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2.1 OS MARCOS LEGAIS: SOCIAL E EDUCACIONAL

2.1.3 Documentos nacionais

Neste subitem abordamos sobre os documentos que são consonantes com os documentos internacionais já mencionados. Enfatizaremos a Constituição da República Federativa do Brasil/1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/1996 (LDB

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Esta Convenção reafirma os princípios consagrados nos seguintes documentos/encontros: Carta das Nações Unidas; Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos Pactos Internacionais sobre Direitos Humanos; Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial; Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher; entre outros.

9.394/96). Em ambos, serão mencionadas apenas as citações específicas (títulos, capítulos, parágrafos e incisos) referentes à educação, à inclusão educacional, ao ensino da arte e à promoção da cultura.

O primeiro documento refere-se à Carta Magna que norteia todas as pessoas que nascem e que vivem no território brasileiro. O segundo documento norteia a educação nacional em todos os níveis de escolaridade. Em paralelo, ao descrevermos este último documento, mencionaremos as normas legais correlatas que foram criadas para reforçar e fazer valer a Lei Magna do nosso país.

O Brasil, sintonizado no clima internacional de igualdade41, promulgou, sob a “proteção de Deus”, a Constituição da República Federativa do Brasil42

, em 5 de outubro de 1988. São 250 artigos contidos nos nove títulos que demonstraremos no Quadro 2 a seguir.

Quadro 2 - Títulos da Constituição/1988

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Promulgada em 5 de outubro de 1988

Título I* DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Título II * DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Título III DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Título IV DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Título V DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS Título VI DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO

Título VII DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA Título VIII* DA ORDEM SOCIAL

Título IX DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS Fonte: Própria da autora

Conforme Moraes (2005), destacamos os Títulos I, II e VIII da Constituição Brasileira. O Título I, Art. 1o, apresenta os princípios fundamentais que norteiam todas as normas legais nacionais que seriam promulgadas a posteriori. São eles: a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e o pluralismo político (2005, p. 17). No Art. 3o enfatizamos os seguintes incisos relacionados aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I construir uma sociedade livre, justa e solidária; II garantir o desenvolvimento nacional;

III erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (MORAES, 2005,

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No Título I (Dos Princípios Fundamentais), o Art. 4o menciona que “a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: Artigos constitucionais conexos 5º, § 2º, 49, I: 84, VII e VIII. Legislação infraconstitucional: Carta Magnas das Nações Unidas, Arts. 1 e 55, proclamada em Assembléia Geral das Nações Unidas em 26 de junho de 1945” (MORAES, 2005, p. 19).

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Constituição, do latin constitutione, significa “[...] lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas respeitantes à formação dos poderes públicos, forma de governo, distribuição de competências, direitos e deveres dos cidadãos etc.: carta constitucional, carta magna” (FERREIRA, 1999, p. 536).

p.18).

O Art. 4o se apresenta em consonância com os documentos internacionais já citados, no qual enfatizamos os ditames legais de que a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos princípios de: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; e VI - e defesa da paz (MORAES, 2005, p.19)43.

O Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), Capítulo I (Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos), Art. 5o, afirma que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]” 44; todos têm liberdades de pensamento e de escolhas religiosa, política, sociais, e outros; é livre a expressão das atividades intelectual, artística, científica e de comunicação; considera- se crime inafiançável e imprescritível a prática do racismo (MORAES, 2005, p. 22-35).

Continuando, no Capítulo II (Dos Direitos Sociais), o Art. 6o, considera-se como direitos sociais: educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, e assistência aos desamparados. O Art. 7o assegura a assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o nascimento até seis anos de idade, em creches e pré-escolas (Ibid., 2005, p. 35-38). E, o Capítulo III (Da Nacionalidade), Art.13, § 1o, determina que “a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais” são símbolos da nossa República (MORAES, 2005, p. 43).

O Título VIII (Da Ordem Social), Capítulo III (Da Educação, da Cultura e do Desporto), Seção I (Da Educação), Art. 205, afirma que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Mais adiante, o Art. 206 enfatiza que o ensino será ministrado com base nos princípios de:

I igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a

arte e o saber;

III pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas [....]; IV gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V valorização dos profissionais de ensino [....];

VI gestão democrática [...];

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Artigos constitucionais conexos: 5o, § 2o; 49 I; 84 VII e VIII. Legislação infraconstitucional: Carta das Nações Unidas, Arts. 1 e 55, proclamada em Assembléia Geral das Nações Unidas em 26 de junho de 1945.

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Recordamos aqui a citação milenar registrada na Torá “devemos amar o peregrino e ao estrangeiro que habitar conosco”. Portanto, “qualquer pessoa com a qual vivemos é nosso próximo, nosso irmão na humanidade e devemos aplicar para com ele todas as leis de justiça, amor e fraternidade” (2001, p. 536).

