• Nenhum resultado encontrado

4.5 Os limites de alocação

4.5.3 Dos limites por investimento

Por último, os limites por investimento estabelecem o máximo, considerando a soma de todos os recursos administrados, que o fundo de pensão pode investir em ativos de uma mesma característica. O artigo 43 da Resolução CMN nº 3.792/2009 dispõe que se deve observar o limite de 25% de uma mesma série de títulos ou valores mobiliários (excetuam-se:

89 bônus de subscrição de ações, recibos de subscrição de ações, certificados de recebíveis emitidos com adoção de regime fiduciário e debêntures de emissão de SPE); de uma mesma classe ou série de cotas de fundos de investimento em direitos creditórios; ou de um mesmo empreendimento imobiliário. Busca-se reduzir os riscos de crédito e liquidez com essa limitação.

Em 2014, a PREVIC expediu o já citado Ofício Conjunto nº 1/2014, com a presente orientação:

Títulos com características idênticas, à exceção do valor, mesmo que emitidos em séries separadas são consideradas uma mesma série para fins de aplicação do art. 43. A limitação prevista nesse dispositivo aplica-se somente aos ativos que sejam emitidos com a denominação “série” [...].

Segundo a mesma orientação, não se aplica essa limitação quando for materialmente impossível a divisibilidade dos ativos. Ou seja, necessita-se da denominação “série”, para posteriormente ser observada se elas foram emitidas com características idênticas.

Cabe observar que a Resolução CMN nº 3.792/2009 não estabelece limites mínimos específicos para operações com derivativos, mas sim condições a serem observadas: avaliação prévia dos riscos envolvidos; existência de sistemas de controles internos adequados às suas operações; registro da operação ou negociação em bolsa de valores ou de mercadorias e futuros; atuação de câmaras e prestadores de serviços de compensação e de liquidação como contraparte central garantidora da operação; depósito de margem limitado a 15% da posição em títulos da dívida pública mobiliária federal, títulos e valores mobiliários de emissão de instituição financeira autorizada a funcionar pelo Bacen e ações pertencentes ao Índice Bovespa da carteira de cada plano ou fundo de investimento; e valor total dos prêmios de opções pagos limitado a 5% da posição em títulos da dívida pública mobiliária federal, títulos e valores mobiliários de emissão de instituição financeira autorizada a funcionar pelo Bacen e ações pertencentes ao Índice Bovespa da carteira de cada plano ou fundo de investimento.

Os derivativos são ativos que possuem seus preços derivados de outros ativos negociados no mercado à vista. São, portanto, ativos subjacentes. Eles são comumente utilizados com a finalidade de fazer hedge, arbitragem ou especulação. A primeira é uma operação que visa a proteger o valor de um ativo contra variações; a arbitragem ocorre quando o investidor tenta se aproveitar de uma disparidade de preço em mercados diversos, comprando em um mercado mais barato e revendendo-o em mercado mais caro; já a

90 especulação ocorre com a compra de derivativos que não tenham nenhum ativo subjacente, ou seja, são as posições mais arriscadas106.

Apesar de não haver limitação expressa na Resolução CMN nº 3.792/2009 para a utilização dos derivativos nos fundos de pensão, uma das principais características dos planos de previdência complementar é o seu objetivo em longo prazo. Portanto, é necessário ter precauções quanto à compra e venda de ativos para o ganho em curto prazo, consequência dos maiores riscos presentes nos derivativos.

Informa o Guia PREVIC de Melhores Práticas em Investimento que a legislação permite que a entidade fechada de previdência complementar realize operações com derivativos, sendo prevista a sua utilização como instrumento de hedge107.

Recomenda-se que a documentação prévia do programa de hedging esteja em carteira própria, evitando a confusão com operações especulativas. Ou seja, o gestor do fundo de pensão deve se precaver para demonstrar futuramente que os eventuais resultados ruins obtidos pela compra de derivativos estavam relacionados a ganhos em outros mercados, afastando, dessa forma, qualquer caráter especulativo. As operações devem ainda estar de acordo com a política de investimento do plano de benefícios108.

Debruçando-se, neste momento, acerca das exigências existentes no artigo 44 da Resolução CMN nº 3.792/2009 sobre os derivativos, algumas devem ser destacadas.

Para a utilização dos instrumentos derivativos, necessita-se da presença de controles internos e de avaliação prévia dos riscos, sempre retornando ao princípio do homem prudente. A limitação imposta de depósito de margem limitado a 15% da posição em títulos da dívida pública mobiliária federal, títulos e valores mobiliários de emissão de instituição financeira e ações pertencentes ao Índice Bovespa da carteira de cada plano ou fundo de investimento visa a limitar a possibilidade de maior aporte nesses investimentos.

Conforme consta do Ofício Circular Conjunto nº 1/2014, cada pessoa jurídica deve ser analisada individualmente para a escolha dos limites de que trata o artigo 44 da Resolução CMN nº 3.792/2009, “[...] não podendo, por exemplo, os títulos públicos constantes da carteira de fundos de investimento serem utilizados para compor o limite de margem ou prêmio de opções adquiridas em carteira própria”.

106 VILANOVA, Emmanuel; PEROCCO, Guilherme Loureiro, Regulação dos investimentos de fundos de

pensão, p. 170.

107 BRASIL. Ministério da Previdência Social. Superintendência Nacional de Previdência Complementar. Guia

Previc: Melhores Práticas em Investimento. Brasília: PREVIC, nov. 2011, p. 21. Disponível em: <http://www.abrapp.org.br/SiteAssets/SitePages/Previc/guiaprevic2011.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015.

91 Por fim, como afirmado anteriormente, o valor total dos prêmios de opções pagos é limitado a 5% da posição em títulos da dívida pública mobiliária federal, títulos e valores mobiliários de emissão de instituição financeira autorizada a funcionar pelo Bacen e ações pertencentes ao Índice Bovespa da carteira de cada plano ou fundo de investimento.

O prêmio se configura enquanto o valor pago pela aquisição de uma opção, não sendo devolvido pelo seu vendedor. O parágrafo único do artigo 44 da resolução CMN nº 3.792/2009 determina que não devem ser considerados os títulos recebidos como lastro em operações compromissadas, uma vez que esses títulos e valores mobiliários são classificados no segmento de renda fixa. As operações compromissadas são aquelas realizadas em que a parte se compromete a fazer operação contraria em determinado prazo, como no caso em que uma instituição financeira vende um título se comprometendo a comprá-lo de volta.

Ressalta-se a vedação prevista no artigo 53, inciso IX, da mesma Resolução, que impede as entidades fechadas de previdência complementar de manterem posições em mercados derivativos, diretamente ou por meio de fundo de investimento descoberto ou que gerem possibilidade de perda superior ao valor do patrimônio da carteira ou do fundo de investimento, visando, dessa maneira, a limitar operações de caráter especulativo.