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P ARECERES DAS COORDENADORAS SOBRE A EDUCAÇÃO

CAPÍTULO IV- APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4. P ARECERES DAS COORDENADORAS SOBRE A EDUCAÇÃO

Os pareceres das professoras nucleares sobre o Sistema Educativo e sobre o papel da Escola, são importantes como assistentes no entendimento da filosofia deste projeto. Nesta categoria integrámos duas subcategorias: O Sistema Educativo (“Promover a inclusão e a diversidade” e “Valorizar e incentivar outros contributos”); A servência da Escola (“Alcançar o passado, o presente e inventar futuro”, “Sociabilizar”, “Estabelecer pontes” e “Formar o cidadão e não apenas o técnico”).

4.1

O Sistema Educativo

Esta subcategoria desdobra-se em dois indicadores: “Promover a inclusão e a diversidade” e “Valorizar e incentivar outros contributos”.

4.1.1 Promover a inclusão e a diversidade

O sistema educativo deve diligenciar a inclusão de todos e promover a heterogeneidade, pelo “(… ) tenho algumas dúvidas de que as turmas de nível que agora se preveem no nosso sistema possam ter resultados muito eficazes se não forem apenas experiências pontuais e para arrancar os alunos donde eles estão (…)”, (P1), são alunos que nos nosso caso, tal como qualquer outro aluno, integram a equipa do projeto, é claro que foi necessário “(…) dar-lhes ferramentas para que eles compreendessem qual era o seu papel, quais as matérias que estavam a estudar, qual o seu lugar na divulgação científica que teriam de fazer naquele dia (…)”, (P1).

A diversidade também se aplica à faixa etária dos professores “(…) e assusta-me um bocadinho as escolas ficarem só com gente de uma mesma faixa etária e de um mesmo tipo de formação que é às vezes inerente, não é, justamente (…)”, (P1), “(…) portanto que haja novidade, que haja algum rasgo e que haja prazer, conhecimento, e formas novas de trabalhar, porque os alunos são muito sensíveis a isso também (…)”, (P1).

4.1.2 Valorizar e incentivar outros contributos

Cabe, de igual modo, ao sistema educativo valorizar e incentivar outros contributos, por um lado, “(…) favorecer esses caminhos de compreensão dos ganhos de natureza académica, que não são os únicos ganhos escolares, mas que são naturalmente importantes também (…)”, (P1), e evitar erros como os que ocorreram, por exemplo, “(…) nos Estados Unidos há cinquenta anos e a Grã-Bretanha há muitos também, e a Austrália, nos têm demonstrado que isso tem enviesado muito a

APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

qualidade do trabalho que sido feito nas escolas e a forma como os próprios alunos percecionam a sua relação com o saber (…)”, (P1).

É importante dotar os alunos não só de habilitações académicas e profissionais, mas também de competências sociais de modo a que possam contribuir como cidadãos informados para o desenvolvimento da sociedade.

A par deste entendimento surge outro: “(…) as escolas, no fundo, têm um conjunto de massa crítica que não é desprezada, digamos assim, no contexto das comunidades e, portanto, também isso lhes dá obrigações acrescidas… não é? (…)”, (P1). Este conhecimento dos professores pode ser potenciado ao colocá-lo também ao serviço da própria comunidade, “(…) mas institucionalizar estas reflexões partilhadas ou estas conferências, palestras, pequenos cursos, não tem sido uma constante do sistema quer do sistema escolar quer dos próprios sistemas locais, como as câmaras, as entidades de cultura, etc (…)”, (P1), tal como o fez uma entidade ao desafiar as professoras do projeto para uma conferência, que acabou por originar o “Histórias com vento lá dentro”, em que um dos momentos é retratado no quadro 13.

Quadro 13 - Análise da Fotografia 3: “Histórias com vento lá dentro?” (2011) Conteúdo

Informacional

Dimensão Expressiva

Categoria Genérico Específico Sobre

Instantâneo Luz Artificial Plano geral Quem/ O quê Pessoas, cadeiras, mesa, livros, computadore s, bandeiras.

11 mulheres (professoras, mães, tias, educadoras), participantes

na ação. Oficina Pedagógica Onde Ambiente fechado

Espaço contíguo ao auditório dos Paços do Concelho. Quando 2012 9 de Junho (sábado)

Como Participação na ação “Histórias com vento lá dentro” (2012), zona da oficina pedagógica. As senhoras estão de pé em redor de uma mesa corrida, na qual se observam folhas, livros

computadores. Uma das senhoras segura uma folha de papel. Pelo menos 3 mulheres consultam livros distintos. Duas encontram-se ligeiramente afastadas da grande mesa: uma olha para um computador que

se encontra na mesa; a outra olha para um livro folheado por

4.2 A servência da Escola

A subcategoria “A servência da Escola” foi desdobrada em “Alcançar o passado, o presente e inventar futuro”, “Sociabilizar”, “Estabelecer pontes” e “Formar o cidadão e não apenas o técnico”.

4.2.1 Alcançar o passado, o presente e inventar futuro

Os testemunhos apontam para a incumbência da escola de passar ao presente, o património acumulado da humanidade e de se constituir num espaço onde o aluno possa criar, inovar e inventar futuro, tal como acontece com a conceção da passarola no Memorial do Convento, de José Saramago, pois, “(…) se calhar nesta Passarola, nesta lição, está a lição da Escola, não é? A escola tem que comunicar isto aos alunos (…)”, (P1).

A servência da escola “(…) por um lado, é prepará-lo para inovar, para criar (…)”, (P1), por outro, “ (…) em termos especificamente académicos e científicos acho que é a introdução dos alunos naquilo que já é o conhecimento que a humanidade foi adquirindo (…)”, (P2), “(…) que é prepará-los em termos académicos, em termos científicos, para que possam chegar tão longe quanto possível (…)”, (P1). Assim a escola serve para “(…) portanto familiarizar os alunos com esse conhecimento nas várias áreas (…)”, (P2) e criar condições para arquitetar futuro, “(…) que é a capacidade de ver coisas onde elas não estavam, onde à partida não estavam, lhes parecia que não estavam, não é? E, e portanto, inventar, não é? Inventar futuro (...)”, (P1).

4.2.2 Sociabilizar

A função social faz parte da abrangência da Escola, sim, também “(…) tem essa função de permitir, esse tipo de experiência aos alunos, de socialização, de experiência de sociedade (…)”, (P2), e “(…) ou a escola está habilitada para lhes fornecer isso, ou no caso dos nossos contextos, muitas famílias e muitos meios, onde eles vivem diariamente não estão (…)”, (P1), “(…) e a escola aqui tem naturalmente um papel, importante, e à nossa escala (…)”, (P1).

Neste meio mais rural “(…) se não for a escola, a introduzir algumas regras de socialização aos alunos também, a família pode não ter essa capacidade (…)”, (P2), e é importante que aluno ajuíze “(…) e saiba perceber que os exames, e as provas, e a pessoa medir uma parte dos conhecimentos que adquiriu dessa forma é importante (…)”, (P1), “(…)" mas dar-lhe também o conhecimento dos livros, dos filmes, dos

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programas, das revistas que noutros contextos sociais podem ser fornecidos pelas famílias e nos nossos são escassamente (…)”, (P1).

4.2.3 Estabelecer pontes

A complexidade do mundo reclama uma análise minuciosa e “(…) pode ser justamente, uma altura impar, para dar aos jovens essa compreensão de que a especificação e a especialidade é útil, é necessária, e que eles têm de trabalhar nela, mas que têm também, temos também de lhes criar essas pontes (…),”(P1), “ (…) mas precisa também de perceber que as ciências se interligam que as questões culturais não estão desligadas (…)”, (P1), e “(…) se não for a escola a permitir este tipo de ponte e de fusão entre os vários temas, dificilmente os alunos conseguem ver estas ligações que podem ser estabelecidas (…)”, (P2), “(…) sobretudo hoje, onde o desafio do conhecimento cada vez mais divulgado, e, a fluir mais rapidamente… a escola tem um desafio enorme a esse nível (…)”, (P1).

4.2.4 Formar o cidadão e não apenas o técnico

A realidade do século XIX oferece-nos “(…) um mundo que cada vez tem mais para saber e para aprender, mas que, isso não faça esquecer esta necessidade premente de que os nossos jovens não trabalhem também só os exames, só para as notas, só para as marcas (…)”, (P1), “(…) e portanto, a compreensão das matérias científicas serve, se servir isso, se fizer deles pessoas mais conhecedoras, do mundo e mais capazes para intervir nele (…)”, (P1). Nesta conjuntura, é responsabilidade da Escola, auxiliar os alunos na construção do seu “GPS”, de modo a que aprendam a andar, a navegar e a voar, nestas ventanias que por vezes atingem valores significativos na Escala de Beaufort.

O que os dados aventam é a de uma visão abrangente e integradora do ensino, distante da “comercialização” do ensino, com a valorização de outros contributos e papéis, para além dos académicos normalizados, e que procura, como diz Morin, permutar, conceções como a especialização, a simplificação e a fragmentação de saberes pelo conceito de complexidade, assistente tanto no estabelecimento de pontes, como na formação do técnico e do cidadão atual.