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DIRETRIZES INTERNACIONAIS E NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO

3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO UM PARADIGMA EMERGENTE DA

3.1 DIRETRIZES INTERNACIONAIS E NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO

O objetivo do presente estudo é constatar se as diretrizes e bases da educação ambiental previstas na norma constitucional e infraconstitucional brasileira, que surgem por recomendação dos documentos internacionais a respeito do assunto, contemplam as diretrizes recomendadas pela Conferência de Estocolmo de 1972 e a Conferência de Tbilisi de 1977.

Ao pesquisar o tema relativo às diretrizes e bases da educação ambiental no Brasil, primeiramente, serão estudados dois documentos internacionais que recomendam essa matéria para o âmbito dos Estados Nacionais: a Conferência de Estocolmo de 1972 e a Conferência de Tbilisi de 1977. Cabe ressaltar que a escolha destes dois documentos para o presente estudo é por considerar documentos que apresentam significativa relevância para a educação ambiental em caráter internacional e para o Brasil. Estocolmo, por ser uma Conferência de cunho universal a respeito do meio ambiente e que destaca a educação ambiental como fator de desenvolvimento sustentável para a humanidade. Tbilisi, por ser uma Conferência Internacional organizada para debater e regulamentar a educação ambiental prevista na Conferência de 1972.

Cabe mencionar que o Brasil se constitui numa Federação composta pela União, pelos Estados Membros, pelos Municípios e pelo Distrito Federal. Cada membro federativo regulamentará em legislação própria sua política de educação ambiental, levando em consideração as diretrizes nacionais e internacionais. Mas,

no segundo momento, o estudo levará em consideração somente a legislação constitucional e infraconstitucional federal a respeito do assunto, por se tratar de diretrizes gerais, que serão válidas para os Estados Membros, os Municípios e o Distrito Federal, por ocasião da elaboração da norma local e regional.

O primeiro documento internacional a ser contemplado neste estudo é a Declaração de Estocolmo de 1972 sobre o Meio Ambiente. Dentre seus princípios, um conteúdo mereceu atenção especial por parte da Assembleia constituída por Chefes de Estados, que é a educação ambiental. Ela passa a ser recomendada a todos os povos pela Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano de 1972, como política de educação a ser regulamentada por intermédio de legislação interna de cada Estado Nacional.

Mazzuoli (2008) apresenta o seu princípio 19. Este princípio estabelece que aos Estados Nacionais produzam a normatização que determina a adoção de políticas de educação ambiental visando às gerações de jovens e adultos. Igualmente, dispensa atenção aos setores das populações menos privilegiadas, a fim de informar a opinião pública de uma conduta bem responsável por parte das coletividades e das empresas quando se tratar da proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana.

O segundo documento a ser analisado é a Declaração da Conferência Intergovernamental de Tbilisi sobre Educação Ambiental, que ocorreu de 14 a 26 de outubro de 1977 na capital da Geórgia. Esta Conferência foi organizada pela Unesco, com o objetivo de dar sequência e regulamentar aquilo que fora definido pela Conferência de Estocolmo a respeito do tema em discussão.

Este evento se constituiu num marco importante sobre a educação ambiental, pois retoma e aprofunda o debate a respeito da necessidade de políticas de educação ambiental intergovernamental, que tenham efeito para toda a humanidade. Como resultado desta Conferência, produziu-se um documento denominado de “A Declaração do Meio Ambiente”127

. Tal documento destaca a importância da educação ambiental a ser regulamentada e desenvolvida pelos Estados e propõe

127Como resultado desta Conferência, produziu-se um documento denominado de “A Declaração do

Meio Ambiente”, que recomenda o desenvolvimento da educação ambiental no âmbito dos Estados Nacionais. Este documento não considera meio ambiente somente do ponto de vista dos elementos naturais. Considera meio ambiente na sua versão social, reúne elementos do ambiente do trabalho, no seu conjunto de valores culturais, morais e das atividades de tempo livre. (Recomendação n° 2). Dessa maneira, o meio ambiente não é visto apenas do ponto de vista biologicista, mas meio ambiente com um perfil socioambiental” (VELASCO, 2012, p. 42).

