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2.3 OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA PESQUISA

2.3.3 Inteligências múltiplas

O judeu americano Howard Gardner, em 1979, como investigador da Universidade de Harvard (Boston – Estados Unidos), recebeu um pedido de um grupo filantrópico holandês (Fundação Bernard Van Leer), para investigar o potencial humano. A partir de então, foi fundado o Projeto Zero de Harvard, que serviu de referência para a teoria das Inteligências Múltiplas (IM). Em 1983, em seu livro Estruturas da Mente, Harvard apresentou seus estudos que reforçam a perspectiva intercultural da cognição humana, época em que nasceu, efetivamente, a sua teoria das Inteligências Múltiplas (IM). Esta é um modelo cognitivo que busca descrever como as pessoas usam suas inteligências para resolver problemas e criar produtos, enfocando especialmente a forma como opera a mente humana frente ao conhecimento do mundo (ARMSTRONG, 1999, p. 30).

Gardner ressalta as inteligências como linguagens que “todas as pessoas falam e que são, em parte, influenciadas pela cultura em que cada pessoa nasceu. São ferramentas para a aprendizagem, resolução de problemas e criatividade que todos os seres humanos podem usar” (CAMPEBEL; CAMPBEL; DICKINSON, 2000, p. 22) 84. Para Gardner, “a inteligência é a capacidade de resolver problemas, ou de criar produtos, que sejam valiosos em um ou mais ambientes culturais” (GARDNER, 1995, p. 10). As inteligências se expressam sempre num contexto de tarefas, de disciplinas e de âmbitos específicos (GARDNER, 1995, p. 15). Ele afirma que,

fundamentalmente, uma inteligência refere-se a um potencial biopsicológico de nossa espécie para processar determinados tipos de informações de determinados modos. Como tal, envolve claramente processos realizados pelas delicadas redes de neurônios. Não há dúvida que cada uma das

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Para Gardner, a criatividade surge da interação entre o indivíduo com seu próprio perfil de capacidades e valores, os âmbitos para estudar e dominar algo que existe em uma cultura, e os juízos emitidos pelo campo que se conceda como competente dentro de uma cultura (1995, p. 16).

inteligências tem seus processos neurais característicos, sendo a maioria deles semelhante em todos os seres humanos (GARDNER, 2000, p. 118).85 O conjunto de inteligências estabelecidas por este autor, em 1983, inicialmente foram sete: inteligência linguística, inteligência lógico-matemática, inteligência espacial, inteligência cinestésico-corporal, inteligência musical, inteligência interpessoal, inteligência intrapessoal (GARDNER, 1995). Em seguida, ele acrescentou, em 1995, a inteligência naturalista. Depois, mais duas inteligências foram adicionadas – inteligência espiritualista e a inteligência existencial –, seguida de várias outras inteligências complementares que ainda estão em processo de pesquisa. Nas nossas observações, contemplamos somente as oito primeiras inteligências.

Para serem consideradas inteligências, Gardner estabeleceu provas que estas deveriam cumprir mediante critérios que incluem oito fatores:

1) A ausência de potencial causado por danos cerebrais;

2) A existência de idiotas sábios, prodígios e outros indivíduos excepcionais;

3) Uma história característica de desenvolvimento, junto com um conjunto definível de desempenhos específicos de um estado-final;

4) Uma evolução, história evolutiva e uma plausível evolução; 5) Apoio dos descobrimentos da psicometria;

6) Apoio proveniente de trabalhos de psicologia experimental; 7) Uma operação central ou um conjunto de operações identificáveis;

8) Susceptibilidade de codificação em um sistema simbólico (ARMSTRONG, 1999, p. 18-26).

As inteligências dependem de três fatores distintos: 1) dotação biológica, que incluem os fatores genéticos, hereditários e os danos que o cérebro tenha recebido antes, durante ou depois do nascimento; 2) história de vida pessoal, incluindo as experiências com os pais, professores, amigos e outras pessoas que lhe ajudam a crescer ou a manter em um nível baixo de desenvolvimento; 3) antecedentes cultural e histórico que incluem a época e o lugar onde a pessoa nasceu e se criou, e a natureza e o estado de desenvolvimentos culturais ou históricos em diferentes domínios (ARMSTRONG, 1999, p. 40).

