• Nenhum resultado encontrado

Vejamos alguns dos problemas detetados na adolescência e juventude ao nível escolar: *-Falta de atenção e hiperatividade. São défices existentes nos alunos em todos os níveis de ensino obrigatório. A falta de atenção e concentração nas crianças/jovens são manifestações que se associam ao desleixo, desorganização, incumprimento de normas/regras, dificuldade em executar uma tarefa do princípio ao fim, coleciona projetos inacabados e manifesta dificuldades em manter-se sentada, etc. Apesar destes alunos com défice de atenção sejam intuitivas, sinceras e compreensivas, o seu cérebro não consegue escolher qual a informação que deve reter seja qual for o contexto. São incapazes de selecionar a informação e a reter. Ou sejam, estes alunos, têm dificuldades em manterem-se concentrados na realização de tarefas escolares por muito tempo, descrevendo as aulas como “tédio”, ‘aborrecidas’, ‘chatas’. Quando

o aluno não compreende uma dada matéria a sua mente leva-o para outro contexto por forma a evitar a frustração da não compreensão.

Existe uma falta de sensibilidade dos professores para este tema, mesmo nas turnas de educação especial, afirmando que os alunos são “desatentos, irrequietas“. Segundo, David & Myra Sosin (2006: 13), os professores descrevem os jovens com ‘Desordem por Défice de Atenção’ sem reconhecerem o seu diagnóstico. Se são diagnosticados a tempo, o jovem pode começar a ter sucesso académico, nas relações sociais e familiares e aumenta a autoestima consideravelmente. Assim o papel do professor/tutor e técnicos (psicólogo) é fundamental no diagnóstico. A intervenção do professor pode mudar a vida de muitos alunos, no dizer de David & Myra Sosin (2006: 22) “o professor que acolhe bem a individualidade e a criatividade, mesmo que o aluno se desvie da norma, e consegue integrar essa criatividade na sala de aula e nos exercícios muito provavelmente terá sucesso com os seus alunos.”

*-Impulsividade. O controlo do impulso, o jovem não consegue pensar nos seus atos, o

jovem faz palhaçadas recorrentemente na sala de aula; interrompe as conversas; acaba as tarefas primeiro que os outros, mas faz tudo mal; não segue as indicações dadas, confunde-se com uma criança má e traquina, manipuladora ou imatura. O jovem não têm consciência do seu comportamento traquina e desobediente.

*-Hiperatividade. As manifestações de hiperatividade variam de individuo para individuo,

não as podendo confundir com a falta de atenção ou distração. As principais características destes alunos são: brincar com o lápis, enrolar o cabelo; sentam-se na última fila da sala de aula e passar despercebido; dificuldade em ficar sentado; dar pontapés; metem-se em sarilhos frequentemente, partindo ou estragando a maioria dos objetos; são conhecidos por faladores; revelam problemas de coordenação. Aparentemente parecem ser uma criança calma, passando por longos períodos de atenção desde que o assunto lhe interesse.

*-Bullying. De acordo com Rodrigues (2011), violência entre pares nas escolas define-se

como sendo, um processo de abuso e intimidação sistemática por parte da criança sobre outra, que não tem possibilidade de se defender. A escola é por excelência um contexto fundamental para fomentar o inter-relacionamento e o desenvolvimento das crianças e dos jovens, contudo existem relações que não são saudáveis, provocadas por comportamentos e atitudes desviantes, (não esperadas). Um estudo realizado em 2006, pela DECO Proteste, concluiu que em Portugal 37% dos alunos e 18% dos professores já foram vítimas de violência física ou psicológica, ou seja, 1 em cada 3 alunos está envolvido em situações de violência dentro ou nas proximidades da escola (Carvalhosa, 2010). Assim sendo, esta é uma realidade que necessita de mais investigação e, sobretudo, da criação e implementação de estratégias específicas para a prevenção e irradicação deste problema nas escolas. ‘Bullying’ caracteriza-se por violência entre pares, no contexto escolar, sendo um problema que afeta toda a comunidade escolar, o bem-estar. É, também um problema social e económico.