recomendações que podem ser seguidas em âmbito local, regional e internacional. O documento estabelece as três finalidades da educação ambiental, quais sejam:

Promover a compreensão da existência e da importância da interdependência econômica, social, política e ecológica. Proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o sentido dos valores, o interesse e as atitudes necessárias para a protegerem e melhorarem o meio ambiente. Induzir novas formas de conduta, nos indivíduos e na sociedade a respeito do meio ambiente (DIAS, 2014, pp. 109-110).

Para essa Conferência, as políticas de educação ambiental a serem definidas em lei interna pelos Estados, faz-se necessário considerar a relação existente entre o modelo de desenvolvimento econômico interno com os valores socais e culturais de cada sociedade, com as políticas de governo e os processos ecológicos essenciais ao manejo ecológico128 das espécies e dos ecossistemas existentes. Significa dizer que a educação ambiental não será apenas do ponto de vista ecológico, mas também no aspecto social, econômico e político. A educação ambiental será um caminho para promoção do conhecimento e de valores necessários para que o indivíduo possa constituir uma conduta ética nas relações com o meio ambiente. Em resumo essa Conferência sintetiza a educação ambiental em dois princípios básicos:

Uma nova ética que orienta os valores e comportamentos sociais para os objetivos de sustentabilidade ecológica e equidade social. Uma nova concepção do mundo como um sistema complexo levando a uma reformulação do saber e a uma reconstituição do conhecimento. Neste sentido, a interdisciplinaridade se converteu num princípio metodológico privilegiado da educação ambiental (LEFF, 2011, p. 237).

De igual forma, Tbilisi estabelece os dez princípios129 fundamentais da educação ambiental. Tais princípios fundamentarão a política de educação

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A Constituição Brasileira de 1988 em seu artigo 225 § 1º inciso I estabelece a obrigatoriedade de “preservar e restaurar os processos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas” (BRASIL, 1988, p. 324).

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Os princípios básicos são: 1) considerar o meio ambiente em sua totalidade, isto é, em seus aspectos naturais e criados pelo homem (político, social, econômico, científico-tecnológico, histórico- cultural, moral e estético); 2) constituir num processo contínuo e permanente, através de todas as fases do ensino formal e não formal; 3) aplicar um enfoque interdisciplinar aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada; 4) examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional, nacional e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as condições ambientais de outras regiões geográficas; 5) concentrar-se nas condições ambientais atuais, tendo em conta também a

ambiental a ser desenvolvida pelos Estados Nacionais. Ressalta-se que esses princípios se constituem no fundamento a ser seguido no momento de elaboração da norma sobre a educação ambiental como paradigma a ser seguido na contemporaneidade. De acordo com o mencionado no capítulo primeiro, os princípios representam um dever imediato; e o dever mediato, na adoção da conduta necessária para alcançar um estado ideal de coisas. Sendo assim, os princípios instituem um dever de efetivar um estado de coisas e, neste caso, as políticas de educação ambiental a serem previstas em lei e efetivadas pelos Estados precisam fundamentar-se nos princípios constantes nos documentos internacionais aqui mencionados.

No tocante ao Brasil, cabe destacar a Norma Constitucional sobre a Educação Ambiental que a torna obrigatória no âmbito da Federação Brasileira. O Congresso Constituinte, ao elaborar a atual Constituição, teve a preocupação de elevar o tema à categoria de Norma Constitucional, como um direito e, ao mesmo tempo, uma obrigação extensiva a todos. Sendo assim, o assunto foi previsto no artigo 225, parágrafo primeiro, inciso VI da Constituição Federal de 1988. Para efetivação desse direito, incumbe ao Poder Público “[...] promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (1988).

