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Crime doloso e crime culposo.

DOLO INDIRETO OU INDETERMINADO

Nesse caso, o agente não quer diretamente o resultado, porém, aceita a possibilidade de produzi-lo (dolo eventual) ou não se importa em produzir este ou aquele resultado (dolo alternativo).

Veja esse exemplo do professor Magalhães Noronha10:

“A namorada ciumenta surpreende seu amado conversando com a outra e, revoltada, joga uma granada no casal, querendo matá-los ou feri-los. Ela quer produzir um resultado e não ‘o’ resultado. No dolo eventual, conforme já dissemos, o sujeito prevê o resultado e, embora não o queira propriamente atingi-lo, pouco se importa com a sua ocorrência (‘eu não quero, mas se acontecer, parar mim tudo bem, não é por causa deste

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rico que vou parar de praticar minha conduta – não quero, mas também não me importo com a sua ocorrên- cia’). (NORONHA, p.135)

Perceba, caríssimo(a), que a previsão do dolo alternativo se encontra no fato de querer “matá-los ou feri- los”.

A partir dessa definição é necessário, também, que você saiba que várias são as teorias que se desenvol- veram ao longo da história para a explicar o que é o dolo. Porém, saber cada uma delas fica à título de curiosi- dade, caso você queira, fazer um estudo mais aprofundando quando tiver tomado posse, combinado?!

As que nos interessam, para nosso estudo para concurso é que, o Código Penal adotou uma teoria para o dolo direto e uma para o dolo eventual.

Para o dolo direto (art. 18, inciso I, primeira parte), o CP adotou a teoria da vontade, que diz ser o dolo a vontade dirigida ao resultado. Dessa forma, age dolosamente a pessoa que, tendo consciência do resultado, pratica sua conduta com a intenção de produzi-lo.

Para o dolo eventual (art. 18, inciso I, segunda parte), o CP adotou a teoria do consentimento/assenti- mento, ou seja, aquele que, prevendo o resultado, assume o risco de produzi-lo, age dolosamente.

“Professor, poderia me dar um exemplo de dolo direto e dolo eventual?”

Mas é claro, preste atenção nos seguintes exemplos: Suponhamos que Austin quer matar seu desafeto Caracas. Para tanto, adquire uma arma de fogo (meio tido como necessário e suficiente para a empreitada cri- minosa). Quando Caracas passa pelo local onde Austin havia se colocado de tocaia, este efetua o disparo que causa a morte da vítima. Assim, é possível concluirmos que o dolo de Austin era direto, pois dirigido a produzir o resultado morte, elencado no art. 121 do Código Penal.

Quanto ao dolo eventual, podemos nos utilizar do mesmo exemplo: imagine que Austin, munido da arma de fogo, efetua disparados contra Caracas, querendo feri-lo ou matá-lo. Desse modo, quando Austin direciona sua conduta a fim de causar lesões ou a morte de Caracas, não se importa com a ocorrência de um ou de outro resultado, e se o resultado mais grave vier a acontecer este ser-lhe-á imputado a título de dolo eventual.

Desse modo, encerramos o estudo do crime doloso, porém, ainda nos resta analisarmos o crime culposo, previsto no artigo 18, inciso II, do CP.

A partir de tudo que estudamos até o momento, já formamos a base que nos permite tirarmos a seguinte conclusão: a conduta humana que interessa para o direito penal é aquela que ocorre de duas formas, quais sejam, quando o agente atua dolosamente, querendo ou assumindo o risco de produzir o resultado, ou, de outro lado, o agente age culposamente, dando causa a um resultado através de imprudência, negligência ou imperícia.

Outra informação importante acerca dos crimes culposos, é que saibamos quais são os elementos que o compõe:

1. Conduta voluntária 2. Resultado involuntário 3. Nexo causal

A partir dessas informações que acabamos de visualizar, já conseguimos resolver algumas questões sobre o tema.

Vamos conferir?!

Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto NÃO é um elemento do tipo culposo de crime:

A) Conduta involuntária.

B) Inobservância de dever objetivo de cuidado. C) Previsibilidade objetiva.

D) Tipicidade.

Resolução: perceba, caríssimo(a) que, a partir do elementos acima expostos, que compõe o crime culposo, o único que não faz parte do rol é a conduta involuntária. Ademais, você deve lembrar que, conforme estudamos no início da nossa aula, condutas involuntárias ou atos reflexos não são aptos a caracterizar uma conduta e, por isso, está ausente um dos elementos do fato típico, fazendo com que o fato não seja considerado crime (atí- pico).

Gabarito: Letra A.

Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil Sobre o crime culposo, é correto afirmar que:

A) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado. B) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado. C) encontra seu fundamento legal no artigo 18, I, de Código Penal.

D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba que com isso provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas.

E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado, provocando resultado criminoso por ele não desejado.

Resolução:

a) um dos elementos que compõe o crime culposo é justamente a previsibilidade objetiva do resultado. b) é indispensável a verificação do nexo de causalidade, pois o nexo é inerente ao fato típico.

c) o art. 18, inciso I, trata da figura do crime doloso

d) essas mortes ocorrerão à título de dolo, e não à título de culpa. e) haverá culpa quando houver a quebra do dever de cuidado objetivo. Gabarito: Letra E.

Agora que já analisamos quais são os elementos que compõe o tipo penal culposo, é necessário debru- çarmos sobre as modalidades de culpa.

Vejamos: