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Meu amigo, minha amiga!

Vamos dar início a umas das partes mais importantes no estudo do direito penal! A partir desse momento, iremos tratar sobre o tempo do crime.

Para que ocorra a correta aplicação da lei penal, é imprescindível definir o tempo do crime, ou seja, quando um crime se considera praticado.

O nosso Código Penal, no seu art. 4º, adotou a teoria da atividade.

Art. 4º - considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o mo- mento do resultado.

Com o intuito de clarear o seu estudo, trago um exemplo do saudoso professor André Estefam5:

“Em 1994, o homicídio qualificado tornou-se crime hediondo; a inclusão deste fato na lista contida na Lei n. 8.072/90 ocorreu no dia 7 de setembro do ano citado. Suponha que o agente, visando à morte de seu inimigo, tenha desferido contra ele diversos disparos de arma de fogo, por motivo fútil, no dia 5 de setembro de 1994. Imagine, ainda, que o atirador se evada do local e a vítima seja socorrida por tercei- ros, ficando hospitalizada por uma semana, até que vem a óbito, por não resistir à gravidade dos feri- mentos. Neste exemplo, a conduta foi praticada antes da entrada em vigor da lex gravior, embora o resultado se tenha produzido despois desta” (ESTEFAM, André. pg. 166).

Assim, meu caro(a) aluno(a), podemos verificar através do exemplo acima mencionado que, o homicídio qualificado cometido pelo agente não será considerado hediondo, tendo em vista que o tempo do crime é o da conduta (disparos de arma de fogo), e não da consumação (morte da vítima).

Outra importante função desempenhada pela teoria da atividade, insculpida no art. 4º do Código Penal é a delimitação da responsabilidade penal do agente criminoso. Sendo assim, através da teoria da atividade, torna-se possível fixar o exato momento em que o agente passará a responder criminalmente por seus atos – isso se dará somente se a ação ou omissão houver sido praticada quando ele já tiver completado 18 anos de idade (o que ocorre no primeiro minuto de seu 18º aniversário).

Peguemos o exemplo acima e mudemos a idade do agente criminoso, teremos a seguinte situação hipo- tética, por exemplo:

Se ao tempo do disparo de arma de fogo o agente era menor de 18 anos, terá praticado ato infracional e será punido de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei n.º 8.069/90), ainda que a vítima somente venha a óbito quando o agente complete 18 anos.

Confira junto comigo como esse conteúdo vem sendo cobrado em prova!

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po- lícia

O Direito Penal brasileiro considera como momento do cometimento do crime

A) desde o seu planejamento.

B) quando atingido o resultado pretendido.

C) o momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

D) quando chega ao conhecimento das autoridades competentes.

E) o momento do cometimento do crime é irrelevante para o Direito Penal.

Gabarito – C – Ao analisar o enunciado da questão, ela nos traz a indagação acerca do marco que o Direito Penal brasileiro resolveu adotar como momento para o cometimento do crime e, a partir dessa informação, conse- guimos verificar na alternativa “c” que ela transcreveu a literalidade do art.4º do Código Penal, que considera como momento do cometimento do crime, a ação ou omissão, ainda que outo seja o momento do resultado.

Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRE-RJ Provas: CONSULPLAN - 2017 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Administrativa

“João da Silva atira contra ‘X’ no dia 29/5, tendo ‘X’ falecido 20 dias depois.” Sobre o tempo do crime, o Código Penal adota a teoria:

A) Ubiquidade.

B) Da atividade.

C) Do resultado.

D) Ambivalência.

Gabarito – C – Em que pese X ter falecido 20 dias depois da data dos disparos, o art. 4º do Código Penal, que adotou a teoria da atividade, é claro ao afirmar que considera-se tempo do crime o momento da conduta (ação ou omissão) ainda que outro seja o momento do resultado.

E, para fecharmos o estudo do tempo do crime, vamos analisar mais uma questão acerca do tema, para que, na sequência possamos dar início ao nosso novo tema macro.

Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: FGV - 2018 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária

No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga, em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica:

A) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de- finir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar;

B) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;

C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;

D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de- finir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar;

E) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar.

Gabarito – A – Ao analisarmos o enunciado da questão, à luz do tempo do crime (art. 4º do CP), é possível notarmos que Jéssica possuía 17 anos de idade na data dos disparos, razão pela qual, não poderá ser responder pelo seu crime com base no Código Penal e sim com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069/90), por ato infracional análogo ao crime de homicídio. Quanto a teoria da ubiquidade, ela será objeto de estudo quando iniciarmos o estudo da lei penal no espaço.

Dessa forma, finalizamos por aqui o estudo do tempo do crime.

Tenho a certeza de que você irá gabaritar todas as questões sobre o tempo do crime no seu próximo con- curso! Espero você para o estudo do nosso próximo tópico!

Até lá!