A seguir apresentaremos uma síntese das Inteligências Múltiplas de Gardner, como um marco das possibilidades de inserção na nossa Abordagem Musical CLATEC, por considerá-la imprescindível no ensino de música e da educação geral, aliada às tendências das

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Há muitos anos que o homem vem estudando as numerosas funções ou distintas partes da mente. “Os pensadores medievais, por exemplo, defendiam na sua formação educacional, seu trivio de gramática, lógica e retórica, e seu quadrivio de matemática, geometria, astronomia e música” (GARDNER, 1995, p. 39). Subentende-se, portanto, que os conhecimentos destas distintas matérias (ou disciplinas) iriam desenvolver respectivas inteligências.

correntes psicológicas – construtivismo e sociointeracionismo. Tais reflexões são frutos dos estudos sobre o tema, dos autores: Gardner (1993, 1995, 1997, 2000), Smole, (1996), Nogueira, (1998), Armstrong (1999) e Campbell, Campbell e Dickinson (2000).

É oportuno aqui apresentar um mapa do cérebro humano, sinalizando as suas quatro partes básicas: lóbulo frontal, lóbulo occipital, lóbulo parietal e lóbulo temporal. 86Cada parte é responsável por uma ou mais inteligência, conforme veremos a seguir. 87

Figura 27 - Esquema do cérebro humano

Fonte: http://escolaeducacao.com.br/sistema-nervoso/

A Inteligência Linguística consiste na capacidade de pensar com palavras e de usar a linguagem para expressar e avaliar significados complexos, tanto de forma verbal quanto escrita. Em especial, representa a habilidade de manipular a sintaxe ou a estrutura da linguagem, a fonética ou sons da linguagem, a semântica ou significado da linguagem, e as dimensões pragmáticas ou usos práticos da linguagem. Inclui também retórica, mnemônica, explicação e metalinguagem. Quanto ao sistema neurológico, esta inteligência localiza-se nos lóbulos temporal e frontal esquerdo do cérebro (ARMSTRONG, 1999, p. 23).

Geralmente aquelas pessoas que possuem esta inteligência mais apurada são: autor, escritor, poeta, orador, jornalista, palestrante, locutor, professor de idiomas, bibliotecário,

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A superfície do cérebro humano (córtex cerebral) é composta por seis camadas de neurônios, responsáveis pela condução do impulso nervoso. Dividido em quatro lóbulos, temos: a) o lóbulo frontal, localizado na parte frontal do crânio, responsável pelos movimentos voluntários e também por ser o lóbulo mais significante para o estudo da personalidade e inteligência; b) o lóbulo parietal, localizado na parte posterior do lóbulo frontal e responsável pela percepção de estímulos sensoriais; c) o lóbulo temporal possui uma área especial chamada córtex auditivo e esta área está intimamente ligada à audição; d) o lóbulo occipital localiza- se na região da nuca, onde se encontra o córtex visual, e recebe todas as informações captadas pelos olhos. Há outras áreas dos lóbulos que não possuem especialização, chamadas de córtex de associação. Nelas são conectados vários sentidos e movimentos, e parece serem também processados os pensamentos e armazenadas as memórias.

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Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/44/Gray728.png>. Acesso em: 20 de dez. de 2007.

entre outras. Na nossa abordagem de ensino, trabalhamos esta inteligência, em especial nas atividades ou parâmetros musicais de Literatura e de Criação.

A Inteligência Lógico-matemática consiste na capacidade de desenvolver e acompanhar cadeias de raciocínios, assim como: calcular, quantificar, considerar proposições e hipóteses e realizar operações lógicas matemáticas complexas. Esta inclui a sensibilidade de esquemas e relações lógicas, as afirmações e as proporções, as funções e outras abstrações relacionadas. Enfim, os tipos de processo em que se usam o serviço desta inteligência são: categorização, classificação, inferência, generalização, cálculo e demonstração de hipóteses. Quanto ao sistema neurológico, localiza-se nos lóbulo parietal esquerdo, hemisfério direito do cérebro (ARMSTRONG, 1999, p. 23).

