criança para adolescência foi primordial o caos: um afluxo incessante de pontualidades de todas as ordens, perceptivas, afetivas, intelectuais, cuja única característica comum é a de serem aleatórias e não ligadas. O crack surgiu cedo em sua vida. Começou como “aviãozinho”77. Abandonou a escola, saiu da casa da mãe,

começou a consumir cocaína, foi ‘expulso do morro’ por consumir cocaína que deveria ser entregue a um ‘cliente’. Apaixonou-se por uma jovem deficiente auditiva e foi pai aos quinze anos.

Dona Nicinha fez 79 anos com enorme vontade de viver, trabalhar e produzir. Produzir saúde, produzir devires marcando pura potência. Deseja a saúde e o bem estar de sua família.

Compramos um fogão, um jogo de panelas e os primeiros ingredientes. Traçamos o desejo produzindo alimentos para vender e marcando fonte de energia na integrante mais idosa de uma família. Dessa forma, o desejo foi identificado como uma força afirmativa de invenção e de diferença que segue sempre em movimento, operando como uma potência criadora e quebrando as normas inflexíveis.

Romeu e Julieta se separaram pois Julieta encontrou outro amor. Os filhos ficaram sob os cuidados de Romeu. Romeu retornou para casa de Olga, sua primeira esposa e filha de Dona Nicinha. Desterritorializações, reterritorializações e o eterno retorno:ritornelos.

Essas histórias não tiveram um ponto de origem e não terão um final. São rizomas: nada de ponto de origem ou de princípio primordial comandando todo o pensamento; portanto, nada de avanço significativo que não se faça por bifurcação, encontro imprevisível, reavaliação do conjunto a partir de um ângulo inédito. (ZOURABICHVILI, 2004).

77O ‘aviãozinho’ é aquele que faz a entrega da droga ilícita. Ponte entre o traficante e quem consome a droga

Figura 91 - Dali e crianças no Morro São Thiago

Fonte: Acervo da pesquisa

Figura 92 - Quintal da casa da família de Dali

Figura 93 - Dali e Tatiana em março 2014, travessa Santiago da Barra

Fonte: Acervo da pesquisa

Figura 94 - Visita ao Morro São Tiago: desconstruções e construções

No trabalho na ESF, o que é primordial, de certa forma, é o caos: um afluxo incessante de pontualidades de todas as ordens, perceptivas, afetivas, intelectuais, cuja única característica comum é a de serem aleatórias e não ligadas. (DELEUZE; GUATTARI, 1995). Aqui dialogamos com Deleuze, e em uma tese rizomática possuímos a linha de fuga do poder desterritorializar. O caos pode sim ser aleatório e possuir bifurcações são ilimitadas.

Nosso objetivo nessas narrativas não foi estabelecer a figura do "pobre necessitado", colocado a parte do mercado de trabalho e da posse da terra, do trabalho livre, que merece hospitalização. A doença é apenas um dos elementos em um conjunto que compreende também a enfermidade, a idade, a impossibilidade de encontrar trabalho, a ausência de cuidados. (FOUCAULT, 2012).

Esclarecemos que vulnerabilidade é expressão de nossa própria condição originária existencial humana, enquanto vulneração é a condição de vulnerabilidade de fato de pessoas ou grupos humanos. Para o nosso contexto, resistência é interpretada como um movimento contra-hegemônico ao biopoder. (SILVA NETO, 2012).

Figura 95 - Horizontes

Figura 96 - Devir criança

Fonte: Acervo da pesquisa

Figura 97 - Trabalho peripatético