VII garantia de padrão de qualidade (MORAES, 2005, p. 225).

Seguindo a ordem, o Art. 207 menciona que “as universidades têm autonomia didático-científica, administrativa, de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (MORAES, 2005, p. 225). E, o Art. 208, Inciso III, afirma que o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência deverá ser, preferencialmente, na rede regular de ensino (MORAES, 2005, p. 226).

Na Seção I (Da Cultura), o Art. 215 determina que “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. E, no parágrafo 1o

, é afirmado que “o estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro- brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional” (MORAES, 2005, p. 230).

Conforme descrevemos, a Constituição de caráter democrático apresenta-se permeada de citações que promulgam o direito indiscriminado das pessoas ao exercício pleno da cidadania, em especial, o direito à educação. O ensino da arte, a cultura e o lazer foram mencionados com presenças incondicionais. E a música se faz representante nacional em um dos seus símbolos – o Hino Nacional Brasileiro45.

Decorrente da Constituição/198846 foram promulgados inúmeros documentos de apoio à educação. Em especial, citamos a terceira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394, sancionada em 20 de dezembro de 199647. Esta lei é composta de 92 artigos, distribuídos em nove títulos, que estabelecem as diretrizes e bases da educação nacional e delimitam os conceitos, princípios, fins, direitos, deveres e organização da educação, níveis e modalidades de educação e ensino, perfil dos profissionais da educação, modalidade dos recursos financeiros, e disposições gerais e transitórias. No próximo Quadro 3 apresentaremos sua divisão, contendo os títulos, capítulos e seções.

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Autores do Hino Nacional Brasileiro: Osório Duque Estrada (letra) e Francisco Manuel da Silva (música).

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Título VIII (DA ORDEM SOCIAL), Capítulo III (Da Educação, da Cultura e do Desporto).

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Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; na primeira Lei 4.024/61, o ensino da Música era opcional; na segunda, Lei 5.692/71 (Art. 7o), o ensino da atividade educativa “Educação Artística” era obrigatório; e, na terceira, Lei 9.394/96 (Art. 26, parágrafo 2o), o ensino da Área de Arte se torna obrigatório.

Quadro 3 - Títulos da LDB 9.394/96

LEI E DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO MACIONAL – Lei 9.394/96 Aprovada em 20 de dezembro de 1996

Título I DA EDUCAÇÃO *

Título II DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL * Título III DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR* Título IV DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL Título V DOS NÍVEIS E DAS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E

ENSINO *

CAPÍTULO I Da Composição dos Níveis Escolares

CAPÍTULO II Da Educação Básica

Seção I Dos Dispositivos Gerais Seção II Da Educação Infantil Seção III Do Ensino Fundamental Seção IV Do Ensino Médio

Seção V Da Educação de Jovens e Adultos

CAPÍTULO III Da Educação Profissional

CAPÍTULO IV Da Educação Superior

CAPÍTULO V Da Educação Especial

Título VI DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Título VII DOS RECURSOS FINANCEIROS Título VIII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Título IX DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Fonte: Adaptação da autora com base na LDB 9.394/96

Antes de mencionarmos a LDB apresentaremos rapidamente a Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), fundada em 1991. Segundo o Estatuto desta Associação, sua meta é a de congregar profissionais e estudantes da área de música para promover a educação musical de qualidade (Anexo J).48 Esta possui nove grupos de pesquisa49 com o objetivo de: promover a educação musical e a integração de seus professores nos diversos níveis de ensino; divulgar práticas e pesquisas de educação musical enfocando escolas de ensino básico, escolas de música, universidades e outros espaços de ensino-aprendizagem musical; realizar encontros anuais que propiciem a discussão de trabalhos e a divulgação de conhecimentos. Com seus 17 anos de existência, a ABEM vem realizando encontros anuais (em níveis regional e nacional)50 contribuindo, deste modo, para a consolidação de uma literatura nacional mediante publicações de obras científicas.

Oportuno se faz mencionar que alguns componentes da diretoria da ABEM, a exemplo da Profa. Dra. Alda de Oliveira e Liane Hentschke, também eram professoras de

48

A ABEM é afiliada e representante da ISME no Brasil e mantém relações com outras associações afins - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM), Associação Portuguesa de Educação Musical (APEM) e com o Fórum Latino Americano de Educação Musical (FLADEM).