Neste ínterim, a Constituição de 1988 estabelece que, a educação ambiental precisa desenvolver-se de forma universalizada em todas as esferas da nossa Federação. Sua efetivação é uma responsabilidade do Poder Público em todas as esferas da Federação, a fim de compreendermos que o meio ambiente em estado de equilíbrio130 é um direito e, ao mesmo tempo, um dever. Que os bens131

perspectiva histórica; 6) insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional, para prevenir os problemas ambientais; 7) considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de desenvolvimento e de crescimento; 8) ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais; 9) destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em consequência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver tais problemas; 10) utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, acentuando devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais (DIAS, 2014, pp. 112 a 124).

130A respeito do estado de equilíbrio, Machado (2013, p. 66) afirma que ele “[...] não visa à obtenção

de uma situação de estabilidade absoluta, em que nada se altere. É um desafio científico, social e político permanente aferir e decidir se as mudanças ou inovações são positivas ou negativas”.

131“O artigo 225 da Constituição Federal de 1988, reitere-se, ao estabelecer a existência jurídica de

um bem que se estrutura como de uso comum do povo e essencial á sadia qualidade de vida, configurou nova realidade jurídica, disciplinando bem que não é público nem, muito menos, particular. [...] O bem ambiental é, portanto, um bem de uso comum do povo, podendo ser desfrutado por toda e

ambientais são de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Que sua preservação é uma responsabilidade do Poder Público e das coletividades, com vistas a garantir o equilíbrio ambiental para às presentes e as futuras gerações. (BRASIL, 1988). Trata-se, portanto, de um direito intergeracional extensivo a todos, independentemente da condição em que o indivíduo se encontra.

Pelo fato de o Brasil ser considerado uma República Federativa, como preceitua o artigo 1° da nossa atual Constituição, a educação ambiental é uma questão posta pela República. Sua efetivação se torna obrigatória durante toda a formação escolar do educando, bem como no âmbito das organizações civis que compõem a sociedade brasileira.

A respeito da educação nacional, a Constituição Brasileira de 1988 é regulamentada por um conjunto de normas infraconstitucionais132, federais, estaduais, municipais e distritais, a fim de que as unidades federativas regulamentem os seus sistemas de ensino. Para efeitos deste subtítulo, serão estudadas algumas normas federais regulamentadoras da Constituição de 1988 voltadas à educação ambiental e que foram consideradas importantes para a produção desta tese.

Sendo assim, a Lei n° 9394 de 1996 estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional em todos os níveis e modalidades de formação. Com fulcro nesta norma, o Brasil inicia sua reforma educacional prevista na atual Constituição, mediante a adoção dos Parâmetros Curriculares – PCN em 1998. Os PCNs estabelecem que a educação ambiental passa a ser matéria de conteúdo transversal no ensino brasileiro. Para Saito:

Na década de 1990, o debate sobre a disciplinarização da educação ambiental ganha um desfecho final com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, que determinaram consolidando a posição do Conselho Federal de Educação de 1987 de não constituir a educação ambiental como disciplina específica, tendo adquirido em sua formulação final o caráter de tema transversal, apresentado pelos PCNs. Apesar dessa decisão, o final da década de 1990 e o início do novo século reintroduzem a educação ambiental nos currículos escolares, sob novo enfoque, agora compondo

qualquer pessoa dentro dos limites constitucionais, e, ainda, um bem essencial à sadia qualidade de vida” (FIORILLO, 2014, p. 191).

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Normas infraconstitucionais são aquelas que não integram o texto normativo da Constituição. Numa situação hierárquica, de regra, são normas que estão abaixo da Constituição, e, portanto, não pode ir contradizer a norma da constituição, por serem consideradas inconstitucionais. Citam-se como exemplo de normativas infraconstitucionais, leis ordinárias, leis complementares, decretos, decretos- lei, medidas provisórias, resoluções, portarias, dentre outras.

uma parte diversificada e flexibilizada do currículo escolar (SAITO, 2012, p. 56).

