• Nenhum resultado encontrado

Discussão dos resultados e limitações da presente investigação

Os resultados demonstram que as crianças com dificuldades de aprendi- zagem apresentam um perfil que se caracteriza sobretudo pela fraca variabili- dade dos desempenhos nos treze testes e nas duas subescalas que constituem a WISC-III.

Em termos absolutos os testes mais fracassados são a Informação, Seme- lhanças e Cubos, sugerindo algum grau de comprometimento intelectual dos sujeitos da nossa amostra.

O agrupamento de testes, de acordo com a solução factorial encontrada na amostra de aferição, revela o protagonismo do índice de Velocidade de Processamento, o que, de algum modo, parece denunciar a razoável capaci- dade das crianças com D.A. mobilizarem a sua atenção. Tal facto contrasta com os resultados de um grande número de investigações, que apontam para problemas na atenção dirigida. Como explicar este paradoxo? Julgamos que os testes agrupados no factor Velocidade de Processamento (Código e Pesqui- sa de Símbolos) ainda que mobilizem a capacidade de atenção, distinguem-se pelo facto de solicitarem um envolvimento activo (motor) do sujeito e requere- rem o processamento visual da informação, capitalizando a eficácia do seu funcionamento cognitivo, que é deficitário sobretudo no processamento auditi- vo da informação, ao impor-lhes uma atitude mais passiva. Neste contexto, poderemos especular que as crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam um estilo cognitivo diferenciado e que só capitalizam os seus re- cursos quando as tarefas que lhes são propostas respeitam essa especificida- de. Dito de outro modo, uma criança com D.A. poderá melhorar o seu proces- so de aprendizagem quando os estímulos lhe são apresentados por via visual,

pois esta facilita-lhe a captação mais exacta da informação e a sua recolha organizada.

Por último, a hierarquização diferente e acentuada dos índices factoriais na amostra das crianças com D.A., parece constituir prova do valor clínico das escalas de Wechsler como marcador das dificuldades de aprendizagem, conferindo-lhe algum valor na previsão de distúrbios psicopedagógicos ou pa- ra operar ao nível do diagnóstico diferencial.

Por último, importa questionar o significado dos resultados obtidos, clarifi- cando-os à luz das limitações que a investigação apresenta. Como já referi- mos anteriormente, o critério que presidiu à constituição da amostra de crian- ças com dificuldades de aprendizagem, revelou-se muito frágil, em virtude dos problemas que o nosso sistema de educação especial apresenta. Em próximas investigações a amostragem deverá ser constituída exclusivamente com base em critérios clínicos e diferenciar os diversos subtipos de D.A.. De todo o mo- do, parece-nos importante sensibilizar os psicólogos para a necessidade destes trabalharem, sistematicamente, com os intervalos de confiança dos re- sultados, valorizando os limiares superiores para efeitos de análise e interpre- tação.

Referências

Carlton, M. e Sapp, G. (1997). Comparison of WISC-R and WISC-III scores of urban ex- ceptional students. Psychological Reports, 80, 755-760.

Daley, C. e Nagle, R. J. (1996). Relevance of the WISC-III indicators for assessment of learning disabilities. Journal of Psychoeducational Assessment, 14, 320-333. Dumont, R. e Willis, J. O. (1995). Intrasubtest scatter on the WISC-III for various clinical

samples vs. the standardization sample: An examination of WISC folklore. Journal

of Psychoeducational Assessment, 13,271-285.

Flanagan, D. e Alfonso, V. (1993). WIAT subtest and composit predicted-achievement va- lues based on WISC-III verbal and performance IQs. Psychology in the Schools, 30, 310-320.

Flynn, J. R. (1987). Massive IQ gains in 14 nations: What IQ tests really measure. Psycho-

logical Bulletin, 101,171-191.

Flynn, J. R. (1984). The mean IQ of Americans: Massive gains 1932 to 1978. Psychologi-

cal Bulletin, 95, 29-51.

Gersons-Wolfensberger, D. e Ruijssenaars, J. (1997). Definition and treatment of dyslexia: A report by the Committee on Dyslexia of the Health Council of Netherlands. Jour-

nal of Learning Disabilities, 30 (2),209-213.

Glutting, J. J., Youngstrom, E. A, Ward, T., Ward, S. e Hale, R. L. (1997). Incremental ef- ficacy of WISC-III factor scores in predicting achievement: What they tell us?

Journal of Psychological Assessment, 9,295-301.

Golombok, S. e Rust, J. (1992). Wechsler Intelligence Scale for Children—Third Edition

UK.London: The Psychological Corporation.

Kamphaus, R. W. (1993). Clinical assessment of children's intelligence. Boston: Allyn and Bacon.

Kaufman, A. e Lichtenberger, E. (2000). Essentials of WISC-III and WPPSI-R assessment. New York: John Wiley e Sons, Inc.

Kaufman, A. S. e Lichtenberger, E. (1999). Essentials of WAIS-III assessment. New York: John Wiley e Sons, Inc.

Kaufman, A. S. (1994). Intelligent testing with the WISC-III. New York: John Wiley e Sons, Inc.

Kaufman, A.S. (1979). Intelligent testing with the WISC-R. New York: John Wiley e Sons, Inc. Kaufman, A. S. (1975). Factor analysis of the WISC-R at eleven age levels between 6 and

16 years. Journal of Clinical and Consulting Psychology, 43, 135-147.

Konold, T. R., Kush, J. C. e Canivez, G.L. (1997). Factor replication of the WISC-III in three independent samples of children receiving special education. Journal of Psy-

choeducational Assessment, 15,123-137.