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Grupos de pesquisa da ABEM: Educação musical em nível de pós-graduação; Ensino superior – licenciatura e bacharelado em música; Ensino profissionalizante – técnico; Ensino musical nas escolas; Educação musical à distância: meios e tecnologias; Educação musical no ensino fundamental e médio; Educação musical infantil; Educação musical especial; e Educação musical em espaços alternativos.

cursos de graduação e pós-graduação nas Escolas de Música das Universidades Federais da Bahia e do Rio Grande do Sul respectivamente. Estas professoras foram escolhidas para serem membros da Comissão de Especialistas da Secretaria de Educação Superior (SESu/MEC) que, juntamente com tantos outros professores pós-graduados em arte contribuíram, significativamente, para o fortalecimento da legalização do ensino da arte na educação geral, durante o processo da construção da LDB/1996.

Este fato impulsionou tanto a ABEM quanto as Universidades a pensarem o ensino da arte/música nos contextos político, histórico e social. Hoje temos inúmeros artigos científicos publicados sobre temas ligados ao ensino de música e à história da educação musical, legislação e também aos referenciais e parâmetros curriculares nacionais de educação. Em 7 de outubro de 1999, a ABEM aprovou o seu Estatuto composto de cinco capítulos contendo 19 artigos51, apresentado na íntegra no Anexo J. A referida Associação vem conquistando espaço, respeito e admiração junto ao Ministério da Cultura (MINC) e à Fundação Nacional de Arte (FUNARTE) na construção da Câmara Setorial de Música, além de tantos outros espaços políticos.

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Treze Encontros Regionais da ABEM: quatro Encontros ABEM/Nordeste; cinco Encontros ABEM/Centro- Oeste; quatro Encontros ABEM/Sudeste; e sete Encontros ABEM/Sul.

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Capítulo I – da Caracterização, Sede e Foro; Capítulo II – das Finalidades e Objetivos; Capítulo III – dos Sócios; Capítulo IV – da Organização Estrutural e Funcional; e Capítulo V – das Disposições Gerais e Transitórias.

No dia 17 de maio de 2005, esta associação musical defendeu a criação de uma Secretaria de Educação Musical, no MINC, para coordenar ações na área de formação musical, em espaços formal e informal. No dia 22 de novembro de 2006, a ABEM se fez presente na Câmara Setorial de Educação, defendendo a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica. Ressaltamos que a ABEM reafirma os mesmos propósitos educacionais da ISME, em consonância irrestrita com a legislação educacional brasileira (LDB 9.394/96), visando o crescimento, a ampliação e valorização da música, do ensino de música, dos educadores e dos educandos.

Retornando à LDB, esta será abordada em alguns capítulos, sob a ênfase das palavras-chave do nosso foco de trabalho – educação, inclusão, arte, ensino da arte, ensino de música e promoção da cultura –, fazendo uma correlação com outros documentos nacionais. Começamos com o Título I (Da Educação), Art. 1o, que afirma que “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996). Complementando, a educação escolar deve ser realizada, prioritariamente, em instituições próprias, vinculadas ao mundo do trabalho e à prática social.

Em consonância com o Art. 205 da Constituição, o Título II (Dos Princípios e Fins da Educação Nacional), do Art. 2º da LDB, afirma que “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRANDÃO, 2003, p.19). O Art. 3o.menciona que o ensino será ministrado baseado nos princípios de:

I igualdade de condições apara o acesso e permanência na escola, II liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o

pensamento, a arte e o saber,

III pluralidade de idéias e de concepções pedagógicas, IV respeito à liberdade e apreço à tolerância,

IX garantia de padrão de qualidade,

XI vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais (apud BRANDÃO, 2003, p. 21-22).

No seu Art. 4º, está estabelecido que tanto o ensino fundamental quanto o atendimento em creches e pré-escolas são obrigatórios e gratuitos (Inciso I e IV). Continuando no mesmo artigo, em consonância com o Art. 208, Inciso III da Constituição brasileira, é assegurado, aos educandos com necessidades especiais, o atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino. Da mesma forma,

todas as pessoas têm a garantia de “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (Inciso V).

Em síntese, os três títulos mencionados (I, II e III), conceituam a educação e ampliam seus espaços. Da mesma forma, ratificam o acesso à educação a todos os cidadãos brasileiros, com garantias do direito à liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber, assim como o direito ao atendimento especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, aos educandos que apresentam necessidades educacionais específicas. Podemos observar que, tanto o ensino e aprendizagem quanto a pesquisa, a criação, o ensino e a divulgação da arte e da cultura, permeiam a educação para todos, sejam eles trabalhados em condições comuns ou em condições “específicas” 52,

Prosseguindo na LDB, o Art. 9o afirma que a União, em colaboração com outras instâncias, incumbir-se-á de elaborar o Plano Nacional de Educação e as “[…] competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum” (BRANDÃO, 2003, p. 40). Os Artigos 19 e 20 afirmam que as instituições de ensino, dos diferentes níveis, poderão ser públicas ou privadas, enquadrando-se nas categorias de particulares, comunitárias, confessionais e filantrópicas.

