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existência de uma proibição condita no art. 169, parágrafo único, inciso II, do CP, que define com crime o ato de se apropriar de coisa achada.

Assim, no erro de proibição, a ignorância atinge a noção acerca do caráter ilícito do ato praticado. As consequências de cada um dos erros, vou deixar em forma de tabela para que você memorize mais facilmente:

Erro de tipo Erro de proibição Erro evitável Crime culposo (se previsto em

lei). Nesse caso, estamos diante da culpa imprópria. Ocorre quando o agente supõe estar di-

ante de uma causa de ilicitude que lhe permita praticar, licita- mente, um fato típico. Entre- tanto, como esse erro poderia ter sido evitado pelo emprego de dili- gência mediante, subsiste o com-

portamento culposo.

Reduz a pena (1/6 a 1/3)

Erro inevitável Exclui o dolo e culpa. Desse modo, sem dolo e culpa não existe conduta e, se a conduta é

inexistente o fato é atípico, le- vando a exclusão do crime.

Isenta de Pena (exclui a culpabili- dade)

O erro essencial, é o que impede o agente de perceber que pratica determinado crime, por isso, SEMPRE EXCLUI O DOLO.

Vejamos agora, a classificação do erro essencial quanto a sua intensidade:

ERRO DE TIPO INEVITÁVEL/INVENCÍVEL/ESCU- SÁVEL (DESCULPÁVEL)

ERRO DE TIPO EVITÁVEL/VENCÍVEL/INESCUSÁ- VEL (INDESCULPÁVEL)

É aquele que uma pessoa de “mediana prudência e discernimento” – homem médio – também teria co- metido. Exclui dolo e culpa.

Veja esse exemplo do professor Capez:

“Um caçador abate um artista que estava vestido de animal campestre em uma floresta, confundindo-o com um cervo. Não houve intenção de matá-lo, por- que, dada a confusão, o autor não sabia que estava matando alguém, logo, não poderia querer matá-lo.

É aquele que uma pessoa na situação concreta não teria cometido. Exclui o dolo mas mantém a punição por culpa se prevista em lei.

O professor Fernando Capez, ainda prossegue: “Suponhamos naquele exemplo do caçador (supra) que o artista estivesse sem fantasia, sendo o equí- voco produto da miopia do atirador. Nesse caso, es- taria configura o homicídio culposo” (CAPEZ, 2013, p. 248.)

Exclui-se o dolo. Por outro lado, sendo perfeita a fan- tasia não havia como evitar o erro, excluindo-se tam- bém a culpa, ante a inexistência de quebra do dever de cuidado (a tragédia resultou de um erro que não podia ser evitado, mesmo com o emprego de uma prudência mediana). Como não existe homicídio sem dolo e sem culpa (a legislação somente prevê homi- cídio doloso, o culposo e o preterdoloso) o fato torna- se atípico (CAPEZ, 2013, p.248)

Há, também, a previsão do erro acidental, que é aquele em que não há impedimento do agente de per- ceber que pratica determinado crime e, por isso, não exclui o dolo.

O erro acidental pode se dar das seguintes formas:

1. Erro sobre o objeto material: Lembre-se que o objeto material é toda coisa ou pessoa sob a qual recai a conduta do agente. Dessa forma, o erro sobre o objeto material se subdivide em duas es- pécies.

1.1) Erro sobre a pessoa: art. 20, §3º, CP – ocorre quando o agente atinge pessoa diversa da pretendida, por confundi-la com a vítima visada (“sósia”). Nesse caso, aplicam-se as qua- lidades e condições da vítima pretendida (visada) e não da vítima (real). Imagine a situa- ção em que Austin, querendo matar o estuprador de sua filha, sai a caça do desafeto e, em via pública, encontra o “sósia” do criminoso, iniciando assim, diversos disparos de arma de fogo e levando a vítima a óbito. Ao chegar perto do ofendido, Austin percebe que não era o estuprador de sua filha, mas sim, o seu sósia. Nesse caso, Austin responderá por homicídio levando em conta as qualidades da vítima virtual (o estuprador da filha) e não as qualidades da vítima real (o sósia mort0).

Veja essa questão acerca do tema:

Ano: 2012 Banca: MS CONCURSOS Órgão: PC-PA Prova: MS CONCURSOS - 2012 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

Jovelino Josualdo planejou a execução de sua esposa, grávida, pois tinha fortes suspeitas de que estava sendo traído por ela. No dia planejado para o homicídio, aguardou a vítima escondido e quando viu um vulto, executou o seu plano, desferindo cinco tiros na vítima, que faleceu no local. Contudo, ao certificar-se do falecimento da vítima, assustou-se ao ver que na verdade havia atirado em sua mãe. Diante do exposto, é correto afirmar que se trata de:

A) Error In Objecto. B) Error In Persona. C) Aberratio Ictus. D) Aberratio Causae.

E) Aberratio Criminis.

Resolução: no momento em que Jovelino executou seu plano de querer matar sua esposa e acaba por matar sua mãe, comete erro quanto a pessoa. Entretanto, responderá pelo homicídio como se tivesse matado sua esposa (vítima virtual) e não como se estivesse matado sua mãe (vítima real).

Gabarito: Letra B.

