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E NTENDIMENTOS DOS PROFESSORES SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE

CAPÍTULO IV- APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

5. E NTENDIMENTOS DOS PROFESSORES SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE

Nesta categoria procurou-se conhecer o entendimento dos professores da equipa no que concerne à interdisciplinaridade, nomeadamente: “Abordagens”, “Concretização” e “Potencialidades”. A sua pertinência está, como referido por Japiassu e supramencionado, na existência da multiplicidade de significação, mas também na circunstância do seu papel nem sempre ser entendido do mesmo modo.

Da subcategoria “Abordagens” emergiram três indicadores: “Temas comuns”; “Ancoradas no currículo” e “Respeito pelas especificidades disciplinares”.

A subcategoria “Concretização” apresenta dois indicadores: “ Depende da perceção dos professores e das escolas”; “Depende da vontade dos professores”.

A subcategoria “Potencialidades”, não foi desdobrada.

5.1 Abordagens

Os dados dos três indicadores “Temas comuns”; “Ancoradas no currículo” e “Respeito pelas especificidades disciplinares”, apontam para uma conceção da interdisciplinaridade ancorada no currículo, podendo ter numa temática comum, mas estimando, sempre, as especificidades disciplinares.

5.1.1 Temas comuns

Admite-se a abordagem da interdisciplinaridade a partir de uma temática semelhante “ (…) como é que com uma temática comum, que não é obrigatório que exista mas que muitas vezes ajuda, não é, porque dá-nos uma âncora e evita que nos dispersemos muito (…)”, (P2), e assim “ (…) para cada ano seriam propostos dois ou três temas estruturantes, com textos pivot, abordados nos diversos momentos pela literatura, pela ciência e pela arte (…) “, (P3), com atividades “(…) atividades essas que se relacionam com aquilo que for o tema específico de cada ano, de cada projeto (…)”, (P2).

5.1.2 Ancoradas no currículo

Dos vários entendimentos executáveis para a interdisciplinaridade, “(…) um entendimento primeiro é de que a interdisciplinaridade se faz no âmbito curricular (…)”, (P1), “(…) é o de que a interdisciplinaridade deve apontar os currículos (…)”, (P1). Outro é que a “(…) interdisciplinaridade seria, idealmente, uma elaboração dos programas dos vários ciclos de estudo orientada para a abertura ao enfoque dos

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vários domínios do saber sobre matérias fundamentais do património cultural (…)”, (P3), e “(…) portanto havendo conhecimento dos programas, de cada de cada um dos colegas, de cada um dos conteúdos é sempre possível adaptar (…)”, (P2) e concretizar aquilo “(…) que são desde sempre os propósitos destes projetos, ancorar no currículo, com exigência, com corresponsabilidade, com partilha dos professores entre si, e destes com os alunos (…)”, (P1).

5.1.3 Respeito pelas especificidades disciplinares

A interdisciplinaridade “(…) é a planificação e realização um trabalho conjunto e articulado com outras disciplinas, respeitando os conteúdos de cada disciplina (…)”, (P5), e “(…) ela pode ser feita, como um projeto a longo prazo em que participem várias disciplinas, com atividades específicas (…)”, (P2), “(…) portanto acho que as disciplinas, os saberes, não devem perder o seu objeto, porque só assim é que o jovem percebe justamente que cada uma dá um contributo (…), “ (P1). Assim, “(…) em lugar de um ano inteiro dedicado a apenas uma disciplina, teríamos as várias disciplinas envolvidas num projeto variado, mais pertinente e mais adequado aos estudantes de hoje (…)”, (P3), e assim teríamos, por exemplo, as artes, “(…) a conceber um objeto gráfico que, em termos, digamos, do seu desenho, da sua conceção, afine, esteja de acordo com aquilo que é digamos essa matéria que está a ser trabalhada em termos científicos (…)”, (P1).