Para concretizar as determinações da LDB, o MEC apresentou, a partir de 1997, o Referencial, os Parâmetros e as Diretrizes (de 1997 a 2006).53 Estes documentos educacionais norteiam os educadores, sugerindo mudanças significativas nas suas propostas de ensino básico, profissional e educação superior. Em todos esses, o ensino da arte/música, a promoção da cultura e a educação das pessoas com necessidade específicas estão contemplados de forma significativa. Oportunamente, serão descritos com maior detalhamento no Capítulo III.

Quanto ao PNE/2001, este cumpre a determinação da Constituição/1988 (Art. 214)54 e uma determinação da LDB (Art. 87, § 1o)55, ambos sintonizados com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos/1990.

52

No presente trabalho sempre utilizaremos o termo “específico” no lugar do termo “especial”.

53

Em de 9.1.2001 foi aprovada a Lei no. 10.172 que representa o Plano Nacional de Educação (PNE) para os anos de 2001 a 2010.

54

Constituição da República Federativa do Brasil/1988 (Art. 214) - “A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público [...]” (MORAES, 2005, p. 229).

55

LDB, Art. 87 – “É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei”. No Inciso 1º - “A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos” (BRANDÃO, 2003, p. 167).

Vejamos o Quadro 4 a seguir, em que serão abordados os títulos e subtítulos dos seus conteúdos.

Quadro 4 - PNE Lei nº 10.172

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Lei no. 10.172, de 9 de janeiro de 2001

I INTRODUÇÃO

Histórico

Objetivos e Prioridades II NÍVEIS DE ENSINO

A - Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) B - Educação Superior

III MODALIDADES DE ENSINO Educação de Jovens e Adultos

Educação a Distância e Tecnologias Educacionais Educação Tecnológica e Formação Profissional Educação Especial

Educação Indígena

IV MAGISTÉRIO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Formação dos professores e valorização do Magistério

V FINANCIAMENTO E GESTÃO

VI ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PLANO

Fonte: Adaptação da autora com base no PNE no. 10.172

Este Plano Nacional apresenta seis qualificações imprescindíveis e pioneiras por: ser o primeiro plano submetido e aprovado pelo Congresso Nacional e ter força de lei; cumprir um mandato da Constituição e uma determinação da LDB; fixar diretrizes, objetivos e metas para um período de dez anos; contemplar todos os níveis e modalidades de educação, os âmbitos da produção de aprendizagens, da gestão e financiamento e da avaliação; envolver o Poder Legislativo no acompanhamento de sua execução; chamar a sociedade para acompanhar e controlar a sua execução (DIDONET, 2000, p. 11).

Retornando à LDB, o Art. 21 define que a educação escolar se compõe de: educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e educação superior (Incisos I e II). O Art. 22, afirma que “a educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.” (BRANDÃO, 2003, p. 64).

Seguindo em frente, o Art. 24 apresenta sete incisos, constando deles as regras comuns para a educação básica. Em especial, o Inciso IV menciona que na educação básica, nos níveis fundamental e médio “poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes ou outros componentes curriculares” (BRANDÃO, 2003, p. 70). Portanto, este Inciso nos autoriza ao agrupamento de educandos, de forma não seriada, baseado na

competência, para construção e aquisição de determinados conteúdos curriculares, também, na área de arte.

No que concerne ao Art. 26, este afirma que

os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela (BRANDÃO, 2003, p. 77).

No seu Parágrafo 2o, “o ensino da arte, constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. E, no Parágrafo 4o, “o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia” (BRANDÃO, 2003, p. 77-78). Recentemente, no dia 18 de agosto (2008) foi aprovado no Artigo 26 – “§ 6º A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo”, por meio da Lei nº 11.769, de 18.08. 2008. Esperamos que este fato, em especial, irá promover mudanças substanciais quanto à obrigatoriedade do ensino de música nas escolas básicas, pois esta mesma lei suplementar, no seu Art. 3º afirma que “os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos artigos 1º. e 2º. desta Lei”.

O Art. 26-A afirma a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira em todos os estabelecimentos de ensino fundamental e médio. No § 1o, seu conteúdo inclui “História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, e cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil”, (Parágrafo 2o) a serem “ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Leitura e História Brasileiras” (BRANDÃO, 2003, p. 80).

Ao interpretar esses dois artigos, pontuamos a obrigatoriedade do ensino da arte em