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Princípios aplicáveis a territorialidade.

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À TERRITORIALIDADE

Princípio da territorialidade Aplica-se a lei penal do local do crime, não impor- tando a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico.

Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa Aplica-se a lei do país a que pertence o agente crimi-

noso, pouco importando o local do crime, a naciona- lidade da vítima ou do bem jurídico violado.

Princípio da nacionalidade ou personalidade pas- siva

Aplica-se a lei penal da nacionalidade da vítima.

Princípio da defesa Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico lesado (ou colocado em perigo), não importando o local da infração penal ou a nacionalidade do sujeito ativo.

Princípio da Justiça Penal Universal ou da Justiça cosmopolita

O agente fica sujeito à lei do País onde for encon- trado, não importando sua nacionalidade, do bem ju- rídico lesado ou do local do crime. Esse princípio está normalmente presente nos tratados internacionais

de cooperação de repressão a determinados delitos de alcance transnacional.

Princípio da representação, do pavilhão, da subs- tituição ou da bandeira.

A lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando pra- ticados no estrangeiro e aí não sejam julgados.

Agora, vamos ver como esse assunto vem sendo cobrado nas provas de concursos! Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: TJ-MT Prova: UFMT - 2016 - TJ-MT - Técnico Judiciário

Sobre a aplicação da lei penal, de acordo com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) Não há crime sem lei posterior que o defina.

( ) Considera-se praticado o crime no momento da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. ( ) Considera-se como extensão do território nacional, para efeitos penais, a aeronave de propriedade privada, que se ache no espaço aéreo correspondente.

( ) Não fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente da República.

Assinale a sequência correta.

A) V, F, F, V B) F, V, V, F C) V, V, F, F D) F, F, V, V

Conforme já estudado anteriormente, você já está craque em saber que “não há crime sem lei anterior que o defina”, razão pela qual a primeira assertiva é falsa. A segunda assertiva é cópia integral do art.4º do Código Penal, que adotou como tempo do crime a teoria da atividade, em que este se considera praticado no momento da conduta (ação ou omissão). A terceira assertiva é verdadeira, pois, conforme acabamos de analisar, as aero- naves de propriedade privada que se achem no espaço aéreo correspondente são consideradas extensão do território nacional. Por fim, a última assertiva está equivocada pois, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente da República, fica sujeito a lei brasileira (esse é o fenômeno da extraterritori- alidade – que será objeto de estudo logo em seguida).

Ano: 2014 Banca: Aroeira Órgão: PC-TO Prova: Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil

Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações brasileiras, mer- cantes ou de propriedade privada,

A) que se achem em alto-mar.

B) onde quer que estejam ancoradas.

C) que se achem no mar territorial brasileiro.

D) onde quer que estejam navegando.

Gabarito – A – Assim, meu caro, conforme visto anteriormente, quando a embarcação for brasileira (mercante ou de propriedade privada) encontrando-se em alto mar, será considerada extensão do território brasileiro.

Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia

O marinheiro Jonas matou seu colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da Marinha Brasileira, quando o navio estava em águas sob soberania do Japão. Assim:

A) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da territorialidade.

B) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio do pavilhão.

C) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça universal.

D) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da defesa.

E) a lei penal japonesa será aplicada ao caso, em razão do crime ter ocorrido em águas sob soberania do Japão.

Gabarito – A – tratando-se de navio da Marinha Brasileira, independente do navio estar sob as águas de sobe- rania Japonesa, este considera-se território brasileiro, razão pela qual, a lei penal brasileira será aplicada ao fato.

Assim, fechamos mais uma parte do nosso conteúdo programático para essa aula inaugural sobre territorialidade.

No próximo tópico vamos tratar sobre o lugar do crime e a teoria adotada pelo direito penal brasileiro para definir em que lugar se considera praticado o crime.

Extraterritorialidade.

Anteriormente expliquei a vocês que o critério geral adotado pelo ordenamento jurídico penal é o de que a lei penal brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional (art. 5º, CP), vale dentro do território nacional (geográfico e por extensão). No entanto, meu caro, em casos excepcionais, a nossa lei poderá ultrapassar os limites do território, alcançando crimes cometidos exclusivamente em território es- trangeiro. Esse é o fenômeno conhecido por extraterritorialidade.

A extraterritorialidade está prevista no art. 7º do Código Penal, em seus incisos I e II e, também no §3º, nos anunciam quais são os crimes que fixam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro.

Vejamos:

Extraterritorialidade

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro;

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou con- denado no estrangeiro.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condi- ções:

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibili- dade, segundo a lei mais favorável.

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça.

A partir da leitura do art. 7º do Código Penal o tema da extraterritorialidade se dividem em extrater- ritorialidade incondicionada e extraterritorialidade condicionada.

A extraterritorialidade incondicionada está prevista no art. 7º, §1º do Código Penal, alcançando os crimes descritos no art. 7º, inciso I. Nessas hipóteses, a lei brasileira, para ser aplicada não depende do preen- chimento de qualquer requisito. Ocorrendo um crime que se amolde a essas hipóteses, aplica-se a lei brasileira não importando se o autor do fato foi absolvido ou condenado no estrangeiro.