As pessoas que têm esta inteligência mais apurada são: cientista, matemático, contador, auditor, corretor, estatístico, engenheiro, agente de compras, economista, programador de computação e outras. Na nossa Abordagem de Ensino, trabalhamos esta inteligência, em especial, nas atividades ou parâmetros musicais de Construção de Instrumentos e de Criação.

A Inteligência Espacial consiste na capacidade de pensar de maneira tridimensional, extrapolar situações espaciais para o concreto e vice-versa, apresentando grande percepção e relacionamento como o espaço, assim como a capacidade de transformação sobre essa percepção. Permite que a pessoa perceba as imagens externas e internas, recrie, transforme ou modifique as imagens, movimente a si mesma e aos objetos através do espaço e que produza ou decodifique informações gráficas. Inclui a sensibilidade à cor, linha, forma, espaço, relações que existem entes os elementos, capacidade de visualizar, representar de maneira gráfica ideias visuais e espaciais e de orientar-se de maneira adequada em uma matriz espacial. Quanto ao sistema neurológico localiza-se nas regiões posteriores do hemisfério direito do cérebro (ARMSTRONG, 1999, p. 23).

As pessoas que têm esta inteligência mais apurada são: arquiteto, navegador, cirurgião, piloto, urbanista, cartógrafo, escultor, pintor, artista gráfico, decorador, fotógrafo, professor de arte, inventor, entre outros. Na nossa Abordagem Musical CLATEC, trabalhamos esta inteligência, em especial, nas atividades ou parâmetros musicais de Construção de Instrumento, Técnica e de Criação.

A Inteligência Corporal Cinestésica incide na capacidade da pessoa de se relacionar à perfeita forma de expressão corporal, à resolução de determinados problemas por meio de movimentos corporais ou sintonizada com habilidades físicas, além da capacidade de manipulação de objetos, de expressar ideias e sentimentos. Incluem também a capacidade

para o uso das mãos, tendo em vista deduzir e transformar objetos. Da mesma forma, as habilidades físicas específicas, assim como a coordenação, o equilíbrio, a destreza e a força, as flexibilidade e velocidade, as capacidades autopercepção tátil, entre outros. Quanto ao sistema neurológico, localiza-se no cerebelo (abaixo do lóbulo temporal), no gânglios basales (situados no interior do cérebro), e córtex motor do cérebro (ARMSTRONG, 1999, p. 23).

Podemos observar esta inteligência em atleta, mágico, dançarino, mímico, cirurgião, artesão, terapeuta, físico, mecânico, carpinteiro, professor de educação física, coreógrafo, entre outros. Na nossa Abordagem, trabalhamos esta inteligência nas atividades ou parâmetros musicais de Construção de Instrumentos e de Técnica.

A Inteligência Musical é a primeira inteligência a surgir em uma pessoa (GARDNER, 1995, p. 137). Portanto, consiste na capacidade de a pessoa possuir uma sensibilidade para a linguagem sonora musical, mediante seus elementos de melodia, ritmo, harmonia, entre outros. Esta capacidade inclui perceber, discriminar, transformar, expressar, etc. Quanto ao sistema neurológico, localiza-se no lóbulo temporal direito do cérebro (ARMSTRONG, 1999, p. 23).

Geralmente as pessoas com esta inteligência mais desenvolvida são: compositor, arranjador, cantor, instrumentista, maestro, fabricante de instrumento, ouvinte sensível, crítico musical, disk jockey, afinador de instrumento, terapeuta musical, engenheiro de som, professor de música, copista, entre outros. Na nossa Abordagem de ensino, trabalhamos esta inteligência em todas as atividades musicais CLATEC – Construção de Instrumentos (e materiais didáticos musicais), Literatura, Apreciação, Técnica, Execução e Criação. Todas estas atividades estão direcionadas à compreensão geral do objeto sonoro.