1.2) Erro sobre a coisa: essa espécie não exclui o dolo – não afasta o caráter criminoso do ato. O agente erra sobre situação fática juridicamente IRRELEVANTE. Imagine que Austin subtraia um relógio dourado supondo que se tratava de um relógio valiosíssimo de ouro. Nesse caso, o erro se deu sobre uma situação irrelevante (a condição do relógio). Nesse caso, Austin responderá pela prática do furto.

2. Erro na execução: aqui, também há uma divisão em duas etapas.

2.1) “aberratio criminis” ou “delicti”: art. 74, do CP – quando o agente criminoso atinge bem jurídico diverso do pretendido. 1ª parte: com resultado único ou unidade simples – quando o agente só atinge o bem jurídico diverso do pretendido (sujeito arremessa uma pedra contra uma vidraça – crime de dano – mas, por erro na execução, atinge a cabeça de uma pessoa, provocando-lhe lesão corporal. Nesse caso, o agente criminoso só res- ponde pelo resultado, desde que prevista a figura culposa (p.ex. lesão corporal culposa). 2ª parte: com resultado duplo ou unidade complexa – o sujeito criminoso atinge o bem jurídico visado (p.ex. crime de dano) e, também, outro bem jurídico diverso do pretendido por erro na execução (ex. ao arremessar a pedra, além de atingir a vidraça como almejava, o sujeito feriu uma pessoa na cabeça, por erro na execução). A solução para esse caso é o agente responder pelos dois resultados em concurso formal.

3. Aberratio causae – trata-se do erro sobre o nexo causal. Nesse caso, o agente atinge o resultado preten- dido, mas por meio de uma relação de causalidade diferente da imaginada. Suponha que Austin queira matar seu desafeto Caracas. Para tanto, leva-o até uma montanha para empurrá-lo de lá, fazendo com que caia em um rio e morra afogado. Entretanto, no momento em que Austin empurra Caracas, a vítima cai da montanha e durante a queda bate a cabeça em uma pedra e morre de traumatismo craniano. Nesse caso, Austin responderá pelo homicídio normalmente, entretanto, com erro sobre o nexo causal, pois causou a morte de Caracas por traumatismo craniano e não por afogamento.

Imagem retirada do site: https://br.pinterest.com/pin/836965911978058408/ Vejamos como o conteúdo vem caindo em concurso:

Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Federal Prova: FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal - Inspetor de Polícia Legislativa

Considerando o que estabelece o Código Penal, associe as duas colunas relacionando os conceitos com a sua definição.

I. Delito putativo por erro de tipo. II. Aberratio ictus.

III. Erro de proibição. IV. Aberratio criminis.

a. O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta. b. Acidente ou erro no emprego executório culminando por atingir bem jurídico diferente do pretendido. c. O comportamento do agente, subjetivamente, é criminoso, mas objetivamente o ato não se enquadra no

tipo penal.

d. Desvio no golpe ou erro na execução culminando por atingir pessoa diversa da pretendida.

A) I-a; II-b; III-c; IV-d. B) I-c; II-d; III-b; IV-a. C) I-b; II-a; III-c; IV-d. D) I-c; II-b; III-a; IV-d. E) I-c; II-d; III-a; IV-b.

Resolução: vejamos que, a partir das assertivas que nos são propostas, devemos associá-las às determinadas formas de erro. O item I guarda semelhança com os ensinamentos da letra “c” – lembre-se do exemplo do furto de Austin. O item II guarda relação com os ensinamentos da letra “d”, considerando a aberratio ictus como des- vio no golpe ou erro na execução. O item III guarda relação com a letra “a”, considerando que no erro de proi- bição, o agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta. E, por fim, o item IV guarda rela- ção com o item “b” pois, o instituto da aberratio criminis é justamente o acidente ou erro no emprego executório culminando por atingir bem jurídico diferente do pretendido.

Gabarito: Letra E.

Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil

O erro acidental não afasta o dolo do agente, podendo ocorrer em algumas situações. Qual das hipóteses está CORRETA?

A) Erro sobre o objeto quando o autor, ao tentar matar o inimigo, por erro na pontaria mata outra pessoa. B) Erro sobre o curso causal, quando o autor, ao tentar matar a vítima por afogamento e ao arremessar a vítima de uma ponte, esta bate na estrutura falecendo de traumatismo.

C) Erro sobre a pessoa no caso do autor que, ao tentar causar dano, atira uma pedra contra uma loja, e por erro atinge uma pessoa.

D) Erro na execução (aberratio ictus) quando, por exemplo, o autor, ao subtrair uma saca de café, pensa ser uma saca de açúcar.

E) Resultado diverso do pretendido, quando o autor, ao desejar matar seu filho, causa a morte de seu funcio- nário.

Resolução: a partir do nosso estudo construído até o momento, é possível verificarmos que o erro sobre o curso causal é aquele em que o agente tenta matar a vítima por afogamento e ao arremessar a vítima de uma ponte, esta bate na estrutura falecendo de traumatismo. Lembre-se do exemplo de Austin e Caracas na montanha.

Gabarito: Letra B.

Então, meu amigo(a), encerramos assim, o estudo do nosso primeiro capítulo que trata sobre o fato tí- pico. A partir desse momento, vamos iniciar o conteúdo acerca da ilicitude/antijuridicidade.

Ilicitude/Antijuridicidade.