“(…) E portanto colaborar sim, mas colaborar no conhecimento, e no respeito daquilo que é o objeto de cada disciplina, que são os seus objetivos, os seus procedimentos, a sua forma de trabalhar (…)”, (P1).

5.2

Concretização

Esta subcategoria contempla dois indicadores: “Depende da perceção dos professores e das escolas” e “Depende da vontade dos professores”.

5.2.1 Depende da perceção dos professores e das escolas

A concretização da interdisciplinaridade depende da perceção dos professores e das escolas pois “(…) o espectro social daqueles que são hoje professores, e as suas formações é muito, muito diversificada, e portanto, o entendimento que os próprios professores têm destas matérias, também o é (…)”, (P1), “(…) eu mais do que uma questão só instrumental e processual acho sempre que tem a ver com conceção que cada um tem do ensino (…)”,(P1), deste modo pode afirmar-se que a execução “(…) implicaria, em meu entender, um formato diferente de ano letivo (…)”, (P3) ou “(…) precisamente por achar que ela cabe em todo o lado vejo-a como ela for possível do ponto de vista de quem quiser fazê-lo (…)”, (P2), “(…) naturalmente, que a realidade dependerá muito de escola para escola, com tudo o que isso tem de positivo e de negativo (…)”, (P1).

5.2.2 Depende da vontade dos professores

Da análise dos dados ressurte que a concretização da interdisciplinaridade depende seriamente da vontade dos professores: “(…) eu creio que a interdisciplinaridade não tem muito então a ver com horários, com os anos que se lecionam, com as responsabilidades das matérias (…)”, (P1), “(…) mesmo em termos pontuais e em situações de tempo mais curto ela também é possível porque há sempre coincidências e os programas permitem-nos essa gestão temporal dos conteúdos (…)”, (P2), “(…) para criar o que não existia, é um testemunho muito importante, se o docente de física souber e quiser, com o professor de literatura (…)”, (P1) . “(…) Mas ela é sempre viável, é preciso é que haja vontade para a fazer, como digo (…)”, (P2), “ (…) exatamente, olhe as leituras improváveis são muito caras (…)”, (P1), “(…) e é preciso muita vontade e muito planeamento para que assim aconteça (…)”, (P2), “(…) porque eu nunca a entendi como uma diversão (…)” , (P1).

Da análise desta subcategoria emerge a ideia de Fazenda (1994; 2002), a de que a interdisciplinaridade é, também, uma questão de comprometimento, de atitude, de ação, de vivência, alicerçados no empenho pessoal.

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5.3

Potencialidades

“(…) Quanto aos trabalhos desta natureza mais semelhante, de projetos, interdisciplinares e digamos com a comunidade, digamos, talvez tenha sido o traço que mais tem marcado, este meu trabalho dentro das escolas (…)”, (P1), pois “(…) a interdisciplinaridade pode potenciar o trabalho em equipa, a troca de saberes e permite maiores ganhos para os alunos (…)”, (P5). Deste modo, um “(…) esforço coletivo faria com que os alunos valorizassem o currículo como um todo (componentes gerais) (…)”, (P3), “(…) fazendo com que a própria comunidade perceba que tem muito também a dar à escola e os alunos também têm a ganhar em ouvi-los (…)”, (P1). Esta partilha de saberes pode ser “(…) em torno naturalmente da narrativa, pretende-se justamente estimular as forças criativas, imaginativas, encantatórias, de memória da comunidade (…)”, (P1), ou sob as diferentes formas de experimentação da ciência, incluindo aquela que “(…) já não teve este pendor tão científico, isso ficou resguardado para a escola, mas as pessoas podiam ir à escola realizar as atividades (…)”, (P2).

Assim neste projeto, as associações dos saberes das diferentes áreas, têm permitido uma panóplia de leituras, “(…) e foram as abordagens que foram feitas, foram várias em termos de número e de abordagem (…)”, (P2).

6. C

ARACTERÍSTICAS COLIGADAS AOS PROJETOS INTERDISCIPLINARES NA