A Inteligência Interpessoal representa a capacidade de compreender as outras pessoas, interagir efetivamente com elas de forma adequada, sempre as motivando, incentivando e dirigindo, em alguns casos, a um objetivo comum. Representa também a capacidade de perceber e estabelecer distinções nos estados de ânimo, intenções, motivações e sentimentos de outras pessoas. Incluem a sensibilidade e a expressão facial, a voz, os gestos, a capacidade para discriminar entre diferentes classes de sinais interpessoais e a habilidade para responder de maneira efetiva a estes sinais na prática. Quanto ao sistema neurológico, localiza-se nos lóbulos frontais, lóbulo temporal (especialmente do hemisfério direito) e no sistema límbico do cérebro (ARMSTRONG, 1999, p. 23).

Esta inteligência é mais acentuada principalmente em: professores de um modo geral, administrador, gerente, diretor, mediador, sociólogo, antropólogo, psicólogo, agente de viagem, diretor de eventos sociais, político, líder (político, religioso e empresarial), terapeuta,

assistente social, ator, político e outros atores. Na nossa Abordagem de ensino, trabalhamos esta inteligência, em especial, nas atividades musicais de Apreciação e Execução.

A Inteligência Intrapessoal refere-se à capacidade para construir uma percepção acurada de si, de conhecer seu próprio “self”, de se analisar, e de usar esse autoconhecimento no planejamento e na direção de suas vidas. Inclui: ter uma imagem precisa de si (poderes e limitações); ter consciência de estados de ânimos interiores; conhecer as suas intenções, motivações, temperamento e desejos; e ter capacidade para autodisciplina, autocompreensão e autoestima. Quanto ao sistema neurológico, localiza-se nos lóbulos frontais e parietais, sistema límbico do cérebro. Esta inteligência é mais desenvolvida em psicólogo, teólogo, filósofo, professor de psicologia, empresário, entre outros. Na nossa Abordagem de ensino, trabalhamos esta inteligência, em especial, nas atividades musicais de Técnica e de Criação.

A Inteligência Naturalista consiste em observar e discriminar padrões na natureza, identificando e classificando objetos e compreendendo os sistemas naturais, a exemplo também de outros tipos de vida que não seja só a humana. Uma pessoa com esta inteligência apurada revela grande experiência no reconhecimento e na classificação de numerosas espécies – a flora e a fauna de seu meio ambiente (GARDNER, 2000, p. 64). Incluem-se entre os naturalistas: ecologista, biólogo, botânico, zoólogo, fazendeiro, caçador, paisagista, entomólogo, entre outros. Na nossa Abordagem Musical CLATEC, sugerimos trabalhar esta inteligência, em especial, nas atividades musicais de Apreciação e de Criação.

A seguir, abordamos as inteligências adicionais apresentadas por Gardner, que vêm revolucionando o campo da psicologia cognitiva: Inteligência Espiritualista, Inteligência Existencialista e Inteligência Moral. Aproveitamos para apresentar também a inteligência pictórica sugerida pela paulista Kátia Cristina Stocco Smole.

A Inteligência Espiritualista, embora muitos não reconheçam o espírito em igual importância com a mente e o corpo, e não atribuam o mesmo status ontológico ao transcendental ou ao espiritual, esta inteligência vem despertando atenção significativa nas prateleiras das livrarias, em determinadas pedagogias88, nas práticas de ajudas espirituais e de autoajuda, no mundo religioso, e em momentos afins. Gardner trata esta inteligência sob três aspectos: espiritual enquanto preocupação com questões cósmicas ou existenciais; espiritual como a conquista de um estado; e espiritual enquanto efeito nos outros. Embora não tenhamos contemplado intencionalmente esta inteligência na nossa Abordagem Musical CLATEC,

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Vide a Transdisciplinaridade e Metadisciplinaridade, o Método Waldorf proposto por Rudolf Steiner, escolas holísticas, educação ambiental, dentre outras.

sugerimos trabalhá-la, em especial, nas atividades musicais de Apreciação e de Execução. A Inteligência Existencialista – representa a capacidade de se situar em relação aos limites do cosmo (o infinito) e em relação a elementos da condição humana, assim como o significado da vida, o sentido da morte, o destino final dos mundos físico e psicológico e as experiências afetivas profundas, ou a total imersão numa obra de arte (GARDNER, 2000, p. 78). Embora não tenhamos contemplado intencionalmente esta inteligência, na nossa Abordagem de ensino, indicamos trabalhá-la, em especial, nas atividades musicais de Criação e Execução.

