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O Papel dos Pequenos Municípios Brasileiros no Equilíbrio

2.2 O MUNICÍPIO

2.2.6 O Papel dos Pequenos Municípios Brasileiros no Equilíbrio

Conforme já anteriormente exposto na parte introdutória desta investigação, verificou-se um acentuado crescimento na quantidade de municípios no Brasil, principalmente após a Constituição de 1988, sendo que a maioria desses novos entes municipais apresentava população inferior a 5.000 habitantes, quando de sua criação.

Para ilustrar essa assertiva, toma-se por base o trabalho de Fávero (2004), na forma da Tabela 3, adiante apresentada, onde se pode comparar a quantidade de municípios criados no Brasil entre 1991 e 1996, segregados por faixa populacional.

Assim, fica visível que desse total de 483 novos municípios criados no período, uma significativa quantidade de 285 municípios, ou o equivalente a 59,01% do total, eram constituídos por municípios com menos de 5.000 habitantes.

Porém, as simples análises quantitativas e percentuais, como a da Tabela 3 abaixo, para período 1991/1996, bem como aquela que já havia sido apresentada na Tabela 2, que mostrou a existência de 1.302 municípios brasileiros com população de até 5.000 habitantes, no censo IBGE 2010, que correspondem a 23,41% do total de municípios brasileiros, não são suficientes para esclarecer uma questão que ainda permanece em aberto.

No caso, trata-se de questionar se esses diminutos entes municipais têm condições para reter esse seu já inexpressivo contingente populacional, ou, em caráter excepcional, até mesmo para elevar a quantidade de seus habitantes.

Tabela 3 – Municípios Criados entre 1991 e 1996, Incidência por Faixas de População

Municípios Frequência Frequência % Frequência Acumulada

Frequência Acumulada %

Com menos de 5.000 hab. 285 59.01% 285 59.01%

Com mais de 5.000 e

menos de 20.000 hab. 178 36,85% 463 95,86%

Com mais de 20.000 e

menos de 40.000 hab. 13 2,69% 476 98,55%

Com mais de 40.000 hab. 7 1,45% 483 100%

Criados entre 1991/1996 483 100,00% 483

Fonte: IBGE, Censo de 1991 e Contagem da População 1996 (apud FÁVERO, 2004).

Como forma de solver essa questão apresenta-se a seguir a Tabela 4 e a Tabela 5, onde se demonstra a evolução da quantidade de municípios nos censos de 2000 e 2010, segregados por faixas de população, bem como a população referente a cada segmento populacional. Não houve condições para inserir os dados referentes à quantidade de municípios do censo 1991, por indisponíveis, motivo pelo qual se optou por mostrar essa evolução somente para o período 1991/1996, conforme consta da Tabela 3 acima.

De acordo com os dados da Tabela 4, os municípios com população de até 5.000 habitantes destacaram-se como os que apresentam a maior quantidade (1382), e também por apresentarem a menor taxa de crescimento populacional no período de 1991 a 2000 (0,1), a qual se revelou bem inferior à taxa do crescimento populacional do Brasil, que foi de 1,6. Esta, por sua vez, foi superada pela dos

municípios com população entre 50.001 a 100.000 habitantes (taxa de 2,1), e entre 100.001 e 500.000 habitantes (taxa de 2,4).

Tabela 4 – Evolução da Taxa de Crescimento Populacional no Período 1991/2000, por Faixas de População

Brasil 5.561 169.799.170 137.953.959 31.845.211 1,6

Até 5 000 1.382 4.617.749 2.308.128 2.309.621 0,1

Destaca-se ainda o fato de os municípios com mais de 500.000 habitantes terem apresentado taxa de crescimento populacional igual à brasileira, e bem inferior à das duas categorias populacionais imediatamente inferiores, conforme já mencionado.

Verifica-se assim que os municípios de médio e grande porte destacaram-se por apresentar um crescimento populacional superior ao das metrópoles no período 1991/2000. A situação assim demonstrada permite inferir que esses municípios já poderiam estar sofrendo um processo de inchaço populacional, bem como apresentando também os problemas típicos dos grandes centros urbanos, tais como a favelização, a violência, a dificuldades para atender a demanda por serviços de saúde e educação, etc.

No que diz respeito ao censo de 2010, os dados adiante apresentados, na Tabela 5, revelam que o número de municípios no Brasil permaneceu praticamente o mesmo, visto que apresentou um total de 5.565 municípios, em comparação com os 5.561 do censo 2000.

Faz-se relevante destacar, também, que houve redução na quantidade de municípios nos segmentos de até 5.000 habitantes (de 1.382 para 1.302) e de 5.001

a 10.000 habitantes (de 1.308 para 1.213). A partir daí, verificou-se um aumento no número de municípios em todos os segmentos, sendo de se destacar a faixa de 20.001 até 50.000 habitantes, que cresceu na mesma quantidade em que diminuiu a de até 5.000 habitantes, ou seja, 80 municípios, pois passou de 973 em 2000 para 1.043 em 2010.

Os dados apresentados apontam ainda para o fato de que o Brasil reduziu a taxa de crescimento populacional para o período situado entre 2000 e 2010, visto que foi de 1,6 em 2000 e caiu para 1,2 em 2010, havendo, inclusive, o registro de taxas negativas para o segmento populacional de até 5.000 habitantes (-0,5) e para o de 5.001 a 10.000 habitantes (-0,9). Após esses dois segmentos populacionais, e avançando em direção aos municípios de maior porte populacional, verificou-se que suas taxas de crescimento populacional, nada obstante apresentando elevação, cresceram de forma inexpressiva (0,05; 0,9; e 0,7), até o segmento dos municípios com população entre 100.001 e 500.000 habitantes, que novamente detiveram a maior taxa (2,2), tendo quase igualado o desempenho apresentado no censo IBGE de 2000, que foi de 2,4.

Tabela 5 – Evolução da Taxa de Crescimento Populacional no Período 2000/2010, por Faixas de População

Fica assim evidenciado, então, que os municípios brasileiros extremamente pequenos não estão conseguindo reter seu contingente populacional, em vista da inexpressiva taxa de crescimento populacional (0,1) apresentada para o período 1991/2000, e da taxa negativa (-0,5) para o período 2000/2010.

Oportuno se faz destacar, ainda, que esse esvaziamento populacional dos pequenos municípios poderia estar sendo compensado pelo expressivo crescimento populacional dos municípios de médio e grande porte, que apresentaram taxas de crescimento populacional significativas nos dois períodos, sendo de se destacar o caso do segmento de 100.001 até 500.000 habitantes, que cresceu 2,4 e 2,2 em cada um dos períodos considerados.

2.3 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA REGULAMENTADORA DAS FINANÇAS