• Nenhum resultado encontrado

1 E SIO S UPERIOR EM P ORTUGAL E S ISTEMA BIÁRIO

No documento Diplomas e (Des)Emprego: um estudo de caso (páginas 42-51)

Verifica-se a nível europeu, nas últimas décadas, um aumento significativo da frequência do ensino superior, como comprovam os mais recentes indicadores da OCDE (2007;2009), consequência directa “(…) d’une évolution concomitante des politiques éducatives et des

comportements des jeunes et des familles, a eu des conséquences majeures pour l’université. Il convient donc d’en préciser l’ampleur et les formes.” (Rose,2003: 11).

Este movimento tem, contudo, ocorrido a diferentes velocidades, exteriorizando níveis evolutivos diferenciados entre os países ocidentais, potenciado, segundo Davies, Gottsche e

33 Bansel (2006),pela emergência de um sistema de ensino superior neo-liberal, que transformou o estado administrativo, responsável pelo bem-estar do ser humano, numa economia onde o poder está concentrado nas corporações globais e assente em conhecimentos que podem ser reconfigurados segundo necessidades económicas. Assiste-se, assim, a uma transposição de modelo de ensino superior “(…) from elite to a mass system has had a fundamental impact on the

labour supply and occupational structure, challenging employers’ and graduates’ perceptions of the relationship between Higher Education and employment.” (Purcell et al, 2007: 57/58).

A evolução ocorrida no ensino superior reflecte um período de aumento exponencial da taxa de frequência deste nível de ensino, que não foi causado pelo crescimento das taxas de natalidade35, mas, sobretudo, pela atractividade de novos públicos, de diferentes faixas etárias, que (re)ingressam no sistema de ensino superior. Simultaneamente, transparece um movimento de globalização da frequência deste nível de ensino e o surgimento de diferentes usos dos diplomas, instituindo novos desafios pedagógicos e funcionais e comprovando a efectiva inflação escolar e desvalorização dos diplomas. Verifica-se assim uma “(…) diversificatión importante de la

enseñanza superior permitindo satisfacer mejor la creciente diversidad de talentos y de motivaciones de los estudiantes, en el processo de expansión educativa, así como la gama cada vez más amplia de perspectivas profesionales que existem para los titulados superiores.”

(Teichler, 2005: 49).

A nível nacional, este movimento é suportado por um aumento de oferta de ensino superior a nível público, privado e cooperativo, alicerçado no desenvolvimento da rede de estabelecimentos de ensino superior, bem como na sua dispersão regional. A actual estrutura do ensino superior em Portugal (universitário público, politécnico público e ensino superior privado) é recente, porque, até 1960, em Portugal, a oferta deste tipo de ensino era exclusivamente pública e de carácter universitário, estando ao alcance de uma pequena parcela da população36; o “(…) processo de

explosão escolar aos níveis mais elevados do sistema de ensino desencadeia-se a partir da

35

Como salienta Aboim :”Em matéria de fecundidade e parentalidade, sobressai (…) o aumento da idade

média ao nascimento do primeiro filho (que passou de 24,3 para 26,1 no caso das mulheres e de 26,2 para 27,7 no caso dos homens) ou ainda a diminuição do número de filhos por mulher (o índice sintético de fecundidade passou de 1,6 em 1991 para 1,5 em 2001). A par destas mudanças nos comportamentos demográficos, que atestam a proliferação de novas formas de organizar a vida conjugal e familiar, é ainda de relevar o aumento da taxa de actividade feminina, que passou de 53% em 1991 para 65% em 2001.”

(Aboim, 2003: 14).

36

Independentemente da instauração da República em Portugal, a 5 de Outubro de 1910, e da política educativa dos republicanos, a evolução do ensino superior, apesar de não poder ser considerada nula, é pouco significativa. Assiste-se, apesar de tudo, a um alargamento da rede universitária, conferindo-lhe uma natureza estritamente pública e de âmbito nacional. Com a instauração do Estado Novo, a situação complexifica-se, já que a ideologia política deste regime exultava a não proliferação da educação, como forma de apaziguar os “espíritos e manter a ignorância” . Apesar destas circunstâncias e comparativamente, por exemplo, com o ensino primário, o ensino superior foi o menos afectado pela política educativa deste regime. “O facto de as Universidades não terem sofrido um tratamento tão directamente repressivo (...)

poderá explicar-se por o pensamento salazarista privilegiar a constituição de elites em detrimento de ensinar o povo a ler.” (Rosa, 1993: 137).

34

década de 60 (…) Pelo volume das inscrições, constata-se que este nível de ensino abarca uma população muito diminuta (…)” (Vieira, 1995: 317).

Como confirmam Amaral e Teixeira (2000), até 1970, o ensino superior em Portugal é inquestionavelmente um sistema de elites, caracterizado por baixos níveis de participação, apesar de algumas tentativas em alargar a sua abrangência, destacando-se a incorporação de uma população cuja representatividade neste nível de ensino é até aí pouco expressiva - a população feminina. As razões que justificam esta crescente procura feminina dos cursos universitários aliam-se, em boa parte, às rápidas e complexas mudanças económicas e sociais que o país conheceu em 1960 e que antecipavam um período de alterações profundas na sociedade portuguesa. Inicia-se, assim, um período de crescimento evidente deste nível de ensino.As mudanças políticas e sociais trazidas pela revolução democrática conduziram à expansão do sistema de ensino superior público; consequentemente, os anos de 1974 a 1976 conheceram não só o aparecimento de novas universidades (Aveiro, em 1974-1975; Minho e Universidade Nova de Lisboa, em 1975-1976; Açores e Évora, em 1976-1977), como a passagem dos antigos institutos industriais e comerciais à condição de institutos superiores: de engenharia (em 1974) e de contabilidade e administração (em 1976), constituindo, para Stöer (1982), a base do ensino superior politécnico.

As bases da criação do ensino politécnico em Portugal, segundo Simão e Costa (2000), remontam ao relatório “Le Project Regional Mediterraneen”, elaborado nos inícios da década de 60, em colaboração com a OCDE. O alargamento da escolaridade obrigatória e a sua democratização levou à criação dos sistemas binários37, em 1960, no Reino Unido38 e na Austrália; os “(…) governos destes países consideraram que os custos da expansão do ensino

37

O sistema binário é constituído pelo ensino universitário e o ensino politécnico, cada um com finalidades distintas que se traduzem em concepções curriculares específicas.O ensino universitário, orientado por uma constante perspectiva de promoção de investigação e de criação do saber, visa assegurar uma sólida preparação científica e cultural e proporcionar uma formação técnica que habilite para o exercício de actividades profissionais e culturais e fomente o desenvolvimento das capacidades de concepção, de inovação e de análise crítica. O ensino politécnico, orientado por uma constante perspectiva de investigação aplicada e de desenvolvimento, dirigido à compreensão e solução de problemas concretos, visa proporcionar uma sólida formação cultural e técnica de nível superior, desenvolver a capacidade de inovação e de análise crítica e ministrar conhecimentos científicos de índole teórica e prática e as suas aplicações com vista ao exercício de actividades profissionais. Quanto à sua natureza, as instituições de ensino superior podem ser públicas ou privadas.

38

No Reino Unido, a criação do sistema binário deveu-se ao facto de “(…) o tipo de ensino ministrado nas

universidades era (e continuará a ser) de natureza académica em contraste com a natureza vocacional e aplicada dos cursos ministrados pelas instituições técnicas; o funcionamento das universidades era (e continuará a ser) em full-time, ao passo que nos colégios técnicos, acolhem formação em part-time, estudantes em regime nocturno e para os que frequentam cursos sandwich a frequência em full-time é intercalada por períodos de trabalho laboral; o nível dos cursos universitários era (e continuará a ser) de grau elevado, enquanto os colégios técnicos oferecem cursos de grau menos elevado; a natureza da autonomia das universidades realça que estas são menos sujeitas ao controle público que os colégios técnicos; a natureza académica da educação ministrada nas universidades orienta a sua actividade para cursos de natureza técnica (…) e para níveis de formação pós-graduada” . (Clark e Neave, 1992: 1067).

35

universitário tornar-se-iam proibitivos (…) as universidades não eram instituições apropriadas para educarem uma grande proporção da população (…)” (Clark e Neave, 1992: 1066/1067).

Esta situação potencia para Lapeyronnie e Marie (1992) os estudantes de massas, transformando-os nos novos protagonistas deste sistema em mutação profunda. A dinamização no ensino superior do binómio ensino universitário e ensino politécnico é uma das reformas mais importantes dos anos 70 e exterioriza uma necessidade de desenvolvimento regional, face ao desenvolvimento económico mundial.

Em Portugal a “(…) criação do “sistema binário” (…) anda associada à reforma de Veiga

Simão (…)” (Arroteia, 2002:20). A sua implantação procura39 responder à necessidade de constituir novos estabelecimentos de ensino superior, face à procura crescente do ensino secundário, consequência da obrigatoriedade e gratuitidade do ensino básico. Estabelecem-se assim as bases do sistema binário em Portugal, diferenciando-se, ao nível do ensino superior, três tipos de estabelecimentos: universidades, institutos politécnicos e escolas normais superiores ou outros estabelecimentos equiparados. Esta Lei nº5/73, de 25 de Julho, especifica que a diferenciação entre estes tipos de estabelecimentos assenta na duração e tipo de cursos facultados (exclusivamente de três anos) e na natureza da formação académica ministrada, mais direccionada, no caso do ensino politécnico, para o exercício de determinadas actividades profissionais específicas. Este alargamento no número e génese do ensino superior procurava facilitar a sua democratização, expansão, regionalização e diversificação, respondendo por outro lado à necessidade de diminuir a pressão sobre as universidades40. Simultaneamente, a criação dos

39

Lei nº 5/73, de 25 de Julho, bem como o Decreto-Lei nº 402/73, de 11 de Agosto. Com a instituição da Lei nº5/73, de 25 de Julho (Capítulo I - Base I) defende-se que “a educação nacional visa a formação

integral dos Portugueses, preparando-os, pela valorização das faculdades espirituais e físicas, para o cumprimento dos seus deveres morais e cívicos e a realização das finalidades da vida”. A Base II

estabelece que cabe ao Estado, no âmbito da acção educativa: “a) assegurar a todos os Portugueses o

direito à educação, mediante o acesso aos vários graus de ensino e aos bens da cultura, sem outra distinção que não seja a resultante da capacidade e dos méritos de cada um, para o que deverá organizar e manter necessários estabelecimentos de ensino, investigação e cultura e estimular a criação e o desenvolvimento de instituições particulares que prossigam os mesmos fins; b) tornar efectiva a obrigatoriedade de uma educação básica generalizada como pressuposto indispensável da observância do princípio fundamental da igualdade de oportunidades para todos” .

40

Como refere o Decreto-Lei nº 402/73, o plano de expansão e diversificação do ensino superior foi definido pelo Governo para corresponder à necessidade de assegurar o desenvolvimento social e económico do país. São assim criados os Institutos Politécnicos da Covilhã, Faro, Leiria, Setúbal, Tomar, Vila Real, Coimbra, Lisboa, Porto e Santarém; bem como as Escolas Normais Superiores de Beja, Bragança, Castelo Branco, Funchal, Guarda, Lisboa, Ponta Delgada, Portalegre e Viseu. Com a revolução política de 25 de Abril de 1974, vai-se adiar a materialização efectiva destes intuitos, que só serão verdadeiramente postos em prática em finais da década de 70. Em 1977, é publicado o Decreto-Lei nº427-B/77, de 14 de Outubro, que institui o Ensino Superior de curta duração, afirmando ser necessário “promover a criação de escolas

de ensino superior de natureza essencialmente prática, voltada para a formação de técnicos qualificados de nível superior intermédio” . Este Decreto-Lei vem, definitivamente, instituir o ensino politécnico, ao

criar o ensino superior de curta duração, com o objectivo de formar técnicos especialistas e profissionais de educação a nível superior intermédio. O mesmo sofrerá, posteriormente, mutações, introduzidas pela Lei nº 61/78, de 28 de Julho, clarificando os objectivos deste novo tipo de ensino superior. Tendo presente Simão e Costa (2000), tanto esta Lei como o Decreto-Lei são omissos em matéria de graus académicos facultados. A instituição do Decreto-Lei nº 513-T/79, de 26 de Dezembro e a publicação posterior do Decreto-Lei nº

36

bacharelatos profissionais procurava uma inserção imediata no mercado de trabalho, “(...) a

concepção «profissionalizante» (…) prende-se a uma noção de ensino superior que o vê como uma entrada imediata e relativamente automática para a vida profissional.” (Cabral, 2000: 696).

O Decreto-Lei nº402/73 distingue as universidades e os politécnicos no seu artigo 3º; “As

Universidades são instituições pluridisciplinares que procuram assegurar a convergência dos diversos ramos do saber e às quais compete especialmente ministrar o ensino superior de curta e longa duração e de pós-graduação, promover a investigação fundamental e aplicada nas diferentes disciplinas científicas e em áreas interdisciplinares e no âmbito da sua missão de serviço à comunidade considerar o estudo da cultura portuguesa (…)”; no artigo 4º, afirma que “Os Institutos Politécnicos são centros de formação técnico-profissional, aos quais compete essencialmente ministrar o ensino superior de curta duração, orientado de forma a dar proeminência a problemas concretos e de aplicação prática, e prover a investigação aplicada e o desenvolvimento experimental, tendo em conta as necessidades no domínio tecnológico e no sector dos serviços, particularmente as de carácter regional”.

Progressivamente, assiste-se a uma expansão da rede do ensino superior politécnico, “(...)

feita sobretudo na base dos cursos de formação de professores das Escolas Superiores de Educação.” (Cruz e Cruzeiro, 1995: 39).

Verifica-se, contudo, alguma morosidade no seu processo de implementação, no ano lectivo de 1984/85 somente se encontram em actividade a Escola Superior de Educação de Viseu e as Escolas Superiores Agrárias de Santarém, de Coimbra e de Castelo Branco. Para Simão e Costa (2000) a criação do ensino politécnico surge como forma de procurar responder às expectativas do mercado de trabalho em termos de recursos humanos, numa perspectiva desenvolvimentista, reforçar as condições de igualdade no acesso ao ensino superior, adequar os conteúdos e práticas aos diferentes grupos populacionais e estimular formação contínua e educação recorrente. Assim, podemos afirmar que o grande objectivo político da criação deste ensino foi o de contribuir para uma melhor distribuição da oferta do ensino superior, cujas instituições se assumissem como

“(…) centros promotores de racionalidade e de apoio ao desenvolvimento, quer no âmbito nacional, quer sobretudo no âmbito das regiões e das localidades em que cada uma destas instituições se encontra instalada.” (CNE, 1990: 642)

513-LI/79, de 27 de Dezembro, alteram significativamente os parâmetros deste ensino, já não denominado de curta duração, mas sim como ensino superior politécnico, inserido com uma lógica conceptual, no sistema nacional de ensino superior. De acordo com o Decreto-Lei nº 513-T/79, o objectivo deste ensino é

“dotar o país com profissionais de perfil adequado de que o país carece para o seu desenvolvimento” ;

possuir uma “tónica vincadamente profissionalizante” , contrastando com o ensino universitário, “de

características mais conceptuais e teóricas” , reafirmando-se igualmente, “dignidade idêntica ao universitário” . As áreas científicas privilegiadas foram as da Saúde, Agro-Pecuária, Tecnologia Industrial

e Educação. Esta diversificação do ensino superior foi uma nítida opção de carácter político, com o intuito último de equilibrar um pouco o desenvolvimento diferenciado que caracterizava e caracteriza ainda a oferta do mesmo em território nacional.

37 Tendo presente este contexto, o ensino politécnico expande-se consideravelmente, assistindo- se à sua implantação em cada distrito do país, exceptuando os de Braga, Évora e Vila Real, como observamos em Cruz e Cruzeiro (1995). Para esta consolidação contribui decisivamente a instituição, em 1986, da Lei de Bases do Sistema Educativo, que no seu artigo 11, define o âmbito e os objectivos do ensino superior41, distinguindo o ensino universitário do politécnico42. Temos, porém de concordar, após a análise desta lei, que “(...) a separação entre estes dois subsistemas

de ensino superior, é pouco ambiciosa na sua definição e abrangência (…)” (Arroteia, 2002: 56),

o que constitui, ainda hoje, uma das problemáticas principais que rodeiam a discussão sobre estes dois tipos de sistema de ensino. Independentemente da publicação posterior de legislação sobre este sector, reclama-se, progressivamente, uma igualdade, a nível de exigência e qualidade entre o ensino universitário e o ensino politécnico, procurando-se que este último constitua, efectivamente, uma alternativa ao primeiro e não uma segunda escolha face à procura crescente do ensino superior universitário em Portugal.

Segundo Amaral e Teixeira (2000), em meados de 1980, verifica-se igualmente a expansão do sector privado que diversifica a oferta em termos científicos e geográficos, este movimento comprova a crescente procura de ensino superior, consequência da limitação de vagas com a instituição do numerus clausus43. Contudo, para Vieira (1995), mesmo para os que conseguem superar esta selecção, nem sempre é possível aceder ao curso verdadeiramente almejado44, o que constitui um fenómeno até aí inédito no contexto do ensino superior e que assume consequências particularmente dramáticas durante os finais da década de 70 até meados da de 80, quando, finalmente, o processo de instauração das universidades regionais e, sobretudo, o arranque do ensino superior particular criam espaços curriculares alternativos.

41

A LBSE de 1986 afirma, no seu artigo 1primeiro, alínea G, nºs 3 e 4, o seguinte: “O ensino superior

universitário visa assegurar uma sólida preparação científica e cultural e proporcionar uma formação técnica que habilite para o exercício de actividades profissionais e culturais e fomente o desenvolvimento das capacidades de concepção, de inovação e de análise crítica; o Ensino Politécnico visa proporcionar uma sólida formação cultural e técnica de nível superior, desenvolver a capacidade de inovação e de análise crítica e ministrar conhecimentos científicos de índole teórica e prática e as suas aplicações com vista ao exercício de actividades profissionais” .

42

A 19 de Dezembro de 1994, é publicado o Decreto-Lei nº 304/94, de 19 de Dezembro, no qual se institui o reconhecimento ao Ensino Superior Politécnico de aptidões para satisfazer as necessidades de formação científica, técnica e profissional das estruturas produtivas regionais, de forma a constituir inegável estímulo ao desenvolvimento local. A Lei nº 115/97, de 19 de Setembro, vem instituir, também, mutações à ainda vigente LBSE de 1986. Assim, passam a ser conferidos os graus de Bacharel e Licenciado e a possibilidade de formação de professores, ao nível do 3º ciclo. Posteriormente, com Decreto-Lei nº 264/99, de 14 de Julho, institui-se um novo alargamento deste tipo de ensino, criando-se novas escolas em áreas até aí não cobertas pela sua rede de oferta. Independentemente disto, a diferenciação continuava a ser evidente entre o ensino universitário e politécnico.

43

Instituído em 1978.

44

Como salienta Vieira, “(…) desde o momento em que se fecham condicionalmente as portas do ensino

superior, ou seja, a partir de 1977-1978, constata-se que a distância entre as aspirações à sua frequência e as oportunidades de lhe aceder não pára de crescer, primeiro irregularmente e depois, desde 1979-1980, de forma espectacular (…)” (Vieira, 1995: 332).

38

Em 1988, as regras alteram-se no acesso ao ensino superior45, o que leva à duplicação do número de candidatos, até porque muitos alunos encontravam lugar no ensino privado. Com a introdução dos exames finais do ensino secundário, em 1996, verifica-se uma descida efectiva do número dos candidatos ao ensino superior, situação que leva a um retraimento inevitável da oferta privada, consequência das quebras das taxas de natalidade, visível nas últimas duas décadas em Portugal, originando uma crise nas instituições privadas e conduzindo mesmo ao encerramento de muitas delas.

Actualmente, a dimensão do sistema do ensino superior em Portugal engloba instituições Públicas, Particulares e Cooperativas46. No Ensino Público existem 15 instituições de ensino universitário, 41 instituições de ensino politécnico e 6 instituições de ensino militar e policial; no ensino privado e cooperativo47 existem 21 universidades, 31 politécnicos e a Universidade Católica Portuguesa48 (com 18 unidades orgânicas). Refira-se que as instituições militares e policiais, assim como outras instituições de ensino politécnico, são objecto de dupla tutela; isto é, dependem do Ministério da Ciência e do Ensino Superior, que estabelece critérios de entrada, seja por critérios nacionais (numerus clausus), seja pela capacidade individual das instituições em receber futuros alunos. Subjacente à fixação do número de vagas assenta também a necessidade de adequar a formação superior a condições reais do mercado de trabalho. O condicionamento provocado pelo sistema de numerus clausus em Portugal revelou-se durante as décadas de 80 e 90, insuficiente para fazer face à procura, o que contribuiu para o desenvolvimento do ensino particular e cooperativo. Segundo dados do MCES (2009a), no ano lectivo 2008/09, este sistema de ensino superior engloba 373 002 alunos. Confirma-se assim, a nível nacional, um aumento significativo na oferta formativa da rede de ensino superior, na região centro do país este processo é visível, fundamentalmente, nos grandes pólos urbanos. Existem na região centro do país três universidades (Coimbra, Aveiro e Covilhã) e cinco institutos politécnicos (Viseu, Guarda, Coimbra, Leiria e Castelo Branco), com uma oferta diversificada e com um movimento de procura ascendente como pudemos comprovar em OCES (2005, 2007). Este movimento é de extrema importância para a dinamização social e económica dos espaços urbanos, para a fixação de populações, para a estabilidade e desenvolvimento da mesma, para a criação de quadros superiores profissionais e a respectiva fixação nas regiões.

45

Como afirmam Amaral e Teixeira: “This was the result of administrative action taken by the then

Minister Ferreira Leite in order to facilitate the finishing of secondary education by a large number of students that had accumulated over the years. This was due to exceptional conditions for transition and registration of students, in consequence of the reforms of the 11th year in 1994/95 and of the 12th year in

No documento Diplomas e (Des)Emprego: um estudo de caso (páginas 42-51)