De facto, o ‘bullying’ revela repetidamente ações negativas (Ferreira e Pereira, 2001). Este fenómeno ocorre quando uma ou mais crianças exerce ações negativas sobre outra. Consideramos bullying qualquer tipo de comportamento de agressão entre alunos, em que um ou vários alunos abusa intencionalmente da situação de superioridade sobre a vítima, ou seja quando uma pessoa, rapaz ou rapariga, está a ser vitimado repetidamente e ao longo do tempo a ações negativas da parte de uma ou mais pessoas. São ações provocadas intencionalmente e com intenções de causar dano (Oleweus, 1993). Pode assumir diferentes formas: física (bater, empurrar); verbal e psicológica (ameaçar, insultar, chantagear, levantar rumores); exclusão do

grupo de pares ou, ainda, através de meios eletrónicos e novas tecnologias da comunicação (internet, redes sociais, cyberbullying). As agressões, que são ataques abertos às vítimas, são consideradas bullying direto, aquelas que conferem um isolamento social e a exclusão intencional do grupo de pares é considerado bullying indireto.

Os jovens portugueses com 11 e 13 anos de idade colocam Portugal em 4º lugar no ranking da vitimização na escola. (Carvalhosa, 2010). Os estudos sobre esta problemática dizem-nos que os comportamentos agressivos nas crianças escolares aumentam o risco de delinquência, abuso de substâncias, abandono escolar, depressão etc. Assim, de acordo com esta autora, prevenir a violência, ajuda as crianças a promoverem competências necessárias para criarem envolvimentos seguros e tornarem-se futuros adultos saudáveis, a autora alerta-nos também, para que não devemos tolerar que os nossos filhos sejam excluídos pelos colegas. Sendo que nas escolas, na maioria das vezes, predomina a lei do mais forte e, sendo certo que o medo gera violência, tudo passa a acontecer em bola de neve, uns comportamentos motivam os outros. Daí que o bullying se caracterize pela intencionalidade do comportamento, e se é repetido, ao longo do tempo, no que se refere a terceira característica, diz respeito a um desequilíbrio de poder.

Para Carvalhosa (2010) há quatro tipos de comportamentos: os que não têm nenhum envolvimento; os Bullys; as vítimas; os Bully-vitimas. Os indivíduos que não têm envolvimento no bullying, não são vítimas nem agressores, são aqueles que possuem maior competência social. Os espetadores são aqueles com maior potencial para prevenir estas situações podendo agir de modo a não tolerar o bullying ou a denunciar os casos que conhece. As famílias das vítimas de bullying são famílias, com excesso de proteção parental e muito baseada numa educação de restrição. Quanto às causas individuais a característica mais relevante é o temperamento, a incapacidade de controlar os impulsos e a sua agressividade (ira). Outro facto, e mais evidente no sexo masculino é a força física, os bullys têm tendência para a procura de sensações de impulsividade, temperamento, ansiedade e depressão, baixa tolerância à frustração (Carvalhosa, 2010).

*-Motivos familiares. No que diz respeito aos motivos familiares indicamos a falta de

atenção e afeto, comportamentos agressivos no seio familiar, fraca supervisão dos pais, comportamentos agressivos e, consequentemente bullying, punições severas, conflitos familiares, etc. Ao nível dos pares (individuo) os fatores incluem a amizade com outros jovens com comportamentos antissociais (Oleweus, 1993).

*-Fatores sociais. Estes influenciam a ocorrência de indisciplina, desrespeito e bullying.

São as crenças e as normas sociais, que toleram estes comportamentos, nomeadamente quando os grupos suscitam atitudes racistas ou discriminatórias. A influência do fator económico- social, que é evidenciada na grande maioria destes alunos, provenientes de suportes familiares pouco estruturados, e sem qualquer apoio afetivo, parece transparecer para os seus exemplos e atitudes externas face aos pares. Estes maus tratos acontecem sobretudo através da intimidação, ataques físicos e isolamento social. Hoje em dia e devido á evolução e acessibilidade das novas tecnologias (internet, telemóvel), surge um novo meio de bullying, o cyberbullying. É também no meio escolar, com fraca supervisão, que se ocasiona estes comportamentos violentos, assim como o contexto social da escola.

2.-A formação dos alunos no contexto do sistema educativo