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Primeiramente, guerreiro(a), precisamos ter em mente que o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito são excludente de ilicitude “em branco”.

“Como assim, “em branco”, professor?”

Trata-se de um fenômeno semelhante ao que ocorre com a “lei penal em branco” em que o conteúdo definitivo da norma se deduz de outra norma jurídica. Sendo assim, o conteúdo de ambas as excludentes de ilicitude decorrem de normas extrapenais.

“O policial que cumpre um mandado de prisão e, para isso, emprega força física, na medida do necessário para conter o agente, encontra-se no estrito cumprimento de um dever legal; sua ação não é criminosa, com fundamento na combinação do art. 23, inciso III, do CP com o art. 292 do CPP”.(ESTEFAM, André, p. 295).

Um exemplo clássico de exercício regular de um direito diz respeito à violência desportiva, desde que o esporte seja regulamentado oficialmente e a lesão ocorra de acordo com as respectivas regras, como, por exemplo, os eventos do UFC e do extinto Pride.

Dessa forma, para fecharmos o estudo completo das excludentes de ilicitude, vejamos uma questão e partiremos para mais uma etapa da nossa aula.

Preste atenção na seguinte questão:

Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: Senado Federal Prova: FGV - 2012 - Senado Federal - Policial Legislativo Federal São causas excludentes da ilicitude, segundo o Código Penal,

A) a legítima defesa, o exercício regular de direito e a inexigibilidade de conduta diversa. B) o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal e a desistência voluntária.

C) o estrito cumprimento do dever legal, a legítima defesa de terceiro e o exercício regular de direito. D) o estado de necessidade, a legítima defesa e a inexigibilidade de conduta diversa.

E) a inexigibilidade de conduta diversa, a desistência voluntária e a legítima defesa de terceiro.

Resolução: ao nos depararmos com o enunciado da questão, podemos perceber que o art. 23 do Código Penal é o suficiente para respondermos este questionamento. Dessa forma, são causas excludentes de ilicitude, se- gundo o CP o estrito cumprimento do dever legal, a legítima defesa de terceiro e o exercício regular de direito.

Gabarito: Letra C. Certo, caríssimo(a)!

Qualquer dúvida fico ao seu dispor. Não hesite em me procurar.

Culpabilidade

Salve salve, meu amigo(a)!

A partir desse momento, inauguramos o terceiro capítulo da nossa aula e passaremos a estudar o último elemento da estrutura do conceito analítico de crime.

Para que possamos introduzir nosso estudo, é necessário que saibamos que a culpabilidade é entendida, pela grande maioria dos estudiosos do direito penal, como o juízo de reprovação que recai sobre o autor cul- pado de um fato típico e antijurídico. Desse modo, para muitos, a culpabilidade é tratada como requisito do crime e, para outros, como pressuposto de aplicação da pena.

Hoje, a posição dominante no ordenamento jurídico é de que se trata de requisito do crime. Assim, como o fato típico, a culpabilidade também é composta por alguns requisitos, vejamos:

Para que fique mais fácil a memorização dos elementos da culpabilidade, guarde o mnemônico IMPOEX. Então, vamos ao estudo individualizado de cada uma das figuras:

Imputabilidade:

Trata-se da capacidade mental do indivíduo de compreender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento (ou seja, de conter-se).

Simplificando, meu amigo(a), a imputabilidade nada mais é do que as condições de sanidade e maturi- dade humana, a ponto de permitir a qualquer pessoa a capacidade de compreensão e autodeterminação. A imputabilidade deve estar presente no momento da conduta.

Assim, partindo do nosso conceito de imputabilidade, é necessário que nos debrucemos sobre as causas de exclusão da imputabilidade.

No ordenamento jurídico brasileiro há as seguintes previsões de exclusão da imputabilidade:

Para que nossa memorização se torne ainda mais fácil, vou elaborar uma tabela com cada uma das causas, seus efeitos e suas consequências jurídicas:

CAUSAS EFEITOS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS

Culpabilidade

Potencial consciência da ilicitude Exigibilidade de conduta diversa Imputabilidade

Art.26 – Doença mental, desen- volvimento mental incompleto ou retardado. *

Supressão total da capacidade mental Inimputável – absolvição Impró-

pria – aplicação de medida de se- gurança

Redução da capacidade mental

Semi-imputável – condenação

com pena reduzida de 1 a 2/3, ou

medida de segurança.

Art.27 – Menoridade Penal ECA – Sujeito a medidas socioedu- cativas e protetivas. Art.28 – Embriaguez Completa

involuntária *

Supressão das capacidades mentais Inimputável – absolvição própria –

não há que se falar em medida de segurança

Redução das capacidades mentais

Semi-imputável – condenação com pena reduzida de 1 a 2/3.

* Se houver qualquer dúvida acerca da sanidade mental do réu, o Código de Processo Penal nos seus arts. 149 a 154 do CPP, dispõe sobre a instauração do incidente de insanidade mental do acusado, para dirimir a dúvida.

* Embriaguez: consiste na intoxicação aguda e transitória provocada pelo álcool ou substâncias de efei- tos análogos (aqui, meu amigo(a) não pode se enquadrar as drogas ilícitas).

Embriaguez completa: quando se enquadra o sujeito no segundo nível (depressão) e terceiro nível (letar- gia – coma – conduta omissiva, p.ex.).

Embriaguez involuntária: proveniente de caso fortuito ou força maior. Se a embriaguez for voluntária o agente responde pelos atos por força da teoria da “actio libera in causa” (ação livre na causa). Para que seja aplicado o instituto da embriaguez involuntária, sem gerar responsabilidade penal objetiva, deve-se avaliar se, no momento em que a substância foi ingerida, era previsível o resultado produzido.

Espécies de embriaguez voluntária: a) Dolosa: o sujeito quer se embriagar.

b) Culposa: aquela que decorre no excesso imprudente no consumo; e

c) Pré-ordenada: o indivíduo ingere bebida alcoólica para se “encorajar” para cometer o crime. Nesse caso, estamos diante da agravante do art. 61, II, “l”, CP.

d) Embriaguez patológica: o indivíduo é alcoólatra e isso é considerado como doença mental, apli- cando-se o art. 26 do Código Penal, que dispõe sobre a inimputabilidade.

Com isso, você tem um conteúdo fartíssimo de informações acercas das causas que excluem a imputabi- lidade. Leia com carinho cada uma das informações que constam dessa tabela, pois ela será de muita relevância para sua caminhada!

Vejamos:

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia A respeito da imputabilidade penal, é correto afirmar que tal instituto

A) figura como um dos elementos da culpabilidade.

B) cuida da capacidade física do agente de praticar o ilícito. C) figura como um dos requisitos da punibilidade.

D) não exclui da aplicação da lei penal fato praticado durante a embriaguez involuntária completa, proveniente de caso fortuito ou força maior.

E) não exclui a menoridade (criança e adolescente) da aplicação da lei penal.

Resolução: a banca nos questiona acerca da imputabilidade, razão pela, qual estamos diante do primeiro ele- mento que compõe a culpabilidade, uma das vertentes do conceito analítico de crime.

Gabarito: Letra A.

Avançando, chegou o momento de tratarmos do segundo elemento da culpabilidade.