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Participação ativa do aluno

CAPÍTULO IV- APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

6. C ARACTERÍSTICAS COLIGADAS AOS PROJETOS INTERDISCIPLINARES NA PRÁTICA DA EQUIPA

6.3 Participação ativa do aluno

É crucial perceber o papel do aluno no campo de ação deste projeto. Esta subcategoria desdobra-se e quatro indicadores: “Planifica e organiza atividades”; “Apresenta dinamiza e monitoriza atividades”; “Encontra obstáculos e receios”; “Reflete sobre a sua conduta”.

6.3.1 Planifica e organiza atividades

De acordo com a análise dos dados o discente planifica e organiza algumas atividades, assim “(…) para a primeira semana, as principais tarefas realizadas foram a seleção de dados estatísticos atualizados; a realização de um novo PowerPoint, que ficou imperfeito por falta de tempo para o terminar, assim como a aquisição do cone truncado (…)”, (AM1) e proceder “(… ) à finalização da discussão do conteúdo do 16º cartaz – que se decidiu que enfocaria a realidade portuguesa atual (…)”, (AM1) . De igual modo realiza a “(…) seleção e dramatização de textos; preparação de leituras/ obras literárias para ida a concurso (…)”, (P5), e atenta a que “(…) para além disto, era essencial que o orador não fala-se sobre o conteúdo dos cartazes, mas acrescentasse informação que considerasse importante (…)”, (AM1).

A planificação ocorre em qualquer etapa do historial de cada ação: “(…) alunos que já estavam munidos dessas mesmas poesias, pois resultavam de um trabalho feito em sala de aula, e manifestavam-se depois publicamente na esplanada (…)”; (P2), “(…) na 5ª feira da semana anterior à da dinamização da exposição, procedeu-se à sugestão de locais onde apresentar, à delimitação dos primeiros traços da disposição da exposição (…)”, (AM1).

6.3.2 Apresenta, dinamiza e monitoriza atividades

Examinando os discursos o aluno apresenta, dinamiza e monitoriza atividades com base na ideia “(…) de que um conhecimento que fica só no próprio, pode dar muito regozijo pessoal, mas não é ainda um verdadeiro conhecimento, não está discutido, não está posto ao serviço de ninguém, não está validado, não está divulgado (…)”, (P1), deste modo é importante “(…) apresentar o seu trabalho ao público; trabalhar em equipa (…)”, (P5). Ancorando nestes pressupostos foi exequível, “(…) pois, na generalidade, quer com dificuldades oratórias ou não por parte do locutor (…)”, (AM1), encontrar alunos “(…) numa explicitação de conceitos de natureza científica desdobrados em termos de metalinguagem (…)”, (P1) ou a desafiarem o público, “(…) porque os alunos convidavam as pessoas a fazer experiências e eles iam

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monitorizando e dando alguma achega, que obviamente era necessário (…)”, (P2). Similarmente “(…) os alunos leram poesia na ciência, intervieram em vários ateliês e conferências, dinamizaram diversas sessões (…)”, (P3), também foi implementada a ação Reflexos: Ótica e Literatura “(…) em que os alunos fizeram algumas experiências que relacionavam os espelhos, portanto, a ótica e a literatura (…)”, (P2).

O quadro 14, resultante da análise da fotografia 1, da ação “Hidrogénio, que futuro na energia?”, expõe uma dinamização realizada por um aluno.

Quadro 14 - Análise da Fotografia 1: “Hidrogénio, que futuro na energia?” (2010)

Conteúdo Informacional

Dimensão Expressiva

Categoria Genérico Específico Sobre

Instantâneo Luz Natural e Luz Artificial Plano parcial Quem/ O quê Pessoas Cadeiras Expositores Material Informático

1 aluno monitor do 12ºano, 8 alunos e 1 professora Atividade escolar Onde Ambiente fechado Átrio principal da Escola espaço 1 Quando 25 a 29 de janeiro, 2010 --- Como Dinamização da ação “Hidrogénio, que futuro na energia?”

Os expositores estão de costas (delimitação de espaços) para o

local onde o aluno monitor expõe algo, com a ajuda do

computador e 8 alunos e 1 professora assistem sentados.