Esta decisão do Conselho Federal de Educação de 1987 serve de fundamento para o Congresso Constituinte de 1988 ter incluído no artigo 225 § 1°, VI, a educação ambiental obrigatória em todo os níveis de ensino. Da mesma forma, serve para fundamentar o legislador, quando da elaboração da Lei n° 9795 de 1999, que regulamenta e institui a educação ambiental no Brasil, como parte diversificada em todo o currículo escolar. Esta regulamentação estabelece um papel importante a ser desempenhado pela escola, como o de articular as políticas de educação ambiental de forma permanente e, segundo o destaque normativo realizado por Medauar (2009, p. 419) precisa “[...] estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”.

A primeira norma infraconstitucional a respeito da educação ambiental, a Lei n° 9795 de1999 é apresentada pela mesma autora (2009, pp. 419-420). Destaca-se o seu artigo 4°, no qual a educação ambiental assenta-se numa base principiológica, sob o enfoque humanista133, holístico, democrático e participativo. Deverá levar em consideração o meio ambiente na sua totalidade, ou seja, o ambiente natural, o socioeconômico e o cultural sob o enfoque da sustentabilidade em âmbito local, regional, nacional e global. Deve primar pelo respeito à diversidade individual e cultural, criando vinculação entre a ética, o trabalho e as práticas sociais. A proposta de educação a ser definida e executada pela escola levará em consideração a pluralidade de ideias e concepções pedagógicas na perspectiva inter, multi e transdisciplinar.

Contudo, a Lei 9795 de 1999 no seu artigo 5°, IV combinado com o artigo 7°, prevê que a educação ambiental tem como objetivo fundamental o incentivo à participação individual e coletiva por intermédio da educação formal e na modalidade não-formal, ou como menciona o seu artigo 8°, na educação escolar e educação em geral, com vistas à “[...] preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se

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Ressalta-se que a educação ambiental sob o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo, expresso nesta norma, não possui assento na tradição educacional brasileira da Constituição Imperial de 1824 e da Constituição Republicana de 1891, pois, a sociedade brasileira, nesses dois momentos históricos, apesar de certos alertas a respeito da devastação do meio ambiente, não levou em consideração a importância da educação ambiental. Razão pela qual, o Constituinte desconsiderou o tema ao elaborar a norma constitucional de 1824 e 1891.

a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania”.

Outros objetivos a serem alcançados pela educação ambiental, segundo a norma, diz respeito ao estímulo à cooperação entre as regiões do País, fomento à integração entre ciência e a tecnologia, fortalecimento do princípio da autodeterminação e a solidariedade entre os povos e atuação na democratização das informações a respeito do meio ambiente, para que possa contribuir para uma sociedade livre, igualitária, solidária, democrática, com justiça social e sustentável.

Como o Brasil é uma República Federativa formada pela União dos Estados Membros, dos Municípios e o do Distrito Federal, o artigo 3° da Constituição de 1988 contempla os objetivos134 da nossa República. Por sua vez, o seu artigo elenca os princípios135 que regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil.

Considerando que os objetivos e os princípios constitucionais da República Federativa do Brasil, determinam a promoção de um estado ideal de coisas e a adoção de uma conduta necessária, a norma regulamentadora da Constituição deverá levar em consideração o seu dever imediato e o dever mediato.

Para tanto, o legislador, ao produzir a Lei 9.795136 de 1999 a respeito da educação ambiental, de um modo em geral, levou em consideração os objetivos e os princípios republicanos contidos no texto da nossa atual Constituição de 1988. Por sua vez, esta Lei não contemplou o objetivo republicano da erradicação da pobreza, da marginalização e da redução das desigualdades sociais e regionais, bem como o princípio republicano constitucional da não intervenção, da solução pacífica dos conflitos e da concessão de asilo político. Mesmo assim, são princípios e objetivos

134Assim, os objetivos a serem alcançados a curto, médio e longo prazo são: “construir uma

sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos sem preconceitos” (BRASIL, 1988, p. 2).

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Os princípios que regem as relações internacionais do Brasil são: “a independência nacional, a prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, a não intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e a concessão de asilo político” (BRASIL, 1988, pp. 3-4).

136Já, o seu artigo 7° estabelece que, “a política nacional de educação ambiental envolve em sua

esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental” (MEDAUAR, 2009, p. 420), regulamentando assim, o artigo 225 caput e o § 1°, VI da Constituição de 1988, que estabelece a responsabilidade compartilhada

necessários para fundamentar as políticas de educação ambiental em todos os níveis de ensino da escolaridade nacional.

Note-se que a norma não deixa explícita nos seus princípios, a necessidade da educação ambiental levar em consideração à qualidade do ambiente do trabalho e o ambiente artificial urbano, mencionados pela Constituição de 1988 em seus artigos 182, 7° e 200, VIII. De outra maneira, ela também não menciona a questão da judicialização137 das infrações e crimes cometidos ao meio ambiente138, por intermédio da intervenção ilimitada da pessoa física ou jurídica de direito privado ou de direito público como prevê a artigo 225 § 3° da Constituição de 1988.

A segunda norma infraconstitucional federal a respeito da educação ambiental a ser destacada é o Decreto 4281 de 25 de junho de 2002. Seu conteúdo regulamenta a Lei n° 9795 de 1999 a respeito da educação ambiental brasileira, mencionada anteriormente. O Decreto regulamenta a criação do Órgão Gestor da educação ambiental no Brasil. Sua coordenação fica a cargo do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Educação. A composição139 deste Órgão integra dirigentes indicados pelos dois Ministérios, que terão a responsabilidade de direção, de decisão e coordenação das atividades relacionadas à educação ambiental (COLEÇÃO, 2013, p. 401).

O seu artigo 3° estabelece a competência do Órgão Gestor140, que é: realizar a avaliação e intermediação de programas e projetos na área da educação

entre o Poder Público, as coletividades, a escola pública e a privada, no tocante a educação ambiental.

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Em relação a judicialização das questões de meio ambiente, Leite e Ayala (2002, pp. 36-37) ponderam que, ”O amplo acesso ao Judiciário das demandas ambientais é justificável quando, por exemplo, não há como obrigar o responsável pela lesão ou ameaça de lesão ao ambiente a cumprir os seus deveres sem ser através da intervenção do Judiciário. Neste exemplo, evidencia-se que a tutela jurisdicional ambiental viria, ao menos, para garantir à sociedade um instrumento para responsabilização dos que ameaçam ou degradam o meio ambiente”.

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O artigo 225 § 3º da Constituição Brasileira de 1988 regulamenta o processo ambiental sobre a prática de danos ao meio ambiente. Assim, “As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (BRASIL, 1988, p. 234). Por sua vez, a Lei 9605/98 e Dec. 6514/08 regulamentam tal dispositivo constitucional a respeito dos crimes e infrações ambientais cometidos por pessoas físicas e jurídicas de direito público e direito privado, que são causadores de danos ambientais.

139De acordo com a Lei 9795 de 1999, “A Política Nacional de Educação Ambiental será executada

pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, pelas instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, pelos órgãos públicos da União, Estados Membros, Distrito Federal e Municípios, envolvendo entidades não governamentais, entidades de classe, meios de comunicação e demais segmentos da sociedade”.

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Incumbe ao Órgão Gestor promover as condições necessárias ao conhecimento, implantação e avaliação das diretrizes de educação ambiental deliberadas pelo CONAMA e o CNE, afim de que os Órgãos Públicos e as escolas em todos os níveis e modalidades de educação possam implantar as

ambiental; observar as deliberações do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e do Conselho Nacional de Educação (CNE) no tocante à educação ambiental; apoiar o processo de implantação da política de educação ambiental em todos os níveis; sistematizar e divulgar as diretrizes de educação nacional; estimular as parcerias no âmbito público-privado para a educação ambiental; promover levantamento de programas e projetos de educação ambiental; indicar metodologias para avaliar os programas e projetos na área da educação ambiental; indicar e divulgar fontes de financiamento para ações educativas e criar indicadores de sustentabilidade para financiamentos de programas e projetos educacionais