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a s disFunções sexuais nos idosos

Uma disfunção sexual pode ser descrita como uma alteração em uma ou mais fases do ciclo de resposta sexual humana, que se manifesta

4 Após a emissão de esperma, ocorre um período de tempo, durante o qual o homem não consegue uma nova ereção nem orgasmo, variando este período de alguns minutos a várias horas, consoante a idade.

de forma persistente ou recorrente em qualquer fase da vida e que provoca algum tipo de sofrimento. Seguindo o ciclo podemos falar em perturbações do desejo, perturbações da excitação, perturbações ligadas ao orgasmo, e perturbações sexuais dolorosas.

Naturalmente, com o envelhecimento a resposta sexual humana decresce, ocorrendo um aumento na incidência das disfunções sexuais. Para isto contribui a intervenção das mudanças fisiológicas em inter- relação com os fatores psicossociais, juntamente com o aumento da prevalência de disfunções sexuais devidas a causas médicas, psicológicas e os efeitos secundários da medicação administrada no seu tratamento.

No entanto, apesar das dificuldades, devemos distinguir as mudanças fisiológicas próprias do processo de envelhecimento, das alterações patológicas na atividade sexual causadas pelas diferentes doenças e/ou terapêuticas.

De entre as disfunções sexuais masculinas, a perda de ereção parece ser aquela que suscita mais preocupações. No entanto, muitas vezes ela pode ser confundida como apenas mais uma consequência da senilidade, levando a que não seja procurado tratamento para a mesma. Esta perturbação é multifatorial, sendo que os transtornos vasculares se encontram à cabeça. Outras causas podem incluir efeitos secundários de medicamentos como os anti-hipertensivos e psicotrópicos, álcool, transtornos metabólicos e endócrinos, neurológicos, e outras doenças sistémicas que produzam debilidade ou dor.

Nas disfunções sexuais femininas, a dispareunia, ou coito doloroso, parece ser a queixa mais comum. Apesar da diminuição fisiológica da produção de estrogénios possa ser apontada como causa, existem outras perturbações sistémicas que podem contribuir para agravar a situação (kaiser, 1996). A diminuição ou perda do desejo sexual é outra das queixas femininas mais prevalentes, provavelmente associada à diminuição da produção de estrogénios, e/ou a fatores psicológicos. Associada a isto está também a incontinência urinária, que é um transtorno muito frequente em mulheres idosas, com inibição do desejo e da resposta sexual. Kaiser (1996) aponta que numa grande percentagem, as mulheres que sofrem de incontinência urinária podem apresentar alterações na sua atividade sexual.

Entre as causas de disfunção sexual de origem psicogénica em idosos, as perturbações afetivas, como a depressão, são as mais frequentes. Da mesma forma o tratamento farmacológico utilizado contribui para agravar a situação, sobretudo os medicamentos que têm efeitos anticolinérgicos, responsáveis pela disfunção erétil no homem e pela diminuição da libido nas mulheres (Ballone, 2008).

As perturbações da ansiedade, do tipo pânico, fobias, ou ansiedade generalizada, podem também contribuir fortemente para as alterações do funcionamento sexual. Algumas patologias como as doenças pulmonares obstrutivas crónicas, infarto agudo do miocárdio e angina de peito contribuem, de forma indireta, para o aparecimento de disfunções. Segundo Ballone (2008) trata-se da diminuição ou anulação da atividade sexual por medo do agravamento destas doenças. De qualquer forma, sabe-se que a função sexual é influenciada pelas características psicológicas, sociais e culturais, pelo que, a história pessoal desempenha um papel relevante na sua expressão.

a masturBação

A prática da masturbação é uma atividade integrante da sexualidade humana ao longo da vida, sendo que, durante a adolescência, com a descoberta do potencial sexual e das alterações hormonais, próprias desta etapa do desenvolvimento, a sua frequência possa ser maior.

O ato masturbatório tem a vantagem de permitir o autoconhecimento, contribuindo para uma vivência mais gratificante da sexualidade, além da libertação da tensão sexual. Este comportamento não significa apenas acariciar, tocar ou estimular os genitais, mas é extensível a outras partes do corpo sensíveis e agradáveis ao toque, com o potencial de provocar sensações de prazer, as chamadas zonas erógenas. Geralmente é acompanhada de fantasias que podem variar em assunto, em intensidade.

Culturalmente repudiada, a masturbação continua a ser uma prática, muitas vezes não assumida, sendo que se existente em idosos, parece ser ainda mais condenada, precisamente pelos preconceitos existentes sobre a mesma e os mitos relacionados com a sexualidade em geral, e a dos idosos em particular.

Na mulher idosa a prática da masturbação é tão mais prevalente se ela existiu em idades mais precoces, isto é, se este método foi empregue no alívio das tensões sexuais durante a adolescência e a idade adulta. Aqui, a personalidade, as crenças e a educação jogam um papel importante no inicio e na manutenção da prática masturbatória. A diferença para o sexo masculino parece ser bastante grande, uma vez que, culturalmente parece ser mais bem aceite o facto do homem se masturbar, mantendo o hábito até idades mais avançadas, muitas vezes como alternativa à falta de parceira disponível.

De qualquer forma pode haver um declínio na frequência desta prática com o avançar da idade, provavelmente por um conjunto de fatores que incluem a eventual presença de patologias ligadas ao aparelho urológico

ou ginecológico, ou outro tipo de perturbações que a impedem, bem como pela repressão social interiorizada, gerando muitas vezes sentimentos de culpa e vergonha.

No entanto, apesar de muitas vezes omitida, a masturbação permanece sendo uma prática regular. Um estudo de Kaiser (1996) revela que 74% dos homens e 42% das mulheres a praticam pelo menos duas vezes por mês. Um outro estudo mais recente realizado por Nodin e Margalha (2011), referindo-se aos comportamentos sexuais em idosos, mostra que, numa amostra de 145 indivíduos, entre os 55 e os 96 anos de idade, de ambos os sexos e sexualmente ativos, 11% praticam a auto masturbação e 13% a hetero masturbação.

Note-se que muitos comportamentos desajustados de hiperssexualidade, sobretudo em homens idosos, se manifestam pela prática, por vezes compulsiva, da masturbação, a maior parte das vezes associados a processos demenciais e/ou psicopatológicos que deverão ser motivo de atenção.