A Inteligência Moral – ainda em fase de estudo, supõe uma inteligência com domínio moral definível, que vá além das esferas de inteligência intrapessoal e interpessoal e que não coincida com comportamentos e atitudes morais impostos por uma sociedade. Todas as pessoas, “[…] de alguma forma, reconhecem a diferença entre um código de tráfico e uma lista como a dos Dez Mandamentos; diferenças entre as sociedades são inerentes aonde se traça a linha que separa o pragmático, o social e o moral” (GARDNER, 2000, p. 90-91).

Gardner (2000, p. 91)definiu as características de uma pessoa dotada de Inteligência Moral por apresentar: rápido conhecimento de questões relacionadas com a santidade da vida em suas diferentes facetas; facilidade para dominar as representações e codificações simbólicas relacionadas às questões sagradas; compromisso permanente de referir sobre estas questões; e potencial para ir além das abordagens convencionais para a criação de novas formas ou novos processos que regulem as sacrossantas facetas das intenções humanas. Embora não tenhamos contemplado intencionalmente esta inteligência, na nossa Abordagem de Ensino, recomendamos trabalhá-la nas atividades musicais de Criação e Execução e, em especial, nas atividades relacionadas aos temas transversais, tão bem sugeridos nos Parâmetros Curriculares Nacionais dos Ensinos Fundamentais e Médios.

Finalmente apresentamos a Inteligência Pictórica. Esta inteligência foi apresentada a Gardner, por Kátia Cristina Stocco Smole, em 1997, época em que ambos participavam de um seminário sobre Inteligências Múltiplas, na cidade de São Paulo (Brasil). Smole (1996) apresentou sua dissertação de mestrado e seu livro sobre o tema mencionado, sugerindo ser esta a nona inteligência. Esta inteligência está relacionada às manifestações das artes visuais, do grafismo, da expressão por via de desenho e da resolução de problemas por este canal de comunicação (NOGUEIRA, 1998, p. 7). Até o momento nós desconhecemos o desfeche final deste acontecimento.

Embora esta sugestão não seja apresentada por Gardner, não descartamos a possibilidade de considerá-la, por encontrarmos coerência em suas fundamentações. Não

contemplamos intencionalmente esta inteligência na nossa Abordagem de ensino, mas sugerimos trabalhá-la, em especial, nas atividades musicais de Construção de Instrumentos e de Apreciação e Literatura.

Gardner infere que para cada inteligência existem várias subinteligências, a exemplo de que “[…] há sub-inteligências no domínio da música que incluem executar, cantar, escrever partituras musicais, reger, criticar e apreciar música”. E, para cada inteligência existe uma forma particular de ensino (1995, p. 18). Se definimos oito ou mais tipos de inteligências a serem trabalhados em nossas práticas educacionais, temos, por conseguinte, que construir o mesmo número de formas de ensinar (ou mais) e não apenas uma única forma, um único caminho. O referido autor, que também é pianista, ao abordar o Método Suzuki de Educação Musical e sua grande influência no Japão (Capítulo XIV) afirma que, “[…] quando uma sociedade decide investir recursos importantes no desenvolvimento de uma inteligência em particular, esta ação pode fazer com que toda sociedade seja inteligente neste sentido" (GARDNER, 1995, p. 21).

Em proporções menores, se trabalhamos na educação musical em apenas uma ou duas atividades musicais, os educandos irão apresentar habilidades maiores nestas atividades trabalhadas. Em síntese, defendemos a aplicação de atividades relacionadas às Inteligências Múltiplas na nossa Abordagem Musical CLATEC por:

a) Promover problemas e resoluções nas mais variadas atividades musicais; b) Estimular a criação de produtos musicais distintos;

c) Viabilizar caminhos diferentes de se abordar as atividades musicais; d) Proporcionar uma compreensão da música mediante várias vertentes;

e) Estimular variadas percepções sensoriais e, consequentemente, várias áreas do cérebro;

f) Contribuir, significativamente, com o desenvolvimento geral dos educandos. Neste sentido, nossa Abordagem Musical CLATEC cria sistemas abertos de ensino musical que, acreditamos, possibilitam à mente humana o florescimento das percepções sensoriais e das Múltiplas Inteligências.