Pelo menos duas alunas aparentam tirar notas.

Adptação da grelha de Smit (1997), por Manini (2002)

Ao afirmar que “(…) a atividade foi executada com a ajuda de vários monitores que iam dando indicações aos meninos de como construir tais objetos (…)”, (AM3), a aluna monitora, durante a ação, partilhou e testou o seu conhecimento, as suas competências. Também os monitores do “Resonhar com os pequenitos”, tiveram de mobilizar conhecimento e habilidades entender as explicações e responder às questões colocadas pelo pequenitos, figura 3.

Fig.3 - “Ressonhar com os pequeninos”: comportamentos verbais

Esta forma de trabalhar constitui um modo de “(…) de revelar e de dizer o que é que os filhos da comunidade estão aprender, o que eles já sabem, o que é que eles já sabem dizer, o que é que eles já sabem pensar, o que é que eles já sabem propor (…)”, (P1).

6.3.3 Encontra obstáculos e receios

Durante as várias etapas das ações os alunos encontram obstáculos e receios, neste caso associados maioritariamente à exposição pública, “(…) portanto no princípio, nas primeiras atividades há algum receio, alguma vergonha, a exposição pública deixa-os um pouquinho intimidados (…)”, (P2), eis o que dizem os próprios: “(…) as primeiras exposições orais foram decerto as mais difíceis para todos, por serem uma novidade e haver pouca prática (…)”, (AM1); “ (…) quando estava no Laboratorium, senti-me um pouco nervosa quando vi o primeiro grupo de crianças com os seus monitores a chegarem (…)”, (AM4).

A par dos receios associados às primeiras dinamizações surgem outros, associados ao desenvolvimento das ações e à imagem que transmitem: “(…) um dos meus maiores receios foi pensar que os meninos poderiam não gostar de mim como monitora e das atividades que lhes apresentava (…)”, (AM3); “(…) e que a imagem que passava não era uma de desorganização. Afinal, as apresentações decorreram normalmente (…)”, (AM1). Também são confrontados com outras dificuldades tais

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como o comportamento do público “(…) o público mostrava-se atento e interessado – e quando não se comportava devidamente era chamado à atenção – pelo que correram calmamente (…)”, (AM1), ou a gestão das empreitadas, “(…) isto gerou alguma confusão e as tarefas acumularam-se, fazendo que apenas precisamente às 14h00 tivéssemos conseguido ter o local pronto para os visitantes (…)”, (AM1).

No gráfico da figura 4, estão as respostas à oitava questão do Questionário 3 e reflete as dificuldades sentidas pelos alunos monitores na ação VIII: “Reflexos: Ótica e Literatura” (2012). Estas dificuldades não se relacionam com o tempo de permanência no projeto, pois os mesmos receios são comuns para pessoas com um ou três anos destas vivências, não importa, é sempre uma nova ação.

Fig.4 - “Reflexos: Ótica e Literatura”: Dificuldades sentidas pelos 7 alunos monitores

6.3.4 Reflete sobre a sua conduta

A participação nas atividades do projeto, que aborda temáticas problemáticas, cria condições para que os alunos possam refletir sobre o seu desempenho nas atividades - “ (…) por estas razões, no fim de cada apresentação, os professores presentes, e mesmo alunos que presidiram a esta, davam a sua opinião sobre como tinha decorrido, para que cada um pudesse sempre evoluir (…)”, (AM1), “(…) surgiram, portanto, na maioria, alguns erros, que alguns sucederam em corrigir, mas outros continuaram (…)”, (AM1) - e no comportamento diário - “(…) O doutor Filipe Silva mostrou-me que o meu sono nem sempre é como deve ser (…)”, (AP1), pois “(…) Às vezes deito-me tarde e, tendo de me levantar antes das sete da manhã, fico cansada e

Após a análise desta categoria detetamos evidências para o envolvimento do aluno na sua aprendizagem e para a prática e desenvolvimento da sua autonomia e da habilidade de reflexão. Estas ações também permitem estimular a capacidade de comunicação através de um canal com dois sentidos em que saberes da escola são trocados com os saberes do mundo extrínseco, criando margem para a integração do simples dentro do todo complexo.