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1.1 I STITUTO S UPERIOR P OLITÉCICO DE V ISEU

No documento Diplomas e (Des)Emprego: um estudo de caso (páginas 51-68)

Tendo presente os desafios futuros, apresentamos o Instituto Superior Politécnico de Viseu. Esta instituição, criada pelo Decreto-Lei nº 513-T/79, de 26 de Dezembro, é actualmente constituída pela Escola Superior de Educação de Viseu, Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu, Escola Superior de Saúde de Viseu, Escola Superior Agrária de Viseu. A Escola Superior de Educação foi criada em 1979 (Decreto-Lei nº 513-T/79), a Escola Superior de Tecnologia, em 1985 (Decreto-Lei nº 46/1985), bem como a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (Decreto-Lei nº 264/99), a Escola Superior Agrária surge em 1994 (Decreto- Lei nº 304/94), a Escola Superior de Saúde, já existente desde 1971, foi posteriormente integrada pela Portaria nº 216/2005. A esta oferta de ensino superior na cidade de Viseu, acrescenta-se a Universidade Católica e o Instituto Piaget. As Escolas Superiores de Educação foram as primeiras a ser instituídas, no âmbito do Ensino Superior Politécnico. Nestas circunstâncias, “(…) a

primeira Escola Superior a iniciar as suas actividades foi a E.S.E.V., em 1984/85 (...)” (Arroteia,

2002:69). Pode-se assim afirmar que foi através da instituição das Escolas Superiores de Educação que o Ensino Politécnico se implantou verdadeiramente em Portugal. A sua vocação era objectivamente a formação de Educadores de Infância e de Professores do Ensino Básico52. O actual quadro legal53 que enquadra o Instituto Superior Politécnico de Viseu é constituído pela Lei

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Neste contexto são criados dois bacharelatos em ensino (Decreto do Governo nº 12/83, de 16 de Fevereiro): Educação Pré-Escolar e Ensino Básico, que entram em funcionamento pela Portaria 250/83, de 4 de Março. O curso de bacharelato em Ensino Básico desdobra-se, pela mesma Portaria, a partir do 3º semestre curricular, nos seguintes ramos: Português e Francês; Português e Inglês; Matemática e Ciências da Natureza; História e Estudos Sociais. O curso de Educação Pré-Escolar e Ensino Primário, inicialmente através do Despacho 1/MEC/86 e, posteriormente, pelo Decreto-Lei nº 59/86, de 21 de Março, passa a ser ministrado em cursos separados aquando da definição do referencial genérico de actividades das escolas superiores de educação, tendo em vista a formação de educadores de infância, de professores do ensino primário e de professores do ensino básico. Para tal, os diplomas estipulam uma formação do tipo 3+1 para os educadores de infância e professores do ensino primário e do tipo 3+2 para a docência no ensino preparatório, definindo os seguintes princípios orientadores, para efeitos de organização dos cursos: os cursos de formação dos educadores de infância e de professores do ensino primário terão a duração de seis semestres e serão seguidos de um ano de indução; a formação complementar estenderá por mais dois semestres o respectivo curso, aos quais se seguirá o ano de indução.

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Destaque para o quadro legislativo, constituído pela Lei do Desenvolvimento e Qualidade do Ensino Superior, Lei n.º 1/2003 de 6 de Janeiro, onde se regulam os critérios de organização da rede escolar, introduz parâmetros de avaliação da qualidade dos cursos e instituições de ensino superior, tendo em vista a mobilidade interna e internacional dos estudantes, assim como a articulação entre os diversos tipos de ensino, determina que os cursos conferentes de grau sejam organizados em regime de unidades de créditos. A Lei do financiamento, (Lei n.º 37/2003 de 22 de Agosto), estabelece que o financiamento das instituições se processe de acordo com critérios objectivos, indicadores de desempenho e valores padrão relativos à qualidade do ensino ministrado e seja baseado no princípio da responsabilização, racionalidade e eficiência das instituições. O financiamento do ensino superior público processa-se ainda no quadro de uma relação

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n.º 12-A/2009 de 27 de Março de 2009, onde, no artigo 2º, são homologados os seus objectivos: a criação, transmissão e difusão da cultura e do saber de natureza profissional, através da articulação do estudo, do ensino, da investigação orientada e do desenvolvimento experimental; realização de ciclos de estudos visando a atribuição de graus académicos, bem como de cursos pós -secundários, de cursos de formação pós-graduada e outros, nos termos da lei; criação do ambiente educativo apropriado às suas finalidades; realização de investigação e o apoio e participação em instituições científicas; transferência e valorização económica do conhecimento científico e tecnológico; promoção e apoio à inserção dos estudantes e dos seus diplomados no mundo do trabalho; realização de acções de formação profissional e de actualização de conhecimentos; prestação de serviços à comunidade e de apoio ao desenvolvimento; cooperação e intercâmbio cultural, científico e técnico com instituições congéneres, nacionais e estrangeiras; contribuição, no seu âmbito de actividade, para a cooperação internacional e para a aproximação entre os povos, com especial destaque para os países de língua oficial portuguesa e os países europeus.

No Artigo 9.º define-se a sua organização institucional: é constituída por unidades orgânicas de ensino e de investigação, adiante designadas escolas; unidades de investigação com ou sem o estatuto de unidade orgânica; unidades de investigação comuns a outras instituições de ensino superior universitário ou politécnico ou suas unidades orgânicas e ou de investigação; outras unidades, com ou sem o estatuto de unidades orgânicas, que venham a ser criadas para a prossecução dos objectivos do Instituto. O Artigo 10.º apresenta as suas unidades orgânicas de ensino e investigação: Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV); Escola Superior de Tecnologia de Viseu, que passa a designar-se Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu (ESTGV); Escola Superior Agrária de Viseu (ESAV); Escola Superior de Saúde de Viseu (ESSV); Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL) que passa a integrar, por fusão, o Pólo de Lamego da Escola Superior de Educação de Viseu. No ponto 2 refere-se ao facto de integrar uma unidade orgânica de investigação denominada Instituto de Desenvolvimento e Investigação (IDI)54. Em 2006, segundo dados do ISPV (2007), esta instituição engloba 468

tripartida entre o Estado, as instituições de Ensino Superior e os estudantes. O Conselho Consultivo do Ensino Superior, criado pela Lei n.º 1/2003, como órgão específico de consulta do Ministro da Ciência e do Ensino Superior, pronuncia-se sobre as necessidades do País em quadros qualificados e as correspondentes prioridades de desenvolvimento do ensino superior, sobre a articulação entre ensino universitário e ensino politécnico, entre ensino público e ensino não público, assim como sobre a articulação entre o desenvolvimento do ensino superior e a política da ciência e entre o ensino superior e a vida empresarial. Este novo contexto legislativo coloca efectivos desafios ao funcionamento do sistema de ensino superior.

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Saliente-se ainda o Artigo 12º, que apresenta os seus Órgãos, especificamente o Conselho Geral; Presidente; Conselho de Gestão. Conselho Académico; Conselho para a Avaliação e Qualidade. O Artigo 50º refere-se à sua estrutura e autonomias, afirmando que as escolas são dotadas de autonomia administrativa, científica e pedagógica, podendo, ainda, vir a ser dotadas de autonomia financeira, nos termos da lei; as escolas regem -se por estatutos próprios, a homologar pelo Presidente do ISPV. Nos termos do n.º 2 do artigo 96º da Lei 62/2007, de 10 de Setembro, as escolas dispõem de serviços próprios de natureza administrativa e para apoio ao ensino e investigação, a definir pelos respectivos estatutos. Para

43 docentes e 253 funcionários, com uma oferta educativa que no ano lectivo de 2007/08 é de 33 cursos de formação inicial, além de ofertas ao nível da formação complementar, contínua, especializada e pós-graduada. O ISPV tem mais de 100 instituições parceiras, coopera com mais de 30 países e no ano lectivo de 2006/07 envolveu 110 pessoas em actividades de mobilidade.

Recentemente, temos vindo a assistir a um movimento que ganha cada vez uma maior dimensão e deve ser alvo de uma reflexão mais profunda, a progressiva diversificação da oferta formativa. Atente-se aos casos das Escolas Superiores de Educação, cujo movimento de contracção da formação de professores, potenciada pelos novos índices de evolução demográfica negativa, exigem uma necessária mudança na oferta formativa, como já pudemos trabalhar em Sousa (2003), aproximando-se de outras instituições formadoras. Assim, verifica-se que “(...)

muitas das ESEV’s, inicialmente criadas para a formação de Educadores de Infância e de professores, alargaram as suas áreas de formação na área das Ciências Sociais, das Ciências Empresariais e da Comunicação.” (Arroteia, 2002: 71). Tomando como exemplo o caso da

ESEV, a diversificação da oferta educativa tem sido evidente, surgindo cursos como Comunicação Social e, mais recentemente, Animação Cultural, Educação Social e Publicidade e Relações Públicas, salientando-se igualmente a dissolução da Escola Superior de Educação de Lamego, o que comprova diminuição da procura das áreas de formação de professores. Esta situação não é exclusiva da área da educação. Na Escola Superior de Tecnologia, assiste-se a um movimento semelhante, embora com menor intensidade (extinção do curso de Gestão Comercial e da Produção, que foi substituído pelo curso de Marketing e ao surgimento do curso de Tecnologias e Design de Multimédia). Este contexto institucional comprova duas situações: a primeira, é a reestruturação da oferta educativa no ISPV, o que reflecte o extremar da competitividade institucional no ensino superior55, tendo presente o desenvolvimento económico e tecnológico do mercado de trabalho nacional e regional, materializado na procura de novas áreas de oferta educativa, movimento também visível a nível universitário a segunda, é a necessidade de captação de novos públicos, consequência do decréscimo demográfico dos jovens e de uma

coadjuvar os respectivos órgãos em matérias de índole administrativa e financeira, os estatutos das escolas podem prever a existência de um secretário, livremente nomeado e exonerado pelo Presidente da escola. O secretário tem as competências e atribuições que lhe sejam fixadas pelos estatutos da escola e que lhe forem delegadas pelo respectivo Presidente. Os estatutos de cada escola podem criar lugares de chefia, em número e com funções adequados à respectiva organização interna e ao grau de autonomia que detenham. Finalmente, o Artigo 5-1º institui os órgãos das escolas constituídos pela Assembleia de Representantes, Presidente, Conselho Técnico-científico, Conselho Pedagógico, Conselho Administrativo.

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No ano lectivo de 2005-2006 cerca de metade do número de vagas fixadas para os estabelecimentos nos distritos de Beja, Bragança e Viseu ficam por preencher, segundo o GPEARI (2009), situação que se apresenta actualmente como um dos grandes desafios para o politécnico, que viu perder alguma da sua exclusividade formativa com a aproximação do ensino universitário a uma vertente mais técnica e profissionalizante, face às novas necessidades do mercado laboral e das novas preocupações e face aos índices de empregabilidade dos diplomados instituídas pelas novas formas de avaliação propostas pelo processo de Bolonha.

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crescente oferta educativa no ensino superior56. Esta situação é evidente quando analisamos os dados sobre o ensino superior em Portugal, no ensino universitário e politécnico, a nível público e privado, tendo igualmente presente o contexto de oferta de ensino superior a nível regional, nos últimos anos. A evolução do ensino superior é paralela à do ensino secundário, embora com fases diferentes e intensidades díspares. Saliente-se a intensa a expansão a partir de 1990, onde o ensino privado deteve papel central, em especial no ensino não universitário, como verificamos em Simão et al (2002). Nos anos seguintes, o crescimento é mais lento, na nossa perspectiva potenciado pela quebra da procura resultante do decréscimo demográfico57, pelos movimentos de retenção e abandono escolar nos níveis precedentes do sistema de ensino e pela transição para o mercado de trabalho sem prosseguimento dos estudos a nível superior. A partir do ano 2000 assiste-se a um retomar do crescimento nos inscritos do ensino superior, que em 2005/06 é interrompido. Este movimento reflecte as já referidas tendências demográficas negativas e a intensificação da concorrência entre instituições de ensino superior.

Quadro 2.1 - Diplomados e inscritos do ensino superior de 2000-2001 a 2006-2007

Fonte: GPEARI (2009)

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Assiste-se a uma diversificação e multiplicação dos modelos de licenciatura e formação especializada que decorrem em período pós-laboral, o que comprova que o funcionamento dos cursos superiores terá no futuro que se adaptar cada vez mais às características, necessidades e interesse dos alunos e não vice-versa, ao nível de horários de funcionamento e conteúdos formativos, tendo presente a selectividade crescente do público face às diversas opções que o sistema de ensino superior oferece. È neste movimento que podemos incluir a crescente flexibilidade curricular e a responsabilização progressiva dos alunos pela especificidade formativa obtida, tendo presente os novos desafios de Bolonha.

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Como salienta Amaral e Teixeira: “As the public sector has been expanding its offer it is obvious that

private institutions will be under very strong pressure. This forecast is confirmed in the statistics of the Portuguese population that indicate that the number of youngsters in the age range 20-24 years will decrease from 841,350 in 1995 to 641,690 in 2005 (and 556,607 in 2010) - Cnases/Ceos (1997). However, there was an accepted belief that because of the increase of obligatory education from six to nine years, the unfavorable demographic effect would be more or less neutralized by an increase in the participation rate of young people.” (Amaral e Teixeira, 2000: 259/260). Nós acrescentamos que este movimento poderá

constituir uma das explicações do alargamento da escolaridade obrigatória em Portugal para o 12º ano, constituindo inquestionavelmente uma medida cujo objectivo é direccionar cada vez um maior número de população para a frequência do ensino superior, respondendo aos baixos índices demográficos e tentando suportar a extensa rede de oferta institucional deste nível de ensino no nosso país.

Diplomados a nível nacional 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 Universitário 19 466 21 890 24 462 24 614 25 283 27 376 34 497

Politécnico 19 151 20 310 22 037 22 240 23 901 23 142 27 566 E. S. Público 38 617 42 200 46 499 46 854 49 184 50 518 62 063 E. S. Privado 22 523 21 898 22 012 21 814 20 803 21 310 21 213 Total 61 140 64 098 68 511 68 668 69 987 71 828 83 276 Inscritos a nível nacional

Politécnico 101 795 108 486 112 532 111 482 108 376 103 946 105 872 Universitário 171 735 176 303 178 000 176 827 173 897 171 575 169 449 Total 387 703 396 601 400 831 395 063 380 937 367 312 366 729 Vagas a nível nacional

Politécnico 32 724 33 619 34 394 32 291 32 392 33 491 33 707 Universitário 51 406 51 651 51 036 48 139 48 876 50 440 50 440 Total 84 130 85 270 85 430 80 430 81 268 83 931 84 147 Inscritos no distrito de Viseu

Politécnico 7 201 7 956 8 331 7 908 7 362 6 850 6 846

Universitário 1 789 1 933 2 044 1 809 1 673 1 361 1 170

Total 8 990 9 889 10 375 9 717 9 035 8 211 8 016

45 O quadro 2.1 demonstra a evolução quantitativa do ensino superior em Portugal58. Assim, no ensino superior público, sobretudo a nível universitário, registam-se acréscimos constantes no número de diplomados desde 2000, com níveis particularmente significativos entre 2005 e 2007. A evolução observada no número global de diplomados por subsistema de ensino traduz um reforço óbvio da importância do ensino superior público: os seus diplomados equivaliam a cerca de 63% do total em 2000-2001 e passam a equivaler a 75% dos diplomados em 2006-200759. Relativamente ao ensino superior privado, o número de diplomados registou uma ligeira diminuição (- 6%) ao longo do período considerado, comprovando a diminuição da sua influência a nível nacional.

Tendo presente os dados, assiste-se a um aumento significativo dos diplomados60 a nível do ensino superior público de 38 617 diplomados em 2001, passamos para 62 063 em 2007, salientando-se neste movimento a supremacia feminina e a diferenciação entre universidades e politécnicos que em 2001 detinham sensivelmente a mesma taxa de diplomados (19 000); em 2007, esta tendência altera-se a favor das universidades (cerca de mais de 7 mil diplomados/ano). Esta realidade comprova dois dos fenómenos mais importantes que caracterizam a última década do ensino superior em Portugal: a efeminização progressiva dos alunos e diplomados e a diminuição do número de inscritos, particularmente evidente a partir do ano lectivo de 2003/04. De acordo com Tavares et al (2008), este decréscimo da procura do ensino superior é potenciada pelos contornos demográficos, originando, consequentemente um aumento da competição entre instituições de ensino superior em Portugal. Entre 2000-2001 e 2006-2007, o número de diplomados no ensino superior aumentou em termos anuais em 36% (passou de 61 140 para 83 276), movimento particularmente expressivo (+16%) entre 2005-2006 e 2006-2007, o que corresponde a um aumento de 11.500 diplomados face ano anterior. Esta situação pode reflectir a

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Como salienta Martins, Mauritti e Costa: “Xum período de pouco mais de uma década (1991-2002), o

quantitativo global de jovens que frequentam este patamar de ensino passa de cerca de 190 mil alunos para perto de 400 mil.” (Martins, Maurittie Costa, 2005:11).

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Relativamente às áreas de formação dos diplomados destaca-se que, entre 2000-2001 e 2006-2007, todas as áreas revelaram um aumento do número de diplomados, excepto a área de “Educação” que diminuiu 40% (passou de 12 054 diplomados para 7 260 diplomados). A área “Engenharia, indústrias transformadoras e construção” foi a que registou maior aumento do número de diplomados, tendo este número mais do que duplicado em sete anos lectivos (passou de 7 143 diplomados para 15 658 diplomados), como observamos em GPEARI (2009).

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Tendo presente os dados do INE (2006), entre 2000/01 e 2005/06, verifica-se que aumentou o número de diplomados, seja em termos absolutos (61,1 mil contra 71,8 mil) seja relativamente ao número de inscritos (15,8% contra 19,6%). Por outro lado, refira-se a alteração das preferências manifestadas, de um período para o outro. Sublinhem-se as diminuições nas proporções de diplomados, nas áreas de Formação de Professores/Formadores e Ciências da Educação e Ciências Empresariais. Em contrapartida, verificaram-se aumentos nas áreas da Saúde e das Ciências Sociais e de Comportamento, mas também nas de Engenharia e Técnicas Afins, Artes e Serviços Sociais. Segundo OCES (2007), em 2005-2006, o distrito de Viseu regista 1 498 inscritos no primeiro ano pela primeira vez e fixou 2 739 vagas, mais 23% do que em 1997-1998; estes valores justificam o facto de a taxa de ocupação calculada para o ano lectivo de 2005-2006 ser de 55%. Apenas as áreas de “Agricultura” e de “Saúde e Protecção Social” apresentam uma taxa de ocupação superior a 55% (75% e 98%, respectivamente). O número de vagas de acesso aos cursos de formação inicial de ensino superior apresenta oscilações ao longo do período de tempo em análise, verificando-se de 1997- 1998 para 2005-2006 um decréscimo de 2%.

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introdução da alteração curricular do processo de Bolonha, que “antecipou” o final da formação académica, através da transposição para o plano curricular de três anos lectivos, dos que se encontravam na antiga estrutura de 4 anos. Quanto à distribuição destes diplomados no ensino superior em 2006-2007, refira-se que 74,5% (62 063) são de instituições de ensino superior público, dos quais 41,4% (34 497) pertencem ao ensino universitário e 33,1% (27 566) ao ensino politécnico; 25,5% (21 213) são de instituições de ensino superior privado, dos quais 14,1% (11 758) pertencem ao ensino universitário e 11,4% (9 455) ao ensino politécnico. Confirma-se assim o movimento ascendente do número de diplomados em Portugal, onde se salientam as universidades públicas, comprovando desta forma a manutenção da sua importância e representatividade a nível nacional, como o seu congénere politécnico. A nível do distrito de Viseu constata-se um aumento significativo de 139%, passando de 794 em 2000/01 para 2 102 em 2006/07, comprovando-se que o ensino politécnico deteve neste movimento um papel fulcral. Este movimento é ainda confirmado pelo crescente número de vagas abertas no ensino superior, o que comprova o movimento de expansão do ensino superior e o hiato entre oferta e procura deste nível de ensino a nível nacional. Verifica-se assim que no ensino universitário existe uma superior disponibilização de vagas em todo o período de tempo em análise; contudo, o ensino politécnico apresenta uma taxa média de crescimento anual de 1%, enquanto no ensino universitário essa taxa é negativa (-1%). Esta realidade não é acompanhada pelo número de inscritos, sobretudo a partir do ano lectivo de 2002/03, verificando-se uma alteração deste fluxo crescente a nível nacional nas universidades e nos politécnicos, que passam de 395 063 inscritos em 2003/04 para 366 729 em 2006/07. A situação confirma-se a nível distrital, onde se passa de 10 375 diplomados, em 2002/03, para 9 717, no ano seguinte, alcançando, em 2006/07, os 8 016 indivíduos. Isto implica que desde o ano lectivo de 2003/04 que se assiste a uma taxa de crescimento negativa de 6,3%, salientando-se em 2005/06 uma descida de 9,1%, sem distinção entre os dois subsistemas de ensino. Se pensarmos que o processo da implementação do Projecto de Bolonha já iniciado implica uma redução para 6 semestres dos cursos do primeiro ciclo, percebemos porque é que assistimos a uma manutenção do aumento do número de diplomados, independentemente da diminuição do nível de inscritos. Restava-nos analisar a perspectiva institucional, de forma estabelecer um paralelismo com estes dados.

Quadro 2.2 - Inscritos e diplomados do ISPV de 1998 a 2007

1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 Vagas 990 1 060 1 430 1 460 1 525 1 385 1 385 1 385 1 385 Inscritos 4083 4722 5783 6414 6801 6606 6266 5967 6030

Diplomados 528 628 878 1136 1310 1397 1278 1446 1518

Fonte: OCES, (2007a; 2007b)

Particularizando esta análise, assiste-se até ao ano 2002/03 a um aumento do número de vagas, verificando-se a partir desta data uma estabilização da oferta educativa. Paralelamente assiste-se a

47 um aumento do número de inscritos no ISPV, que contudo apresentam uma crescente volatilidade deste indicador, o que poderá reflectir os já referidos factores demográficos e concorrência institucional. Curiosamente, este movimento não é acompanhado pelo número de diplomados, que apresentam um movimento ascendente ininterrupto até ao momento. Esta situação, até ao ano lectivo 2001/02, reflecte o aumento de número de inscritos; posteriormente a esta data e face à diminuição do número de inscritos, só poderemos explicar estes dados pela implantação institucional do processo de Bolonha (redução das licenciaturas para 3 anos).

O quadro 2.2 permite-nos retirar duas grandes conclusões: no ISPV a taxa de diplomados crescente comprova as tendências nacionais anteriores e o número de inscritos reforça a ideia de volatilidade da frequência do ensino superior, verificada a nível público, privado, no ensino politécnico e no universitário. Estes dados nacionais e institucionais confirmam, assim, os movimentos de decréscimo de frequência do ensino superior em Portugal, causados pelas questões demográficas e paralelamente, a tentativa de captação de novos públicos através da oferta de novos cursos face a uma penúria de candidatos que torna excessiva a oferta de ensino superior. Neste contexto, importa contextualizar a oferta e frequência institucional nas áreas de

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