Por outro lado, a extraterritorialidade condicionada alcança as hipóteses trazidas pelo inciso II do art. 7º do Código Penal. Nesses casos, para que a nossa lei possa ser aplicada, faz-se necessário o concurso das seguintes condições (art. 7º, §2º, CP):

Agora, meu amigo(a), precisamos recordar dos princípios que ensinei a vocês quando tratei do tema da territorialidade.

Precisamos recordar tais princípios pois o Brasil, para fundamentar as hipóteses de extraterritoriali- dade que elenquei acima para vocês, adotou, de forma excepcional, tais princípios.

Dessa forma, para otimizar seu estudo, preparei essa tabela em que a dividindo em três colunas, sendo a primeira delas responsável pelo dispositivo legal em que incorreu o agente criminoso; a segunda coluna o princípio a ser aplicado e, por fim, a modalidade de extraterritorialidade (incondicional ou condicionada).

Venha comigo!!

Entrar o agente no território nacional.

Ser o fato punível também no país em que foi praticado.

Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei

brasileira autoriza a extradição. Não ter sido o agente

absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido pena. Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,

por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

Dispositivo legal Princípio Espécie de extraterritorialidade Art. 7º, I, a, b, c Princípio da defesa Incondicionada

Art. 7º, I, d Princípio da justiça universal Incondicionada Art. 7º, II, a Princípio da justiça universal Condicionada Art. 7º, II, b Princípio da nacionalidade ativa Condicionada Art. 7º, II, c Princípio da representação Condicionada

Agora que superamos toda essa parte mais teórica sobre os critérios da extraterritorialidade (condi- cionada e incondicionada), vou trazer exemplos para que você possa visualizar melhor minha explicação até esse momento.

Imaginemos que Austin, brasileiro, residente nos EUA, mata, dolosamente um cidadão americano. A partir desse exemplo, pergunt0-lhe: “Austin, autor de homicídio executado no estrangeiro, foge e re- tornar ao território brasileiro antes do fim das investigações (nos EUA). A lei brasileira alcança esse fato praticado no estrangeiro? ”.

Resposta: Trata-se de crime praticado por brasileiro, hipótese que se encaixa ao art. 7º, II, b, do Código Penal, sendo caso de extraterritorialidade condicionada. O agente criminoso retornou ao Brasil (primeira con- dição preenchida). O homicídio doloso é crime também nos EUA (então, presente a segunda condição), incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição (observada a terceira condução). Austin fugiu dos EUA antes do início do processo, sem notícia de perdão ou de causa extintiva da punibilidade (tudo isso será objeto de estudo aqui no nosso curso de Direito Penal mais adiante – condições quarta e quinta presentes). Con- clusão, meu amigo(a): a lei brasileira vai ser aplicada ao crime de homicídio praticado por Austin nos EUA.

Vejamos, então, uma questão da banca FCC sobre extraterritorialidade!

Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Judiciária

José, brasileiro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira no Japão, onde trabalhava como funcionário público.

Em tal situação,

A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.

C) aplica-se a lei brasileira, independentemente da existência de processo no Japão e de entrada do agente no território nacional.

D) a aplicação da lei brasileira, independe da existência de processo no Japão, mas está condicionada à entrada do agente no território nacional.

E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que a lei japonesa.

Gabarito – A – O caso envolvendo o brasileiro que comete o crime de peculato apropriação, se apropriando de valores da embaixada brasileira no Japão, é o típico caso de extraterritorialidade incondicionada, pois, con- forme o art. 7º, I, b, do Código Penal, fica sujeita a lei brasileira, embora cometido no estrangeiro o crime contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.

Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-RS Prova: FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área Judiciária Dentre os casos de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem os crimes cometidos:

A) contra a fé pública da União.

B) contra o patrimônio de autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.

C) contra a administração pública, por quem está a seu serviço.

D) em aeronaves ou embarcações brasileiras.

E) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República.

Gabarito – D – Por exclusão, meu caro, é a única hipótese que não costa do rol do art. 7º, I, do CP. Outra possibilidade de extraterritorialidade é a prevista na Lei de Tortura (9.455/97). Vejamos o que as disposições da lei especial dispõem sobre o tema:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter pre- ventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;

III - se o crime é cometido mediante sequestro.

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exer- cício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Desse modo, a extraterritorialidade prevista na lei de tortura é a representação do princípio da perso- nalidade ou nacionalidade passiva.

Existe, ainda, um último caso de extraterritorialidade, que é a chamada extraterritorialidade hiper- condicionada, prevista no art. 7º, §3º, do CP. Porém, para que essa modalidade seja objeto de aplicação é ne- cessário o preenchimento dos seguintes requisitos:

Não ser pedida ou, se pleiteada, negada a extradição; Requisição do Ministro da Justiça.

A extradição consiste na entrega de uma pessoa autora de infração penal, por parte do Estado em cujo território se encontre, a outro que solicita a referida entrega. Assim, para que a extradição ocorra, é neces- sário que entre os países haja um tratado bilateral ou multilateral tratando do assunto. Porém, caso não exista, o Estado requerente deverá prometer reciprocidade de tratamento ao Brasil.

Agora, para fecharmos o nosso grande tema macro (Territorialidade) quero falar com vocês sobre