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Salve, meu amigo(a).

Dando seguimento a nossa caminhada, é preciso que você saiba que dentro do ordenamento jurídico- penal há várias espécies de tentativa. Entretanto, nosso objetivo é otimizar seu estudo e direcioná-lo para sua prova.

A partir desse momento, passaremos a analisar, então o art. 15, do Código Penal.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados

Agora que analisamos o dispositivo legal, para que adentremos nas figuras da desistência voluntária e arrependimento eficaz, é necessário que, primeiro, vejamos o iter criminis.

“Iter criminis, professor?”

Isso mesmo, meu amigo(a)! Vamos estudar o caminho do crime. Dessa forma, vejamos a tabela que preparei para você:

ITER CRIMINIS – CAMINHO DO CRIME.

COGITAÇÃO – é a elaboração mental do crime. Quando o agente inicia, na sua mentalidade, a formulação da

empreitada criminosa. Nesse momento, o pensamento criminoso do agente não possui relevância para o Direito Penal.

PREPARAÇÃO – quando o agente começa a desenvolver o plano. Nesse momento, em regra, não há que se

falar em punição. Os atos preparatórios só são puníveis, de forma excepcional, quando o legislador resolve antecipar a tutela penal, como ocorre através da Lei Antiterrorismo (que pune os atos preparatórios para o terrorismo) e, também, o crime do artigo 34 da Lei 11.343/06 (petrechos para o tráfico).

EXECUÇÃO – é quando o agente põe em prática o crime que havia planejado. Por exemplo, efetua os dispa-

ros de arma de fogo contra a vítima.

CONSUMAÇÃO – ocorre com a reunião de todos os elementos da definição legal do crime, p.ex. a morte da

vítima.

Desse modo, saiba que a esfera da tentativa se encontra entre a execução e a não consumação do crime. Outro tópico (ainda dentro da estrutura do iter criminis) diz respeito ao fato da punibilidade (nada muito extenso). Venha comigo!

Punibilidade.

A punibilidade, meu amigo(a), nada mais é do que a possibilidade jurídica de imposição da sanção penal (leia-se, pena privativa de liberdade ou medida de segurança)!

Desse modo, a punibilidade nasce com a prática da infração penal, porém, nós temos algumas exceções no ordenamento jurídico:

 Há crimes, porém, cuja punibilidade fica condicionada a um evento futuro. É o caso, por exemplo, dos crimes falimentares, cuja punibilidade somente se dá com a prolação da sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou homologa a recuperação extrajudicial (art. 180 da 11.101/05). Ela é uma condição objetiva de punibilidade.

 Existem, ainda, delitos que, mesmo quando praticados, não são puníveis, por força de regras ex- cepcionais. É o que se dá com determinados crimes patrimoniais, quando presente a escusa ab- solutória (art. 181, do CP11).

11Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº

10.741, de 2003)

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

“Professor, qual a diferença entre escusa absolutória, condição objetiva de punibilidade e causa extintiva da punibilidade?”

Ótima pergunta, caríssimo(a)!

A escusa absolutória impede a punibilidade.

A condição objetiva de punibilidade funciona como um termo inicial, ou seja, o momento que o fato passa a ser punível para o ordenamento jurídico.

A causa extintiva atua como um termo final, deixando o fato de ser punível, encontrando-se estas, em especial (mas não somente) no artigo 10712 do CP.

Agora que verificamos o caminho desenvolvido pelo crime, é necessário desmembrarmos o artigo 15 do CP em duas partes, vejamos:

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ

“O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução”.

“O agente que impede que o resultado se produza”.

“Só responde pelos atos já praticados”.

Para a ocorrência da desistência voluntária, é necessário que o agente tenha adentrado, ao menos, na execução do crime.

Preste atenção nesse exemplo, meu jovem: imagine que Austin resolve matar o seu desafeto Caracas. Para isso, munido de uma arma de fogo, dispara duas vezes contra o ofendido, acertando regiões não vitais do corpo. Logo após disparar duas vezes contra Caracas, o criminoso Austin, ainda podendo efetuar mais 6 disparos com sua arma de fogo, voluntariamente desiste de prosseguir com os disparos. Dessa forma, ao poder prosse- guir com a execução e voluntariamente desistir de dar continuidade, Austin não responderá pelo crime de homi- cídio, mas tão somente pelos até então praticado (lesão corporal por conta dos disparos), devendo ser averi- guada a extensão das lesões, para tipificá-las como grave, gravíssima.

12 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto;

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Portanto, esse é o instituto da desistência voluntária.

Já quanto ao arrependimento eficaz, a situação apresentada deve ser visualizada por uma ótica diferente. Peguemos o mesmo exemplo em que Austin quer matar seu desafeto Caracas. Imagine que Austin tenha efe- tuado os outros 6 disparos que ainda eram possíveis de serem realizados. Dessa forma, Austin, ao descarregar sua arma de fogo em Caracas, encerra todos os atos de execução do crime. Entretanto, após efetuar todos os disparos, Austin, arrependido pelo ato, resolve socorrer Caracas levando-o até o hospital mais próximo. Por conta do arrependimento eficaz de Austin, Caracas é salvo. Nesse caso, Austin encerrou todos os atos de exe- cução, entretanto, ao socorrer Caracas e levá-lo até o hospital, impediu que o resultado morte se produzisse, razão pela qual, assim como na desistência voluntária, responderá somente pelos atos até então praticados, e não pelo crime de homicídio. Será necessário, então, assim como no exemplo anterior, verificarmos a extensão das lesões corporais para podermos tipificar corretamente a conduta de Austin.

Vamos colocar em prática nosso conhecimento? Venha comigo!

Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil

Caio tem um desafeto a quem sempre faz ameaças de morte. O último encontro foi num bar. Caio observou que havia um revólver com seis munições sobre uma mesa e aproveitou para concretizar o desejo de matar seu oponente. Anunciou que iria matar seu desafeto PEDRO, efetuando um disparo na sua perna. Neste momento PEDRO suplica por sua vida. Caio, sensível ao apelo da vítima, desiste de continuar disparando, afirma que não iria mais matar o rival e deixa a arma em cima da mesa. Em seguida, se retira do local. Com relação aos fatos descritos indique a alternativa CORRETA.

A) Caio deve ser condenado por tentativa de homicídio. B) Caio não deve responder por qualquer crime.

C) Há apenas o crime de ameaça a ser apurado.

D) Caio responde por tentativa de homicídio e ameaça. E) Caio deve responder por lesão corporal.

Resolução: agora que analisamos o enunciado da questão e cada uma das suas assertivas, perceba, meu amigo(a), o enunciado da questão tem um ponto chave para resolução, quando faz menção a seguinte frase: “...desiste de continuar disparando...” .Então, através dessa informação, podemos deduzir que Caio poderia prosseguir na execução do crime, entretanto, desiste voluntariamente de dar seguimento a execução, razão pela qual, deverá responder apenas pela lesão causado pelo único disparo na perna de Pedro.

Gabarito: Letra E.

Tudo compreendido até aqui, meu(a) querido(a) estudante? Então, vamos avançando em nosso conteúdo.