Kush, J. (1996). Factor structure of the WISC-III for students with learning disabilities.

Journal of Psychoeducational Assessment, 14,32-40.

Lima, P., Dores, A. P. e Costa, A. F. (1991). Classificações de profissões nos censos 91.

Sociologia: Problemas e Práticas, 10,43-66.

Lustberg, R., Motta, R. e Naccari, N. (1990). A model using the WISC-R to predict suc- cess in programs for gifted students. Psychology in the Schools, 27, 126-131. Misha S., Lord, J. e Sabers, A. (1989). Cognitive processes underlying WISC-R perfor-

mance of gifted and learning disabled navajos. Psychology in Schools, 26, 31-36. Newby, R., Recht, D. e Caldwell, J. (1993). Validation of a clinical method for the diagno- sis of two subtypes of dyslexia. Journal of Psychoeducational Assessment, 11, 72- 83.

Oakland, T., Broom, J. e Glutting, J. (2000) Use of freedom from distractibility and pro- cessing speed to assess children's test-taking behaviors. Journal of School Psycho-

logy, 38,469-475.

Patchett, R. e Stansfield, M. (1992). Subtest scatter on the WISC-R with children of supe- rior intelligence. Psychology in the Schools, 29, 5-11.

Phelps, L. (1989). Comparison of scores for intellectually gifted students on the WISC-R and the Fourth edition of the Stanford-Binet. Psychology in Schools, 26, 125-129. Prifitera, A. e Dersh, J. (1993). Base rates of WISC-III diagnostic subtest patterns among normal, learning disabled, and ADHD samples. Journal of Psychoeducational As-

sessment,WISC-III Monograph, 43-55.

Prifitera, A., Weiss, L. G. e Saklofske, D. (1998). WISC-III clinical use and interpretation:

Scientist-practitioner perspectives.New York: Academic Press.

Reid, G. (1998). Dyslexia: A practitioner’s handbook. London: John Wiley e Sons. Reynolds, C. R. e Kaufman, A. S. (1990). Assessment of children’s intelligence with

Wechsler Intelligence Scale for Children - Revised (WISC-R). In C. R. Reynolds e R. W. Kamphaus (Eds.), Handbook of Psychological and educational assessment of

children: Intelligence and achievement(pp. 127-165). New York: Guilford.

Robinson, E. e Nagle, R. (1992). The comparability of the test of cognitive skills with the Wechsler Intelligence Scale for Children-revised and the Stanford-Binet: Fourth Edition with gifted children. Psychology in Schools, 29, 107-112.

Rourke, B. P. (Ed.) (1991). Neuropsychological validation of learning disability subtypes. New York: Guilford Press.

Saccuzzo, D. P., Johnson, N. e Russell, G. (1992). Verbal versus performance IQs for gif- ted african-american, caucasian, filipino, and hispanic children. Psychological As-

sessment, 4 (2), 239-244.

Sapp, G., Abbot, G. e Hinckley, R. (1997). Examination of the validity of the WISC-III with urban exceptional students. Psychological Reports, 81, 1163-1168.

Siegel, L. S. (1989). IQ is irrelevant to the definition of learning disabilities. Journal of

Learning Disabilities, 22, 469-479.

Simões, M. R., Azevedo, A., Marques, B., Morgado, C., Costa, C., Marques, L. e Lopes, A. F. (2004). Relações entre os desempenhos nas versões portuguesas da WISC e da WISC-III num grupo de crianças e adolescentes com dificuldades de aprendiza- gem e/ou problemas de comportamento. Psicologia e Educação, 2(1), 19-40. Truscott, S. D. e Frank, A. J. (2001). Does the Flynn effect affect IQ scores of students

classified as LD? Journal of School Psychology, 39 (4), 319-334.

Ward, S. B.; Ward, T. J.; Hatt, C.; Young, D. e Mollner, N. (1995). The incidence and uti- lity of the ACID, ACIDs and SCAD profiles in a referred population. Psychology in

the Schools, 32,276-276.

Watkins, M. e Canivez, G. (2001). Longitudinal factor structure of the WISC-III among students with disabilities. Psychology in the Schools, 38 (4), 291-299.

Watkins, M. e Glutting, J. (2000). Incremental validity of WISC-III profile elevation, scat- ter, and shape information for predicting reading and math achievement. Psycholo-

gical Assessment, 12 (4), 402-408.

Watkins, M., Kush, J. e Glutting, J. (1997). Discriminant and predictive validity of the WISC-III among children with learning disabilities. Psychology in the Schools, 34

(4),309-319.

Watkins, M. e Kush, J. (2002). Confirmatory factor analysis of the WISC-III for students with learning disabilities. Journal of Psychoeducational Assessment, 20, 4-19. Wechsler, D. (2003). Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças – Terceira

Edição. Lisboa: Cegoc.

Wechsler, D. (1991). Manual for the Wechsler Intelligence Scale for Children—Third edi-

tion.New York: The Psychological Corporation.

Wechsler, D. (1996). Échelle d’Intelligence de Wechsler pour Enfants: Troisième édition.

Manual.Paris: Les Editions du Centre de Psychologie Appliquée.

Weiss, L. G. e Prifitera, A. (1995). An evaluation of differential prediction of WIAT achievement scores from WISC-III FSIQ across ethnic and gender groups. Journal

of School Psychologist, 33 (4),297-303.

Wilkinson, S. C. (1993). WISC-R profiles of children with superior intellectual ability.

Gifted Child Quarterly, 37 (2), 84-91.

INTELLIGENCE ASSESSMENT IN LEARNING DISABILITIES: