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Discussão dos Resultados da Análise dos Dados

4 APRESENTAÇÃO, DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA ANÁLISE DOS DADOS E DOS

4.3.1 Discussão dos Resultados da Análise dos Dados

Os resultados das análises desenvolvidas sobre os dados relacionados com os gastos com investimento, quando levados a efeito pelos municípios brasileiros extremamente pequenos, em período anterior (1997-2000) e posterior (2005-2008) à vigência da Lei de Reponsabilidade Fiscal (LRF) sinalizam para o fato de que a Lei em questão influenciou o nível desses gastos.

Assim, levando-se em conta os coeficientes mostrados na Tabela 16, bem como o percurso demonstrado na linha do Gráfico 2, anteriormente exibidos, pode-se concluir que houve um impacto da LRF sobre a capacidade de investimento por parte desses pequeníssimos entes municipais.

Para proporcionar uma visão mais acurada da situação relativa aos níveis de gastos com investimentos por parte desses diminutos municípios nos períodos analisados, foi montado um gráfico de colunas utilizando os coeficientes mostrados na Tabela 16, do que resultou então o Gráfico 14, adiante apresentado.

Examinando-se detidamente as colunas do Gráfico 14, é possível notar que aquelas referentes ao período anterior à Lei de Responsabilidade Fiscal (1997-2000)

atingem patamares mais elevados do que as que se referem ao período posterior à entrada em vigor dessa Lei, sendo de se destacar, por oportuno, que o coeficiente de nível mais baixo é o do ano de 2005, que vem a ser o ano inicial do período considerado nesta pesquisa como o posterior à vigência da LRF.

O período intermediário (2001-2004) entre os dois que são objeto de análise nesta pesquisa esclarece melhor a situação, pois fica visível que nesse lapso houve uma tendência de queda nos coeficientes de investimentos sobre o total das despesas orçamentárias, sendo única exceção o ano de 2002.

Gráfico 14 – Demonstrativo dos coeficientes “INV./DESP.” dos municípios brasileiros extremamente pequenos

A propósito, faz-se oportuno destacar que os quatro anos que apresentaram os coeficientes mais elevados são os de 1998, 2002, 2006 e 2008, sendo que os três primeiros são anos de eleição geral para as esferas federal e estadual, e o último deles foi ano de eleições municipais.

Assim, nada obstante tratar-se apenas de conjecturas, não se faz de todo impossível imaginar a seguinte situação: aqueles que eram então detentores do

0,0000 0,0200 0,0400 0,0600 0,0800 0,1000 0,1200 0,1400 0,1600 0,1800

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

BRASIL - MUNICÍPIOS EXTREMAMENTE PEQUENOS Coeficientes Investimentos/Despesas Orçamentárias

Poder Municipal estariam interessados em se reeleger ou, até mesmo, em eleger seus candidatos, e para isso poderiam estar se utilizando dos recursos da máquina pública para atingir esses objetivos, mediante elevação dos gastos públicos, dentre os quais poderiam se encontrar, também, os gastos com investimentos.

De fato, em vista das peculiaridades do sistema tributário brasileiro, que prevê repasses das esferas federal e estadual para os municípios, e somando-se a isso o fato de que a maior parte desses diminutos municípios sobrevive praticamente com repasses da espécie, não é de causar espanto a ocorrência de elevados gastos com investimentos nos períodos mencionados.

Dessa forma, com o objetivo de se isolar o impacto causado pela situação acima descrita, elaborou-se outro gráfico, agora com a exclusão daqueles anos nos quais ocorreram eleições para as esferas federal e estadual, para permitir assim uma visualização da tendência dos coeficientes analisados, livres daquela variável não prevista pelo estudo, conforme demonstrado no Gráfico 15, abaixo.

Gráfico 15 – Demonstrativo dos coeficientes “INV./DESP.” dos municípios brasileiros extremamente pequenos, com expurgo dos anos de eleições federal/estaduais

Após o expurgo daqueles anos que coincidiram com as eleições federal e estadual, percebe-se que o gráfico acima passou a apresentar uma tendência mais

0,0000 0,0200 0,0400 0,0600 0,0800 0,1000 0,1200 0,1400 0,1600

1997 1999 2000 2001 2003 2004 2005 2007 2008

BRASIL - MUNICÍPIOS EXTREMAMENTE PEQUENOS Coeficientes Investimentos/Despesas Orçamentárias

Coeficientes Invest. / Desp. Orçamentárias

uniforme. Assim, fica visível que logo após a entrada em vigência da LRF, ou seja, no ano seguinte à sua sanção (2001), já se registrou um queda dos investimentos em relação ao ano de 2000. Nada obstante uma ligeira recuperação em 2003, nos dois anos seguintes verificou-se nova queda, sendo que em 2005 registrou seu nível mais baixo. Mesmo mostrando uma recuperação em 2007, ainda assim não conseguiu voltar aos níveis de 1997 e 2000, ficando apenas um pouco acima de 1999. A discrepância mais significativa que permanece se refere ao ano de 2008, bem acima dos demais.

A explicação mais plausível para essa situação pode estar atrelada ao fato de que, sendo o ano de 2008 um ano de eleições em nível municipal, isso poderia ter levado aqueles prefeitos cujos municípios, ou contam com níveis de arrecadação própria mais elevados, ou têm despesas em níveis mais reduzidos, a elevar de modo significativo seus gastos com investimentos, na tentativa de uma possível reeleição, ou até mesmo a eleição de seu candidato. Assim, não se pode olvidar que eventuais ações nesse sentido poderiam ter elevado esses gastos além do normal.

Em vista de uma possível contaminação dos dados nesses anos eleitorais, e com o objetivo de permitir uma análise livre dessas situações atípicas, foi também providenciada a exclusão dos dados referentes aos anos de 2000, 2004 e 2008, do que resultou a situação demonstrada na Figura 16.

Gráfico 16 – Demonstrativo dos coeficientes “INV./DESP.” dos municípios brasileiros extremamente pequenos, com expurgo de todos os anos eleitorais 0,0000

0,0200 0,0400 0,0600 0,0800 0,1000 0,1200 0,1400

1997 1999 2001 2003 2005 2007

BRASIL - MUNICÍPIOS BRASILEIROS EXTREMAMENTE PEQUENOS Coeficientes Investimentos/Despesas Orçamentárias

Coeficientes Invest. / Desp. Orçamentárias

Com o expurgo de todos os anos eleitorais, ficou mais bem definida a tendência dos coeficientes sob análise, fazendo-se possível assim um exame sem o viés daqueles exercícios financeiros que apresentaram elevação significativa no nível dos gastos com investimentos, por serem anos de campanhas eleitorais.

Como resultado, pode-se perceber que se registrou redução no coeficiente

“investimento sobre despesas orçamentárias”, uma vez que o patamar apresentado no primeiro ano da análise (1997) sofreu reduções continuadas, com exceção somente nos anos de 2003 e 2007, que apresentaram ligeira elevação em relação aos anos 1999, 2001 e 2005, mas sem nem mesmo se igualarem ao nível de 1997.

Em decorrência do comportamento dos dados analisados, faz-se possível inferir que nos exercícios financeiros anteriores à LRF (1997 e 1999), os coeficientes de investimento se apresentaram mais elevados do que nos exercícios posteriores à mencionada Lei, exceto em 2003 e 2007, sem que nesses dois anos, contudo, se conseguisse voltar ao nível de 1997, o que permite assim confirmar que a LRF exerceu influência sobre os investimentos dos municípios brasileiros extremamente pequenos.